Aprovado no concurso da Prefeitura de Quissamã-RJ

“Minha principal motivação foi conseguir algo melhor do que o mercado de trabalho poderia oferecer para mim. Além disso, sempre fui apaixonado pela máquina pública. Ela foi muito bem projetada. Se for melhor utilizada, manejada por pessoas com o conhecimento técnico necessário, pode ser uma ferramenta de transformação social tremenda.”

Confira nossa entrevista com Thales Pamplona Barroso Meireles, aprovado em 1º lugar no concurso da Prefeitura de Quissamã/RJ para o cargo de Fiscal de Tributos:

Estratégia Concursos: Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?

Thales Pamplona Barroso Meireles: Sou formado em Direito, pela Universidade Federal Fluminense. Tenho 28 anos e sou de Macaé/RJ.

Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?

Thales: Comecei a estudar para concurso depois de trabalhar durante um tempo em um escritório de advocacia. Percebi que gastava muito tempo fazendo um trabalho mecânico que não me daria retorno a longo prazo. Na época, o que me motivou a largar tudo e me dedicar ao estudo foi um edital para advogado da Petrobrás que saiu em dezembro de 2017 para provas que ocorreriam em março de 2018. Pensei que aquela era minha grande oportunidade, e acreditei que estudando 4 meses sem parar eu teria chance. Depois percebi que só com uma preparação de longo prazo você chega no topo. 

Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?

Thales: Quando comecei a estudar, eu tinha largado meu emprego e foquei apenas em estudar. Mas depois de um ano estudando, eu passei numa prova para ser Advogado Residente no Centro de Atendimento Jurídico da UFF, onde eu tinha que dar um plantão de atendimento presencial uma vez por semana e ganhava uma bolsa.

Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?

Thales: Eu já fui aprovado em alguns concursos, mas fora do número de vagas do edital, por isso estou aguardando como excedente. As últimas provas que fiz foram pra Procurador do Município de Conceição de Macabu (10º lugar) e Procurador de Município de Carapebus (6º lugar), além do concurso da Prefeitura de Quissamã (1º lugar).

Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?

Thales: Ah! A sensação é muito boa! Dá um rush de adrenalina quando você abre a lista de classificação, né! Depois vem um sentimento de alívio, de dever cumprido. É aquele momento em que você olha pra trás e vê que fez a escolha certa e que os sacrifícios valeram a pena. 

Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?

Thales: No início eu fui radical, abri mão de tudo, porque achava que 3 meses de estudo me valeriam uma posição top 5 num concurso como o da Petrobrás. Depois que eu tomei a primeira paulada na cabeça, vi que a estrada era longa.  Do jeito que o cenário do concurso está hoje, você tem que ter um rendimento muito alto nas provas. E isso só chega com o tempo e com a prática. 

Aí eu acabei flexibilizando um pouco. Esse tipo de coisa não é professor de cursinho que vai te ensinar. Você tem que dar sua medida entre sua sanidade mental e sua dedicação firme. Quando tem edital na rua e está perto da prova, eu tendo a ficar mais recluso e focado. Mas como a preparação deve ser um projeto contínuo, é importante ter momentos de descontração na rotina. Eu penso assim, aquele cara que abdica de todo convívio social, acreditando que 3 meses de estudo (se você nunca estudou nada na vida) vão ser suficientes, vai se decepcionar quando fizer a primeira prova. Ninguém consegue viver só estudando, isolado, por muito tempo. 

Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?

Thales: Eu namoro há bastante tempo já. Moro com meus pais por enquanto. Meus pais sempre me apoiaram muito, até porque são todos concursados em algum lugar. Acho que a compreensão e o apoio da família nessa trajetória são fundamentais. Tem momentos que você pensa em desistir e fazer outra coisa. É importante ter alguém lá pra te lembrar dos seus objetivos e sonhos.

Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo)

Thales: É bastante válido fazer concursos diferentes, desde que haja afinidade de matérias. Meu objetivo maior é Procuradoria, isso faz com que eu acabe estudando uma gama larga de disciplinas. Dentro desse leque, eu posso escolher alguns concursos que tem afinidade com o edital que eu estudo em geral. Mas é necessário saber escolher suas batalhas também. Não adianta tentar sair fazendo todo concurso que aparece pela frente por achar que é uma “oportunidade”. É preciso fazer uma análise objetiva do edital e ver se você consegue compatibilizar com as matérias que estuda regularmente. Eu pretendo continuar estudando sim. A preparação tem que ser contínua, como eu disse anteriormente.

Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?

Thales: Eu já estava estudando havia 2 anos quando surgiu esse edital. Mas na época que fiz essa prova, não estava estudando somente pra esse concurso. Estava estudando para os concursos de Procuradoria dos Municípios de Carapebus e Conceição de Macabu também, cujos editais abarcavam a matéria desse concurso e as provas aconteceriam num intervalo de tempo bem próximo. Mas na semana da prova de Quissamã, eu foquei em revisar o máximo de conteúdo possível das disciplinas específicas e da legislação municipal, para estar com tudo fresco na mente no dia da prova. 

Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?

Thales: Eu estudo sem ter edital na praça com frequência. Acredito que você deve olhar editais semelhantes ao do concurso que você almeja, montar seu cronograma de revisão dos seus conteúdos de forma cíclica e manter seu foco em estar sempre revisando e fazendo questões de provas atuais. Quando o seu foco é na preparação e não numa prova específica, você consegue lidar bem com a falta de edital na praça. E aí, quando o edital surge, você já viu e reviu aquele conteúdo uma dezena de vezes e pode focar em partes da matéria que você não está tão familiarizado, como legislação municipal, por exemplo.

Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?

Thales: Um colega concurseiro me indicou. Foi na época da prova da Petrobrás em 2018. O Estratégia lançou um pacote específico para aquele concurso e eu comprei algumas matérias. Lembro que fiz o curso de Tributário todo com o Estratégia e gabaritei essa disciplina na prova, foram 5 questões que acertei com pouco tempo de estudo na época. Depois disso, incluí aquele material nas minhas revisões periódicas e só fui enriquecendo cada vez mais minhas anotações.

Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?

Thales: Eu assisto videoaulas para me ajudar a montar meu próprio resumo. Também me apoio em PDFs, de vez em quando. Não usei livros. Pra mim, o que mais funciona é revisar meu próprio resumo e fazer questões de concursos. Mas isso vai de cada um. O importante é o seu material refletir exatamente o que a banca pede nas provas. 

Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?

Thales: Em geral, eu assisto videoaula para aprender matérias novas e montar meu resumo. Depois, faço ciclos de revisão com meus resumos. Após revisar uma determinada matéria, vou fazer questões. Faço de 20 a 30 questões referentes aquele conteúdo revisado, para fixar bem. Você percebe que muita coisa se repete nas bancas. Além disso, uma vez por semana eu procuro uma prova de concurso semelhante àquele para o qual estou me preparando e a resolvo como um simulado. Isso dá “ritmo de jogo”. 

Você deve revisar periodicamente todas as matérias do edital para o qual você está se preparando. Eu monto meu plano de estudos semanalmente. No início da semana, eu sei quais serão minhas obrigações fora do estudo, então monto meu cronograma ao redor disso. Por exemplo, numa manhã eu divido em 2 blocos de disciplinas: Direito Constitucional e Administrativo. Então reviso dois conteúdos de Direito Constitucional e resolvo questões referentes a eles. Em seguida faço o mesmo para Administrativo. Faço uma pausa para o almoço e, pela tarde, faço a mesma coisa com outras 2 disciplinas. No início da noite, se ainda estiver com a cabeça boa, faço mais uma vez com outra disciplina. 

Eu costumo estudar umas 6-7 horas líquidas, por dia. Se você colocar no relógio, em geral era algo das 9:30 e 19:30. É importante tirar intervalos no meio dos blocos de revisão para poder refrescar a mente. 

