Aprovado em 176º lugar para o cargo de Escrivão e 214º lugar para investigador na PC-PA.

“Se o seu desejo é ser um servidor público, vá atrás, pois apesar de todos os desafios, eu realmente não conheço ninguém que se arrependeu de ter estudado, e sei que também não me arrependerei”.
Confira nossa entrevista com Mateus Campos Luiz, em 176º lugar para o cargo de Escrivão e 214º lugar para Investigador no concurso PC-PA:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor.
Mateus Campos Luiz: Meu nome é Mateus Campos Luiz, tenho 27 anos, sou natural de Goiânia (GO) onde vivo até hoje. Me formei em Engenharia Agrícola pela Universidade Estadual de Goiás em 2016.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que a área Policial?
Mateus: Sou de uma família de concursados. Minha mãe é servidora pública municipal, e meu pai e meu irmão são empregados públicos federais, e desde quando fazia faculdade, tinha essa vontade de ingressar no serviço público. Porém, nessa fase, não tinha tempo para estudar, e quando me formei, aos 21 anos, acreditei que ingressaria rápido ao mercado de trabalho, então decidi não “perder tempo” estudando. Entretanto não foi assim que aconteceu. Tive muita dificuldade para achar emprego na minha área de formação, e demorei um ano para conseguir um trabalho, e, mesmo assim, nem foi um emprego correspondente ao meu diploma. Após quase um ano trabalhando, comecei a me questionar se aquilo que eu fazia era o que eu queria para a minha vida, e vi que não era. Com 23 anos, percebi que talvez era hora de começar a estudar para concursos. Então pedi demissão do meu emprego, e comecei a estudar em julho de 2018. Comecei estudando para a área fiscal, porque o primeiro concurso que estava para abrir era o da SEFAZ do meu Estado, e só queria passar o mais rápido possível. Porém eu tinha uma grande admiração pela polícia civil e federal (principalmente a Federal), mas a vontade era apenas passar em um concurso. Com tempo livre para estudar, e não tendo ideia do quão difícil era a jornada de um concurseiro, achei que passaria fácil, mas não foi assim que aconteceu. Após a reprovação neste concurso, continuei tentando para essa área. Nesse período acabei tendo problemas pessoais, e comecei terapia para tentar tratá-los, foi quando minha terapeuta me perguntou se eu estava gastando energia e investindo naquilo que gostaria. Percebi que não. O cargo que eu realmente queria era em um órgão de polícia judiciária, então em dezembro de 2019 comecei a estudar para a área policial, com foco na polícia civil do Distrito Federal. E, após um ano a meio focado nessa área, finalmente consegui passar para a polícia civil do Pará.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Mateus: Durante a vida de concurseiro, consegui me dedicar integralmente aos estudos, sem necessitar conciliar com trabalho ou faculdade
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado?
Mateus: Essa foi a minha primeira aprovação
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados na primeira fase do certame?
Mateus: Fiquei muito feliz ao saber da aprovação, ainda mais quando vi que havia sido aprovado nos dois cargos que havia prestado. Tinha sido reprovado no concurso que tanto almejava poucas semanas antes dessa prova (Polícia Federal), e estava muito triste. Esse resultado me trouxe alívio, pois finalmente, após 3 anos, comecei a ver que estava no caminho certo para conseguir atingir meu alvo.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Mateus: Sempre fui uma pessoa que fica muito em casa, e nunca fui muito de sair ou de ter muitos compromissos, sociais ou familiares. Mas o pouco que tinha, acabei abdicando, e me tornei uma pessoa mais isolada do que era. Hoje me arrependo, pois vejo que até a vida social faz parte da caminhada do concurseiro. Afinal, após uma caminhada tão dura, é necessário alguém para comemorar a vitória.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Mateus: Sou solteiro, e não tenho filhos. Meus pais são divorciados, e moro atualmente com a minha mãe. Sempre recebi apoio tanto emocional quanto financeiro de ambos. Nunca me pressionaram para conseguir aprovação o mais rápido possível, e sempre me incentivaram a fazer provas, mesmo em locais distantes, oferecendo de imediato pagar as despesas de transporte, alimentação e hospedagem. Além disso, sempre me motivaram dizendo que minha aprovação viria no momento e cargo certo, então sou grato a eles por todo o apoio. Apenas tive certa resistência por parte de alguns familiares quanto à área policial, pois tinham medo da profissão. Mas no final todos entenderam, e me apoiaram.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Mateus: Acredito que não vale a pena. Já fiz isso uma vez, especificamente para o concurso do Banco de Brasília. Senti que me atrasou, e acabei sendo reprovado. Talvez compense se for com matérias fáceis, mas não deu certo pra mim. Pretendo continuar estudando, pois meu grande objetivo é a Polícia Federal. Espero continuar com ânimo para estudar após ele ter ocorrido tão recentemente
