Aprovado no concurso TRF3
“Antes de iniciar a luta, converse com pessoas de confiança que já obtiveram resultados positivos. Mapeie as diversas áreas e possibilidades. A aprovação pode ser resumida em uma frase, talvez até clichê, mas muito verdadeira: “para conseguir o que apenas 0.01% consegue, você tem que fazer o que 99,99% não estão dispostos a fazer.””
Confira nossa entrevista com Marlon Pompermayer, aprovado em 7º lugar no concurso TRF3 para o cargo de Técnico Judiciário da Subseção Mato Grosso do Sul:
Estratégia Concursos: Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Marlon Pompermayer: Odontologia; 40 anos; Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Marlon: A busca pela qualidade de vida que a jornada de trabalho aliada à estabilidade do serviço público podem proporcionar. Enquanto empreendedor, trabalhava 12 horas por dia tirando, quando muito, uma semana de férias por ano. A possibilidade de programar férias com muito mais tranquilidade e de gozar os finais de semana não tem preço.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Marlon: Decidi optar pela estratégia de abandonar o trabalho e focar 100% nos estudos.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Marlon: Analista de Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG 2015; Técnico Judiciário – TRE/RS 2015, posição 127; Tesoureiro – Município de Garibaldi/RS, 2019 posição 01; Técnico Judiciário – TRF4 2019, posição 27-Serra/RS; Técnico Judiciário – TRF3 2019, Posição 07 -Subseção Mato Grosso do Sul, sendo esse o último concurso com resultado definitivo.
Além destes, aguardo o resultado do concurso para Oficial de Justiça, Classe O, do TJ-RS. A aprovação já está confirmada, ficando pendente a colocação devido à fase recursal.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Marlon: Uma sensação de vitória fantástica. É a coroação de todo um período de esforço e abdicação em prol de uma conquista. A imagem que sempre vem à mente é a do dia da prova, do mar de candidatos que se deslocavam para a disputa pela vaga. Saber que a imensa maioria não alcançou a sua pontuação é um estímulo enorme para seguir na luta, assim como também é precioso o aprendizado de que um pequeno erro pode te deixar, embora dentre os aprovados, fora da zona de nomeação.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Marlon: Postura radical. Vida social praticamente inexistente. O tempo era dividido entre necessidades básicas, como sono e alimentação, e estudos. No meu ponto de vista, apenas superdotados – o que claramente não é o meu caso – são capazes de galgar nomeações sem esse sacrifício.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Marlon: Sou casado, sem filhos. A família aceitou e apoiou. Minha esposa foi fundamental compreendendo a minha ausência e o período de “vacas magras” em função da ausência de renda e torceu muito pelos meus resultados. Minha mãe, por sua vez, foi fundamental, haja vista que cedeu os espaço para o meu QG de estudos e apoiou com a alimentação e afazeres do dia a dia, liberando horas preciosas para a preparação.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo).
Marlon: Iniciei minha preparação visando concurso de maior relevância, o que considero um erro. Tive ótimos resultados, mas não o suficiente para uma nomeação. Caso tivesse focado em concursos “menores” desde o início, teria a chance de ser nomeado mais cedo, passando a poder me preparar para o concurso dos sonhos com mais tranquilidade. No meu ponto de vista, o ideal é buscar um crescimento gradual. Vejo concurseiros que focam apenas em um cargo ou salário e passam vários anos sem conseguir a sonhada nomeação, sendo que possuem condições de ser aprovados em cargos mais singelos. No momento, não estou estudando. Estou analisando com bastante tranquilidade qual será o próximo passo: cursar uma faculdade de direito e visar ao crescimento dentro do judiciário após uma provável nomeação ou direcionar essa energia na preparação para as cortes de contas.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Marlon: Estudei para diversas áreas, o que torna difícil definir um tempo específico para um concurso. Estava em preparação para a área fiscal quando resolvi migrar para os tribunais. Isso foi 04 meses antes de minha aprovação mais recente (Técnico Judiciário TRF3 2019).
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Marlon: Sim, embora, na maior parte do tempo, estudei para concursos com edital publicado. De fato, a intensidade dos estudos não é a mesma. Focava no desempenho nos exercícios. Tinha a meta de chegar aos 90% de acerto e me concentrava nisso. Quando o desempenho caía ou não apresentava a evolução que eu esperava, percebia que precisava mais foco e disciplina. Sempre foi o marcador que mais funcionou para manter a constância na incerteza de editais.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Marlon: Pelo canal no YouTube.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?
