Aprovado em 144º lugar no concurso da Polícia Federal 2021 para o cargo de Agente
“Concurso não é para gênio, é para quem tem resiliência.”
Confira nossa entrevista com Felipe Amoêdo Rocha Ribeiro, aprovado em 144º lugar no concurso PF 2021 para o cargo de Agente:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Qual sua idade? De onde você é? Qual sua formação?
Felipe Amoedo Rocha Ribeiro: Meu nome é Felipe Amoêdo, tenho 28 anos, natural de Salvador-BA, sou formado em engenharia civil.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Felipe: Quando eu me formei (Julho de 2015) o mercado para engenheiro civil aqui na Bahia estava muito difícil. Eu tentei procurar emprego, mas não conseguia nada. Até que um grande amigo meu comentou que estava estudando para concurso e me incentivou a entender um pouco mais sobre esse mundo. Após algumas semanas pesquisando, achei que era uma oportunidade incrível, principalmente por conta da estabilidade e da isonomia do processo. Em setembro de 2015 comecei a estudar. Esse meu amigo, Rodrigo, também foi aprovado agora, porém para PRF, começamos juntos e vencemos juntos, URRA! “ao menos estamos vencendo né, porque o concurso é cheio de fases, rsrs”.
Estratégia: Por que escolheu a área policial? Tem algum parente policial que te inspirou?
Felipe: Apesar de sempre ter tido desejo de pertencer ao quadro da Polícia Federal, eu não estava estudando para área policial, meu foco era na área fiscal. Quando o edital da PF foi lançado em janeiro eu percebi que a minha grade de estudo era compatível com a prova, desta forma dava para conciliar anos de estudo com o sonho, e assim eu fiz. Não tenho parentes policiais.
Estratégia: O fato de lidar com o crime no dia a dia gerou algum tipo de medo em você ou em sua família?
Felipe: Sim, gerou, principalmente nos meus familiares. O medo é um sentimento importante, ele protege a vida e nos torna mais cautelosos e cuidadosos com nossas atitudes. O policial deve dominar o medo, mas não o sentir pode ser perigoso.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Felipe: Eu estudava em tempo integral, não conciliava trabalho e estudo. Por dois anos parei de estudar para me dedicar a um projeto em minha área de formação, porém, quando retomei os estudos, o fiz de forma integral.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e colocação?
Felipe: Fui aprovado em 2019 para o cargo de Especialista em Políticas Públicas na cidade de Salvador, salvo engano fiquem em 17º. A última aprovação foi para Agente de Polícia Federal, no qual galguei a posição 144.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados?
Felipe: Acho que a palavra que mais bem descreve a sensação é ALÍVIO. Eu já estava cansado dessa guerra, já tinha alguns anos de estudo e o preço estava ficando alto para mim. Ps: Recebi a notícia no hospital, 07:30 da manhã, tomando benzetacil. Meu celular começou a tocar sem parar, meus amigos me ligando, aí eu pensei “só posso ter passado, não é possível que alguém vai me ligar para dizer que meu nome não está na lista, kkk”, dito e certo.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Felipe: Não considero que tenha sido radical, mas era duro. Sem edital aberto, estudava firme durante a semana e aproveitava o fim de semana para curtir e descansar. Com edital aberto era guerra sem trégua, sobrava apenas a noite do sábado e a noite do domingo para “descansar”.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Felipe: Eu namoro, não tenho filhos. Moro com meus pais. Eles me apoiaram desde o início, tanto moralmente quanto financeiramente. Durante a pandemia as coisas ficaram difíceis, mas já está superado. Fica aqui meu agradecimento e reconhecimento aos meus pais e minha namorada pela confiança e paciência.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Felipe: Quanto a valer a pena fazer outros concursos ou não, essa é uma pergunta muito pessoal, vou deixar aqui meu ponto de vista. Se você precisa passar com uma certa urgência por qualquer motivo pessoal, acho que vale a pena fazer outros concursos que tenham uma grade de matérias compatível com a que você já estuda, foi o meu caso. Acredito que seja um erro fazer concursos completamente diferentes, com grades incompatíveis. Se você tem tempo e serenidade e já está decidido sobre um cargo específico, acredito que vale a pena focar nele, mas se vierem provas muito parecidas, por que não fazer, né? Serve como treino.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Felipe: Para a Polícia Federal especificamente eu estudei em torno de 8 meses, pois já estava me preparando para a PCDF. Porém tenho uma bagagem de anos de estudo que me ajudou muito nesta prova.
Estratégia: Durante a fase pré-edital, como fazia para manter a disciplina nos estudos?
Felipe: No pré-edital eu estudava durante a semana e raramente utilizava os fins de semana. Manter a disciplina não era difícil, bastava lembrar que o tempo estava passando, eu estava desempregado, sem dinheiro, o mundo girando, as pessoas ao meu redor conquistando as coisas e eu em cima de uma cadeira estudando e dando despesa para meus pais. Tudo isso me fazia lembrar o quão importante era manter o foco para sair dessa situação o quanto antes. Saber que tem pessoas confiando em você e se esforçando para que você possa se manter estudando também é motivador.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens de cada um?
