Aprovada em 1° lugar (CR) no concurso TRT-RJ para o cargo de Técnico Judiciário - Área Administrativa
Concursos Públicos
“Olha, se eu pudesse resumir tudo o que aprendi nessa caminhada em poucas palavras, seriam foco, disciplina e persistência […]”
Confira a nossa entrevista com Fernanda Santos Bandarra, aprovada em 1° lugar (CR) no concurso TRT-RJ para o cargo de Técnico Judiciário – Área Administrativa:
Estratégia: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-la. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Fernanda Santos Bandarra: Sou Engenheira Civil, formada em 2018 pela UFBA, tenho 30 anos e sou de Salvador, na Bahia.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Fernanda: Trabalhei como Engenheira desde o início da faculdade, primeiro como estagiária e, depois, por três anos, percebi que a minha rotina estava muito cansativa e eu não estava feliz na carreira. Antes de conhecer os concursos, sabia pouco sobre o serviço público, mas ao começar a estudar, me interessei cada vez mais. Percebi que era exatamente o que eu precisava: estabilidade, uma jornada de trabalho mais flexível, a possibilidade de conciliar carreira e família e a chance de conquistar tudo pelo meu esforço, sem depender de jogos políticos ou interesses corporativos.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Fernanda: Não, eu foquei totalmente nos estudos.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovada? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Fernanda: TRT 12 (2023) – Analista Judiciário – Área Adm.: 26° (AC);
CNU (2024) – Auditor Fiscal do Trabalho: 1174° (AC);
TRF 1 (2024) – Técnico Judiciário – Área Adm.: 11° (AC);
TRE BA (2024) – Analista Judiciário – Área Adm.: 168° (AC) / Técnico Judiciário – Área Adm.: 181° (AC);
TRT 24 (2025) – Técnico Judiciário – Área Adm.: 1° (AC);
TRT 6 (2025) – Analista Judiciário – Área Adm.: 45° (AC) / Técnico Judiciário – Área Adm.: 82° (AC);
TRT 15 (2025) – Analista Judiciário – Área Adm.: 32° (AC) / Técnico Judiciário – Área Adm.: 5° (AC);
TRT 1 (2025) – Técnico Judiciário – Área Adm.: 1° (AC).
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Fernanda: Abdiquei muito da vida social. A minha rotina de estudo era bastante restrita, mas não apenas pelo tempo de estudo em si. Eu também priorizei sono, atividade física e alimentação, para manter o foco e o rendimento.
Isso acabou fazendo com que eu tivesse que dizer “não” para muitas saídas. Claro que participei de alguns aniversários e comemorações familiares, mas precisei abrir mão de bastante coisa para manter a disciplina.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseira? De que forma?
Fernanda: A minha família e os meus amigos, sempre acreditaram muito que eu conseguiria. Em casa, tive total apoio, respeito à minha privacidade, espaço confortável para estudar e suporte financeiro, que foi essencial para materiais, conforto e dedicação total ao estudo. Os meus amigos também sempre me apoiaram, respeitando o meu isolamento e tornando essa trajetória um pouco mais leve, deixando a cabeça mais tranquila dentro do possível.
Além disso, o grande apoio que tive, essencial para esses resultados, veio do meu namorado, que é meu parceiro de jornada até hoje. Começamos a estudar quase na mesma época e seguimos juntos nessa trajetória. Ter essa parceria foi fundamental, pois nos motivamos, estudamos juntos, compartilhamos conhecimentos e nos apoiamos para não desistir.
O isolamento é um dos maiores desafios dessa preparação, então, ter alguém jogando junto, faz toda a diferença.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Fernanda: Na verdade, a minha preparação para o TRT do Rio veio junto com outros TRTs.
Comecei a estudar para TRTs em agosto de 2023, fiz o TRT-12, mas depois interrompi para estudar para o AFT e, em seguida, para o TRE.
Retornei ao estudo de TRTs em janeiro de 2025, e aí foquei no TRT de Pernambuco, de Campinas, do Mato Grosso do Sul e do Rio de Janeiro.
Acho que o que me fez manter a disciplina foi a consistência de propósito. Eu tinha certeza de que queria entrar no serviço público e sabia que a única opção era persistir, porque uma hora o resultado chegaria. Apesar de ter conseguido boas classificações ao longo da trajetória, sabemos que no concurso público nem sempre uma boa colocação significa nomeação. Por isso, segui estudando até conquistar classificações que realmente pudessem se converter em uma nomeação.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Fernanda: Nos materiais do Estratégia, eu foquei bastante nos PDFs. Li os PDFs completos de todas as disciplinas, do início ao fim e resolvi as questões deles, o que me deu uma boa noção inicial da matéria e permitiu um aprendizado mais aprofundado. O meu primeiro contato com cada disciplina sempre foi com os PDFs.
