Aprovado em 6° lugar no concurso TCE RJ no cargo de Auditor de Controle Externo na especialidade Ciências Contábeis:
“O mais difícil foi estar longe dos meus filhos, mesmo estando tão perto (na mesma casa). Eu só ficava com eles em torno de meia hora por dia, por 2 anos. Só aos domingos que era possível dar mais atenção, isso quando não havia prova marcada. Tive muitos obstáculos, filho nascendo prematuro, COVID, exigência do trabalho, enfim, mas todos os obstáculos me fizeram ser uma versão mais forte de mim mesmo”
Confira nossa entrevista com Marcelo Vinicius Farias Pereira, aprovado em 6° lugar no concurso TCE RJ no cargo de Auditor de Controle Externo na especialidade Ciências Contábeis:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Marcelo Vinicius Farias Pereira: Sou formado em Ciências Contábeis, com Pós-Graduação em Gestão Tributária da UFF. Tenho 31 anos e sou do litoral do Estado do Rio de Janeiro, município de Rio das Ostras/RJ.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Marcelo: Em 2018 eu havia decidido começar a minha segunda graduação (Direito), cheguei a cursar o primeiro semestre, mas decidi pôr o seguinte na balança.
“Vou fazer +5 anos de Faculdade + 3 anos de Profissão para, talvez, começar a ganhar uns R$ 10 mil por mês? Sem ter férias?
Ou…
Vou fazer 2~3 anos de estudo para concurso para ganhar mais de 15 mil iniciais e conseguir tirar 30 dias de férias anualmente?”
Para mim, foi mais fácil de aceitar a segunda opção. Então, no final do ano de 2018, eu fiz uma daquelas promessas de fim de ano: ano que vem eu começo a estudar para concurso. E não é que deu certo? Hahaha
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Marcelo: Trabalhava e trabalhava muito. No meu primeiro ano de preparação eu trabalhava no presencial, fazia o trajeto de 2 horas de ida/volta para o trabalho, sempre assistindo a videoaulas. Aproveitava uns 40 minutos do almoço para estudar e até para fazer o número 2 eu ia pro banheiro com o aplicativo de resolução de questões. Com a pandemia eu passei para o home office, então o tempo de videoaula se converteu em PDF / Revisões / Exercícios / Mapas Metais, passando a ser mais efetivo.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Marcelo: A trajetória é de muitas derrotas, mas contando as boas vitórias: 6º lugar TCE/RJ, 4º CODEVASF, 1º CRQ/RJ, entre outras.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Marcelo: Alívio! Essa foi a sensação. Muito alívio! Saiu um peso enorme de mim. Só de pensar que eu poderia voltar a ter uma vida normal, eu fiquei extasiado. Sério, a vida de concurseiro é sofrida demais, tá doido… Kkkk
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Marcelo: Eu radicalizei ainda mais o que já era radical por natureza. Kkkk. Eu sou muito caseiro, gosto muito de curtir minhas coisas em família. Então, a partir do momento que comecei a estudar para concurso, essa situação ficou mais restrita ainda.
Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Marcelo: Sou muito bem-casado, graças a Deus, e tenho dois furacões, um é o Asaph, e outro, Lucas. Minha família entendeu e me apoiou demais! Sem eles nada disso seria possível. Eles entenderam que eu estava indo para uma guerra, uma longa guerra. Então me ajudaram muito, principalmente a cuidar dos meus filhos. Minha esposa então… é uma guerreira! Eu sempre disse para ela: 50% dessa preparação é você, 30% sou eu, 20% é a família e 100% é Deus! Kkkk. 200% de preparação!
Não foi fácil iniciar os estudos com um filho de 2 anos e a mulher grávida de 5 meses, que ainda nasceu um pouco prematuro tendo que ficar internado na UTI neonatal. Eu levava meu notebook para estudar lá! Eu estava focado demais…
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Marcelo: Vale a pena sim fazer outros concursos, mas sem mudar o foco. Eu estudei especificamente para a área de Controle, porém eu não deixava de fazer provas da área contábil que surgiram antes do TCE/RJ, como a ESfCEX (Exército), CODEVASF, concursos de prefeitura, Conselhos de Classe… Eu queria ter vivência de prova. Isso foi muito importante na minha preparação, até porque um recurso que fiz para a CODEVASF me deu muita base para fazer uma questão discursiva do TCE/RJ. Quem diria que isso aconteceria, não é?
