Artigo

A Conquista de um Sonho em Oito Meses: Ser Auditora-Fiscal da Receita Federal do Brasil

Acredito que a minha trajetória em concursos públicos seja muito parecida com a da maioria dos alunos: começou de forma atropelada, com altas expectativas e sem as técnicas corretas. Hoje sou Auditora-Fiscal da Receita Federal do Brasil e digo com plena convicção que tudo valeu a pena! Mas eu precisei passar por este fracasso inicial para entender que, se eu realmente quisesse um cargo público, eu teria que estudar “de verdade”, da forma certa e com o material correto. Estudar para concurso público não é como estudar para a vida! Mas isso é assunto para outro artigo…

A jornada começou em 2008, quando ao ver o edital da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) publicado, pensei: seria muito legal ser uma espiã (quando eu penso nisso, eu não consigo segurar o riso! Até então, eu nunca tinha pensado em prestar provas para concurso público, mas foi naquele momento que a sementinha foi plantada.

Resolvi encarar este desafio! Mas por onde começar? Comprei uma apostila e comecei a estudar por conta própria. Estava determinada a estudar e a passar nessa prova! A única coisa acertada nessa preparação foi a determinação, porque o restante foi todo errado: início dos estudos apenas após a publicação do edital, sem qualquer metodologia, sem cronograma, sem metas, nenhuma resolução de exercícios, sem revisões, material totalmente errado para o concurso da ABIN… Caos total! Mas eu ainda não sabia disso naquela época!

Como eu nunca tinha visto nada de concursos na vida antes, a rotina de estudos se resumiu a estudar da única forma que eu conhecia até então: ler a matéria, entender o que tinha lido e pronto! Preparação feita! Afinal de contas, eu sempre estudei assim e sempre consegui um desempenho muito bom em provas.

E qual foi o resultado?! A prova me deu uma surra tão grande que chegou a me deixar tonta! Questões que eu lia e pensava “Tô lascada! Como eu vou responder a uma pergunta que eu nem consigo entender o que está sendo perguntado?!”. A reprovação foi tão massacrante que fez com que eu nem quisesse ver o resultado final do concurso.

Na época da prova (outubro de 2008), eu estava terminando a faculdade de administração nos Estados Unidos, trabalhando como gerente de projetos com grandes empresas de tecnologia, morando com meu namorado (hoje marido), e feliz da vida! Eu nem pensava mais em concurso público. Só que a partir de dezembro de 2008 as coisas mudaram drasticamente…

A primeira mudança ocorreu quando a crise chegou na empresa em que trabalhava e eu fui demitida. Nunca pensei que passaria por essa situação: desempregada!  Como pode? Eu estava terminando a minha terceira graduação e estava desempregada. É… o setor privado é muito cruel! Essa situação fez com que eu refletisse profundamente sobre o que eu gostaria para a minha vida.

Então eu visualizei meu futuro ideal: ter um trabalho dinâmico e desafiador, mas que ao mesmo tempo me desse segurança e estabilidade para poder usufruir a vida constituindo uma família (se dependesse de mim, eu teria uns 60 filhos), viajando, conhecendo outras culturas, e o que mais a vida me proporcionasse.

Logo depois que eu consegui entender o que eu precisava para ser feliz, veio a segunda mudança. Em uma conversa telefônica com minha mãe (isso foi dia 26/04/2009), ela comentou que o concurso para Auditor-Fiscal da Receita Federal tinha sido autorizado. E foi nesse momento que eu vi que ser Auditora da Receita Federal proporcionaria a vida que eu queria para mim e para minha família. Eu e meu namorado (hoje marido) conversamos seriamente e analisamos se valia a pena investir nessa empreitada, pois sabíamos que para eu ter uma chance mínima de conseguir a aprovação nesse concurso, eu teria que mergulhar de corpo e alma na preparação. Após a decisão tomada, comprei a passagem aérea e voltei para o Brasil para morar com minha irmã em Porto Alegre. Cheguei no domingo (03/05/2009) e na segunda (04/05/2009) já começaram os dois cursos preparatórios.

