Aprovada em 1° lugar no concurso CFM para o cargo de Jornalista
Conselhos Federais
“Eu sei que para quem é mãe é especialmente complicado, mas não é impossível. Eu consegui ser aprovada com dois filhos pequenos, um deles mamando e acordando várias vezes durante a noite. Se deu certo para mim, dá certo para outras também. É só não perder o foco, nem a vontade. “
Confira nossa entrevista com Daniele Valois, aprovada em 1° lugar no concurso CFM para o cargo de Jornalista:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-la. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Daniele Moitinho Dourado Valois Rios: Eu sou Daniele Valois, jornalista, casada e mãe de dois filhos de 6 e 3 anos. Tenho 37 anos e sou da cidade de Irecê, no interior da Bahia, mas moro em Brasília desde dezembro de 2017.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Daniele: Foi uma estrada um pouco longa. Eu sempre tive o desejo de ser bem-sucedida na área que eu escolhi, o jornalismo. Já no final da graduação eu pude perceber o quanto o mercado de trabalho é ingrato com jornalistas, que têm um piso salarial baixo em todo o país. Meu plano A era me dedicar à carreira acadêmica e prestar concursos para a docência em universidades públicas. Meu marido sempre alertava que os concursos em órgãos públicos poderiam ser uma boa opção, mas eu estava com a ideia fixa de seguir uma carreira acadêmica.
Em 2017 eu comprei dois cursos no Estratégia (Direito Administrativo e Direito Constitucional, ambos para Tribunais) apenas para ver como era e me familiarizar um pouco com o universo concurseiro. Até que, menos de um mês depois, recebi um e-mail do Estratégia falando sobre a abertura do edital de um grande concurso da CLDF, com vagas, inclusive, para jornalistas. Ver aquele salário enorme foi uma virada de chave e eu resolvi que queria seguir aquele caminho. Estudei bastante para aquele concurso, cuja prova foi em meados de 2018. Fui bem em todas as disciplinas, menos em conhecimentos específicos – a minha área! Isso me deixou um pouco frustrada, me fez suspender a ideia de continuar prestando concursos para jornalista. E a vida seguiu. Engravidei da minha primeira filha, ela nasceu e poucos meses despois veio a pandemia. Depois engravidei novamente e tive o meu segundo filho. Passei um tempo integralmente dedicada à minha família, até que senti falta da minha vida profissional. O problema foi que, depois de alguns anos afastada do mercado de trabalho, encontrei portas fechadas. Flertei com o concurso da carreira diplomática e ainda cheguei a fazer algumas disciplinas. Até que, enfim, percebi que o que eu queria mesmo era trabalhar com o jornalismo, a formação que escolhi.
Revisitei planos e acreditei em mim. Se outras pessoas conseguem ser aprovadas, eu também conseguiria. Desenvolvi meu jeito certo de estudar (cada um tem o seu) e fui atrás do que eu queria.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Daniele: Meu trabalho estava sendo cuidar da casa e dos meus filhos. Depois de um hiato de mais de 4 anos, voltei a estudar para concurso em fevereiro de 2023, quando a minha mais velha tinha 3 anos e o meu mais novo tinha 1. Foi um início meio incipiente, porque o caçula não estava na escola e me demandava integralmente. Eu estudava cerca de uma hora e meia pela manhã, quando o marido levava os dois para o parquinho, e cerca de uma hora à tarde, enquanto a mais velha estava na escola e o menor estava tirando o cochilo.
A minha rotina de estudos ficou mais consistente em setembro de 2023, quando o meu mais novo foi matriculado na escola. Além do horário do parquinho, no turno da manhã, eu passei a contar com a tarde inteira, um período que ia das 13h30 às 18h30 para estudar. E eu aproveitava ao máximo esses momentos. Me fechava no quarto e me dedicava como se aquela fosse a minha profissão. Eram cinco horas focadas, e acabou dando certo. Em janeiro de 2024 eu fiz uma prova que rendeu a minha primeira aprovação (4º lugar). Esse resultado mostrou que eu estava no caminho certo e que minha hora ia chegar. Me agarrei a isso e segui. O
fato de ter filhos e de saber que o tempo de estudo era limitado, acabou sendo determinante para que eu desse o meu melhor para fazer render as horas disponíveis para estudar.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovada? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Daniele: Eu obtive aprovação em quatro concursos realizados em 2024, todas para o cargo de jornalista ou analista em comunicação. CAU-BR (4º colocação), Codevasf (7ª colocação no polo de trabalho em Brasília), CFM (1ª colocação) e CFP (2ª colocação).
