Aprovada no concurso EBSERH
“Você não está sozinho, mas você precisa ter a companhia de si próprio, focado no seu ideal! Ninguém pode fazer isso por você! É uma batalha sua! Assuma-a! Se der medo, estufa o peito e vai assim mesmo! Quem não estuda, não passa! Quem desiste, também não!”
Confira nossa entrevista com Graziela Campos Vardiero, aprovada em 3° lugar no concurso EBSERH para o cargo de Advogado (HU-UFJF):
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formada em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Graziela Campos Vardiero: Tenho 37 anos, sou advogada e natural de Juiz de Fora/MG.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Graziela: A vontade de ser independente e, principalmente, de ter estabilidade financeira.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Graziela: No primeiro processo seletivo em que obtive aprovação, eu apenas estudava, podendo me dedicar integralmente. Já nas aprovações seguintes, tive que conciliar trabalho e estudos.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovada? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Graziela: Fui aprovada em um Processo Seletivo Simplificado, realizado pela banca Funcab, para a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), onde trabalho desde 2015, como Técnica de Complexidade (Direito), nos processos de Ressarcimento ao SUS. Para esse processo seletivo, pude me dedicar de forma integral, pois não estava trabalhando na época. Fui aprovada também, em 2018, no concurso do Superior Tribunal Militar (STM), no cargo de Analista Judiciário (Área Judiciária), banca Cespe/UnB.
Logo após, no mesmo ano, fui aprovada no concurso do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, para o cargo de Analista Judiciário – Área Judiciária – Especialidade Oficial de Justiça Avaliador, realizado pelo Instituto AOCP. Mais recentemente, em 2019, fui aprovada em terceiro lugar (décimo quarto lugar na classificação nacional) para o cargo de Advogado do HU-UFJF, da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), em concurso realizado pelo Instituto IBFC.
Para as últimas aprovações, tive que conciliar os estudos com o trabalho, tarefa bastante difícil para quem morava a duas horas do local de trabalho.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Graziela: Sou muito pé no chão e me cobro demais. Para a ANS (Rio de Janeiro), quando vi que havia sido aprovada e bem classificada, fiquei incrédula de que seria convocada. Mas as coisas foram acontecendo de forma muito rápida e me senti, finalmente, incentivada a seguir adiante.
No último concurso, fiquei muito satisfeita com o resultado. Embora não tenha certeza da convocação, é uma ótima oportunidade de voltar para minha cidade natal, ficar mais próxima da família.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Graziela: Vida social… custei a encontrar um certo equilíbrio, a me sentir à vontade em um almoço de família no domingo. Mas, ao longo da caminhada, vi que os sacrifícios são sim necessários, ou melhor, fundamentais, mas que a família também é muito importante. Como a caminhada pode ser longa, tive que aprender a dosar meu tempo. Para isso, descobri a importância da disciplina e aprendi, mais ainda, a dizer “não” para as chantagens emocionais dos familiares e amigos. Mas fiz tudo consciente de que o motivo para isso era mais que justo e que a decisão pelo melhor caminho cabia apenas a mim, pois a caminhada pertencia a mim.
Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira? Se sim, de que forma?
Graziela: Quando aprovada para a ANS, eu era casada e tive o apoio necessário. Divorciei-me no meio do caminho e, na última aprovação, já estava morando com amigos no Rio de Janeiro e trabalhando.
Aprendi que a vida vai tomando rumos e que a nossa força e perseverança parece ser testada durante toda a caminhada. O projeto “filho” ficou para depois.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Graziela: Acho que vale a pena fazer concursos durante a preparação para uma autoverificação, principalmente os que possuem, ao menos, alguma afinidade com a área desejada. Para mim foi importante sentir o clima do dia da prova, lidar com a ansiedade, com o tempo de prova, com o edital.
