
“[…] seu desempenho não será linear e a constância é a melhor virtude no mundo dos concursos públicos! O importante é sempre manter o esforço e persistir no seu sonho e no seu propósito.”
Confira nossa entrevista com Mateus Reis, aprovado em 2º lugar na Câmara Municipal de Uberaba/MG para o cargo de Advogado:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Há quanto tempo se formou em Direito? Qual sua idade e cidade natal?
Mateus Reis: Olá, me chamo Mateus, tenho 24 anos e sou natural de Uberaba/MG. Me formei em Direito na Universidade Federal de Uberlândia, no início do ano de 2024.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Escolheu seu curso superior já pensando em fazer concurso ou chegou a advogar?
Mateus: Na verdade, desde o início do curso, em 2019, eu já tinha em mente que prestaria concursos públicos, muito, talvez, pela influência familiar, em razão de meus familiares serem, em sua maioria, servidores públicos. E em razão, também, de me considerar uma pessoa mais pragmática, ou seja, vejo o concurso público como a forma mais “imparcial” e meritória de se alcançar êxito na carreira profissional.
Assim, conforme o desenrolar do curso e o início da minha trajetória de estágio na Advocacia-Geral do Estado de Minas Gerais, tive afinidade em matérias típicas de Carreiras de Estado, alcançáveis por meio do concurso público.
Portanto, apesar de ter advogado, mesmo que brevemente, meu foco sempre foi o concurso público e enxergo, hoje, enquanto servidor público, que foi a melhor decisão que poderia ter escolhido para minha carreira profissional, pois nunca havia me sentido tão realizado e satisfeito por trabalhar com o que realmente me identifico.
Estratégia: Sempre fez concursos para carreira jurídica?
Mateus: No início da minha faculdade, em meados de 2021, eu tinha o objetivo de ser aprovado em alguma carreira policial, como a PF ou a PRF. Com o passar do tempo, em razão, também, da Pandemia, decidi focar na área de Tribunais, uma vez que, à época, eu não tinha ensino superior completo, razão pela qual iniciei minha trajetória prestando o Concurso de Escrevente Técnico Judiciário em 2021.
Assim, após a realização de estágio na área de advocacia pública, me identifiquei bastante com a área do direito público, de tal forma que, após a conclusão do meu curso, foquei basicamente em procuradorias municipais e concursos de tribunais, em razão da possibilidade de conciliar as matérias do edital, por serem relativamente parecidas, e em razão de não necessitar, em regra, da prática jurídica, requisito esse presente em outras carreiras jurídicas, como Magistratura e Ministério Público.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Mateus: Na faculdade, desde o meu 3º e 4º período, fiz estágio na Advocacia- Geral do Estado de Minas Gerais, de forma que, basicamente, todo meu estudo foi realizado durante algum “vínculo” ativo de trabalho, estágio, etc. Ressalto que durante minha preparação para a OAB, nos 8º e 9º períodos, solicitei dispensa do meu estágio e fiquei por conta de estudar. Logo depois da minha colação de grau e da entrega da minha carteirinha da OAB, quando comecei a advogar de forma autônoma com um grande amigo da faculdade, Gabriel, logrei êxito em ser aprovado em algumas seleções de estágios de pós-graduação em diferentes órgãos de minha cidade natal, quais sejam, MPMG, TJMG, AGE/MG e MPF. Dessa forma, posso dizer que conciliei sim, minha trajetória de estudo com trabalho, seja advogando, seja no estágio de pós-graduação, seja no serviço público, como hoje, em que concilio os estudos com minhas atribuições sendo Oficial de Justiça Avaliador.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Mateus: Minha trajetória de concursos começou em 2021, quando resolvi estudar para o concurso de Escrevente Técnico Judiciário do TJSP, sendo esse meu primeiro concurso. Para minha surpresa, consegui a aprovação nesse concurso, realizando a nota de 8,3 pontos, exatamente a nota de corte do certame. Embora aprovado no cadastro de reserva, quase fui chamado na minha colocação na Ampla Concorrência, o que serviu como um gás para continuar estudando para outros certames.
Após esse concurso, realizei a prova da OAB (EXAME 37), ocasião em que também fui aprovado. Nessa época, eu já tinha em mente meu método de estudo consolidado e a forma que eu conseguia obter um bom desempenho por meio da conciliação entre jurisprudência, doutrina em partes pontuais, lei seca e muita resolução de questões.
Após o exame da OAB e minha colação de grau na faculdade, em meados de 2024, decidi focar em concursos de Tribunais (Analista Judiciário) e concursos de Procuradoria Municipal, embora esse último tenha sido meu maior foco, em razão da afinidade com a área e em razão de, geralmente, não necessitar do requisito da prática jurídica, meu principal obstáculo (momentâneo) para fazer outras carreiras de membro, tendo em vista meu pouco tempo de formado.