Eu tomei posse no CFM e estou muito feliz com o ambiente de trabalho, acho que a fase de concurseira foi encerrada por aqui.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Daniele: Como eu tenho duas crianças pequenas, minha vida social costuma ser em torno delas. Volta e meia tem festas de amiguinhos aos fins de semana e eu sempre gostei de participar desses momentos com eles. Mas, na fase de preparação para os concursos, fazia questão de estudar todos os dias.
Com foco e planejamento, a gente acaba conseguindo fazer de tudo.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseira? De que forma?
Daniele: Sempre entenderam e apoiaram. Meu marido é da área do direito, é concursado, e sempre foi um incentivador para que eu seguisse esse caminho. Ele me estimulava e ficava com as crianças para que tivesse os meus momentos de tranquilidade e silêncio com o meu material. Meus pais moram no interior da Bahia e sempre apoiaram também. Quando tinha concurso, eles costumavam vir para Brasília para dar uma mão com as crianças e eu poder ampliar as horas de estudo. Até os meus filhos colaboraram, à maneira deles, é claro. Quando eu estava no quarto estudando, eles sabiam que aquele era o trabalho da mamãe e que não poderiam interromper.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Daniele: Com foco exclusivamente no concurso do CFM, eu estudei um mês. Uma vantagem na minha preparação foi o fato de eu ter em mente que queria ser aprovada na minha área. Eu estava focada nos concursos para jornalista/comunicação, e isso foi crucial. Os conhecimentos acabam se acumulando de um concurso para o outro, já que muito conteúdo se repete nos editais.
Um mês antes de fazer a prova do CFM, eu prestei o concurso da Codevasf e os dois editais tinham muita coisa em comum. Então, nesse mês entre uma prova e outra, eu precisei apenas estudar os conteúdos que eram novidade e revisar o resto. Acabou dando certo, o tempo foi suficiente para eu dar uma boa passada pelo edital. O mesmo aconteceu com o concurso do CFP, cuja prova foi duas semanas após a do CFM.
O melhor estímulo para manter a disciplina foi, certamente, a vontade de passar. Quando você vem estudando com foco, você cria um ritmo e estudar se torna prazeroso. Cada questão que a gente acerta, cada bom desempenho em prova, se torna um combustível para seguir.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Daniele: Como o meu tempo era escasso, eu priorizei o estudo pelos PDFs em versão completa (nunca cogitei estudar pelas versões resumidas, tinha receio de acabar perdendo algum detalhe importante). Eu sempre gostei muito de ler e o material do Estratégia é excelente. Os PDFs costumam cobrir todo o conteúdo com qualidade. Para revisar, eu fazia questões e lia a lei seca, tentando memorizar.
Eu só assistia videoaula quando o conteúdo era mais complexo e eu sentia certa dificuldade em assimilar tudo só com a leitura do PDF.
Desse jeito funcionou bem para mim. Acho que uma desvantagem era o fato de alguns PDFs serem muito longos, mas isso é do jogo. Os editais costumam ser imensos, e se a gente quer estar bem preparado, tem que ler muito mesmo.
Nunca gostei de mapas mentais ou de resumos feitos por outras pessoas. Meu melhor jeito de aprender é ler, grifar e tentar formular do meu jeito, na minha cabeça (tem gente que escreve resumos, no meu caso, nunca deu tempo). Resolver questões – e criar um caderno de erros, para ir refazendo as questões erradas – se mostrou uma excelente forma de aferir se eu estava aprendendo ou não.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Daniele: Através do meu marido. Conheci o Estratégia em 2017, quando comecei a cogitar estudar para concurso.