Hoje em dia, quem deseja ser aprovado em concurso público precisa saber que há muitas pessoas muito bem preparadas por aí, mas que seu maior adversário é você mesmo. Eu fui aproveitando editais com boa parte das matérias em comum e fui fazendo aqueles com os quais mais me identificava. Há quem use um concurso de escada para aquele que realmente deseja. Há quem se dedique única e exclusivamente ao seu grande concurso dos sonhos.
Aprendi a gostar da caminhada. Adoro meu trabalho, mas, por ser temporário, precisei ter outro objetivo. Ficaria satisfeitíssima se fosse convocada para o último concurso no qual fui aprovada. Mas, como mantenho o pé no chão, continuo estudando para que um dia, quem sabe, seja aberto o edital para analista da ANS.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovada?
Graziela: Especificamente para o último concurso no qual fui aprovada, estudei exclusivamente para ele, desde o edital. Mas não posso desconsiderar a bagagem que adquiri durante os anos. E foram uns bons anos…
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Graziela: Estudava sempre com a previsão de abertura de concursos, depois de já estar na ANS, e acho que estudar somente depois de aberto o edital é uma loucura. Ao menos para mim. Nunca fui genial, mas sempre mediana e muito esforçada. Logo, preciso de tempo e disciplina. Então, quando havia previsão de abertura de um concurso que me interessava, eu parava tudo, abria o edital anterior, contabilizava as matérias, a quantidade de aulas por matéria, colocava tudo numa tabela no quadro branco (pendurado em local muito visível), distribuindo pela previsão de dias até o concurso. Ali eu já sentia o tamanho do problema. Com isso feito, eu tinha o controle do meu andamento e ia “ticando” as etapas vencidas, as aulas estudadas (com resumos ou marcações, esquemas, exercícios a perder de vista…) e a evolução do cumprimento da tarefa ficava visível, o que só me incentivava a estudar e me dava a real dimensão do que ainda tinha a ser percorrido (o que aumentava minha responsabilidade). E era sagrado: horário para tudo. Rotina. O corpo se acostuma. No início eu sofria e estudava na base do ódio; depois, estudava pelo costume; finalmente, estudava porque via meu avanço, o que me fazia acreditar que seria possível.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Graziela: Com a vida corrida e morando no Rio de Janeiro, optei por estudar em casa, para poupar tempo. Então, estudei por PDFs, prioritariamente. Eventualmente, ou durante meu deslocamento para o trabalho ou voltando dele, estudava por videoaulas. Mas, sempre preferi os PDFs.
Tenho um bom acervo bibliográfico e continuo amando livros, mas a vida não me permite ler tudo sobre tudo o que quero, portanto, os PDFs são uma “mão na roda”. Estão sempre atualizados e completos.
Quando em vez, preciso recorrer a alguma doutrina, em função de o assunto ser mais árduo ou por ser tão interessante que eu me dou ao “luxo” de dar uma lidinha por fora do material do Estratégia, quando tem um tempo livre, de acordo com meu controle de estudos.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Graziela: Já havia feito outros cursos, comprado diversos materiais, mas quando encarava um concurso, faltava alguma coisa. Foi quando conheci, por intermédio de amigos, o funcionamento do Estratégia. Baixei os PDFs das Aulas gratuitas (00) e me identifiquei demais com o conteúdo e com a metodologia.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Graziela: Montei meu plano de estudos com base na quantidade de aulas e na quantidade de dias até a possível data da prova. Tudo tabelado conforme cada matéria do edital. Fiz essa tabela em um quadro branco, pendurei em um local bem visível, no ambiente onde estudava.
Lia todo o PDF da aula do dia, já marcando o que era mais importante. Algumas matérias precisaram de esquemas e mapas mentais ou resumos, outras não. Dependia da minha afinidade, facilidade, dificuldade… Revia sempre aquilo que mais dificuldade sentia. E, nos fins de semana, revia as anotações sobre tudo o que estudava naquela semana. Os exercícios eu refazia sempre que conseguia. E eles eram os balizadores da minha situação em relação a o que eu havia estudado. Maus resultados nos exercícios me faziam retomar algumas leituras, mais rapidamente, claro, e também me levavam a refazer os exercícios errados, lendo os comentários das respostas sempre.
