Aprovado no concurso TJ-PE e no concurso PGE-PE
“Para mim, a jornada de um concurseiro é de longo prazo e, por isso, não basta focar apenas em conteúdo. O fator psicológico é muito importante e precisa receber tanta atenção quanto. Não é fácil achar o equilíbrio ideal entre esses dois fatores, mas isso se adquire com o passar do tempo e envolve ter autodisciplina, saber fazer concessões quando necessárias e, principalmente, conhecer a si mesmo. É um processo contínuo de autoconhecimento.”
Confira nossa entrevista com Leandro Souza de Lima Ribeiro, aprovado em 1º lugar no concurso TJ-PE para o cargo de Analista Judiciário da área administrativa e em 4º lugar no PGE-PE para o cargo de Analista de Gestão Pública:
Estratégia Concursos: Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Leandro Souza de Lima Ribeiro: Sou formado em Administração pela UPE. Tenho 29 anos e moro em Recife.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Leandro: Na verdade antes eu não tinha interesse em fazer concurso público. Eu sonhava em trabalhar na iniciativa privada e ir crescendo. Porém, com o tempo, as oportunidades foram ficando cada vez mais escassas e também fui percebendo que a realidade da iniciativa privada é muito difícil, especialmente no Brasil. Foi então que comecei a me abrir para novas possibilidades e percebi que eu poderia atingir o objetivo que eu quero, fazendo o que eu gosto e com a estabilidade que eu desejo, por meio de uma carreira pública.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Leandro: No dia em que decidi estudar para concursos, eu estava sem trabalhar. Decidi parar de procurar oportunidades no setor privado para me dedicar exclusivamente aos estudos. Felizmente recebi todo o apoio da família para isso.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Leandro: Fui aprovado no TJ-PE em primeiro lugar para o cargo de Analista Judiciário da Área Administrativa do polo 3, em quarto lugar para o cargo de Analista de Gestão Pública da PGE-PE e também em 32º lugar para Assistente no mesmo órgão. Outro concurso em que fui aprovado foi o de bombeiros de PE (97º lugar) do qual, porém, desisti. Também tiveram outros em que “bati na trave”, ficando em 27º lugar para Analista do IBGE (eram 7 vagas), em 27º lugar para Analista de Planejamento, Orçamento e Gestão da Prefeitura do Recife (quatro vagas) e outros. Desses, as aprovações mais recentes foram as da PGE, concurso realizado ano passado. No entanto, até o momento dessa entrevista, ainda não fui nomeado em nenhum desses, nem mesmo no do TJ-PE, cuja prova realizei em 2017.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Leandro: Nos concursos em que tive o melhor desempenho (TJPE e PGE) a sensação foi de completa incredulidade. Não foram os certames para os quais mais estudei. Minhas aprovações vieram nos momentos em que eu menos esperava. Foi um misto de incredulidade e alívio.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Leandro: Eu nunca abdiquei totalmente da minha vida social ou lazer em geral. Para mim, a jornada de um concurseiro é de longo prazo e, por isso, não basta focar apenas em conteúdo. Isso não é o suficiente para passar. O fator psicológico é muito importante e precisa receber tanta atenção quanto. Porém, em época de pós-edital, naturalmente o lazer foi restringido, muito embora, jamais deixado totalmente de lado. Não é fácil achar o equilíbrio ideal entre esses dois fatores, mas isso se adquire com o passar do tempo e envolve ter autodisciplina, saber fazer concessões quando necessárias e, principalmente, conhecer a si mesmo. É um processo contínuo de autoconhecimento.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Leandro: Não sou casado e não tenho filhos, mas namorei na maior parte do tempo durante a minha jornada de estudos. Ela também era concurseira, então era mais fácil. Além disso, minha família sempre me apoiou. Então, nesse aspecto eu nunca tive dificuldades, felizmente recebi apoio de todos os lados e certamente isso ajudou e muito no atingimento do resultado.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é e se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo).
