Aprovada no concurso TJ-PA
“Encontrem resiliência e força de vontade a cada prova que fizerem…Procurem um ponto de equilíbrio na vida de vocês, renúncias terão que ser feitas, mas é igualmente importante que vocês se deem momentos de lazer e descanso. Nossa saúde mental depende de equilíbrio. Se permitam viver.”
Confira nossa entrevista com Gabriela Bermudes Gavazzoni, aprovada em 2º lugar no concurso TJ-PA para o cargo de Oficial de Justiça Avaliador do município de Capanema:
Estratégia Concursos: Você é formada em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Gabriela Bermudes Gavazzoni: Sou formada em Direito, tenho 27 anos e sou de Vitória-ES.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Gabriela: Desde quando entrei na faculdade de Direito, já havia definido que seguiria a carreira pública. Tive uma grande influência do meu avô (Procurador de Justiça), uma pessoa que tenho como grande referência em termos profissionais.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Gabriela: No meu primeiro ano de formada (colei grau em março de 2017), apesar de saber que seguiria a carreira pública, levei um tempo para definir qual concurso eu estudaria. Eu costumo dizer que 2017 foi um ano em que eu tentei várias áreas ao mesmo tempo, até realmente me encontrar. Foi um ano em que eu não estudei verdadeiramente e me dediquei de fato, por não saber o que eu realmente queria, então acho que foi um ano “perdido”.
Já no início de 2018, comecei um estágio de pós-graduação no Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo, e, desde aquele momento, passei a conciliar estudo x trabalho, montando planilhas (que considero de extrema importância) e fazendo meus cronogramas de estudo para não perder ritmo nem atrasar matéria.
Em agosto de 2019, eu pedi meu desligamento, pois havia decidido a me dedicar integralmente aos estudos, mas acabei recebendo novamente uma proposta para trabalhar no local, em março de 2020, sendo, dessa vez, efetivada como Assessora de Controle Externo.
Posso dizer que de agosto de 2019 até março de 2020 eu me dediquei exclusivamente aos estudos.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovada? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Gabriela: Fui aprovada em 2º lugar no concurso do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, para o cargo de Oficial de Justiça.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados(as)?
Gabriela: Indescritível. Uma felicidade enorme ver seu esforço começando a ser recompensado. Senti que estou seguindo no caminho certo. Finalmente.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Gabriela: Eu acho que neste aspecto eu vivenciei de tudo.
Digo isso, porque no início, eu não estudava no final de semana. Depois comecei a observar que isso seria muito bom (e necessário) para mim e para os meus resultados e metas (eu sempre falo “para mim” porque eu não gosto de comparar a minha vida e a minha rotina com a de nenhuma outra pessoa, nem sempre aquilo que funciona para você, vai funcionar para o outro).
É claro que estudar aos finais de semana (e trabalhar e estudar durante a semana) vai diminuir (e muito) sua vida social. Até mesmo pelo cansaço.
Mas eu sempre tentava conciliar esses dois “mundos” por saber que o equilíbrio é extremamente necessário nessa caminhada.
Por diversas vezes, tive uma postura radical, até atingir um grau de amadurecimento pessoal que me permitisse entender e saber lidar com meus momentos de estudo e meus momentos de lazer.
Durante todo esse período eu namorei, então eu acho que um bom cronograma de estudos, aliado a muita disciplina, te permite fazer de tudo, um pouco. Sabendo, é claro, que nem sempre isso será possível a depender de como está seu cronograma, suas metas da semana… uma série de fatores vão influenciar.
Disciplina é uma coisa que realmente vai fazer a diferença.
Meu convívio social durante a semana nunca foi agitado por eu ser uma pessoa extremamente metódica desde sempre. Então, neste aspecto, eu não precisei “abdicar” de muita coisa por já não fazer muita coisa.
Recebi (e recebo) muito apoio dos meus amigos (que são incríveis), então a compreensão deles é também um fator extremamente importante para quem escolhe essa carreira.