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Mateus: Para o concurso da PC PA, estudei apenas durante o período pós-edital, aproximadamente oito meses.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Mateus: Cheguei sim. Era um momento muito difícil, pois tinha dificuldade em montar um cronograma, não sabia para qual possível próximo concurso estudar, enfim, me sentia perdido. Nas vezes em que isso aconteceu, eu costumava procurar nas disciplinas que estava com maior dificuldade, e focava nelas. Também diminuí meu tempo diário e semanal de estudos, para não me sobrecarregar.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Mateus: Sempre estudei com cursos a distância. O primeiro curso que adquiri para iniciar minha preparação tinha apenas videoaulas, então comecei estudando apenas por elas, e fazendo resumo das aulas. Algum tempo depois, assinei com o Estratégia, e, apesar de eles também possuírem videoaulas, possuíam PDFs bem completos, então migrei aos poucos para eles. Atualmente, só uso os PDF, pois acho bem mais prático, e consigo reter mais a matéria. Uso apenas as vídeo aulas para aprofundar na aula que estou com dúvidas e quando não tem edital publicado.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Mateus: Conheci o Estratégia através do Instagram, pouco tempo depois de começar a estudar. Após um teste na plataforma deles, vi que o conteúdo era de qualidade bem superior ao que eu tinha, então resolvi mudar para o Estratégia.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso?
Mateus: Comecei estudando uma matéria de cada vez, com uma matéria por semana, e sem nenhum planejamento de importância ou diferenciação por peso das disciplinas, pois acreditava que estudar para concurso era apenas assistir aulas. Mas, após o primeiro concurso, vi o quão errado estava. Depois disso, passei a organizar um plano de estudos levando em conta minha dificuldade na disciplina e o peso de cada uma na prova. Hoje, estudo de duas a quatro matérias simultaneamente, revezando entre uma e outra em um intervalo de 60 a 120 minutos. Nesse intervalo, foco muito em leitura e revisão, além de dar (talvez não tanto quanto deveria) atenção a resolução de exercícios. Optei por essa forma porque tenho muitos problemas para concentração, e estudar matérias diferentes me ajuda a mantê-la. No começo fazia muitos resumos, principalmente quando assistia apenas a vídeo aulas, mas hoje faço apenas grifos e anotações no PDF. Acredito ser mais fácil, pois resumos e mapas mentais me demandam muito tempo. Passo praticamente o dia inteiro estudando. Minha meta são 8 horas por dia, e 48 horas por semana. Acordo todos os dias às 04:30 da manhã e estudo das 05:30 às 18:00. Nesse intervalo, tenho alguns minutos de descanso, e também vou à academia treinar para o TAF. Após as 18:00, distraio a minha cabeça de alguma forma, seja com música, série, rede social, etc. Vou dormir às 20:30. Estudo de segunda a sábado, e sempre descanso no domingo
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma disciplina? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Mateus: Sempre tive muita dificuldade em língua portuguesa, principalmente nas questões de interpretação de texto. Nos períodos em que não havia edital publicado, sempre dava uma atenção especial para português, resolvendo mais questões, prestando mais atenção na teoria ou assistindo algum curso extensivo.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Mateus: Sempre guardo as duas últimas semanas apenas para revisão e esclarecimento de pontos que tenho dúvida ou que tenho grandes chances de confundir na prova. Na véspera da prova , tenho costume de estudar, mas nessa, especificamente, optei por não fazê-lo, pois seriam duas provas no mesmo dia, então preferi descansar. Acho melhor estudar na véspera pois me ajuda a manter o ritmo de tudo que vinha fazendo, mas sempre procuro respeitar meus limites, e quando me sinto cansado na véspera não estudo. Acho melhor descansar
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Mateus: Talvez minha maior decepção nesse concurso tenha sido a discursiva. Em ambas as provas. Tive uma nota muito abaixo do esperado, e cai várias posições após o resultado da discursiva. Infelizmente como “bati na trave” em vários outros concursos, mantive muito meu foco na objetiva, e acabei deixando a discursiva de lado, e, apesar de eu ter conhecimento sobre o assunto abordado na discursiva, não consegui colocá-lo satisfatoriamente no papel. Então, meu conselho seria para nenhum candidato desprezar a discursiva, pois eu perdi apenas posições, mas poderia facilmente ter perdido a vaga
Estratégia: Como foi sua preparação para o TAF e para as demais etapas?