É muito importante salientar que você deve montar seu cronograma de acordo com o que é possível e lembrar que nem todos os dias você vai render 100%. Acontecem coisas fora do seu planejamento que necessitam da sua atenção e que vão te desviar do seu plano original. Mas isso é parte da preparação. Com o tempo se aprende a lidar. 

Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?

Thales: Eu tinha dificuldade com raciocínio lógico matemático, famoso RLM. Ficava demonizando essa matéria, porque eu não sabia estudá-la, na verdade. Então comecei a estudar assistindo aulas de resolução de questões e percebi que era muito mais simples do que eu imaginava. O próprio Estratégia disponibilizou um curso gratuito de RLM no final do passado que era muito bom.   

Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?

Thales: Quando comecei a estudar, eu focava toda minha preparação para uma prova só, costumava ficar muito nervoso na véspera e não conseguia estudar. Depois que passei a fazer uma preparação contínua, não ficava mais nervoso. Focava apenas no que tinha que ser feito naquele dia. Atualmente, eu uso a véspera de prova para revisar as matérias que são mais enjoadas de memorizar, como Lei Orgânica e estatutos. Mas eu faço minha carga de estudo normal. Não me desespero tentando absorver tudo não. 

Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?

Thales: É sempre importante fazer provas similares, para entender o que as bancas querem do candidato.

Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?

Thales: Meus maiores erros foram relacionados à pressa. Isso acaba gerando uma ansiedade que te acompanha e te consome. Tudo vai acontecer quando tiver que ser. Eu costumava montar cronogramas carregadíssimos de conteúdo e ficava frustrado quando não conseguia cumpri-los. Só depois de algum tempo de caminhada que percebi que tinha que ser honesto comigo mesmo e fazer o que era possível. Comecei a adaptar melhor meu planejamento à minha rotina e as coisas começaram a fluir muito melhor. Eu não ficava mais preocupado em não conseguir dar conta de todas aquelas matérias. Ao invés disso, só me preocupava em fazer cumprir a tarefa daquele momento e assim por diante.  

Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?

Thales: Tiveram momentos difíceis. Acho que o que mais me desmotivava eram as notícias sobre economia, sobre mudanças de postura da Administração Pública e etc. Eu lia as matérias falando que os concursos seriam freados ou cada vez mais escassos e isso me desanimava muito. Quando parei de ficar pensando tanto no que poderia vir pela frente e passei a me concentrar mais em cumprir meu planejamento para aquele dia, comecei a render muito mais. A verdade é que a gente não sabe o que o futuro reserva pra gente. O que podemos fazer é tentar nos preparar o melhor que pudermos para abraçar as oportunidades que aparecerem. 

Estratégia: Qual foi sua principal motivação?

Thales: Minha principal motivação foi conseguir algo melhor do que o mercado de trabalho poderia oferecer para mim. Como me formei em 2016, logo em seguida tive que lidar com a crise econômica que vem assolando o país até hoje. O mercado de trabalho está uma loucura. Além disso, sempre fui apaixonado pela máquina pública. Ela foi muito bem projetada. Se for melhor utilizada, manejada por pessoas com o conhecimento técnico necessário, pode ser uma ferramenta de transformação social tremenda.  

Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!

Thales: Se você está começando agora, a primeira coisa que tem que fazer é aprender a estudar. A maior parte das pessoas quer começar vendo as matérias disso e daquilo outro, sem ter nenhuma organização. Primeiro é necessário ter uma didática com você mesmo. Organizar suas tarefas diárias e montar uma rotina de estudo consistente, que funcione para você. Depois você começa a analisar quais conteúdos são importantes para o seu edital. Então, você escolhe um curso no qual confie e começa a montar seu material, que servirá de base para suas revisões. Associado as suas revisões, você deve resolver questões. Muitas questões. Incansavelmente. E vai repetindo esse ciclo até dar certo. E pode confiar que dá certo. Uma hora dá.