Leandro: Isso depende muito da realidade de cada pessoa. O primeiro concurso que eu fiz foi justamente para Analista do IBGE. Fiz de forma despretensiosa, sem saber ao certo qual área eu iria estudar. Como obtive uma boa classificação, me senti confiante para focar na área fiscal. Porém, vários outros concursos na área de gestão (minha área de formação) foram aparecendo e eu sempre ficava tentado a garantir logo alguma coisa e poder estudar mais tranquilo, aí acabava mudando de foco temporariamente. Inclusive, foi assim que obtive as aprovações que citei, mas isso atrapalhou muito meu estudo pra área fiscal, que exige uma preparação contínua por muito tempo. Numa situação de normalidade, eu diria que vale mais a pena estudar focando a área que a pessoa realmente quer. Ela irá se especializar naquilo e terá mais chances de êxito. O problema é que não vivemos atualmente uma situação de normalidade. O cenário de concursos é muito incerto, ainda mais com a reforma administrativa vindoura, que ainda não se sabe até que ponto ela poderá ou não prejudicar os direitos dos servidores públicos. Então, por essa linha, talvez seja melhor aproveitar as oportunidades que aparecem. Por outro lado, a minha decisão de ter mudado o foco várias vezes não me ajudou em nada até agora. Ainda aguardo nomeação no TJPE desde 2017. Apesar de eu estar em primeiro lugar, ainda não fui nomeado. Também aguardo nomeação na PGE-PE, mas o órgão está fazendo o possível e o impossível para manter servidores cedidos de outros órgãos e também os terceirizados, enquanto se recusam a dar prosseguimento ao primeiro concurso realizado pelo próprio órgão. Logo, no meu caso em específico, ainda não sei dizer se tomei a melhor decisão. Infelizmente, não tem como prever o futuro. Acho que cada um deve seguir o seu coração.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Leandro: Pro TJPE eu estudei por duas semanas de forma focada. Pra PGE-PE, foi por cerca de dois meses. Porém, eu já tinha bagagem acumulada de vários outros concursos, o que certamente foi fundamental.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Leandro: Eu estudei sem edital na praça para a área fiscal. Muitas dessas matérias são comuns em relação a esses certames que passei na área de gestão. Quando saía edital, eu revisava aquelas que eu já tinha base, enquanto cobria aquelas que eram novas para mim. E assim fui acumulando bagagem, pouco a pouco.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Leandro: Minha ex-namorada já estudava para concursos antes de mim. Foi através dela que conheci o Estratégia e estudei para o concurso do IBGE. E segui usando para estudar as matérias da área fiscal também.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?
Leandro: Eu costumo estudar de forma a mais objetiva possível. É por isso que eu priorizo os PDFs. Porém, em algumas matérias que considero mais difíceis de assimilar, utilizo videoaulas. Além disso, não costumo estudar um mesmo conteúdo mais de uma vez. Prefiro fazer várias revisões e muitas questões, em site de questões. Acho muito mais difícil manter um conteúdo na mente do que cobri-lo. Já estudei por livro no começo e acho que o custo-benefício não compensa, pelo menos não para mim.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Leandro: O ato de estudar também é um processo de aprendizagem em si. Fui testando várias técnicas de estudo e aos poucos fui incorporando ao meu método, de acordo com os resultados. Eu utilizo como base o então conhecido ciclo de estudos, fazendo revisões diárias de todo conteúdo estudado no dia anterior. A revisão talvez seja a parte mais importante. Refaço as questões que errei ou que tive dúvidas e releio as anotações que fiz do dia anterior. Se eu tiver cobrindo matéria nova, além disso, eu faço revisão a cada dois PDFs fechados. Se for matéria ou assunto que já cobri, eu apenas faço questões e revisões. Não costumo repetir leitura de conteúdo, a menos que seja um assunto com que eu esteja tendo dificuldades. A quantidade de horas varia muito. Apesar de parecer bem metódico, eu planejo meu estudo de forma que ele fique o mais flexível possível. Mas nunca abro mão das revisões diárias.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Leandro: Existem várias matérias em que já tive bastante dificuldade, como Auditoria, AFO, dentre outras. Não existe outra forma de superar a dificuldade que não seja encarando de frente, insistindo e persistindo. Por mais que pareça difícil no começo, tem uma hora que o conteúdo entra na cabeça e depois você passa a enxergá-lo de modo bem mais simples. É claro que uma mudança de estratégia também ajuda, seja mudando de material, seja mudando o método (de PDF para videoaula ou vice-versa), seja fazendo várias questões e revisando em cima disso. Já utilizei todas elas, mas o mais importante é não criar um bloqueio mental e também ter paciência.