Certamente você vai ter que renunciar de vários momentos, mas hoje eu acredito que tudo possa ser dosado quando se tem um bom planejamento e uma boa rotina.
Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira? Se sim, de que forma?
Gabriela: Não sou casada, não tenho filhos e atualmente estou solteira, mas durante esses 2 anos de dedicação ao estudo de concurso público eu namorei.
Moro com minha mãe (meu pai mora no Rio de Janeiro) e desde sempre tive muito apoio da minha família, eu jamais teria conseguido chegar onde cheguei se não fosse por eles.
Tudo que eu precisei (e preciso) até hoje minha família se prontifica a atender. Não consigo medir em palavras todo o agradecimento pelo esforço e ajuda que eles me dão, diariamente.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Gabriela: Acredito que sair muito da área que você realmente quer não valha muito a pena, porque você acaba estudando para editais completamente diferentes. Essa foi, pelo menos, a experiência que eu tive no início.
No entanto, acredito que estudar para um concurso “maior”, exemplo: um concurso de delegado, te ajuda em um concurso “menor”, exemplo: escrivão da polícia civil.
Para quem já definiu o que realmente quer é mais fácil escolher quais concursos possuem um edital parecido com aquele do seu objetivo. No mais, acredito que quanto mais provas puder fazer dentro daquilo que escolheu, melhor.
No meu caso, em 2018, eu decidi que estudaria apenas para TRT. Mas, durante essa caminhada, eu me desencantei totalmente por essa área. Em janeiro de 2019 eu decidi que me dedicaria apenas aos concursos de TRFs e TJs, e peguei firme nesse sentido. Definir o que eu realmente queria e focar só nisso me trouxe resultados incríveis, até chegar na aprovação. Neste aspecto, ter focado em apenas uma área me beneficiou bastante.
No final de 2019, por conta de uma prova da polícia civil que teria no meu Estado, eu decidi fazer (só por ser aqui), e acabei me apaixonando completamente pela carreira policial.
Como esta prova do TJPA estava marcada para janeiro de 2020 e eu já havia me inscrito, eu decidi que seria meu último concurso para TJs/TRFs, e que eu não pararia até ser aprovada para delegada (estadual ou federal). Então, hoje, posso afirmar (com convicção!) que estudo para ser uma futura delegada e só faço provas de carreiras policiais.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovada?
Gabriela: Dois anos.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Gabriela: Sim. Edital é uma coisa que você nunca sabe quando vai surgir.
Neste aspecto, eu sempre pensei que seria melhor eu estar preparada para qualquer surpresa do que não estar, então eu sempre tentei manter uma rotina de estudos (ainda que menos intensa), mesmo sem edital.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Gabriela: Quando eu resolvi estudar em uma sala de estudos, tive contato com outros concurseiros e acabei sendo apresentada ao Estratégia Concursos por procurar indicação de bons cursos preparatórios.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?
Gabriela: Demorei para encontrar aquilo que realmente funcionava para o meu estilo de estudo e para melhorar meus resultados.
Depois de testar vários materiais, eu percebi que o que é bom para mim é leitura de PDF, muita lei seca, a depender de qual fase eu esteja do concurso, doutrina e, dependendo do tema (se for algo que eu tenha um pouco de dificuldade), videoaula.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso?
Gabriela: Eu estudava duas matérias por dia. Se sobrasse muito tempo, às vezes três. Sempre fiz leitura de lei seca, que considero ser de extrema importância em primeira fase (prova objetiva).
Faço várias anotações no meu material (lei seca), e, sempre, ao final do estudo, faço exercícios (revisando tudo aquilo que já estudei da matéria).
Não sou de fazer resumos.
Quando eu saí do estágio e me dediquei exclusivamente aos estudos, minha rotina era exatamente assim: às 8h00 da manhã eu começava a estudar e ia até 12h30. De 12h30 até as 15h00 eu ia à academia e almoçava. Retornava aos estudos umas 15h10, por aí… e ficava até 20h30/21hrs. Às vezes menos, às vezes mais, tudo ia depender muito da matéria, do quanto eu estava em dia com meu cronograma…
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Gabriela: Quando eu estudava para TRF e TJ, eu tinha uma dificuldade imensa com Matemática e Raciocínio Lógico.