Minha rotina pelos próximos oito meses foi intensa e repetitiva: pegar o ônibus para ir ao cursinho (presencial) de manhã, assistir às aulas, almoçar em quinze minutos para poder aproveitar o tempo restante do intervalo para revisar material, ir a pé para o segundo cursinho (tele-presencial), assistir às aulas, revisar material no ônibus de volta para a casa da minha irmã, jantar, assistir um episódio do seriado Bones para relaxar (como eu AMAVA essa hora do dia), ir para o quarto dar mais uma revisada no material, dar um alô rápido para o namorado que ficou nos Estados Unidos (como eu repensava se tinha tomado a decisão certa nessa hora), e dormir. No dia seguinte, repeteco do dia anterior! E quase todos os finais de semana tinham aulas, então a rotina não mudava muito. Mas nos dias livres eu aproveitava para descansar, pois sabia que o bicho ia pegar de novo a partir da segunda-feira.

Foi um período de foco e dedicação total, com muitas abdicações! Nesses oito meses saí apenas duas vezes para jantar, e quando minha irmã fazia um churrasco no seu apartamento, eu pedia licença depois do jantar e ia para o quarto dar seguimento à rotina. Essa maratona louca de estudos foi necessária porque o prazo de preparação seria muito curto, então cada segundo era muito precioso!

Muitas vezes batia o desespero: “será que eu vou dar conta?”, “é muita coisa para estudar, isso é desumano!”, “eu não aguento mais essa loucura!”, “será que eu tomei a decisão certa?”, “será que eu estou louca por não querer tomar nem uma cervejinha para não alterar minha concentração no dia seguinte?”, entre tantas outras dúvidas. Nesses momentos (muitas vezes eu estava devorando uma barra de chocolate e chorando de soluçar) eu parava, respirava fundo e dizia para mim mesma que eu não tinha como saber se todo o esforço daria certo, mas que eu faria o meu melhor, sem medir esforços, e o que tivesse que acontecer, aconteceria. Eu me daria a melhor chance de sucesso que eu poderia me dar!

E aos poucos os frutos foram colhidos: a primeira aprovação foi para Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil, cargo que nem cheguei a ocupar, pois enquanto estava no curso de formação, fui chamada para Auditora-Fiscal da Receita Estadual do Rio Grande do Sul (na época o cargo era de Agente Fiscal do Tesouro do Estado do Rio Grande do Sul). Fiquei um ano trabalhando no fisco estadual e depois fui chamada para ser Auditora-Fiscal da Receita Federal do Brasil. O orgulho e a realização que senti ao ser aprovada em cada um desses concursos foram indescritíveis!

O caminho é longo e exige muita dedicação! Mas quem efetivamente quiser percorrer esse caminho, o sabor da conquista faz com que esses desafios (para não dizer dores) de estudar para concurso sejam esquecidos, e até mesmo lembrados com admiração, pois o sucesso veio do seu esforço!

Você quer, você pode! Basta batalhar para conquistar os seus sonhos!

Veja mais depoimentos de aprovados da Receita Federal:

Depoimento Joyce Machado

Depoimento Anelise Faucz Kletemberg

Pronto para se preparar?

> Curso Receita Federal

Um forte abraço,

Cris Paiva

[email protected]