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos? Se sim, o que mais incomodava quando você estudava por esse concorrente?
Daniele: O Estratégia foi o meu primeiro curso e eu gostei de cara. Interrompi os estudos por uns anos e, quando voltei a estudar, no início de 2023, cheguei a olhar materiais de outro curso preparatório, mas não gostei. Eu estava acostumada ao padrão do Estratégia e achei que esse outro material estava muito aquém (tanto no texto em si, a forma em que as aulas eram redigidas, quanto na profundidade do conteúdo e na organização do material).
Estratégia: Você chegou a fazer algum concurso enquanto ainda se preparava com esse outro material? Foi aprovado?
Daniele: Não cheguei a me preparar com esse material. Analisei, não gostei e voltei a adquirir os materiais do Estratégia.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Daniele: Total diferença! Eu não sou do direito, meu primeiro contato com disciplinas como direito constitucional e direito administrativo foi através do Estratégia, e eu costumava ir bem nas provas graças a essa boa preparação que os cursos proporcionaram. Até disciplinas como português, por exemplo, que a gente viu a vida inteira na escola e acha que domina, acabam sendo aprimoradas com o material do Estratégia.
Eu sou fã dos PDFs de vocês! Completos, bem elaborados e com muitas questões comentadas pelo professor.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Daniele: Minha primeira estratégia de estudos foi fazer um revezamento entre os PDFs das disciplinas. Eu definia uma ordem e seguia, tipo: 1) comunicação 2) direito constitucional 3) direito administrativo 4) AFO… (até abranger todas as disciplinas do edital). Quando acabava o PDF, eu ia para o PDF da disciplina seguinte e, a cada dois PDFs lidos, eu revisava tudo antes de ler um novo. Assim, eu tentava andar com todas as disciplinas e não esquecer o conteúdo que eu tinha estudado no início da preparação. O problema é que os PDFs de algumas disciplinas (informática e raciocínio lógico, por exemplo), eram muito extensos, e eu acabava gastando muito tempo com eles. Normalmente eu tinha umas 5 ou 6 horas líquidas de estudos por dia, com esse meu planejamento, chegava a passar dias estudando uma única aula, de uma única disciplina e não conseguia avançar muito no edital.
Foi aí que o meu cunhado, que é super organizado e também estava na vibe de estudar para concurso, me ajudou a montar um plano de estudos que me ajudou absurdamente: ele pegou o meu tempo disponível e dividiu entre todas as disciplinas, distribuindo as horas/minutos de acordo com a importância dada a elas no edital. Se uma determinada disciplina só teria 5 questões em uma prova com 120, eu não poderia dedicar mais tempo a ela do que a outras que teriam um nível de cobrança maior. Além disso, disciplinas mais importantes, ou que demandavam um maior nível de concentração, foram posicionadas no cronograma de forma serem estudadas em momentos em que eu estivesse mais descansada, para poder render mais.
Com esse planejamento que ele fez, eu passava por todas as disciplinas diariamente e priorizava o que era mais importante. Teve matéria que eu só estudava 15 minutos por dia. Nesses casos, eu estudava resolvendo questões, foi a forma que eu encontrei de assimilar coisas novas e revisar em um tempo curto.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Daniele: Eu costumava revisar através da leitura dos grifos que eu fazia nos pdfs/livros, da leitura de lei seca e da resolução de questões.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Daniele: As questões foram essenciais! Elas são importantes porque ajudam a revisar, assimilar o conteúdo e a entender o estilo da banca. Quanto mais exercício você resolve, mais afiado você fica e mais otimiza o seu tempo na hora da prova. Sem falar, é claro, que as bancas costumam repetir questões em diferentes provas. Eu buscava responder o máximo que eu podia e montava também meu caderno de erros, para refazer aquelas que eu tinha mais dificuldade.