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Leandro: Eu acredito que na semana antes da prova temos muito mais a perder do que a ganhar. Eu tento não forçar muito a barra. Se a prova é no domingo, por exemplo, costumo estudar até quinta. Deixo a sexta pra fazer uma revisão bem leve, isso quando eu a faço. E sábado aproveito para relaxar. A minha maior aposta é sempre na base que a pessoa acumula ao longo do tempo. O fator psicológico é muito importante e sempre considero que há um risco de ele comprometer os “pontos já garantidos” da prova. Por isso, sempre assumo esse posicionamento mais conservador, por se assim dizer, em véspera de prova.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Leandro: Prova discursiva também é prova e geralmente vale muitos pontos. Acho essencial fazer uma preparação especializada para a discursiva. Isso envolve treinar bastante e estudar o método de avaliação da banca. Geralmente eu opto por fazer um curso de discursivas com meses de antecedência.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Leandro: Acho que o meu maior erro foi não ter começado a estudar para concursos antes. Quanto aos demais, acredito que fazem parte e foram importantes para o amadurecimento do meu processo de estudo. Quanto ao acerto, foi quando eu decidi desistir do concurso de bombeiros. Se não fosse por isso, não teria como eu ter feito o concurso do TJPE, por causa do curso de formação. Assim, jamais eu teria feito o concurso do TJPE e essa aprovação em primeiro lugar não teria existido.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Leandro: O mais difícil para mim foi ter conquistado algumas aprovações e não ter visto ainda o meu esforço ter sido recompensado. Os concursos estão cada vez mais escassos e cada vez nomeando menos. Antes da minha aprovação em primeiro lugar e da outra em quarto lugar dentro das vagas, tive diversas outras em que fiquei fora das vagas e que as nomeações foram muito escassas. Foi particularmente difícil para mim ver o TJPE dizendo que não tinha orçamento para nomeações, enquanto compraram cerca de 40 SUVs para uso pessoal dos desembargadores (no ano do concurso, em 2017), além de recentemente terem aprovado crédito suplementar de 60 milhões de reais para suposta indenização de férias dos desembargadores, dentre outras inúmeras regalias e abusos, enquanto vemos, por exemplo, milhares de processos parados no órgão, uma enorme carência de pessoal e eles nomeando pouquíssimo, sequer chegando a nomear vários primeiros-lugares como eu. Na PGE-PE a situação é semelhante. A comissão de aprovados teve, por exemplo, a informação de que o órgão está prorrogando contratos de assessores ligados a políticos do estado (exercendo mesmas funções de servidor efetivo), enquanto que se negam a nomear os aprovados do concurso por suposta falta de verba. Ainda não há servidores administrativos efetivos de carreira no órgão e aparentemente eles não estão com pressa em ter. Tem sido muito difícil para mim ver o patrimonialismo tomando conta do país, em todas suas esferas, utilizando-se a crise econômica como escusa e usando-se como pano de fundo a cultura de ódio ao servidor público que assola o país no momento. Fica uma sensação de impotência e também de que o esforço não é recompensado. O que me faz seguir em frente é que ainda acredito nas instituições do país. Sei que ainda serei nomeado e que todo o sofrimento ainda valerá a pena. Anseio para que esse dia ainda chegue.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Leandro: Minha maior motivação é a certeza de que, para mim, a carreira pública é a melhor oportunidade possível no país. Conquistar o cargo público, a estabilidade e fazer o possível para tornar o serviço público melhor não só é o meu sonho, como também é o único caminho possível para chegar onde quero chegar.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Leandro: Eu aconselho que faça uma autorreflexão, que avalie se realmente é isso o que você quer, de verdade. Se for, esteja preparado para lutar contra si, contra tudo e contra todos e mergulhe de cabeça no processo de estudo. O esforço, por mais sofrido que seja, será temporário, mas a recompensa será para a vida inteira. Ao menos, ainda acredito nisso.