Aprovado no concurso do Metrô SP
“Teria me sido de grande valia se eu soubesse, lá atrás, tudo o que sei hoje. A importância de incorporar a curva do esquecimento na rotina de estudos, de estudar ativamente, de resolver muitas questões, de desenvolver mecanismos de disciplina e motivação, de combater a Lei de Parkinson, de não negligenciar as necessidades sociais, de praticar exercícios, dormir e se alimentar bem. Essas são todas verdades rotineiramente divulgadas no mundo dos concursos, mas que fui internalizando aos poucos.”
Confira nossa entrevista com David Reis, aprovado no concurso do Metrô SP para Analista de Desenvolvimento Gestão Júnior:
Estratégia Concursos: Você é formado em que área?Qual sua idade? De onde você é?
David Reis: Administração de Empresas. Tenho 27 anos, moro no interior de São Paulo.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
David: Ao fim da graduação, fui estudar para o Exame da ANPEC, que seleciona candidatos para pós-graduação em Economia. Passou a prova e percebi que teria que continuar no cursinho em São Paulo e redobrar os esforços para conseguir a vaga que queria. Em plena crise econômica, acabei abandonando a ideia: seria melhor estudar em casa, já visando uma carreira pública. Fiz um balanço do mercado de trabalho, dos meus próprios interesses e habilidades, e decidi começar uma preparação para o concurso da ABIN. O edital saiu 6 meses após o início dos estudos, e – para espanto geral – veio muito parecido com o da Diplomacia. A minha preparação foi intensa, inclusive para o teste físico, mas acabei ficando na primeira fase por 2 pontos. A partir daí passei a focar na Diplomacia, monitorando outras oportunidades.
Estratégia: Por que o concurso do Metrô SP?
David: Cresci em São Paulo, então já conhecia o Metrô e sua boa reputação, o quanto o serviço contribui para a qualidade de vida e o dinamismo da cidade. Sempre me interessei por geografia, urbanismo, pelas próprias linhas do Metrô. Acima de tudo, me identifiquei com a empresa. Resolvi então prestar o concurso, nem que fosse só para treinar; caso passasse, seria uma ótima oportunidade de ter minha primeira experiência no setor público. Depois da aprovação fui pesquisar mais sobre a companhia: funcionários satisfeitos, referência em processos, em pleno processo de modernização. Não poderia estar mais empolgado.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
David: Me dedicava integralmente aos estudos. Apesar da graduação, e de já ter prestado alguns concursos “de paraquedas” antes da ABIN, tive que reaprender a estudar. É um processo sinuoso: os fundamentos de cada matéria levam tempo para enraizar na memória; assentar uma metodologia de estudos eficiente requer muita experimentação; há de se trabalhar também a atenção e a motivação, para otimização da rotina diária.
Estratégia: Você já foi aprovado em outros concursos? Se sim, qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
David: Fora o vestibular, essa é minha primeira aprovação.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
David: Sou uma pessoa mais introvertida, então não tive que aparar drasticamente minha vida social. Continuei indo à academia, saindo para comer com a família, encontrando amigos e indo ao cinema esporadicamente. O que acabei cortando foram as formas de entretenimento mais supérfluas, como as redes sociais, que parei de usar, além de séries e jogos, que costumava consumir bem mais.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
David: Moro com meus pais, devido à estabilidade ambos sempre me apoiaram na ideia de prestar concurso. Sinto-me privilegiado, pois esse suporte esteve sempre presente.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
David: Creio que valha a pena por três motivos: 1. Temos uma série de matérias basilares para concursos, cuja revisitação é sempre bem-vinda; 2. Os assuntos de uma mesma área se interconectam, e expandir o escopo dos estudos é uma forma eficiente de traçar novas relações, solidificar fundamentos e precaver-se contra surpresas no edital; 3. O estudo que antecede a prova, após a publicação do edital, é sem dúvida o mais frutífero de todo o ciclo, já que a pressão nos força a sanar as falhas mais graves e focar naquilo que é essencial. Atualmente objetivo as Áreas Internacional e de Inteligência; também estou estudando para o concurso do TCM-SP.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
David: Para o concurso do Metrô SP, estudei nas 5 semanas anteriores à prova, inclusive sábados e domingos. Foram 165 horas líquidas e mais de 2700 questões resolvidas. Dá uma média de 5 horas líquidas por dia, espaçadas ao longo do dia para melhor aproveitamento. Não tinha contato com algumas matérias desde a faculdade, mas, revisitando o edital, só um ou outro assunto eram novidade. Também treinei bastante a velocidade de prova, principalmente em Português e Raciocínio Lógico-Matemático.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
David: Para o Metrô, comecei a estudar só depois da publicação do edital; mas foi da preparação para a Diplomacia que eu trouxe a disciplina e a metodologia de estudo.