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Marcelo: Eu estudei para o TCE/RJ por praticamente toda a minha preparação: 2 anos, 1 mês e 6 dias até a prova. Se deixar eu falo até quantas horas líquidas! kkkkkk
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Marcelo: Sim, quando o edital do TCE/RJ saiu eu já estava estudando há 1 ano. 0,001% de chance de passar num concurso desse no pós-edital.
Para manter a disciplina? Ah, eu já estava muito decidido e focado a estudar para concurso, então haver edital na praça, ou não, não fazia muita diferença. Logicamente que se você já sabe que o seu concurso está autorizado, isso dá um gás a mais. Quando vem o edital então… nem se fala! Esse gás entra em combustão já! Haha
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Marcelo: Meus materiais foram PDF, videoaula, Lei Seca, MCASP e site de questões. Não usei livros e nem mesmo fiz curso presencial. O material do Estratégia é mais que suficiente para a preparação. Mesmo com isso ao meu favor, tive um material que foi essencial na minha preparação: MAPAS MENTAIS. Eu criei um mapa mental para cada matéria que estudei. Eu os usava para revisões e anotações.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Marcelo: Pela internet mesmo. Não foi difícil achar, a estratégia de marketing de vocês é muito boa. Haha
Estratégia: Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas?
Marcelo: Para conseguir dar conta de muitas matérias, eu fiz um ciclo de estudos que me dava 9~12 matérias por semana. Não era o suficiente para dar conta de todas as matérias ao mesmo tempo, mas eu sabia que ao terminar de ver uma matéria, eu teria como estudar outras novas. E, neste período, eu fazia o esquema de revisão segundo o estudo de Hermann Ebbinghaus (24h/7d/30d), que funcionou muito bem para mim.
Estratégia: Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria?
Marcelo: Eu não fazia resumos, mas mapas mentais eu fiz muitos! Com 9 meses de estudos eu já havia vencido as matérias previstas no edital e passei a reler todos os PDFs. Ou seja, é como se tivesse recomeçado os estudos do início, porém comecei a fazer mapas mentais para cada aula estudada, além de fazer para leis secas, como LLC, LRF e Lei 4.320/64. Eu levei mais uns 6 meses fazendo esses mapas mentais. E como eles me ajudaram na minha preparação!
É lógico que eu também fazia muitas questões nesse meio tempo. Usava muito os cadernos do TEC recomendados das Trilhas, depois passei a fazer cadernões de questões. E com elas, eu complementava ainda mais meus mapas mentais, dando atenção ao que eu mais errava, ao que mais tinha dificuldade e ao que eu sabia que mais caia.
Depois de 1 ano e meio de preparação, eu praticamente só revia meus mapas mentais (só consultava PDF em casos de dúvidas) e fazia muita, mas muitas questões! Ah, sem esquecer as discursivas, em torno de duas por semana.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Marcelo: O meu plano de estudos foi montado pelo meu coach (muito obrigado Régis! Você foi muito importante na minha preparação!). Eu dei um voto de confiança muito grande para ele e segui à risca. Aprender com quem sabe, né? Depois que o período de coach acabou, eu já sabia como seguir com minhas próprias pernas. Como eu estava em outro nível, eu precisei fazer algumas mudanças no plano, então dividi minhas horas de estudo fazendo uma ponderação das matérias de acordo com Tamanho x Dificuldade x Peso.
Estratégia: Quantas horas por dia costumava estudar?
