Aprovado em 2º lugar no concurso da Prefeitura de Santos como Analista de Negócios e no concurso da Prefeitura de São Paulo como Assistente de Políticas Públicas:
“A disciplina se comporta como um músculo, ou seja, é preciso treinar com o tempo. Não estude para passar em concursos públicos, mas estude para ser um ótimo servidor público, assim a aprovação virá naturalmente.”
Confira nossa entrevista com Matheus Roussenq, aprovado em 2º lugar no concurso da Prefeitura de Santos como Analista de Negócios e no concurso da Prefeitura de São Paulo como Assistente de Políticas Públicas:
Estratégia Concursos: Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Matheus Roussenq: Eu tenho 29 anos e sou natural de Florianópolis – SC, porém passei maior parte da minha vida em Antônio Carlos – SC, também a considero minha cidade natal. Atualmente resido em São Paulo – SP. Sou formado em agronomia e estou no final da graduação em administração.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Matheus: Inicialmente, os concursos públicos me atraíram pela forma de ingresso, acredito que é uma das maneiras mais justas de processo seletivo em uma organização. Segundo lugar, a falta de oportunidades devido à crise econômica me fez olhar mais para os concursos públicos como uma alternativa viável. Com o começo da caminhada fui pegando gosto pelo serviço público e descobri que é a minha vocação trabalhar no setor público.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Matheus: No começo, eu dividia meus estudos com as tarefas domésticas e com atividades em busca de oportunidades de empregos, como processos seletivos e entrevistas. Não cheguei a focar inteiramente em concursos públicos, pois, ao mesmo tempo, eu comecei uma graduação em administração e realizei duas pós-graduações em paralelo aos estudos para concursos públicos. Nos últimos meses, venho dividindo meu tempo em estudos para concursos e em operações no mercado financeiro.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Matheus: Nesse tempo de estudos, eu fiz muitos concursos em diferentes áreas, alguns eu fazia para treinar como um simulado e manter uma forte rotina de estudos e, em muitos outros, eu fui apenas habilitado para o cadastro reserva. Em termos de aprovação dentro do número de vagas, eu fui aprovado no concurso de assistente de políticas públicas para a prefeitura de são paulo (532° lugar ampla concorrência) e para o concurso de analista de negócios da prefeitura de santos (2° lugar). Neste ano, fui nomeado para a Prefeitura de São Paulo, mas ainda não tomei posse devido a pandemia da COVID-19.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Matheus: Acho que foi uma sensação de alívio misturado com felicidade.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Matheus: Não adotei uma postura radical de convívio social, porém somente saía com família e com outros amigos concurseiros. O que abdiquei radicalmente foram as mídias sociais e canais de TV. Em geral, só consumo notícias pelos cursos de atualidades e o entretenimento via streaming.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Matheus: Minha família e minha namorada entenderam e me apoiaram muito bem, não tive problemas com isso, todos foram muito compreensivos. Minha namorada teve muita paciência e o fato de meus pais já terem sidos concurseiros me ajudou, eles sabiam que não é uma jornada fácil e rápida. Digo isso, pois normalmente muitas pessoas que não conhecem esse mundo de concursos, infelizmente acabam criticando ou fazendo comentários negativos aos concurseiros. Outra coisa que me ajudou muito foi o fato de ter feito amigos nos cursos presenciais e na cabine de estudos que usei, para mim foi muito bom conversar com pessoas do mesmo mundo e trocar ideias e preocupações. Para mim a maior cobrança que sofri foi de mim mesmo, minha cobrança pessoal às vezes me atrapalhava.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é e se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo).
Matheus: Sim, totalmente. Para mim espero que este concurso seja uma escada, pois continuarei me preparando para concursos da área de controle. No começo, eu me preparava para a área fiscal, mas com o tempo, vi que a área de controle é mais compatível comigo, principalmente por causa da minha personalidade.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Matheus: Depois que fiz o concurso para auxiliar de promotoria do MP (17/11/2019), eu comecei a focar no concurso da prefeitura de Santos, acho que aproximadamente dois meses e meio foi o tempo direcionado.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Matheus: O que me ajudava a manter a disciplina era fazer simulado e alguns concursos aleatórios, esses eu considerava como simulado. O fato de fazer simulados, me mostrava que faltava muito para estudar, isso me impulsionava cada vez mais.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Matheus: Eu conheci o Estratégia Concursos pela recomendação de bibliografia que o Alexandre Meirelles fez no seu livro Como estudar para concursos públicos, depois que experimentei, não larguei mais o Estratégia.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?
Matheus: Para este concurso especificamente, utilizei os PDFs do curso teórico e do Passo Estratégico. Em matérias base como português, matemática e informática, eu usei apenas o Passo Estratégico durante toda a preparação.
No início da minha jornada, comecei frequentando um curso presencial para concursos e usava livros teóricos. Mas com tempo, abandonei o curso presencial, por demandar muito tempo de locomoção, além de não prover um estudo personalizado para mim, porém foi bom para formar uma base.
