Aprovada no concurso TRF-1
“Para quem está iniciando o estudo para concurso público o conselho que eu dou é: não desista! O caminho até a aprovação é muito difícil, muitos não irão entender teus momentos de renúncia e irão se afastar, mas quem torce de verdade por ti, vai estar ao teu lado e te incentivar. Tenho certeza que cada um tem a sua prova, por isso, você só irá saber se poderia ter passado naquele concurso, se o fizer”
Confira nossa entrevista com Nilmara Braga, aprovada em 1º lugar no concurso TRF-1 para Analista Judiciário:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formada em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Nilmara Braga: Tenho 35 anos, sou de João Pessoa/PB. Sou formada em Direito, com pós graduação em Direito e Processo do Trabalho.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Nilmara: Minha maior motivação era a necessidade de ter estabilidade financeira, pois a advocacia não é fácil quando se está iniciando e não se tem ninguém da família na área.
Estratégia: Por que a área judiciária? Você tinha alguém na família que o inspirou, já tinha tido algum contato com a rotina dos fóruns, o que te fez estudar para esse concurso?
Nilmara: A decisão de estudar para o concurso de oficial de justiça foi por incentivo do meu esposo que, na época, era meu namorado. Ele ia fazer o concurso do TRF e me chamou para fazermos juntos. Na verdade, nunca passou pela minha cabeça fazer concurso para oficial de justiça, porque eu estudava para magistratura do trabalho. Mas, resolvi fazer a prova e, graças a Deus, deu certo.
Após ler um pouco sobre a carreira de oficial e seus benefícios, resolvi fazer o concurso para o Tribunal de Justiça de Alagoas, também para o cargo de Oficial de Justiça, concurso no qual fui nomeada e estou, atualmente, exercendo as atribuições.
Engraçado que, como disse, jamais imaginei ser oficial de justiça, mas, ao entrar em exercício, acabei me apaixonando pela profissão e vendo o quanto é gratificante poder levar a justiça para os que mais precisam.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Nilmara: Assim que me formei, pude “apenas” estudar durante 1 ano. Mas, logo tive que começar a trabalhar, pois meus pais eram professores e não podiam custear integralmente meus estudos para concurso. Mas, acho que estudar e trabalhar foi o divisor de águas, pois aproveitava melhor o tempo.
Lógico, no início não foi tão fácil. Em determinadas épocas, o trabalho exigia muito e não conseguia estudar, em outras o cansaço do trabalho me consumia.
Todavia, quando consegui entender que tudo era questão de organização, comecei a estudar com mais qualidade durante o pouco tempo que tinha disponível. Sim, o trabalho não impede que se estude, pois, como disse, basta aproveitar o tempo que sobra e estudar com qualidade.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovada? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Nilmara: Em alguns concursos estou na lista do cadastro de reserva ainda, como TJ/PE para analista e técnico, TRE/BA para analista.
Mas, sem dúvida, o que conto como aprovação foi o 1º lugar para Oficial de Justiça do TRF 1, subseção de Feira de Santana, e o concurso do TJ/AL, que fiquei em 16º lugar para Oficial de Justiça e fui nomeada em janeiro deste ano.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Nilmara: Nas fases sem edital na praça estudava durante a semana e aos sábados, até meio dia. Aos domingos dificilmente estudava, no máximo fazia simulados e os corrigia. Acredito que o descanso é essencial para o cérebro também, para que o concursando consiga voltar na segunda feira cheio de energia novamente.
No entanto, sempre que estava com edital aberto tentava ser um pouco mais rígida e estudava também aos fins de semana, tentando descansar apenas nos sábados e domingos à noite, evitando ir a festas para não dormir muito tarde. Durante esses períodos era muito difícil eu sair, aproveitava o tempo livre para assistir filmes, séries, tomar uma tacinha de vinho em casa com a família.
Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira? Se sim, de que forma?
Nilmara: Hoje estou casada, ainda não tenho filhos. Casei após o resultado do TRF e do TJ, apesar de só ter sido nomeada no TJ/AL após o casamento. Durante toda a minha preparação morei com meus pais, que sempre me apoiaram muito nos estudos.
Estudar para concurso não é fácil, não é barato. É uma jornada longa e árdua. Ter o apoio dos pais, inclusive financeiro, ajudando a pagar passagens, hotéis, provas, cursinhos, sem dúvida ajudou muito. Pois, apesar de trabalhar, tive que abrir mão de muita coisa da advocacia para sobrar tempo para estudar. Então, muitas vezes o que eu ganhava não dava para pagar todas as despesas com concurso.
Sempre brinco que o único defeito dos meus pais na minha preparação era quando eu chegava em casa, após ter detestado a prova, e eles ficarem me perguntando como tinha sido (rsrs). Eu sempre falava que não precisavam perguntar, que quando eu passasse eu avisaria (rsrs). Eu sei que na verdade, era só uma forma deles demonstrarem sua preocupação comigo.