Eu costumava estudar umas quatro horas por dia, porque trabalhando, ficava difícil estudar mais que isso e ter rendimento, conciliando com o descanso necessário para não “pifar” no meio do caminho ou chegar ao indesejável esgotamento que poderia me bloquear e arruinar tudo. Equilíbrio… difícil de atingir, mas possível. Uma pitada de autoconhecimento também é fundamental. Cada um sabe seus sinais de exaustão. É importante respeitar isso e adequar a rotina às suas peculiaridades.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Graziela: Para o concurso da EBSERH, tive dificuldade naquelas disciplinas não específicas para um advogado: Raciocínio Lógico Matemático, Informática (ter que decorar os caminhos para determinada função, sinceramente! Mas a gente estuda aquilo que o edital manda. Parei de ter brigas imaginárias com os editais. Passei apenas a obedecê-los). Resiliência ajuda bastante. Fingia amar aquilo tudo para ver se o meu cérebro entendia melhor certos pontos. Queria diminuir o sofrimento. E fazia exercícios a mais, quando a disciplina era mais tormentosa. Ressignifiquei a raiva de alguns pontos e passei a enxergá-los como uma chance de entender sobre algo que não fazia parte, diretamente, do meu dia a dia. Talvez eu tenha feito uma limonada de alguns limões. Algumas vezes, não nego, parecia fazer uma limonada de alguns abacaxis!
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Graziela: Passei por diversos momentos em concursos anteriores: desespero pré-prova, amnésia, sudorese, insônia, choro compulsivo, descrença na minha capacidade, insegurança, desistência de fazer a prova (siiiiiim, já cometi essa atrocidade)… E, finalmente, descobri o que me acalmava: disciplina e atingimento das metas diárias. Isso revelava que o edital estava sendo percorrido, vencido. Isso dá segurança. Bater as metas de estudo, de uma forma responsável, dedicada, bem feita. Até que deixei de estudar até as duas da manhã do dia da prova e passei a descansar na véspera. Costumava acompanhar os eventos de véspera do Estratégia, mas apenas se estivesse bem preparada, para não correr o risco de me desesperar se não soubesse a resposta de algum exercício (autoconhecimento ajuda muito!).
Com os estudos organizados, na última semana eu passava os olhos nos temas que exigiam decoreba, revia minhas anotações, lembrava de algo que eu precisava reler sempre porque meu cérebro não guardava, relia o que estivesse marcado no Vade Mecum, mexia nas minhas anotações, nos esqueminhas e lembretes anotados em post-its colados nos armários, na parede, na mesa de trabalho… Enfim, fui identificando o meu jeito de ser mais produtiva, dentro das orientações passadas, das experiências de outras pessoas. Até que, no concurso em que fui aprovada em terceiro lugar, cheguei na última semana confiante, segura, porque tinha passado por todo o edital, da melhor forma possível. Sabia que tinha feito tudo o que podia, que tinha dado tudo de mim. Resultado: dormi bem, levantei tranquilamente, com antecedência, separei meu chocolate sem embalagem, minha água no frasco sem rótulo (porque me condicionei), não fui dirigindo para não me preocupar com vaga para estacionar (autoconhecimento de novo), já deixei combinado como iria, com boa margem de tempo, porque já enfrentei provas com engarrafamento ou acidente no caminho (experiência também conta). Me lembro de pagar mais de cem reais de Uber uma vez que, morando na Barra da Tijuca, fui fazer uma prova em Bonsucesso, e a quantidade de pessoas solicitando esse tipo de transporte estava demasiadamente alta. Então, até dinheiro á bom ter nesses momentos.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Graziela: No concurso da EBSERH – último – não teve. No do STM pontuei 36,36 em 40 pontos na discursiva. O que contou para o êxito foi uma boa escrita, treinada para concurso, sabendo lidar com o tempo, além de ter domínio do tema pedido que era com base nas disciplinas específicas do cargo. Aconselho o treinamento da escrita dentro das regras e do tempo disponível. Fazer sempre um esqueleto (esboço) antes de discorrer sobre o tema definitivamente. Fazer apontamentos do que deve ser falado, na ordem em que devem aparecer no texto.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS.
