Aprovado no concurso da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte (PCRN) no cargo de Agente
“Não pare no meio do caminho. Continue tentando. Uma hora vai. O começo é horrível. Os fracassos inevitáveis e incontáveis. Se não está conseguindo por bem, vai na força do ódio. Mentaliza algo que você nunca mais quer passar na vida e que o concurso é a saída daquilo. A trilha é doída demais mas, no fim, a recompensa é boa”
Confira nossa entrevista com João Brito Alves, aprovado no concurso PCRN no cargo de Agente:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
João Brito: Sou natural de Recife – PE. Tenho 28 anos. Formado em Engenharia Mecânica.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que a área Policial?
João: No último semestre da minha graduação (já estava com o TCC encaminhado), apliquei para diversos processos seletivos. Trainees e entrevistas de emprego em diversos locais do país. Fracassei em todos. Algum tempo depois de me graduar e já meio descontente com toda essa dificuldade em arrumar um emprego, fui contratado pela JEEP, aqui em Pernambuco, para trabalhar no setor de pintura automotiva. Fui responsável pelo laboratório químico da oficina.
Alguns meses depois (uns 10 meses) trabalhando em loucura de fábrica, voltei a ficar infeliz. Não me identifiquei com o trabalho. Esse descontentamento me fez arriscar tudo. A hora era aquela, não poderia esperar mais. Então com o apoio de meus pais, decidi largar tudo e estudar para concursos. Isso foi em março de 2019. Na época, tinha decidido fazer o concurso do Corpo de Engenheiros da Marinha. Tinha focado totalmente meus estudos naquela prova. Fiquei bem classificado, mas fora das vagas.
Após esse fracasso, decidi estudar para concursos da área fiscal e de minha área de formação. Fiz concursos para Engenharia Mecânica na UFCG, Prefeitura de Sobral, UFPE. Na área fiscal, fiz Prefeitura de Imperatriz, Seec-DF, Sefaz Al, Prefeitura de Paulo Afonso, Prefeitura de Itajaí e estava inscrito em mais algumas provas que foram suspensas ao longo de 2020 (Prefeitura de Abreu e Lima, Prefeitura de Aracaju, Prefeitura de Macaíba e mais alguns outros que não me recordo). Fracassei na maioria dessas provas, em outras, fiquei no CR.
A área policial “apareceu” para mim por acaso, um colega que também está estudando forte para concursos falou do concurso da PF e PRF e que estava certo de que haveria a prova (isso em meados de dezembro). Dessa forma, decidi estudar forte para a prova da PF (enquanto tentava conciliar com um mestrado acadêmico, em simulação e gerenciamento de reservatórios de petróleo, que ingressei nesse primeiro semestre de 2021). Escolhi o cargo de Papiloscospista por me identificar mais com a descrição do cargo.
Então estudei muito para essa prova. Tentava seguir as Trilhas Estratégicas para direcionar mais os estudos. Os assuntos que eu já sabia, eu fazia uma bateria de exercícios do assunto, em site de questões.
No caso específico da PC-RN, decidi estudar para o cargo de agente. Então fiz algumas revisões de alguns assuntos de contabilidade que eu estava enferrujado e fui fazer a prova. Basicamente essa foi a preparação para o PC-RN. Com o mestrado apertando foi muito difícil manter um ritmo bom de estudos para concursos.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
João: Um pouco antes de pedir demissão, em 2019, tentava conciliar o estudo com o trabalho. Só que estava muito pesado. Então foi quando tomei a decisão de largar tudo, para estudar para concurso.
E o outro momento foi conciliar os estudos para concursos com o mestrado, já que direcionei meus estudos para área policial pouco antes de iniciar o mestrado. Então está sendo bem desafiador organizar essa rotina.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
João: Depois de 2019, aprovado de fato, o da PF é o primeiro e agora o da PC-RN. Houve outras provas em que fiquei relativamente bem classificado, mas no CR. Em 2009, eu havia passado na AFA para fazer o CFOAV, sendo desligado no segundo ano de curso, em 2011.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
João: Sensação boa, mas tenho a consciência de que ainda há outras etapas que podem eliminar. Inclusive quase fui eliminado na etapa médica da PF.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
João: Tentei dosar. Obviamente o convívio social foi reduzido a níveis mínimos. Mas a abdicação completa, é impossível.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
João: Não sou casado. Não tenho filhos. Namoro há um bom tempo (ela me enrola há 11 anos rsrsrs). Moro com meus pais. A família é extremamente importante na preparação. Meus pais estão dando um suporte de forma que o peso da preparação seja dividido. Apoio emocional. Etc…
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
João: No cenário atual de concursos, vale sim desviar um pouco. O objetivo maior pode não estar disponível no período que você planejou estudar ou você pode simplesmente fracassar nessa prova (como venho fracassando em inúmeras provas). Manter-se aberto a outras oportunidades pode ser positivo.
