
“Não precisa fazer o caminho mais longo nem o mais curto. Não existe milagre. A aprovação é resultado de muito esforço e trabalho. […]”
Confira nossa entrevista com Ana Regina Moraes, aprovada em 1º lugar no concurso MP-RJ para o cargo de Técnico do Ministério Público – Área: Administrativa:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-la. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Ana Regina Moraes: Sou formada em Letras e em Direito, tenho 51 anos e sou natural de Porto Alegre.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Ana Regina: Minha independência financeira. Eu ainda era casada e dependente financeiramente do meu ex-marido. O meu irmão era empregado público e vi nisso uma oportunidade de entrar no mercado de trabalho, porque não tinha experiência profissional. Consegui meu primeiro cargo. Sou servidora da Faetec. Mas é um cargo de nível médio, não quis fazer pra professora. Desanimei da carreira e decidi fazer direito pra estudar pra concursos da área jurídica.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Ana Regina: Eu trabalhava, fazia faculdade e estudava pra concurso. Eu estudava no tempo que tinha, na academia, no ponto do ônibus, no fim de semana, no trajeto de casa pro trabalho, naquele tempinho em que eu ficava esperando o professor entrar na sala. Sempre que dava, nas férias da faculdade. A minha ideia era chegar no final da faculdade com um base pra concursos, não sair do zero e passar rápido depois de formada.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovada? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Ana Regina: Quando retomei os estudos fiz DPE/RJ 2014 técnico e fui aprovada (fiquei por volta da 700ª colocação). Parei durante a faculdade retomei os estudos em 2018. Fiz DPE de novo, fui aprovada, mas fiquei em 553ª (não fui bem em Português da FGV), depois fiz Analista e Técnico do Ministério Público de 2019, ainda estava na faculdade, mas fiquei mais bem classificada, fiquei na 133ª colocação pra Analista e 305ª ; PGE/RJ 2020, pra Analista 306ª e Técnico 32ª (devo ser chamada porque tem dois na minha frente e parece que não vão assumir (eu também não, provavelmente rs), PGM Niterói, Analista 131ª colocado e Técnico 20ª colocada, cheguei a ser nomeada, mas não assumi, e agora fiquei em 38º pra Analista e 1º pra Técnico. Eu pretendo continuar estudando até enquanto minha mente e meu corpo permitirem, mas pra concurso, vou fazer agora só Analista do MP, se não for chamada nesse; e quero fazer pra carreira jurídica: membro do MP, que é o que eu queria fazer desde o começo da faculdade.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Ana Regina: Eu já não saio com amigos e família rs. Aqui no Rio nunca tive vida social. Agora vou tentar mudar. Eu acho que, enquanto tinha necessidade de passar em um concurso que me desse mais segurança, isso ficou em segundo plano. A minha vida social é quando visito minha família no Sul e gosto muito; no Rio só tenho meu filho. Então esse problema de concurseiro eu nuca tive rs. A redação da prova de Analista era sobre “como equilibrar os benefícios e malefícios da solidão” e eu achei muito fácil falar disso.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseira? De que forma?
Ana Regina: Esse é outro problema de concurseiro que não tive, porque, como formei minha independência para continuar estudando, nunca sofri qualquer tipo de pressão. Mas sinto que todos sempre me apoiaram e acreditaram em mim. Quando eu passei agora em primeiro lugar eu falei pra minha família que eu nunca imaginei e ela me disse: “mas eu imaginei”; meu filho também me incentiva muito e sempre fala que eu sou o orgulho dele. Todos os meus familiares também sempre demonstraram acreditar. Sempre ouvi “você vai conseguir”.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Ana Regina: Quando eu fiz PGM Niterói estava muito cansada, emendei o último ano da faculdade com os estudos, resolvi parar uns meses e retomei com foco no MP em agosto do ano passado. Eu consegui manter a disciplina porque estava muito obstinada, tinha entendido depois das experiências anteriores o que eu precisava fazer e não fazer pro concurso do MP.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Ana Regina: Eu uso todas as ferramentas. Não tem uma só que eu use ou uma que eu goste mais. Cada uma é adequada a uma situação de aprendizagem. O mais importante é se autoconhecer e ter autonomia pra saber fazer essas escolhas. Uso o Passo pra revisão, pra priorizar assuntos ou pra mapear as falhas, PDF quando o tópico exige jurisprudência atualizada, as questões pra estudar e revisar também (na prova de Técnico fiz só questões do PDF em ADM e Constitucional. Se não tivesse feito isso o resultado que tive não teria acontecido. Um amigo que está sempre do meu lado falou: você precisa descansar e eu disse: “eu vou descansar depois. Eu não posso errar o que eu já sei”. Esse era um dos erros que eu sabia que não poderia cometer novamente); uso o Bizu para revisar e estudar os principais tópicos cobrados pela banca. Quando não tinha saído o edital do MP, usei o Bizu pra estudar tópicos mais relevantes para a prova de Analista. Peguei do curso de um outro concurso que estava tendo pra FGV. Com isso acertei depois várias questões da prova de Analista. Quando preciso assisto a vídeo aulas. Isso porque eu aprendi a identificar as minhas necessidades para cada assunto e a aplicar as ferramentas mais adequadas a cada caso.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Ana Regina: O Estratégia é muito conhecido entre os concurseiros. Acho que foi assim. Eu também indiquei bastante porque acho um excelente material de apoio. Não consigo mais estudar sem. Ainda mais depois que aprendi a usar. As pessoas às vezes têm a falsa ideia de que precisa ler todas as aulas e todos os PDFs e que isso vai garantir um bom resultado, mas eu costumo dizer que têm que usar o Estratégia com estratégia.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Ana Regina: Eu nunca estudei várias matérias ao mesmo tempo. Eu gosto de fazer ciclos. Estudo todo o programa de uma matéria e passo para outra, mesmo que eu aprenda pouco. Isso me ajuda a conhecer a disciplina de ter um primeiro contato, quando volto para ela tenho mais facilidade e vou aprofundando mais até chegar no nível da revisão.