É importante ter pessoas ao seu lado que torçam pela sua aprovação. Ter um namorado que entendia meus momentos de ausência por ter que estudar, ter amigas e uma irmã que estavam sempre dando palavras de conforto foram essenciais.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo)
Nilmara: Acredito que eu seja o maior exemplo de que vale a pena fazer outros concursos, mesmo que seja de área diferente. Se você tiver uma boa base nas matérias em comum, é muito válido fazer outras provas. Como disse, eu estudava para magistratura do trabalho, mas fiz os concursos do TRF e do TJ/AL, ou seja, não tinha base em penal e processo penal, estudei essas matérias só após a publicação do edital.
Entendo que a base em administrativo, constitucional, civil e processo civil ajudou muito. Sempre falo que, só não se saberá se aquela era a sua prova se não a fizer.
Agora que estou nomeada e posso separar bem meus horários de trabalho, pretendo estudar para a carreira de procurador estadual.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovada?
Nilmara: O estudo para concurso tem que ser algo contínuo, pois coaduno do entendimento de que quando você para por um tempo, acaba voltando para o final da fila. Especificamente, para esses concursos que obtive aprovação, estudei direcionado para eles com a saída do edital. Mas, como disse, as matérias que são básicas para todo concurso já estudava há bastante tempo.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Nilmara: Sempre estudei sem ter edital na praça, pois acredito que a diferença é feita nesse período. Em determinadas épocas dava um desânimo e, quando isso acontecia, sempre ia ler os depoimentos das pessoas que tinham passado em concurso. É normal relaxar um pouco nessa época, mas é importante colocar o estudo como se fosse um trabalho, não faltar (rsrs). Quando estava muito cansada tentava ao menos resolver questões.
Às vezes até eu duvidava da minha capacidade, cheguei a achar que concurso não era para mim, que era para gênios, mas aprendi que concurso é para quem não desiste. E era esse o pensamento que me ajudava a ter disciplina.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Nilmara: Conheci o Estratégia por indicação de professores e de outros aprovados que sempre falaram muito bem dos PDF’s por serem mais direcionados.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Nilmara: No início, fiz cursinho telepresencial e assisti aula de diversas disciplinas. A vantagem da aula é te dar um conhecimento inicial para determinada disciplina. A desvantagem é porque você precisa de tempo para isso. Se você trabalha e estuda, é quase impossível ter tempo para assistir aula e ainda depois estudar.
Quanto aos livros, eu passei a utilizar os mais resumidos e apenas para os temas que, após ler a lei seca e fazer as questões, percebia que ainda tinha deficiência. O ideal é focar em livros voltados para concurso público.
Durante a preparação para outros concursos, fiz um curso que era só lei seca e exercício, no qual eram enviados diariamente as leis que deveriam ser estudadas e diversos exercícios. Para mim que não tinha afinidade com lei seca foi muito importante.
Utilizei também PDFs para algumas disciplinas que são exigidas em apenas alguns concursos. Considero-os importantes, principalmente, por serem mais direcionados e fazer com que você não precise ler inúmeras páginas de livros para extrair o essencial.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Nilmara: Sempre estudei várias matérias, inclusive no mesmo dia. Normalmente fazia diariamente uma hora de questões antes de iniciar os estudos.
Tinha meu horário de estudos fixo: fazia uma tabela na qual eu separava as horas que eu tinha disponível em cada dia. É importante fazer um horário que você realmente consiga cumprir. Se você trabalha e vai à academia, coloque isso no seu horário para que você saiba quais são os horários em que realmente irá estudar.
Costumava estudar 50 min. cada disciplina. Se fosse uma disciplina que eu gostava, colocava uma hora e meia. Logo após, mudava a matéria. Costumava sempre colocar uma disciplina boa seguida de uma que eu não gostava tanto para não ficar tão cansativo.
Durante a semana eu estudava todas as matérias, as que tinham peso maior incluía mais vezes no horário. Nunca fui de fazer ciclos de matérias, sempre gostei de estudar um pouco de tudo semanalmente.
No início, meus resumos eram muito longos e acabava perdendo muito tempo. Quando percebi isso, comecei a grifar e anotar palavras ou frases chaves de determinado assunto, acredito que fica mais fácil para revisar.
No que tange à leitura de teoria, percebi que ela é importante para temas que se tem deficiência, bem como para aqueles que só a lei seca não adianta. Quanto à releitura, deve ser apenas para as partes consideradas importantes e grifadas em leituras anteriores.