Eu sempre conciliei o estudo dessas duas matérias com outras que eu tivesse muito mais facilidade, para não me desgastar.
O resto, não vou dizer que eu tenho exatamente uma “dificuldade”, eu apenas não gosto de estudar Previdenciário.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Gabriela: Essa é uma resposta muito particular, eu mesma já fiz essa pergunta inúmeras vezes para os meus colegas de concurso.
No meu caso, quando faltava mais ou menos um mês para a prova, eu abdicava quase que totalmente de qualquer coisa que não fosse estudar. Deixava de ir a aniversários, sair…
Na semana que antecede a prova, eu foco muito em revisar pontos que eu acho que preciso, não diminuo o ritmo.
Na véspera de prova, eu tento descansar, só dando uma lida, às vezes, em lei seca – se eu achar necessário. Nada desesperador. Nunca fui a “aulão de véspera”, mas conheço muita gente que gosta e não perde um.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Gabriela: Eu adquiri um cursinho voltado apenas para a parte discursiva da prova. Inclusive foi aqui do Estratégia.
Aconselho fortemente a aquisição de um para o candidato ter noção do que possa encontrar e de como deve ser o padrão de resposta de uma questão discursiva.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Gabriela: Acredito que eu levei muito tempo para descobrir que tipo de material funcionava para mim, qual tipo de revisão era a que melhor me atendia (e isso vai variar de pessoa para pessoa).
Acho que outro “erro” foi querer abraçar o mundo e fazer vários concursos de várias carreiras no início, sem focar verdadeiramente em algo.
Quando eu finalmente defini para o que eu iria me dedicar, esse foi meu maior acerto e canalizei todo o meu objetivo nisso.
Outra coisa que fez toda a diferença foi ter escolhido estudar em uma sala de estudos. Esse foi um divisor de águas.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Gabriela: Acho que o mais difícil para mim foi renunciar de muitas atividades (e momentos) que eu gostava. Ir à praia nos finais de semana, sair com meus amigos sempre, isso tudo teve que ser ajustado (e, por diversas vezes, cortado). Você precisa entender que você não vai poder fazer tudo, sempre.
Pensei, inúmeras vezes, em desistir. Acho que o cansaço mental é algo que realmente mexe muito com ser humano, e estudar para concurso te leva a ter cansaços mentais diariamente.
O que me motiva é acreditar, até hoje, que eu estou, a cada dia que passa, chegando mais perto daquilo que eu realmente quero.
Jogar toda essa caminhada fora, agora, não é uma opção.
Eu não sei quando será minha próxima aprovação, mas acredito muito que ela virá. Não importa quanto tempo passe. É preciso ter paciência, disciplina e acreditar.
Só não passa quem desiste.
Eu acho que nada vem fácil nessa vida, então é preciso ter força na persistência, para qualquer coisa.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Gabriela: Ter um bom emprego e um bom salário.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar onde você chegou!
Gabriela: Não desistam. O começo não é fácil, pegar ritmo não é fácil, se encontrar e fazer suas escolhas também não vai ser.
Encontrem resiliência e força de vontade a cada prova que fizerem. Não se abalem tanto com algum resultado ruim, estudar para concursos públicos é uma construção diária e, quando você menos esperar, o resultado vai vir.
Acreditem, eu caí muito para chegar até aqui.
Procurem um ponto de equilíbrio na vida de vocês, renúncias terão que ser feitas, mas é igualmente importante que vocês se deem momentos de lazer e descanso. Nossa saúde mental depende de equilíbrio. Se permitam viver.
Não se comparem com os outros, está aí o maior erro de todos. Se comparem com vocês mesmos. Você é o seu maior adversário. Tente SE superar a cada dia.
Entendam, desde o início, que cada um tem o seu tempo. Não se desesperem se acharem que está demorando muito para o resultado aparecer. Acreditem, uma hora ele virá. E no tempo que tem ser.
Persistam.