Quanto às videoaulas, eu usava mais para revisão na semana pré-prova, pois acho que é um estudo mais passivo e ajuda a “descansar” a mente, além de pegar algumas dicas pontuais para resolução de questões.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Fernanda: Conheci o Estratégia pelas redes sociais, por indicações de amigos e pelo Google, que apontava o curso como um dos melhores.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Fernanda: O meu cronograma de estudos sempre foi feito junto com o meu namorado. A gente montava o nosso próprio planejamento e, desde o início, dividimos o dia em dois turnos: manhã e tarde. Cada turno tinha em média de três a três horas e meia, dedicadas a uma disciplina diferente. Fazíamos ciclos de matérias e a frequência de cada uma variava conforme a quantidade de disciplinas do edital.
Durante os estudos para TRT, como eram menos matérias, os ciclos rodavam mais rápido. Já para AFT, eram mais disciplinas e os ciclos acabavam ficando mais longos. As horas líquidas de estudo variavam entre seis horas e meia e sete horas por dia, em média. Em alguns momentos, como no pós-edital de AFT, cheguei a bater oito horas em dias específicos. No geral, evitava exagerar para não comprometer o rendimento no dia seguinte.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Fernanda: As minhas revisões sempre foram muito baseadas em resolução de questões. Eu gosto de revisar resolvendo e aprofundando os pontos mais cobrados e analisando diretamente a lei seca. Faço anotações e flashcards no word e manuais, com perguntas estratégicas no papel para decorar listas, prazos e detalhes importantes.
Todos os dias, antes de começar o estudo da disciplina, leio os flashcards religiosamente. Isso me ajuda muito na memorização e dá mais confiança e agilidade na hora da prova.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Fernanda: A resolução de questões sempre foi o ponto central do meu estudo. A quantidade varia bastante — dependia da fase em que eu estava e da banca. Em bancas como a FCC e o Cebraspe, as questões fluíam mais rápido. Já com a FGV, eram mais densas e levavam mais tempo.
Não tenho um número exato, mas fazia muitas questões mesmo. Normalmente, lia o PDF nos primeiros dias e depois focava quase só em resolver questões e revisar com flashcards. Acho que uma média de umas 300 questões por dia, dependendo do ritmo e da fase.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Fernanda: Não tive uma disciplina específica que fosse um grande obstáculo, mas Português sempre foi um desafio —, especialmente, por causa das bancas FGV e Cebraspe, que têm estilos bem particulares. Por isso, mantenho o hábito de estudar Português toda semana, sem falta.
Nas outras matérias, o nível de dificuldade variava mais pelo tempo de contato que eu já tinha com o conteúdo do que pela complexidade em si. À medida que eu estudava mais, as matérias naturalmente ficavam mais tranquilas.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Fernanda: Na semana antes da prova, eu sempre pegava mais leve. Focava em leituras de flashcards e assistia a alguns vídeos de revisão, mas evitava forçar demais, porque o cansaço é um dos maiores inimigos. Quando a gente está exausto, erra até o que sabe.
Então, deixava para revisar de forma mais leve, descansando a mente. No dia pré-prova, para os TRTs da FCC, por exemplo, eu assistia algum vídeo de revisão de redação e revisava com o meu namorado, a gente conversava sobre pontos importantes, relembrava tópicos-chave, mas tudo de forma descontraída, sem sentar para estudar pesado. Era mais um dia para relaxar e garantir que no dia seguinte eu estivesse tranquila, descansada e confiante.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Fernanda: No início da minha preparação, lá no meu primeiro TRT, eu até estudei um pouco de redação, mas confesso que não era meu foco principal, porque eu ainda não tinha uma base bem consolidada nas disciplinas da prova objetiva.
Acredito que, no começo, o ideal é justamente fortalecer essa base, até porque, sem uma boa nota na objetiva, você nem chega a ter a redação corrigida.
Depois que eu consegui consolidar bem as matérias básicas, comecei a direcionar mais atenção à discursiva. A redação, especialmente nos concursos de TRT com a banca FCC, é crucial para uma boa colocação e vai definir quem realmente será nomeado.