Meu concurso foco era o do ISS ARACAJU, que foi suspenso. Isso atrapalhou demais. Principalmente porque agora depois de retomado, não há condições de sequer fazer a prova.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
João: Especificamente para a prova da PC-RN, comecei um mês antes da prova. Mas muita coisa da área policial venho estudando desde dezembro de 2020. E outros assuntos que têm correlação, desde 2019.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
João: No caso da PC-RN, já havia o edital. Como falei via contato no whatsapp, usei o material que já tinha de outros cursos do Estratégia (tanto o da PF como o da área fiscal). Lembro de ter usado as Trilhas Estratégica para organizar a rotina de exercícios.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
João: Usei o Sistema de Questões, PDFs e videoaulas quando estava muito travado em determinado assunto/matéria.
No meu caso, não existe um material isolado. É o conjunto. Você sente quando precisa do vídeo ou quando só o PDF é suficiente. Geralmente no vídeo você gasta um pouco mais de tempo.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
João: Conheci em 2018, quando um colega me mostrou algum material. Era um material para um concurso da Prefeitura do Recife. Lembro que peguei boa parte do material de D. Constitucional com ele. E achei muito bom. Então decidi comprar um curso específico lá. Quando abriu a assinatura, achei melhor assinar, porque você que estuda para mais de um concurso diferente, consegue transitar entre os diversos cursos.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
João: Estudava algumas matérias ao mesmo tempo. Não mais que 6. Ia tentando adequar as Trilhas à minha realidade. Não costumo fazer resumos. Não consigo estudar fazendo resumos, sou muito de observar, escutar e fazer exercícios. Apenas voltava para teoria quando havia um assunto específico em que eu estava travado ou quando errava questões mais que o normal.
Nunca consegui ser muito organizado, as Trilhas eram a base do meu plano. Pequenas adaptações nelas, para mim foi suficiente.
As horas de estudo variaram bastante. Na média, umas 5 ou 6 horas líquidas por dia, mas enfatizo que haverá dias em que você estuda 10, 12 horas líquidas e outros em que você só consegue 1 hora.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
João: Sempre tive dificuldades em português e em discursivas. Português eu sempre mantenho na rotina de estudos porque se parar de olhar, eu começo a fraquejar. E em relação a discursivas, eu tento ler bastante com o fim de adquirir vocabulário e conteúdo.
Nos direitos, o começo é muito difícil, ainda mais para uma pessoa da área de exatas. O começo é bem truncado, travado. Mas na repetição, você começa a fazer conexões e entender alguma coisa.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
João: No caso específico da PC-RN, procurei desestressar. Já estava com muita demanda de outras coisas. Nesse período, no máximo assisti a alguns pontos da Hora da Verdade e da Revisão de Véspera. Na véspera, assisti algumas revisões no Youtube e só.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
João: Eu venho mantendo continuidade nos estudos de discursivas. Sempre lendo e tentando escrever algo. Para mim é muito difícil. Então para a prova da PC-RN, não peguei um assunto específico para fazer uma discursiva. Aproveitei o formato que já vinha mantendo. Ora funciona, ora não. É algo que ainda preciso readaptar
Estratégia: Como está sendo sua preparação para o TAF e para as demais etapas?
João: Confesso que depois das etapas da PF, minha rotina de preparação foi prejudicada. É emoção demais em cada etapa. Como estou voltando de uma cirurgia, passei esse último mês sem treinar. Estou voltando essa semana e aos poucos.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
João: Sempre há muitos erros e muitos acertos. Fora os erros que ainda não foram mapeados.
Preciso melhorar minha forma de estudar, esse método foi bom para chegar no nível que estou, mas cheguei num platô. Nem progride, nem regride. “Carangueja”. Então o principal erro foi não ter reavaliado o método. Ter-se mantido num método que, hoje, me mantém estagnado.
Os principais acertos, nesse caso específico da PC-RN, foi não me estressar com a proximidade da prova e questões emocionais. Isso foi crucial para fazer a prova com tranquilidade e sem desespero.
Afirmo que essas questões já me fizeram travar numa outra prova, inclusive entreguei-a sem fazer a discursiva.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
João: Tentar conciliar o estudo para diferentes concursos, com mestrado, com vida social e etc…
Todos os dias eu penso em desistir. Absolutamente todos os dias. Para seguir em frente eu penso na vida que tinha na fábrica e que não quero voltar de jeito nenhum.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
João: A principal motivação foi: Não quero mais nunca voltar a trabalhar em fábrica.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
João: Não pare no meio do caminho. Continue tentando. Uma hora vai. O começo é horrível. Os fracassos inevitáveis e incontáveis. Se não está conseguindo por bem, vai na força do ódio. Mentaliza algo que você nunca mais quer passar na vida e que o concurso é a saída daquilo. A trilha é doída demais mas, no fim, a recompensa é boa.