“Um conselho: não desista! Busque informações sobre preparação, ouça relatos de quem já conseguiu e não desanime diante das adversidades, porque elas existem para todos”.
Confira nossa entrevista com o Wesley Helio Sales, aprovado em 2º lugar (cotas) no concurso SEFAZ BA para o cargo de Auditor Fiscal – Administração Tributária:
Estratégia Concursos: De onde você é? Qual é sua idade? E sua formação?
Wesley Helio Sales: Sou de Teresina/PI. Tenho 31 anos e sou formado em Administração.
Estratégia: Você chegou a trabalhar na sua profissão? O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Wesley: Não atuei como administrador, mas na iniciativa privada e no serviço público,atuei em cargos administrativos. A decisão para prestar concursos veio ainda durante a graduação, em virtude das remunerações e das várias oportunidades que a carreira pública apresenta.
Estratégia: Como foi a escolha pela área fiscal? O que pesou mais para você quando teve que definir esse foco de estudo?
Wesley: Sempre quis me tornar um auditor. Prestei concurso para vários órgãos buscando exercer esse cargo, desde a parte de controle até a área fiscal. Durante esse caminho, “percebi” que esta última “aparenta” ser mais livre de ingerências políticas.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Wesley: Sim, sempre trabalhei. Durante a preparação, busquei otimizar meu tempo, eliminando todas as atividades não essenciais. Houve a necessidade de uma renúncia maior nos finais de semana, uma vez que eu tinha o final da tarde e à noite para estudar. Para quem estuda e trabalha, os finais de semana são preciosos.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Wesley: Estou no meu 5º cargo público. O 1º foi de nível médio para exercer o cargo de agente de fiscalização agropecuária (sou técnico em agropecuária). Foram ofertadas 07 vagas e eu fiquei em 11º. A Banca foi a NUCEPE. Fui nomeado depois de três anos.
O 2º foi Analista de Correios – administrador. Esse já era de nível superior. Foi ofertada 01 vaga e eu fiquei na 19ª posição. A banca foi o CESPE.
O 3º foi Analista de Gestão Empresarial no SERPRO (Serviço Federal de Processamento de Dados). Foram ofertadas 27 vagas, nesse eu fui aprovado em 1º lugar. A banca foi o CESPE. Fiquei de julho de 2014 a agosto de 2016.
O 4º foi o cargo de Analista Administrativo do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí. Foram ofertadas 30 vagas para este cargo, sendo 21 para ampla, 6 para cotistas negros e 3 para PNE. Fiquei em 1º entre os candidatos considerados negros e em 9º na ampla concorrência.
O 5º foi o de Auditor da Secretaria de Fazenda do Estado da Bahia para o cargo de Auditor Fiscal. Das 06 vagas ofertadas para os candidatos cotistas, eu fiquei em 2º lugar.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Wesley: Quase nunca fiquei sem edital na praça, porque sempre teve algum concurso que despertasse meu interesse. Ainda que ele não fosse para o cargo de auditor, eu fazia, caso representasse melhora em relação ao que eu exercia.
É difícil se manter focado e motivado estudando. Minha maior motivação sempre foi melhorar profissionalmente e, claro, cargos mais atrativos financeiramente. São nossas metas e sonhos que nos movem. Então, eu tenho me apegado a isso.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Wesley: Através de amigos com mais experiência nesse ramo de concursos.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? O que funcionava melhor para você? Videoaulas, PDFs, livros?
Wesley: Utilizei de tudo um pouco. Para as disciplinas com maior dificuldade, eu vejo inicialmente os vídeos. Para aquelas que tenho mais familiaridade, eu vou logo para os PDFs. Praticamente não utilizo livros, apenas nos casos em que os meios mencionados anteriormente não sejam suficientes para meu aprendizado. Para esses casos, eu recorro a uma explicação mais detalhada de algum livro. Mas foram casos bem isolados em que isso foi preciso. O custo/benefício costuma não compensar.
Estratégia: Quantas horas por dia costumava estudar?
Wesley: Durante a semana, eu consigo estudar uma média de 5 a 6 horas. Nos finais de semana e feriados, eu procuro ir além, tendo como metas para esses dias uma carga horária de 8 horas e, em algumas situações, 10 horas.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos?
Wesley: Para facilitar a memorização, eu recorro às questões. Procuro ver os comentários de todas (acertando ou não). Depois de resolver muitas questões e estando com um percentual de acerto elevado, eu passo a ver os comentários apenas daquelas que errei.
É muito difícil ver todo o conteúdo que está no edital, então o estudante tem que estar ciente disso e se preparar psicologicamente para essa realidade. Os resumos e mapas mentais são ótimas ferramentas que nos auxiliam e nos proporcionam ganho de tempo.
Eu estudo várias matérias ao mesmo tempo. De três a quatro por dia, distribuídas de modo que eu consiga estudar cada uma delas, no mínimo, uma vez por semana. As disciplinas de maior peso possuem intervalos menores entre uma aula e outra. Ao longo da semana, distribuía de 15 (quinze) a 16 (dezesseis) disciplinas.