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Veja os comentários
  • Eu nunca cheguei a mudar o foco da Receita, mas como eu já estava bem preparada para diversas matérias que cairíam nos dois concursos (Português, Contabilidade, Raciocínio Lógico, Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Tributário, Economia e Informática), achei q valia tentar! Existem técnicas para o estudo da lei seca, como a marcação focada, que facilitam (e muito) a internalização e memorização do conteúdo. No começo, essa parte da legislação do ICMS é meio chatinha mesmo (para não dizer um porre!), mas com o tempo você começa a entender melhor como estudar.  Além disso, como o Direito Tributário se aplica a todos os fiscos e é o alicerce para todas as legislações tributárias, o estudo da legislação específica foi mais tranquilo! Com a priorização do conteúdo mais cobrado nas provas anteriores, é possível direcionar o estudo para os assuntos que possuem maior probabilidade de cair na prova. Assim, você também trabalha com a probabilidade de garantir o maior número de questões. Eu não consegui cobrir TODO o conteúdo, mas foi o suficiente para conseguir uma vaga! Agora, como eu tinha pouco tempo para estudar, não sei se teria conseguido (nem se teria tentado) dar conta de todas as matérias que hoje não caem para a Receita, como Economia e Informática. Qualquer dúvida, é só perguntar!!!
    Cris Paiva em 21/01/17 às 11:05
  • Olá Emerson! Já enviei uma mensagem para você. Qualquer dúvida, basta entrar em contato por aqui ou mandar um email para [email protected] (o e-mail [email protected] não está funcionando corretamente).
    Cris Paiva em 21/01/17 às 10:19
  • Olá, parabéns pela sua história. Mas uma dúvida: você enfrentou muitas dificuldades em estudar a Legislação dk ICMS enquanto estudava para RFB? Porque tomou essa decisão em estudar o ICMS se o seu foco era RFB? Obrigado.
    Renato em 21/01/17 às 01:11
  • Se você considerar apenas estudo para concurso, sim, eu estudei para o concurso da RFB apenas com o conhecimento da ABIN. Mas não é assim que eu considero! É preciso levar em consideração que, por causa da minha formação acadêmica, eu já tinha tido contato com muitas matérias, o que facilitou muito o andamento dos estudos. Por causa da Engenharia, eu tive facilidade com a parte de extas. Por causa de Relações Internacionais, eu já tinha estudado alguma coisa de Comércio Internacional e Direito Internacional. E por causa da Adminsitração, eu já tinha conhecimento básico de contabilidade. A preparação para o concuro em si foi rápida porque foi feita da forma correta, com revisões periódicas e resolução de exercícios, mas é inquestionável que todas as matérias que fiz durante a faculdade ajudaram (e muito) nesse sucesso!!!
    Cris Paiva em 20/01/17 às 21:04
  • Durante as aulas eu anotava TUDO o que os professores falavam (escrevia até se eles espirravam... rsrs)! E era com base nessas anotações que eu fazia as revisões durante o almoço, no ônibus enquanto voltava pra casa da minha irmã e de noite. Quando as aulas teóricas terminaram, eu fiz um curso específicos de resolução de exercícios. Nessa época eu utilizava os horários de revisão para resolver as questões antes de ir para a aula, pois assim sabia onde estava o "furo" nos meus estudos (a lista de exercícios era disponibilizada alguns dias antes da aula). E para o período logo antes da prova, eu fiz alguns poucos mapas mentais (bem coloridos) das matérias que eu tinha mais dificuldade de lembrar para ficar revisando com mais frequência. Inclusive foram estes mapas mentais que garantiram alguns pontos na prova de direito constitucional, pois os revisei logo antes da prova e foi a matéria pedida! Se ficou mais alguma dúvida, é só perguntar!!! :)
    Cris Paiva em 20/01/17 às 20:53
  • É preciso fazer limonada com os limões que a vida nos entrega! :) Como você mencionou, ser Auditora da Receita Federal é muito gratificante e maravilhoso, e esta conquista está possibilitando a realização de vários sonhos. Opiniões diferentes são sempre bem vindas!
    Cris Paiva em 20/01/17 às 20:43
  • Fico feliz que você tenha gostado da minha trajetória, Fávio. Meu objetivo foi mostrar que com dedicação e garra todos nós podemos alcançar nossos sonhos. E se eu consgui ajudar/incentivar ao menos um concurseiro, já me sinto extremamente gratificada!
    Cris Paiva em 20/01/17 às 20:28
  • Bela história!Poderia enviar mais detalhes como funciona o coaching contigo?
    Emerson em 20/01/17 às 20:11
  • Boa tarde! Muito bacana a sua história. Quando você estudou para o concurso da RFB, a única bagagem que você tinha era do que você tinha estudado para o concurso da ABIN ? Vale!
    Silvio Martins em 20/01/17 às 16:26
  • Tive uma dúvida: você só assistia aula e conseguiu passar???
    Jaqueline em 20/01/17 às 15:34
  • Se tivesse em seu lugar, creio que a parte mais desafiadora seria deixar os EUA (país que não é um paraíso) para vir para um pedacinho do inferno. O concurso da Receita, realmente, deve ser gratificante. Mas com a qualidade vida daqui (creio que um dia teremos que colocar grades nos quartos para dormir), sei não. É só uma opinião.
    Dickson Ramon em 20/01/17 às 15:03
  • Muito bonita e incentivadora essa trajetória Cris. Parabéns e obrigado por compartilhar conosco.
    FLAVIO em 20/01/17 às 13:58