Inicialmente, eu estudava redação uma vez por semana, mas percebi que não era suficiente. No TRT 6, por exemplo, eu estava entre os primeiros colocados na objetiva (em 8º lugar) e acabei caindo para a 82ª posição, por causa da redação. E nem foi uma nota tão ruim, mas, para a FCC, uma nota abaixo de 8,5 não é suficiente. É preciso mirar entre 9 e 10 para garantir o topo da lista.
Depois dessa experiência, passei a treinar redação duas vezes por semana. Eu focava em treinar a escrita na estrutura correta e em expandir repertório, assistindo vídeos sobre temas de atualidades e argumentos de autoridade que pudessem ser usados na prova. É um estudo trabalhoso e cansativo, mas essencial. Para redação, não tem outro caminho além de treinar muito para tornar a escrita o mais natural possível.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Fernanda: Sem dúvida, o meu maior erro foi mudar de trajetória. Comecei 2023 focada nos TRTs, mas acabei desviando o foco por influência das propagandas sobre o TSE unificado e, depois, sobre a AFT, que prometia muitas vagas e um bom salário. Como engenheira civil, aquilo parecia fazer sentido e também havia o desejo de voltar para a Bahia.
No entanto, foi uma escolha que me custou caro. A prova para AFT foi uma grande decepção, cheia de erros da banca, questões mal formuladas e até fraudes. Apesar de eu ter ficado classificada, as questões que errei eram passíveis de anulação e muitas estão sendo judicializadas até hoje. Além disso, por causa dessa mudança de rota, perdi TRTs importantes, como o de Sergipe e o do Ceará, que teriam sido excelentes oportunidades.
Essa experiência me ensinou que o concurseiro precisa escolher um nicho e manter o foco até ser aprovado. Quando retomei o foco no TRT, os resultados começaram a aparecer.
Entre os meus acertos, destaco justamente corrigir essa rota e não repetir o erro. Também considero acertos fundamentais a disciplina, a persistência e o cuidado com a saúde mental e física, que foram indispensáveis para manter a constância.
Nunca deixei de me exercitar, me alimentar bem e dormir o suficiente. Inclusive, muitas vezes deixei de participar de eventos sociais para priorizar o descanso e o estudo e isso fez toda a diferença na minha produtividade e equilíbrio.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Fernanda: Pensar em desistir é algo que todo concurseiro vivência em algum momento, mas eu nunca cheguei a cogitar realmente parar.
Já tive várias experiências profissionais, trabalhei em empresa, tentei empreender, explorei outros caminhos e, tudo isso, me deu certeza de que o serviço público era o que eu realmente queria.
Claro que há dias de cansaço e desânimo. É normal se sentir incapaz, ver o tempo passando, observar os outros avançando e sentir que a sua vida está parada. O estudo para concurso é um processo longo e solitário e os resultados demoram a aparecer.
Mas, sempre que o desânimo batia, eu lembrava do meu propósito. Eu sabia que não havia outro caminho: era continuar e persistir, porque uma hora o resultado chegaria.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Fernanda: Olha, se eu pudesse resumir tudo o que aprendi nessa caminhada em poucas palavras, seriam foco, disciplina e persistência.
Primeiro, o foco. É impossível seguir em frente sem saber exatamente onde você quer chegar. O mundo dos concursos é cheio de distrações e comparações, então, ter um propósito claro faz toda a diferença. É o que te segura nos dias difíceis, quando o desânimo aparece.
Aí vem a persistência. Porque, sinceramente, o caminho é longo e vem cheio de “nãos”. Às vezes, você estuda, dá o seu melhor e, mesmo assim, não chega lá e tudo bem. Eu sempre repito algo que o meu namorado me diz: a gente só precisa de um sim. Pode vir depois de 10 provas, 15 provas, não importa. Quando ele vem, todo o resto faz sentido.
E claro, a disciplina. Porque querer passar não é suficiente, tem que sentar e estudar, inclusive nos dias em que você não está com vontade. E é isso que diferencia quem continua no jogo de quem para no meio do caminho.
Também aprendi que não existe fórmula pronta. Eu via muita gente dizendo que estudava 9, 10 horas líquidas por dia, mas para mim, isso não funcionava. Eu rendia muito mais estudando menos horas, mas com qualidade. Cada um tem seu ritmo.
E, por último, mas talvez o mais importante, cuide da sua saúde. Não adianta nada estudar 12 horas e estar exausto, sem energia. Dormir bem, se alimentar direito e se exercitar são coisas que te mantêm firme, com a cabeça boa e o corpo funcionando.
No fim das contas, é isso: foco, disciplina, persistência e equilíbrio. O caminho é duro, mas o resultado chega.