Sempre computo minhas horas de estudo líquidas (cronometradas), questões feitas e taxa de acerto em uma planilha. Num calendário, marco cada dia com uma cor, dependendo da quantidade de horas estudadas, para ter essa visualização. A disciplina surge do controle diário desse “mapa” de produtividade. Falhas são inevitáveis, mas o objetivo no longo-prazo é diminuir a frequência de dias de baixa produtividade, especialmente os seguidos, que são os mais problemáticos. Eventualmente mudo os parâmetros de cada cor, para continuar puxando o desempenho. O “mapa” também serve para identificar padrões e problemas ao longo do caminho: uma sequência muito longa de dias de baixa produtividade pode ser um sinal de que é preciso descansar, mudar algum aspecto da rotina de estudos, resolver um problema externo ou até repensar o concurso.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
David: Comecei a focar no concurso da ABIN a partir de meados de 2017. Adquiri então materiais de alguns sites, mas só me contentei com o do Estratégia.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?
David: Para o Metrô SP, estudei exclusivamente pelos PDFs, orientado pelas Trilhas Estratégicas, com muita resolução de questões. Quando tive meu primeiro contato com as matérias de Direito, na preparação para a ABIN, assistia também às aulas, para sedimentar o conteúdo.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
David: Creio que para a montagem de qualquer metodologia de estudo, é necessário levar em conta alguns princípios:
1. O estudo ativo é melhor que o estudo passivo: ler os PDFs grifando-os, fazendo comentários e anotando suas dúvidas é melhor do que simplesmente lê-los. Fazer resumos e mapas mentais, buscando conexões e palavras próprias, é melhor ainda;
2. Relembrar é melhor do que simplesmente reconhecer: o conteúdo que pode ser lembrado de cabeça, e não só quando se lê o PDF ou se responde a questões, é o mais solidificado. Ensiná-lo aos outros, responder questões discursivas, fazer resumos e mapas-mentais de cabeça são formas de trabalhar esse processo;
3. Memorização é repetição: revisar seu material, aprofundar-se na doutrina ou resolver questões, todos os métodos envolvem certo nível de repetição, que enraíza os fundamentos. A resolução de questões é a forma de estudo ativo que possui maior escalabilidade;
4. A repetição deve ser espaçada: a curva do esquecimento mostra que esquecemos novas informações rapidamente, de forma exponencial, e que para fortalecer a memória dessa informação, é necessário relembrá-la no limiar do esquecimento;
5. O trabalho se expande de modo a preencher o tempo disponível para a sua realização: trata-se da Lei de Parkinson. Se você deixar para estudar o edital em 6 meses, irá cobri-lo em 6 meses; se você deixar para estudá-lo em 1 mês, irá cobri-lo em 1 mês. É claro que o estudo em 6 meses será mais completo, mas em 1 mês é possível cobrir os 80% do edital de maior custo-benefício. Esse ganho de eficiência pode ser incorporado à rotina de estudos fixando metas ambiciosas, mas factíveis, prestando outros concursos para treino, etc.;
Abaixo detalho minha metodologia de estudos:
I – Pré-edital (ABIN e Diplomacia):
1. Último Edital Verticalizado: numa planilha, para visualizar tudo que é cobrado e quebrá-lo em partes mais digeríveis;
2. Estudo Inicial: leitura dos PDFs em um dia, resolução das questões no dia seguinte (marcando as que errar, que tiver dificuldade ou que contiverem conceitos-chave, para revisão posterior); após um ou dois dias, fazer um resumo de cabeça, corrigindo-o junto ao PDF; após uma semana, desenhar um mapa mental, também de cabeça, corrigindo-o junto ao PDF;
3. Memorização: para nomes e datas, definições conceituais e trechos de legislação, em sessões diárias no Anki. Trata-se de um aplicativo de memorização espaçada, em que você cria cartões inteligentes (o que força nova revisão ativa), e o software nos mostra com base na curva do esquecimento;
4. Aprofundamento: leitura de livros (gramática, literatura, doutrina, etc.), resolução de questões discursivas, rascunho de novos mapas mentais, etc.