Mateus: A preparação para o TAF foi um grande desafio. Quando decidi estudar para a área policial, eu estava um pouco acima do peso, não muito, mas o suficiente para ter dificuldades para correr e fazer os exercícios exigidos nas provas. Na verdade, não conseguia obter o mínimo de nenhum exercício exigido. Inicialmente comecei apenas com dieta e caminhada, mas logo percebi que só isso não seria suficiente. Infelizmente veio a pandemia, e acabei ficando só com dieta e exercícios em casa. Hoje faço academia regularmente, e estou conseguindo realizar bem os exercícios que serão exigidos.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação, quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Mateus: Acredito que cometi vários erros durante a preparação, mas vejo que dois foram os principais:
- Dediquei praticamente todo meu tempo a estudar: apesar de sempre ter tirado um dia de descanso na semana, os outros seis eram totalmente dedicados a estudar. Quando incluí a academia no meu dia, meu rendimento e concentração melhoraram muito, minha ansiedade diminuiu, e mesmo com “menos tempo disponível”, eu conseguia estudar mais. Além disso, dei um pouco mais de abertura à vida social. Como dizem, nada em excesso é bom.
- Dei pouca atenção aos simulados e às questões: apesar de eu sempre ter feito questões e simulados, acreditava que eles me atrasavam, e não agregavam muito valor. Sempre achei que o mais importante era estudar mais e mais aulas. Mas eu descobri que uma coisa era saber a matéria, e outra era saber como ela era cobrada na prova. Com os simulados não foi diferente, eles me ajudaram a descobrir detalhes específicos que faltavam para entender completamente um assunto. As vezes penso esse erro tenha atrasado um pouco minha aprovação, pois melhorei muito meu desempenho consertei esse erro
Meu maior acerto foi sempre ter feito um cronograma, mesmo talvez não sendo o cronograma ideal no início. Fui o acertando ao longo do tempo, e hoje acho que ele é bem ideal, e me ajuda muito a manter meus estudos organizados.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Mateus: Sou uma pessoa procrastinadora, e meu maior desafio foi sem dúvida ser disciplinado com os estudos. Claro que levou algumas semanas para conseguir, mas consegui. A procrastinação sempre me atrapalhou, e foi uma das principais razões de eu demorar tanto tempo para começar a estudar. Mesmo minha aprovação tendo demorado tanto tempo, considero que ter vencido a procrastinação foi uma das minhas maiores vitórias durante essa caminhada. Pensei em desistir efetivamente apenas uma vez. Quando fiz meu segundo concurso, após seis meses de estudo, vi que acertei pouco mais de 50% da prova. Neste momento percebi que a caminhada seria difícil, então pensei em retornar ao mercado de trabalho privado, mas comecei a pensar que as coisas boas têm um preço, por isso continuei. Porém, sempre me questionava se um dia conseguiria. Prova após prova, apesar de eu notar uma evolução, sempre me perguntava se estava no caminho certo, e, principalmente, quando chegaria a minha vez.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Mateus: Tenho muita vontade de iniciar minha família, e, como eu sabia que dedicaria todo meu tempo para estudar, achei que isso só seria possível após minha aprovação. Por isso, este sonho é minha maior motivação
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Mateus: Aconselho que, se ser um servidor público é um desejo, que a pessoa vá atrás, pois apesar de todos os desafios que ela passará, eu realmente não conheço ninguém que se arrependa de ter estudado, e sei que também não me arrependerei.