Eu nunca contei o número de horas, mas na fase preparação eu vivia os estudos e parava para fazer o que era essencial pra minha sobrevivência: trabalhar, dormir, comer e treinar.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Ana Regina: Em algumas disciplinas como legislação eu cheguei a fazer resumos. Acho importante. Fica mais fácil a compreensão, mas nas demais disciplinas não fazia. Simulados não chequei a fazer. Fazia muitas questões comentadas dos PDFs. Elas já são selecionadas e a gente não perde tempo com questões que não são o perfil do concurso. É um jeito de estudar de forma mais eficiente quando já se tem um conhecimento da matéria.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Ana Regina: Pra mim é o pilar do estudo pra concurso. Muito antes de saber que isso era chamado de estudo reverso eu estudava por questões. Eu lembrei que quando fiz o MP em 2019 foi a época que eu mais fazia questões e foi relativamente o meu melhor resultado, porque não tinha tempo de estudar e só trabalha e estudava e só resolvia questões. Apostei também nesse concurso. Na fase pré edital comecei com 100 por dia. Vi que estava viável e aumentei pra 200 (essa era a meta mínima), depois fixei em 300, mas tinha dias em que conseguia 400 ou 500. Fiz mais de 60 mil.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Ana Regina: Matemática e informática. Fiquei fora das vagas do MP em 2019 por causa disso. Matemática muitos exercícios dos PDFs. Aulas de resoluções de questões e informática aula e muitas questões dos PDFs também. Fazia ciclos. Cada vez que voltava, voltava melhor. Meu filho é muito bom em matemática. Ele me indicou livros de concursos militares pra eu melhorar a minha base. Fazia exercícios dos tópicos que eu identificava meu conhecimento deficiente atrapalhava na resolução das questões.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Ana Regina: Já tinha completado todos os ciclos até o nível da revisão. Não estudei nos ciclos Constitucional e Administrativo porque meu conhecimento nessas disciplinas era mais sólido. Usei a última semana para revisá-las fazendo as questões dos PDFs. Isso foi determinante.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Ana Regina: Eu produzi bastantes textos. Treinar é essencial, mas aconselho acompanhamento profissional individualizado nesse estudo.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Ana Regina: Meus principais acertos foram não cometer os erros anteriores. Com o tempo a gente aprende mais a errar menos do que acertar mais. Lembro que saí rindo da sala, rindo de alívio, porque pela primeira vez eu senti a certeza de que se eu estivesse estudado muito mais tempo do que eu estudei (sempre achamos que foi pouco tempo), eu não teria acertado mais uma questão sequer. Saí com sensação de missão cumprida. Pela primeira vez não fiquei ansiosa com o resultado, porque estava certa de ter feito o melhor que pude dessa vez e fosse qual fosse o resultado era o melhor que eu poderia ter.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Ana Regina: Sim. Não exatamente desistir, mas desanimar. Durante minha trajetória em muitos momentos, mas lembrava do que os outros concurseiros diziam: que faz parte do processo desanimar e que é só seguir em frente: vai desanimado mesmo, mas não para! Nesse concurso quando soube o número de inscritos. Achava que seria difícil até ser chamada no decorrer do prazo de validade. Mas foi um pensamento que passou rápido e eu continuei firme, porque eu precisava fazer o melhor que pudesse. Caso contrário seria conviver novamente com a incerteza do que poderia ter acontecido se eu fizesse tudo certo. Nem que fosse só pra ter certeza mesmo. Se não desse certo, eu saberia que fiz o que dava para fazer. Hoje sei que perdi a chance de ser nomeada porque desanimei antes. Já poderia ter sido nomeada. Mas é preciso viver o processo todo pra compreender.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Ana Regina: Não precisa fazer o caminho mais longo nem o mais curto. Não existe milagre. A aprovação é resultado de muito esforço e trabalho. Mas também não precisa adiar a aprovação cometendo erros que podem ser evitados. Hoje eu aconselho, para quem me pede ajuda, ganhar autonomia. Ser independente nos estudos. Para isso, conhecer o edital. Resolver as questões e aprender com elas, mesmo que pareça que não se sabe nada. Eu começava um filtro (seleção de questões) errando 60,70% por cento das questões e terminava acertando mais de 90%. Eu aprendia com as questões. E pegar a teoria necessária só para resolver as questões. Quando tiver mais autonomia, fica mais fácil evoluir.