Marcelo: Estudava em média 5 horas líquidas. Não importava se era pré ou pós-edital. Eu sempre dei o máximo que eu pude. Isso me dava 30 horas líquidas semanais. Somente em período de férias do meu trabalho (1 mês antes da prova), que eu aumentei um pouco mais. Mas, mesmo assim, raramente passava de 40 horas líquidas.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Marcelo: Sempre tive muita dificuldade em Auditoria e Administração Pública, mas por incrível que pareça, foram as duas que eu gabaritei! Kkkk. Eu também tive problemas sérios com Estatística (é o mundo se acabando), Economia e a parte de análise combinatória em RLM. Essas foram matérias novas que eu passei a incluir com 1 ano e meio de preparação, já pensando no TCM/SP, TCU, TCE-SC. Mas ainda bem que não precisei dessas no TCE/RJ! Haha. Quando a prova foi remarcada, aí que as larguei de vez. Kkk.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Marcelo: Bota estressante nisso… ainda mais que eu havia me recuperado da COVID há poucos dias.
Na véspera eu mantive o ritmo, mas mudei a estratégia. Fiz muita leitura de lei seca e de alguns pontos específicos do MCASP. Foquei bastante na literalidade.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Marcelo: Minha preparação para discursiva começou quando havia terminado de passar todo o edital pela primeira vez, com 9 meses de preparação. Daí em diante eu comecei a praticar pelo fazendo umas 3 questões por mês, mas faltando uns 3 meses para prova eu aumentei para 2 questões por semana.
Meu conselho é: não tenha tanto medo da discursiva. Ela não é um bicho de sete cabeças. O conteúdo você já sabe, afinal, já estudou muito para aquilo, agora é treinar a transferência de conteúdo da cabeça para o papel, treinar sua mente a fazer essa transição o mais rápido possível e com qualidade. Com o tempo você vai pegando a manha e só de usar alguns conectivos específicos (de orações coordenadas e subordinadas), o conteúdo já vem. Parece que é o pincel e tinta para pintar o terrível “branco” que as vezes dá na hora da prova.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS.
Marcelo: Um erro muito grande que eu tive foi de largar as atividades físicas e passar a me alimentar mal. Nos meus primeiros 4 meses de preparação eu me exercitava, mas parei por mais de 1 ano. Eu engordei 10kg, me sentia indisposto, cansado. Mas foi um erro que acertei a 5 meses da prova. É incrível como que o meu rendimento melhorou! Passei a dormir melhor, a ter mais concentração e me sentir melhor comigo mesmo. Emagreci, aumentei minha autoestima e me senti mais preparado e mais confiante.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Marcelo: O mais difícil foi estar longe dos meus filhos, mesmo estando tão perto (na mesma casa). Eu só ficava com eles em torno de meia hora por dia, por 2 anos. Só aos domingos que era possível dar mais atenção, isso quando não havia prova marcada. Tive muitos obstáculos, filho nascendo prematuro, COVID, exigência do trabalho, enfim, mas todos os obstáculos me fizeram ser uma versão mais forte de mim mesmo.
Sim, já pensei em desistir, quem nunca? Mas eu disse para mim mesmo que essa não era uma opção. Desistir é muito fácil, é mais gostoso, dá aquele prazer imediato, porém eu não aceitava amargar essa derrota. Eu não tinha coragem de desistir, desistir seria um carimbo de perdedor na minha testa, era assim que eu iria me sentir tivesse jogado tudo para o alto. Uma frase que me ajudou bastante foi: “antes de desistir, lembre-se porque começou”. Isso me motivava, e como!
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Marcelo: A incessante busca de um amanhã melhor do que hoje. Isso envolve um conjunto de coisas: maior qualidade de vida, mais segurança, mais conforto, possibilidade de melhor condições para meus filhos, ter maior folga salarial para investir em missões evangélicas e tirar férias por 30 dias (eu nunca consegui! Quem trabalha com fechamento contábil sabe bem como que é).
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Marcelo: Seja um concurseiro PDF. Como assim, só leia PDF? Não é isso! PDF significa: Perseverante, Disciplinado e Focado! Se você conseguir se preparar com base nesses 3 pilares, você passa, e passa rápido! No meu Instagram “o.concurseiroprofissa” eu falo sobre esses 3 pilares, vale a pena dar uma lida.