Felipe: Eu usei majoritariamente o material do Estratégia. Às vezes complementava com algum material de um professor de outro curso que eu gostava. Sempre fui um adepto do PDF, assistia videoaulas apenas de algumas matérias que considerava difíceis, como estatística e contabilidade. Mais uma vez, isso pode ser subjetivo, mas eu acredito que a fixação na memória com a leitura do PDF é melhor, além de poder fazer os grifos para futuras revisões. Também considero o estudo pelo PDF mais rápido e conciso. As videoaulas têm um papel importante com aquelas matérias que são difíceis de absorver apenas com a leitura. Além disso, acredito que valem a pena também para matérias que têm um peso muito grande no edital, porque às vezes os professores fazem comentários muito pertinentes que vão além do que está no PDF.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Felipe: O mesmo amigo que me apresentou o mundo dos concursos, (Rodrigo) já era assinante do Estratégia e recomendou o curso.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concurseiro é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Felipe: Quando estava tendo contato com o material pela primeira vez estudava 2 matérias por dia, 4 horas cada matéria, utilizava o sábado para revisar os assuntos da semana. À medida que fui finalizando as matérias fui diminuindo a carga horária delas e aumentando a quantidade de matérias por dia.
Eu sou um adepto das revisões, faço sistematicamente (24horas, 7 dias,30 dias, 90 dias). Não passa quem leu o material todo, passa quem acerta a questão na hora. De nada adianta ler tudo se você não fixar, o conhecimento precisa estar na superfície e as revisões fazem isso. Acredito que é importante mesclar leitura com resolução de questões.
As questões ajudam a balizar como a banca vem cobrando o assunto, quais assuntos são mais recorrentes, com isso você consegue direcionar seu foco. Porém não menos importante é a leitura atenta, pois ali você ganha profundidade no assunto e se por um acaso a prova vier diferente de padrões antigos você estará pronto para raciocinar e conseguir chegar à resposta.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana anterior à prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Felipe: A semana final foi de estudo forte. Nos concursos que prestei anteriormente, sempre tentei relaxar no dia anterior, isso não aconteceu nessa prova da PF. A insegurança em estatística e a carga emocional depositada, me fizeram estudar até tarde na véspera, deu certo, mas NÃO RECOMENDO. É preciso entrar “tranquilo” na prova, tem que controlar o emocional e aprender a performar sob pressão. Como diz o Capitão Nascimento “O pau pode tá quebrando, a gente vai entrar e vai fazer o nosso com calma e com tranquilidade”.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Felipe: Apesar de saber a importância da discursiva, foi um ponto que negligenciei e meu resultado não foi bom. Como eu estava tentando finalizar o conteúdo da prova objetiva, fui adiando o início do estudo da discursiva. Acabei deixando para o último mês, fiz apenas 4 redações como treino, NÃO RECOMENDO.
O que me salvou foi analisar algumas redações do concurso anterior que tiveram notas máximas, entender como a estrutura era montada, como o autor concatenava as ideias, tentando repetir essa estrutura na minha prova. Deu certo, mas quase deu errado. A prática na discursiva é muito importante, com ela vem a velocidade, fluidez e controle do tempo.
Estratégia: Como foi sua preparação para o TAF? E como foi essa prova?
Felipe: A PF facilitou bastante no TAF deste concurso. Eu sou bem ativo, pratico esportes, academia e vida saudável desde criança, então acabou sendo bem tranquilo para mim. Minha preparação especificamente para o TAF foi realizar uma simulação por semana no mês anterior a prova.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Felipe: O maior erro que cometi foi parar de estudar por 2 anos. Fiz também algumas interrupções mais curtas, como pausas semanais, que tiveram um impacto muito ruim na minha preparação. Acho que o importante é não parar, estude 1 hora por dia, 30 minutos, mas não pare. A quebra de ritmo tem um revés muito grande. Outro erro que cometi foi a falta de foco em um concurso ou área específica. À medida que o tempo vai passando e você vai cansando, é normal que queira ser aprovado o quanto antes, isso leva a gente às vezes a perder o foco e sair atirando para todo lado.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Felipe: Acho que o mais difícil é ter cabeça para assistir o mundo girar enquanto você está em cima da cadeira estudando. Amigos conseguindo empregos, conquistando as coisas, a vida acontecendo e seus dias são todos iguais, estudando. Você precisa lembrar porque começou e aonde quer chegar, e repetir isso pra você sempre que se sentir desmotivado. As pessoas “comuns” dão pequenos passos com frequência, você sentirá que está estagnado, mas quando chegar a hora de dar o seu passo, quando vier a aprovação, o passo é imenso e gratificante.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Felipe: Minha personalidade combina com o cargo público. A busca por segurança, estabilidade, um bom emprego, tudo isso você encontra no serviço público. Essas características do serviço público aliado ao fato da minha área de formação estar passando por momentos difíceis foi o que mais me motivou neste tempo.
Estratégia: O que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Felipe: Uma vez que você decidiu realmente estudar, faça com disciplina, planejamento, garra, dê o seu máximo. Não importa se você pode estudar 1 turno, 2 turnos , ou uma hora; faça com excelência. Tenha em mente que o processo pode levar mais tempo do que você imagina, então tente curtir o caminho. Estude forte, mas não deixe de fazer as coisas que te fazem bem, elas vão te permitir manter o psicológico forte para continuar em frente.
É uma batalha da mente, do corpo e da alma, então tente sempre manter o “equilíbrio”. Esse equilíbrio nunca será perfeito porque o peso maior está nos estudos, mas não deixe que vire um ambiente insalubre, insustentável. Já vi pessoas inteligentíssimas, estudadíssimas reprovarem porque estão um verdadeiro caco por dentro. Concurso não é para gênio, é para quem tem resiliência.
Tem uma frase muito boa, mas não sei quem é o autor: ”He who says he can and he who says he can’t are both usually right”