Graziela: Cometi muitos erros durante a minha preparação. Deixei meu emocional ficar bastante abalado com frases do tipo: “o amigo da irmã da cunhada do meu conhecido estudou três meses com apostila da banca de jornal e passou”, “meu afilhado passou em concurso antes de se formar”, “ainda estudando para concurso?”, “não passou ainda não?”, “não sei como você aguenta!”, “quando é que você vai passar num concurso e voltar a visitar a família?”, “Tá rica, hein! Sumiu!”, enfim, até aprender que cada um tem uma história, que cada um tem seu tempo, sofri bastante com isso.
Não era organizada, não colocava metas a atingir, não calculava o tamanho do percurso para dividi-lo com o tempo que tinha até a prova. Enfim, até aprender que precisava ter disciplina, metodologia e persistência, perdi muito tempo.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Graziela: O mais difícil, para mim, foi aprender a separar minhas preocupações do dia a dia, problemas familiares, de saúde, enfim, coisas que acontecem com todas as pessoas, tribulações da vida de adulto, com o meu compromisso comigo mesma. Aprender que apesar de estar de coração apertado de saudade da família, dos amigos, o meu objetivo tinha que ser mantido. Que apesar de ter que resolver problemas com a “NET” ou a “Oi”, tinha que recuperar o tempo gasto com isso e compensar estudando mais em menor tempo.
Pensei em desistir apenas durante o período em que não acreditava que eu poderia alcançar meu objetivo. Com o tempo, com os estudos avançando, passei a acreditar mais em mim e a focar, a me concentrar nos estudos mesmo com a internet caindo ou o mundo desabando.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Graziela: Querer ser independente e dona de mim. Eu e algumas amigas concurseiras, para aliviar a carga que às vezes pesa, claro, fizemos um pacto de sofrermos juntas, no Rio de Janeiro primeiramente, mas depois, se fosse para sofrer por alguma coisa, que sofreríamos em Paris! Parece uma bobagem, mas te motiva a seguir, a secar as lágrimas que, em alguns momentos caem mesmo, e te ajudam a seguir em frente.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Graziela: Querido concurseiro não-superdotado, mediano superesforçado! Acredite que é possível, que você pode chegar aonde quiser. Mas para que isso se concretize, leve a sério a dificuldade das provas, a necessidade de quase gabaritar alguns certames, conheça a banca examinadora, foque em um material de confiança e atualizado, se organize, trace metas, se responsabilize em alcança-las e as atinja, meça seu avanço realizando provas, acredite na resolução de exercícios, adapte os seus materiais às suas peculiaridades, mande os pessimistas para a casa do Carvalho, ignore conselhos de quem não entende do assunto, finja desenvolvimento mental incompleto, sorria e acene (já diziam os pinguins de Madagascar!), encontre equilíbrio entre muito estudo e descanso necessário. Aprenda a viver apesar da árdua caminhada. Se identificar que não consegue sozinho, busque ajuda profissional! Se não tiver grana para isso, porque concurseiro é “duro” mesmo, busque os atendimentos gratuitos (quem não chora, não mama!). Você não está sozinho, mas você precisa ter a companhia de si próprio, focado no seu ideal! Ninguém pode fazer isso por você! É uma batalha sua! Assuma-a! Se der medo, estufa o peito e vai assim mesmo! Quem não estuda, não passa! Quem desiste, também não!
Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação?! Mande um e-mail para: [email protected]
Abraços,
Thaís Mendes