Durante a minha trajetória de estudos sempre admirei quem falava que estudava 8/10 horas por dia. Nunca consegui isso porque, além de trabalhar, meu corpo e minha mente não aguentavam. Costumava estudar de 4 a 5 horas por dia. Quando o tempo era mais reduzido, dava mais importância a exercícios, a lei seca e aos informativos.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Nilmara: No início tive muita dificuldade em processo civil, mas fui tentando entender como funcionava o sistema processual e, acredito, que auxiliou muito. Empresarial tenho dificuldade até hoje, ainda não consegui superar (rsrsrs). Penal e processo penal, por serem matérias que eu não estudava, tinha dificuldade, por isso, durante a preparação, foquei na resolução de exercícios e na leitura de lei seca. Como lia, quinzenalmente a CF toda, e lia todos os informativos do STF, a percepção dessas matérias ficou mais fácil com o tempo.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Nilmara: A semana que antecede a prova deve ser para revisar os temas que você tem um pouco mais de dificuldade e continuar fazendo muitos exercícios. Deixei também para ler regimento interno, atos específicos do Tribunal durante a semana da prova. Véspera de prova, tanto do TRF quanto do TJ/AL, descansei e apenas reli uma tabela que eu anotava todos os prazos (engraçado porque sempre fiquei uma pilha na véspera de prova, mas nesses dois concursos, quando fui jantar tomei um copo de cervejinha, acho que me ajudou a relaxar um pouco, rsrs).
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Nilmara: Como havia tirado uma nota muito baixa na redação em um concurso anterior, passei a dar a importância para a discursiva. Sem dúvida, fez toda a diferença esse estudo. Passei a ler mais notícias nacionais e mundiais, estudar temas em evidência e treinar redação. Sempre anotava expressões diferentes que eu lia nos informativos e tentava decorar para tentar encaixar nas redações.
Aconselho a não desprezar a prova discursiva, pois, tanto no TRF quanto no TJ/AL, a discursiva fez a diferença aumentando a minha classificação. De nada adianta fechar uma prova mas não tirar uma boa nota na discursiva.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Nilmara: Sempre falo a todos que me perguntam que, se fosse iniciar hoje meus estudos para concurso, faria muita coisa diferente. Aulas são extremamente importantes no início da preparação para conhecimento de algumas disciplinas. Mas, quando se chega em um determinado momento, as aulas não passam a ter tanta importância, uma vez que se poderia gastar aquele tempo realizando um estudo mais focado.
Um dos meus grandes erros no início era querer estudar livros inteiros, focando nas divergências, coisas que para a prova objetiva não faziam diferença. Queria estudar tudo de várias disciplinas quando, na verdade, você precisa estudar apenas o que é essencial para prova. E é nesse sentido que a resolução de questões faz toda a diferença porque, você sabendo o que mais cai nas provas, consegue-se fazer anotações melhores e focar no que é importante. Durante toda a preparação sempre fiz simulados também, eles são extremamente válidos.
Nunca gostei de ler a lei seca, mas quando entendi que ela era extremamente importante para a aprovação, inseri a leitura, diariamente, nos estudos. A Constituição Federal era leitura obrigatória de domingo a domingo. Sim, até mesmo nos dias que eu não estudava, como aos domingos, tinha que ler os artigos da constituição. Eu fazia um ciclo de leitura da CF a cada 15 dias e assim repetia. Ler a constituição, até mesmo quanto às matérias que não caem no seu concurso, dá um conhecimento muito amplo do direito e ajuda muito em todas as disciplinas.
Por fim, a leitura de informativos é essencial. Não esqueço que, na prova do TRF, que fui primeiro lugar, tirei quase nota máxima na redação e nela usei uma expressão (“estado de coisas inconstitucionais”) que tinha saído recentemente em um informativo e que havia deixado colado em um post it na parede do meu quarto para eu não esquecer srsrsrs acredito que essa foi a cereja do bolo da minha redação e que foi o que me levou para o primeiro lugar.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, o que te motivou a seguir em frente?
Nilmara: O mais difícil na caminhada para o concurso é ter que abdicar muita coisa na sua vida, sem saber quando se vai passar. Por várias vezes pensei em desistir, mas o apoio da família e, principalmente, a fé me fizeram acreditar que era possível.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificadas?
Nilmara: Ahhhh essa sensação… Momento indescritível, que desejo a todos os concursandos. É quando você percebe que todo sacrifício valeu a pena. Chorei muito quando vi meu nome na lista em primeiro lugar. Mas, melhor do que ver seu nome na lista de aprovados é ver sua nomeação no diário. Acho que chorei mais ainda nesse momento (rsrsrs).
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Nilmara: Para quem está iniciando o estudo para concurso público o conselho que eu dou é: não desista! O caminho até a aprovação é muito difícil, muitos não irão entender teus momentos de renúncia e irão se afastar, mas quem torce de verdade por ti, vai estar ao teu lado e te incentivar.
Tenho certeza que cada um tem a sua prova, por isso, você só irá saber se poderia ter passado naquele concurso se o fizer. É, humanamente impossível saber todos os conteúdos do edital, por isso acredito na intervenção divina, acredito que Deus nos capacita e escolhe o momento certo da nossa aprovação e nomeação.
Tenham fé que a sua prova vai chegar.