Não costumo fazer resumos, porque os PDFs estão vindo bem preparados. Muitos já possuem resumos. Faço algumas anotações de tópicos que tenho dificuldade de memorização. Considerando a pouca disponibilidade de tempo e a grande quantidade de disciplinas para estudar, não compensa muito fazer resumo. No máximo algumas anotações pontuais. É tanta coisa pra estudar que muitas vezes não é possível esgotar o material todo.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Wesley: Sim. As disciplinas que mais tive dificuldade foram Direito Civil, Direito Empresarial e Economia. Para superar as dificuldades, respondi muitas questões e procurei acompanhar cada disciplina com diferentes professores para decidir com qual metodologia eu me adaptaria mais. Feito isso, o rendimento melhorou.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Wesley: Não sou casado. Tenho uma filha. Morava com meus pais até mudar de cidade. Durante a jornada, recebi muito apoio das pessoas que estiveram ao meu lado. Manter um relacionamento com alguém que também vive nesse mundo de concurso ajuda bastante.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Wesley: Eu nunca gostei muito de sair, prefiro os eventos familiares. Renunciei a muitos desses encontros. Foram inúmeros finais de semana e feriados sozinho, enquanto a família estava reunida. Mas não fui tão radical. É importante “quebrar” um pouco a rotina e ter uma tarde para bater papo e descontrair. Nada em excesso faz bem. Algo que também me ajudou muito a não ficar estressado foi a prática de atividades físicas. Todos os dias eu reservo 01 hora para isso. Uma atividade que seja prazerosa. Tem que ser algo que se tenha prazer em praticar para que não se torne mais uma “obrigação”.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Wesley: Durante minha caminhada, como dito anteriormente, eu prestei vários concursos que não eram da área fiscal. Isso ajudou a pegar “bagagem”, a estar emocionalmente mais preparado na hora da prova, digamos que foram “treinamentos de luxo”. Falo isso não por desmerecimento dos cargos ocupados e dos concursos prestados, mas porque sei que fazer concurso requer um investimento alto, de tempo e dinheiro. Quanto a ainda prestar concursos, eu irei. Há mais um passo a ser dado e, com fé em Deus, será o último.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Wesley: Nos últimos dois anos eu prestei concursos apenas para a área fiscal. Durante esse período foi foco total. Mas eu já tinha uma boa bagagem dos anos anteriores.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados?
Wesley: Inexplicável. Sensacional. Por mais que se tenha esperança, por vezes isso parece algo impossível. Você melhora seu rendimento e no final das contas não fica nem na lista dos classificados, isso quando não fica reprovado. Quando finalmente seu nome está lá, o sentimento é indescritível. É pura emoção. Satisfação. Alívio.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Wesley: Eu costumo tirar férias nas vésperas das provas, na tentativa de estudar os três turnos nas três semanas que antecedem o certame. Nos últimos concursos, eu mudei um pouco a estratégia e passei a estudar, inclusive, no dia de véspera da prova. Se houver disposição, vale o esforço. Se estiver cansado, o melhor e repousar. No dia da prova é preciso estar muito bem disposto. Então, se há ânimo, é válido ver aquele bizu, aquela fórmula, aquela anotação…
Na véspera da prova da SEFAZ/BA, eu participei da revisão do Estratégia que durou até, aproximadamente, às 19h. Ao chegar em casa, continuei estudando até às 23h. Quando o cansaço e o sono chegaram, eu fui dormir.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Wesley: Na minha opinião, as questões discursivas estão sendo cobradas de forma bem técnica, direta, priorizando o conteúdo em vez de rigidez quanto à estrutura e aos aspectos linguísticos do texto. O importante é entender o que o examinador está pedindo e responder de forma direta, sem deixar de lado a coerência e a coesão do texto. Quero deixar claro que não se trata de negligenciar o aspecto estrutural e morfossintático, até porque isso pode custar várias posições ou até mesmo uma aprovação.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Wesley: Entre os erros eu destaco a falta de organização em alguns momentos. Acrescentaria também a procrastinação com as disciplinas que tenho mais dificuldades.
Quanto aos acertos, destaco a força de vontade e a crença de que tudo ia dar certo, de que, mais cedo ou mais tarde, minha vez chegaria.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Wesley: A maior dificuldade é se manter disciplinado, motivado, focado. Nessa jornada depositamos muitas expectativas e esperança em algo totalmente “incerto”. O ser humano tem que perceber e sentir que pode alcançar algo, ou então, ele não vai tentar. Pra seguir em frente, eu analisava todo meu histórico e conseguia perceber que tudo estava melhorando. Meu desempenho estava crescendo. Lentamente, mas estava sendo de uma maneira sólida.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Wesley: Sem hipocrisia, a maior delas foi a remuneração. Eu busquei um cargo que tivesse um bom salário. Diante das possibilidades, eu optei por aquele com que eu mais me identifiquei com o conteúdo da atividade e, hoje, por mais que algum cargo pague bem, eu não estou disposto a tentar a sorte longe da área fiscal.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Wesley: Um conselho: não desista! Busque informações sobre preparação, ouça relatos de quem já conseguiu e não desanime diante das adversidades, porque elas existem para todos. É importante estar envolvido com quem também busca algo parecido, ainda que sejam para áreas distintas.
Existem aprovados de todos os tipos, aqueles que só estudam/estudaram; aqueles que trabalham e estudam; aqueles que tem filhos; há também quem que tem muito tempo, e quem não o tem de “sobra”.
Analise sua situação e planeje como aproveitar melhor seu tempo. Sua estratégia deve ser de acordo com sua realidade. Não adianta se desesperar porque seu concorrente está estudando 8h por dia e você não tem esse tempo disponível. Se você otimizar seu tempo, é possível chegar tão bem preparado quanto seus concorrentes.
Hoje o mercado está cheio de ferramentas disponíveis, há, inclusive, muito material gratuito em vários canais.
Reserve um tempo para alguma atividade física. Alguns minutos para a família. Permita-se ter um pouco de prazer também. Essa jornada é muito árdua e é preciso que você encontre algumas “válvulas de escape”.
Mantenha a fé. Não deixe de acreditar nunca. Mesmo que venha uma reprovação ou que o desempenho não tenha sido o esperado, tire um ou dois dias de descanso, não mais que isso, porque seu concorrente não estará descansando.