Como eu tinha pouco tempo, eu infelizmente não fiz tantas questões quanto gostaria. Ao longo na minha vida concurseira (abrangendo alguns meses em 2018 e o período entre fevereiro de 2023 e janeiro de 2025), eu fiz 11.141 questões. O mês que eu mais fiz questões foi, justamente, o da prova do CFM, quando eu resolvi 2.326.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Daniele: Sem dúvida, Informática e AFO. Eu buscava ler com mais atenção, não tinha muita escolha. Às vezes eu recorria às videoaulas também. No caso de AFO, eu redobrei o número de questões resolvidas. Confesso que teve matéria que eu não entendia direito, mas memorizava respostas do jeito da banca (no caso do Cebraspe) e isso acabou me dando alguns pontos em prova.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Daniele: As semanas que antecediam provas costumavam ser intensas. Meus pais geralmente vinham para ajudar com as crianças e eu costumava estudar em tempo integral, manhã, tarde e algumas horas à noite. Antes da prova do CFM, eles passaram 3 semanas com a gente e eu costumo dizer que isso foi crucial. Eu respirava essa preparação.
O dia pré-prova costumava ser mais tranquilo, só resolvendo questões. Sem ler muito e sem tentar assimilar assunto novo para não cansar tanto a mente.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Daniele: Eu fiz um curso específico para discursivas. Isso foi importante porque me fez pegar alguns macetes para montar a estrutura do texto e para evitar alguns vícios. Se as pessoas puderem fazer curso de redação para concurso, eu acho interessante. Se não puderem, acho que vale dar uma olhada no edital e tentar formular textos com o número de linhas previstas em prova. É interessante para treinar a letra, aprimorar a estrutura dos textos e revisar a matéria.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Daniele: Acho que um erro importante foi ter negligenciado o estudo de português por um tempo. Eu achava que, como tinha uma base boa, não precisava “perder” tempo com essa disciplina. Depois eu entendi a importância de estudar e de resolver questões para treinar. Não é perda de tempo! Quando você, estuda você potencializa o seu conhecimento. Quando faz muitas questões, você aprende o jeito da banca e acaba gastando menos tempo na hora da prova e acertando mais. Se você errava poucas questões daquela disciplina, passa a estar condições de gabaritar as provas dela. Os concursos geralmente são acirrados e uma questão pode fazer diferença no resultado.
Os principais acertos foram organizar melhor o tempo e, mais uma vez, resolver questões. Também recomendo que as pessoas façam recurso na prova discursiva, tem gente que negligencia isso, mas é uma oportunidade de fazer com que o examinador dê mais atenção a certos aspectos que ele poderia não ter percebido na primeira leitura, e tentar aumentar a nota. Se esse recurso puder ser feito por um profissional, melhor ainda.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Daniele: Quando eu tive o meu primeiro resultado ruim, em 2018, eu cheguei a recalcular a rota e mudei os planos. Depois, quando vi que ser bem-sucedida na minha área era o que eu queria mesmo, eu me esforcei e, sem dúvida alguma, a minha filha foi o meu maior estímulo. Eu queria que ela tivesse orgulho. Que, além de me enxergar como mãe e como mulher, me visse como referência profissional, como alguém realizada nas escolhas que fez.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Daniele: Aconselho a ter foco e não esmorecer. Muita gente se abate com medo da concorrência e se boicota, mas o caminho não é esse. O número de inscritos não importa tanto. Tem muita gente que se inscreve, mas nem vai fazer a prova. Tem gente que faz a prova sem estudar. Concurso público é uma batalha de você com você mesmo. É a busca por estudar mais, se concentrar mais, superar a si mesmo. Você escolhe o caminho que quer seguir, o tipo de concurso que quer fazer, e vai. É trabalho de formiguinha, constância, um pouco a cada dia. O conhecimento e a experiência vão se acumulando de um certame para o outro, até que a sua hora chega.
Eu sei que para quem é mãe é especialmente complicado, mas não é impossível. Eu consegui ser aprovada com dois filhos pequenos, um deles mamando e acordando várias vezes durante a noite. Se deu certo para mim, dá certo para outras também. É só não perder o foco, nem a vontade.