Eu costumava usar os PDFs para algumas matérias, mas depois de um episódio em que eu estava carregando uma mala de livros e tive uma lesão muscular devido ao peso dos materiais, então, eu decidi vender todos os meus livros e partir para o estudo somente de PDFs, o que considerei a melhor coisa que já fiz. A portabilidade e organização são muito maiores, além de não me preocupar com a atualização e seleção dos assuntos para cada concurso específico. Também achei vantajoso que, em época de pandemia, o uso dos PDFs em computadores e tablet facilita a higienização dos materiais, porque simplesmente não dá para passar álcool 70° em papéis.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Matheus: Costumo estudar de 35 a 40 horas semanais, a quantidade por dia é bem variável, depende muito das outras atividades além dos estudos. Mas uma coisa que sempre tentava fazer era estudar todos os dias priorizando sempre as revisões. Se em um dia eu teria 30 minutos para estudar, eu revisava a matéria do dia anterior. Eu me sentia mais seguro em estudar bem um tópico do que saber mais ou menos dois tópicos diferentes.
Eu montava um ciclo de estudos de acordo com edital da prova e fazia uma proporção de acordo com peso das questões. Assim, seguindo o ciclo dava para ver umas 3 disciplinas por dia em média. Nas questões que eram usadas como desempate, eu multiplicava por 1,1 o tempo de estudos. Particularmente, eu acho o fato de fazer resumos um desperdício de tempo, mas foi útil usar os já prontos com algumas anotações minhas, além dos mapas mentais. Porque eu notei que eu acabava fazendo “corpo mole” e perdendo muito tempo precioso. Esse tempo economizado, eu usava na realização de exercícios em sistema de questões, o que acho ser mais proveitoso.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Matheus: Minhas maiores dificuldades sempre foram em português e direito administrativo. O português é histórico para mim, desde a escola até hoje eu tenho muita dificuldade. O direito administrativo foi mais pela sua complexidade inata. Eu usei muita videoaula para ficar bom em português, de longe é o curso que mais usei, mas porque eu precisava. Não é uma matéria que eu consigo entender só por PDF, então eu assistia o vídeo e depois partia para o PDF. Já em direito administrativo, os mapas mentais me ajudaram a entender e revisar os conceitos da matéria.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Matheus: Na semana anterior usei 80% do meu tempo para fazer exercícios e o resto era revisão rápida dos PDFs. Os mapas mentais foram bem úteis nesta semana, nas revisões junto com as minhas anotações nos PDFs. No dia anterior, eu não estudei, dormi bastante, assisti dois filmes bem tranquilos, tomei uma cerveja, rezei e separei tudo que precisava para o dia da prova. Não gosto de ter conversas no dia anterior, particularmente acho que atrapalha.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Matheus: Acredito que é necessário colocar esta disciplina como uma matéria normal no ciclo de estudos.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Matheus: Meu principal erro foi negligenciar a minha saúde no começo dos estudos. Outro erro que cometi inicialmente foi não fazer exercícios físicos no começo dos estudos, o que contribuiu para a piora da minha saúde. Há alguns anos, eu sofri um acidente de carro e desenvolvi uma doença chamada fibromialgia. Quando eu comecei a negligenciar, ela saiu de controle e acabou atrapalhando muito meus estudos. Além disso, acho que outro erro foi a falta de foco inicial e a indecisão de fazer ou não fazer determinada prova.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Matheus: Todos os dias, sem falta, eu pensava em desistir e que não era para mim. Então eu levantava e lavava o rosto, em seguida eu perguntava a mim: – É hoje?
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Matheus: No geral eu não acredito em motivação, apenas em disciplina e paciência. A disciplina se comporta como um músculo, ou seja, é preciso treinar com o tempo. Mas o que me impulsiona é a possibilidade em dar qualidade de vida para minha família e o fato de o serviço público ser vocação.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Matheus: Não estude para passar em concursos públicos, mas estude para ser um ótimo servidor público, assim a aprovação virá naturalmente.
Fazer um excelente arroz com feijão é mais importante que um l’entrecôte na preparação.
As provas sempre vão lhe demandar um ótima preparação intelectual, contudo você irá precisar preparar a saúde e emocionalmente também, senão vai tudo por água abaixo.
Eu recomendo você fazer alguma atividade ou prática que lhe faça esquecer durante alguns minutos esse mundo de concursos, para então depois voltar com tudo.
Uma ideia que me ajudou a não desanimar com os erros foi a seguinte: o erro é apenas a incompatibilidade com o contexto, junte as peças como em um quebra-cabeça. Há dois livros que me ajudaram muito e recomendo a você ler: A Arte de Pensar Claramente, do Rolf Dobelli e A Arte de Viver do Epicteto; além de um filme que me ajudou, o Peaceful Warrior (Poder Além da Vida).