Dessa forma, além do concurso do TJSP supracitado em 2021, realizei diversos concursos no meu ano de formatura (2024), podendo pontuar aprovações nos seguintes certames:
- Analista de Direito da Prefeitura de Uberaba – especialista em serviços públicos – 7º lugar;
- Analista de Regulação da Prefeitura de Uberaba – Área Direito – 19º lugar;
- Analista Judiciário – Área Judiciária do Tribunal Regional Federal da 3º Região – 44º lugar na lista geral de SP;
- Procurador Jurídico da Prefeitura de Guará/SP – 2º lugar;
- Procurador Municipal de Miguelópolis/SP – 1º lugar na prova objetiva e 4º lugar após títulos;
- Analista Judiciário – Área Judiciária do Tribunal Regional Federal da 1º Região – 6º lugar para Goiânia/GO;
- Analista Judiciário – Área Judiciária – Oficial de Justiça Avaliador do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás – 27º lugar, cargo esse que ocupo atualmente;
- Procurador Municipal de Itumbiara/GO – 2º maior nota da prova objetiva (88 pontos).
E, quanto à última indagação, sim, pretendo continuar estudando, uma vez que meu foco é ser aprovado em alguma PGE ou em alguma das carreiras da AGU com lotações próximas à minha cidade natal.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Mateus: Posso dizer que a minha preparação, na realidade, tem origem desde à minha formação de base nas principais materiais cobradas nos certames durante a faculdade. Dessa forma, após consolidada minha base nas disciplinas cobradas, eu lançava mão de uma “eterna” revisão, por meio da leitura intensa da lei seca e da resolução incansável de questões, sempre aliada à leitura da jurisprudência. Assim, se considerarmos o tempo de preparação “específica” para o Concurso da Câmara de Uberaba, levei algo em torno de 2 meses para a revisão geral das matérias cobradas.
Para manter a disciplina, eu sempre mantive uma rotina de estudos, de tal forma que defendo que a constância supera o tempo de estudo. Assim, eu colocava o estudo como minha primeira tarefa do dia, de tal forma que eu acordava e, com a cabeça fresca e descansada, realizava a leitura de materiais, resolução de questões, leitura da jurisprudência e da lei seca. Basicamente, o estudo era algo “rotineiro” na minha vida, como um trabalho, de tal forma que meu dia se tornava “incompleto” se não houvesse meu tempo de estudo.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Mateus: No início da minha preparação, que eu considero errônea, eu utilizava apenas videoaulas, de tal forma que eu a transcrevia no meu caderno, sem muita organização. Assim, percebi que, na realidade, meu estudo renderia mais por meio de PDFs: para criar minha base, eu lia o PDF relacionado ao assunto (ex: Controle de Constitucionalidade) e grifava os principais pontos. Após essa primeira leitura, eu retornava ao PDF e fazia resumos estilo “flashcards”, à mão, em fichas pautadas, com minhas próprias palavras, de tal forma que eu exercitava o estudo ativo. Nesses resumos em fichas pautadas, eu adicionava artigos que eu tinha dificuldade de gravar, jurisprudências relevantes e algumas questões “pegadinhas” que eu escorregava. Após a criação deste material, eu conseguia reter de forma satisfatória o assunto, sendo que, após, eu apenas o revisava e relembrava o assunto por meio de questões e leitura da legislação e da jurisprudência.
A preparação por videoaula, no meu caso, foi mais significativa em matérias não jurídicas que eu teria, em tese, mais dificuldade, como raciocínio lógico, português e tópicos pontuais de informática que precisavam de uma maior explicação (ex: fórmulas do Excel, etc). Em suma, conteúdos com maior necessidade de exposição/explicação, eu lançava mão de videoaulas.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Mateus: Conheci o Estratégia por meio da recomendação de um colega de faculdade, pois eu buscava materiais focados em leitura (PDFs) e não apenas de videoaulas. Como o Estratégia oferecia ambas alternativas com excelência, resolvi assinar o curso e lancei mão dos PDFs “Direto ao Ponto”.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Mateus: O que mais me auxiliou foi a criação dos PDFs “Direto ao Ponto” de tal forma que eles condensavam jurisprudência, lei seca e doutrina no ponto certo, o que era, para mim, mais que suficiente, em termos de profundidade, para alguns certames que fui aprovado.
