A Curva de Phillips: a Relação entre Inflação e Desemprego

Olá! Você já parou para pensar por que, às vezes, o governo parece ter que escolher entre ter preços estáveis (inflação baixa) ou ter muita gente empregada (desemprego baixo)? Essa escolha difícil é o que a Curva de Phillips tenta explicar.
Neste artigo, vamos desvendar esse conceito de um jeito simples, sem usar aquele “economês” complicado. Afinal, entender como a economia funciona é importante para todos nós.
A seguir, abordaremos os seguintes tópicos:
- O que é a Curva de Phillips e a ideia da “escolha” do governo;
- Por que essa escolha nem sempre funciona;
- O papel das expectativas;
- O limite do emprego: a taxa natural de desemprego;
- Como o Brasil lida com essa relação hoje.
A Escolha Difícil: Inflação ou Desemprego?
Imagine que a economia é como um carro. Para ele andar mais rápido (crescer e gerar empregos), o governo precisa pisar no acelerador (com políticas de estímulo). Nesse sentido, quando a economia está “a todo vapor”, as empresas precisam contratar mais e, consequentemente, o desemprego cai.
O “problema” é: quando há muita gente empregada e as empresas estão produzindo no limite, a demanda por produtos e serviços aumenta muito. Dessa forma, as empresas começam a subir os preços para não perderem o controle da produção. Portanto, o preço a pagar por ter mais empregos é a inflação (preços subindo).
Essa relação inversa, onde mais emprego significa mais inflação, foi o que o economista A.W. Phillips observou. Ele criou a ideia de que o governo poderia escolher um ponto nessa “curva”:
- Se o governo quisesse muito emprego, teria que aceitar preços subindo mais rápido.
- Se o governo quisesse preços estáveis, teria que aceitar um pouco mais de desemprego.
Em outras palavras, a Curva de Phillips original era vista como um “cardápio” de opções para os governantes.
Por Que a Escolha Nem Sempre Funciona
Essa ideia de que o governo poderia escolher um ponto na curva funcionou por um tempo. Contudo, nos anos 70, o mundo viu algo estranho: inflação alta e desemprego alto ao mesmo tempo, o que chamamos de estagflação. Assim sendo, a Curva de Phillips original “quebrou”.
O que aconteceu?
Economistas como Milton Friedman e Edmund Phelps disseram que a Curva de Phillips só funciona no curto prazo. Afinal, as pessoas não são bobas.
Imagine que o governo estimula a economia para baixar o desemprego. Primeiramente, os preços sobem. Em seguida, os trabalhadores percebem que seus salários, embora maiores, compram menos coisas. Consequentemente, eles exigem salários ainda maiores para compensar a inflação.
Dessa forma, os custos das empresas sobem, e elas aumentam ainda mais os preços. O resultado final é que a inflação subiu, mas o desemprego voltou ao nível inicial. Portanto, o governo só conseguiu “enganar” as pessoas por um tempo.
O Papel das Expectativas: O Que as Pessoas Pensam Importa
A chave para entender a Curva de Phillips moderna está nas expectativas: o que as pessoas esperam que aconteça com os preços no futuro afeta o que acontece hoje.
- Se as pessoas esperam que a inflação será alta, elas já pedem salários maiores e as empresas já aumentam os preços. Assim sendo, a inflação se torna uma “profecia autorrealizável”.
- Se as pessoas confiam que o governo vai manter a inflação baixa, elas não pedem aumentos exagerados, e a inflação se mantém sob controle.
Em suma, a Curva de Phillips de hoje mostra que, se o governo tentar manter o desemprego muito baixo por muito tempo, as expectativas de inflação vão subir, e a inflação vai disparar sem que o desemprego caia de forma permanente.
O Limite do Emprego: A Taxa Natural
Existe um nível de desemprego que a economia não consegue baixar sem que a inflação comece a acelerar. Esse nível é chamado de Taxa Natural de Desemprego (ou NAIRU, para quem gosta de termos técnicos).
Pense assim: mesmo na melhor das economias, sempre haverá pessoas mudando de emprego, procurando o primeiro trabalho ou em transição. Esse desemprego é natural e não tem a ver com a falta de dinheiro na economia.
No longo prazo, a economia sempre volta para essa taxa natural. Portanto, a Curva de Phillips se torna uma linha reta vertical nesse ponto. O que isso significa?
- O governo não consegue reduzir o desemprego permanentemente abaixo desse limite.
- Qualquer tentativa de fazer isso resultará apenas em mais inflação, sem mais empregos.
Dessa forma, a lição mais importante é que a política econômica deve focar em manter a inflação sob controle, pois o nível de emprego de longo prazo depende de coisas mais profundas, como a qualidade da educação, a tecnologia e as leis trabalhistas, por exemplo.
Como o Brasil Lida com Essa Relação Hoje
No Brasil, o Banco Central usa a Curva de Phillips para tomar decisões. Principalmente, ele monitora se a economia está “aquecida” demais.
- Se o desemprego está muito baixo (abaixo da taxa natural), o Banco Central pode aumentar a taxa de juros para “esfriar” a economia e evitar que a inflação dispare.
- Se o desemprego está muito alto, o Banco Central pode reduzir os juros para estimular o crescimento.
Em suma, o objetivo principal do Banco Central é manter a inflação dentro da meta, pois a estabilidade de preços é vista como o melhor caminho para o crescimento sustentável e a geração de empregos de qualidade no longo prazo.
Conclusão
A Curva de Phillips nos ensina que a relação entre inflação e desemprego é mais complexa do que parece. Em resumo, a “escolha” entre os dois só existe por um tempo limitado.
Para finalizar, lembre-se que a estabilidade de preços é o melhor presente que o governo pode dar à economia. Afinal, quando os preços estão sob controle, as empresas investem mais, e os empregos gerados são mais duradouros.
Bons estudos e até a próxima!
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