II – Pós-edital (para o Metrô SP):
1. Edital Verticalizado: agora também para identificar a probabilidade de cobrança de cada tópico pela banca (fornecido pelo Passo Estratégico);
2. Revisitando o Edital: seguindo as tarefas das Trilhas Estratégicas, 3 a 5 por dia, de diferentes matérias. Média de 5 horas líquidas por dia. Ler os PDFs num dia, grifando-o, e resolver as questões no seguinte, marcando as para revisão;
3. Resolução de Questões: também seguindo as tarefas das Trilhas Estratégicas. Média de 80 por dia (mais na reta final). Resolver de uma vez só, olhando os comentários depois. No pós-edital, é mais importante se adaptar ao estilo da banca, tomando nota dos padrões de cobrança, e treinar a velocidade de prova. Para provas do tipo CESPE, que penalizam o chute, costumo marcar meu nível de confiança (de 1 a 4) junto à resposta;
4. Revisões: fazendo as aulas do Passo Estratégico e as questões marcadas pra revisão. Na última semana, através dos simulados. Compilar os trechos grifados mais importantes (como definições de conceitos, passagens da lei de cobrança recorrente, detalhes capciosos, etc.) em um arquivo de texto bem resumido, que possa ser impresso.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
David: No início da minha preparação, tinha mais dificuldade com Direito. Para aqueles que não fizeram a faculdade, os livros são praticamente impenetráveis, e a lei seca é muito opaca. Os PDFs do Estratégia amenizam esse primeiro contato: trazem a letra da lei, explicam-na de forma mais acessível (sem ser simplista) e já apresentam toda a jurisprudência relevante para o concurso. Aos poucos o estudante se familiariza com a linguagem e a própria lógica do nosso ordenamento jurídico.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
David: Comecei os estudos pro Metrô com as Trilhas já atrasadas. Na medida em que a prova se aproximava, fui abandonando as matérias que tinha mais confiança para concentrar nas áreas de maior custo-benefício. Na última semana, foquei em simulados para revisão geral. Também separei alguns PDFs que não havia revisado ainda, mas que tinham alta probabilidade de cair, para dar uma lida rápida (o que me garantiu 2 questões). No dia anterior, fui para São Paulo com um resumo em mãos, só para ter algo que pudesse folhear ao longo do dia, mas saí para jantar e relaxei um pouco.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
David: Teria me sido de grande valia se eu soubesse, lá atrás, tudo o que sei hoje. A importância de incorporar a curva do esquecimento na rotina de estudos, de estudar ativamente, de resolver muitas questões, de desenvolver mecanismos de disciplina e motivação, de combater a Lei de Parkinson, de não negligenciar as necessidades sociais, de praticar exercícios, dormir e se alimentar bem. Essas são todas verdades rotineiramente divulgadas no mundo dos concursos, mas que fui internalizando aos poucos.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, o que te motivava a seguir em frente??
David: Minha % de acertos na prova do Metrô acabou sendo inferior ao que eu vinha conseguindo nos simulados, de forma que, após o gabarito, senti-me derrotado. Já me julgava fora do páreo. Demorei uma semana para ir pesquisar a possível nota de corte, adquirindo um pouco de esperança. O fato é que a desmotivação é parte natural do processo, e a resiliência, isto é, a capacidade de resistir às frustrações, de se automotivar, é requerida de todo concurseiro. Após cada revés, é necessário refazer o balanço para resgatar a motivação e ter a convicção de que se percorre o caminho certo. Pode ser que seja outro, afinal, as coisas mudam; mas caso o concurso continue seguindo o seu caminho, só há então de se avaliar objetivamente o esforço passado, fazer os ajustes necessários, e continuar em frente. É uma questão de identidade.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
David: Grande felicidade. Satisfação com o sucesso da metodologia de estudo. Empolgação pelo futuro trabalho no Metrô.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
David: Desejo a todos perseverança nos estudos, e boa sorte na hora da prova!