Marlon: PDF, videoaulas e exercícios. Acho que o essencial é uma conjugação dos três. Há matérias que fico 100% no vídeo (RLM, português) e outras apenas no PDF. Sempre com muitos exercícios.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Marlon: Mapeava o total de material a ser vencido de cada matéria ponderando com o seu peso na prova, número de questões e o quanto eu já dominava do assunto. Sempre estudei diversas matérias no mesmo dia, sendo que reservava, no máximo, duas horas e, no mínimo, 30 minutos para cada uma. Raramente fiz resumos. Sempre fiz anotações nos PDFs e acho que esse é o fator mais importante. Uma vez marcado, a releitura é 3x mais rápida. A primeira passagem era para a marcação e depois revisava o que havia destacado o máximo de vezes possíveis, dedicando cada vez mais tempo para exercícios, conforme se aproximava o dia da prova.
Em relação ao tempo, tinha cronogramas que variavam de 07:15 até 08:30 horas líquidas de segunda a sexta e 04:00 horas líquidas no sábado. Creio que isso seja muito pessoal. Meu rendimento caía consideravelmente após as 07:00 horas, então procurava não passar muito desse ponto, apenas quando o edital estava na praça e precisava ser mais agressivo. Para conseguir essa média, iniciava as 08:00 e finalizava por volta de 20:00, com os devidos intervalos para descanso e alimentação.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Marlon: Sim, estatística, contabilidade, matemática em geral. Não tem mágica: estudar com mais atenção, refazer os exercícios mais chatos várias vezes. Em caso de dificuldades com a compreensão do PDF, não hesitava em partir para o vídeo.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Marlon: A semana anterior é de revisão, dou preferência aos vídeos específicos de revisão para aquela prova. Faço anotações pontuais enquanto assisto. Releio-as, revejo os vídeos. É hora de garantir os 20% da matéria que contemplam 80% da chance de cair. A última semana não é para aprender, é para consolidar.
Já estudei enlouquecidamente na véspera da prova e isso me prejudicou, aumentou a ansiedade, prejudicou o sono. Nos próximos certames, será dia de descanso.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Marlon: Foi intenso. Ela representava 50% da nota final. Não tem outra alternativa a não ser praticar a escrita. Simular o dia da prova. Trabalhar fora da zona de conforto, escrevendo acerca de temas que não domina e não gosta. Acho muito importante que alguém faça a correção para você. Como conselho, deixo o seguinte: não há formulas prontas ou autores mágicos para a banca X e outros para a banca Y. Além disso, sempre estude com base em mais de um professor.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Marlon: Erros: sair buscando preparação com base em editais que estavam lançados, sem analisar com maior atenção cada área, suas vantagens e desvantagens. É muito importante para o concurseiro iniciante fazer um mapa das mais diversas áreas e, após essa análise, escolher em qual investir sua energia. Afinal, passará anos nessa batalha.
Acertos: ser perseverante e jamais deixar um resultado insatisfatório abalar. Buscar as causas dos erros e fortalecer a preparação. Concurso público não dá margem para imediatismo.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Marlon: Sem dúvidas, a abdicação do convívio com os amigos e família, do lazer, dos esportes. Entendo que quem quer ser nomeado deve estar disposto a abrir mão de um bocado de prazeres da vida por um período bastante considerável. Creio que todo concurseiro pensou em desistir um dia. Um protocolo e um cronograma rigorosos de estudo me auxiliaram a manter o foco. Se o pensamento está pra baixo, a concentração não vem, aumente o volume do vídeo, faça exercícios que exijam atenção, escreva, qualquer coisa, mas não deixe de estudar. No dia seguinte, você acorda melhor sabendo que cumpriu com o que se propôs a fazer.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Marlon: A evolução nos resultados. A percepção de que, quanto mais estudava, melhores eram as minhas colocações. Isso era válido também no desempenho em exercícios, não apenas nas provas. Sempre vi eu mesmo como meu maior “adversário”, precisava entrar na sala de prova e sair com 90% de acerto. O resto não importava. Essa visão ajudou a manter a motivação e o foco.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Marlon: Diria que vale a pena, contudo o concurseiro iniciante deve saber onde vai pisar. A batalha é longa e árdua. Entendo que é necessário mais energia do que para conseguir um diploma de nível superior, a depender do cargo ao qual visa. Quem se aventura para fazer provas sem preparo é mero pagador de inscrições.
Antes de iniciar a luta, converse com pessoas de confiança que já obtiveram resultados positivos. Mapeie as diversas áreas e possibilidades. Muitas pessoas chegam ao mundo dos concursos pelo desemprego, assustadas. Assim, jogam-se no primeiro edital e esse pode ser um grande erro que tomará preciosos meses de preparação, caso venha a mudar de área no futuro. A aprovação pode ser resumida em uma frase, talvez até clichê, mas muito verdadeira: “para conseguir o que apenas 0.01% consegue, você tem que fazer o que 99,99% não estão dispostos a fazer.” Boa sorte a todos os colegas!