Ademais, as revisões de vésperas foram de suma importância para garantir algumas questões, uma vez que, em tese, os padrões das bancas podem se repetir.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Mateus: Em regra, eu estudava de 2 a 3 matérias por dia, a depender do certame. Por exemplo, nos concursos de Tribunais Federais, o edital é mais extenso, com mais matérias, de tal forma que elenquei, em alguns dias, 3 matérias, separando por nível de dificuldade para mim. Por exemplo, eu nunca colocava 3 matérias “pesadas” no mesmo dia. Geralmente eu dividia entre matérias com maior afinidade e matérias mais difíceis.
Em regra, eu estudava 4h líquidas por dia, ocorrendo, claro, às vezes, alguns imprevistos, de tal forma que eu compensava o “tempo perdido” por meio de questões e leitura de jurisprudência, quando possível.
Nunca me prendi ao tempo em si, mas, sim, à constância, de tal forma que, religiosamente, todo dia útil para mim era dia de estudo.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Mateus: Minha revisão era pautada na elaboração de resumos com minhas próprias palavras e resolução de questões (inúmeras questões), sempre corrigindo cada assertiva que estivesse errada. Ou seja, eu corrigia a assertiva para me forçar a memorizar e revisar o conteúdo, principalmente quando envolvia troca de prazos, quóruns, etc.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Mateus: A resolução de exercício é imprescindível para um bom desempenho na prova objetiva e/ou discursiva: ao resolver questões da banca, você compreende o conteúdo na prática, ou seja, como ele é cobrado e como eventual entendimento/artigo/doutrina se aplica no caso concreto, ou seja, sua teoria fica mais sedimentada, ela sai do “abstrato” e suas ideias ficam clareadas ao resolver questões. Ademais, a resolução de questões te possibilita perceber o padrão de cobrança de banca para banca (vide a FGV, que possui casos práticos), bem como possibilita a revisão e o exercício do estudo ativo.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Mateus: Na semana que antecede o certame, costumo fazer revisões de conteúdos mais importantes de cada matéria (por exemplo, em direito administrativo, sempre revisava a Lei 14.133 uma semana antes da prova, em razão da quantidade de informações e de dados que poderiam ser trocados em eventual pegadinha, como prazos e conceitos gerais). Assim, separo algumas disciplinas por dia (2 ou 3) e faço uma revisão geral da matéria por meio da resolução de questões de cada tópico, aprofundando em algum assunto que eu tenha mais dificuldade, como a Lei de Licitações, por exemplo.
Por fim, eu tirava algumas horas diárias para revisar os principais entendimentos jurisprudenciais relevantes ao certame (ex: competência constitucionais para PGMs, Processo Legislativo para Procuradorias Legislativas, Poder Judiciário para Analista de Tribunal, etc).
No dia pré-prova, eu costumava descansar e me abstrair de qualquer coisa relacionada ao concurso com fins de não alimentar eventual ansiedade, sensação de despreparo, etc.
Estratégia: Concursos para carreira jurídica são compostos por várias fases. Como foi sua preparação para a prova discursiva? E para a prova oral?
Mateus: Nos certames que prestei, não houve prova oral mas, sim, provas discursivas, por meio de questões abertas e por meio de peças práticas. Em ambas as hipóteses, utilizei o conhecimento acumulado do estudo para a prova objetiva, com enfoque no estudo de jurisprudência, sempre observando a estrutura/esqueleto da peça, de tal forma que eu conseguisse colocar, em papel, um raciocínio articulado e progressivo das ideias de forma interdisciplinar.
Ademais, lancei mão da repetição: simulados e resolução de questões anteriores, sempre focando no uso correto do português e lançando mão do poder de concisão.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Mateus: Meus principais erros na preparação foram: menosprezar a importância da leitura da lei seca; não ter organização para leitura de PDFs para a confecção de resumos e estudar de forma “pulverizada”, sem focar em alguma carreira e/ou sem focar nos tópicos relevantes para o cargo em questão. Por fim, me arrependo de não ter dado a devida importância para a leitura de informativos dos Tribunais Superiores, visto que hoje a cobrança de jurisprudência transcende a cobrança de súmulas.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Mateus: Para quem deseja iniciar o estudo, é mister ter em mente que a organização é fundamental, seja arrumando seu cômodo do estudo, seja organizando sua “área de trabalho” do computador. É essencial que você tenha uma rotina que priorize o estudo, como um “trabalho” e que seja organizada, com padrões bem-definidos, já sabendo qual matéria estudar e qual tópico focar.
É imprescindível, também, ter humildade e reconhecer os erros, analisando seus resultados em provas/simulados/questões, suas dificuldades (se é na lei seca, na jurisprudência ou na doutrina) e onde e como cabe melhoria. Importante ressaltar: seu desempenho não será linear e a constância é a melhor virtude no mundo dos concursos públicos! O importante é sempre manter o esforço e persistir no seu sonho e no seu propósito.