Aprovado no Concurso PRF (MG)
“Ao longo dos meus cinco anos de preparação, o momento que eu menos esperava estar em condições para ser aprovado na instituição que eu sonhava, foi exatamente quando meus conhecimentos tinham se sedimentado e pude fazer uma boa prova. Mas não parou por aí, tive que vencer todas as outras etapas, não deixando a emoção tomar conta para eu não “quebrar a cara”. Por fim, depois de vencidas todas as fases, chegou a vitória!”
Confira nossa entrevista com Lucas Silva, aprovado no concurso da Polícia Rodoviária Federal para o estado de Minas Gerais:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Lucas Silva: Meu nome é Lucas, sou policial rodoviário federal. Sou natural de São Paulo, apesar de ser mineiro de coração, tenho 31 anos e sou formado em Ciências Físicas e Biomoleculares pela Universidade de São Paulo – USP.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que a área Policial?
Lucas: Até antes da universidade, apesar de eu sempre gostar de filmes na área policial, nunca pensei em seguir essa carreira. Ao longo de minha formação universitária, fiz minha iniciação científica na área de pesquisa de técnicas para combater o câncer e depois de um tempo vi que o trabalho laboratorial não era meu perfil. No meu último ano me deparei com alguns colegas comentando que iriam prestar o concurso da Polícia Civil de São Paulo para Perito Criminal, assim, procurei me inteirar mais do assunto e conhecer a atribuição de cada órgão policial. Para não sair tanto do tema dessa pergunta, a partir disso comecei a pesquisar e conhecer mais e senti a minha vocação nascendo ali. Quando me dei conta já passava horas vendo programas policiais no Youtube e comecei a me identificar mais com a área operacional das polícias. Por fim, depois de muita luta ingressei na Polícia Militar de Minas Gerais – PMMG, saí, por algumas particularidades para o TJSP, e agora, vim para a Polícia Rodoviária Federal – PRF.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Lucas: Fui aprovado na Polícia Militar de Minas Gerais, em 2016 – Soldado (2º lugar); Tribunal de Justiça de São Paulo, em 2015 – Escrevente (31º lugar); Defensoria Pública de São Paulo, em 2015 – Assistente Administrativo (1º lugar); Polícia Rodoviária Federal – Minas Gerais, em 2018 (10º lugar na região). Ainda tiveram outros concursos que eu não conto como aprovação que foram no TCE-SP, em 2015, e Polícia Civil de São Paulo, em 2014, para perito (em ambos eu fui excedente e nunca fui chamado).
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Lucas: Minha caminhada variou bastante, no início eu estudava e ajudava meu pai com trabalhos pontuais, ou melhor, tinha praticamente todos os dias disponíveis para os estudos. Nesse período fui aprovado no TJSP, na DPESP e na PMMG. O primeiro que me chamou foi a PMMG, a partir daí só estudei e trabalhei, o que eu achei muito melhor. Essa aprovação e formação na PM ocorreu em meados de 2016 e segui minha vida de concurseiro até 2019.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados na primeira fase do certame?
Lucas: Foi uma sensação muito boa, mas confesso que apenas em parte eu fiquei aliviado e realizado. Os concursos policiais são compostos por muitas etapas, então é preciso ter o foco em cada fase, como eu queria a PRF, não quis me dar ao luxo de relaxar em alguma delas e perder a chance de realizar o meu sonho. Só senti um alívio e uma verdadeira realização mais pra frente, que foi um dos momentos mais emocionantes que eu já passei, mas disso eu falo nas próximas perguntas.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Lucas: Durante meu período de preparação eu reduzi em boa parte minha vida social, apesar de sempre buscar um equilíbrio. Períodos com edital aberto, era praticamente zero, eu focava muito no que precisava cumprir e de vez em quando dava uma relaxada para não “surtar”. Na vida de concurso não adianta, você sempre vira o colega antissocial do trabalho.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Lucas: Sou casado, atualmente, não tenho filhos e morei a maior parte da minha jornada sozinho. Meus pais sempre apoiaram meus estudos, apesar de quererem, muitas vezes, que eu pegasse leve para não “surtar”. Sempre me ajudaram demais e me deram toda a confiança que eu precisava para batalhar.
Desde a PM-MG eu comecei a namorar com minha atual esposa e ela sempre me apoiou apesar de todas as dificuldades, dentre elas, o namoro a distância durante anos.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo)
Lucas: É algo muito particular. Como se pode ver, minha trajetória não foi nada linear, pois precisei estudar para diversos concursos dada a minha necessidade de independência financeira e a crise que se instalou no mundo dos concursos logo que eu comecei. O ideal é manter o foco em uma carreira, melhor ainda se for um órgão, e seguir nele, mas a realidade não é tão simples na maior parte das vezes.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Lucas: Direcionado foi por volta de 1 ano, mas as matérias gerais da carreira policial foram uns 4 ou 5 anos.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Lucas: Boa parte dos meus estudos foram sem edital e, quando muito, com boato de possível edital. A dificuldade é manter o foco no que você quer e nesse aspecto eu pequei muito até acertar.
A disciplina para os estudos é algo que se constrói, e não adianta se martirizar caso não consiga tudo o que quer num determinado dia ou semana. O que eu sempre fiz foi planejar o meu horário de estudos de cada dia, por exemplo: quando eu estava no TJSP, trabalhava das 9h até 17h. Acordava 5h30, tomava café e ia para a academia, para treinar para o Teste de Aptidão Física (TAF). Com o tempo de voltar e tomar banho, eu ainda tinha das 7h30 às 8h45 para estudar. No horário de almoço do trabalho (tinha 1 hora disponível) aproveitava para comer, ver algum vídeo rápido de determinado assunto e depois ia resolver questões. Na volta do trabalho, até deixar tudo em ordem, conseguia ter a partir das 18h30 livre para voltar a estudar. Eu evitava dormir muito tarde, então se for analisar com calma, eu não tinha tantas horas disponíveis de estudo, mas eu mantinha um cronograma. Quando eu ia visitar minha noiva (atual esposa), buscava desligar do estudo, salvo durante o percurso da viagem, e, quando estava realmente cansado, eu tirava um dia de folga para relaxar.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Lucas: Principalmente os PDFs do Estratégia. Bem no começo dos estudos eu me perdi um pouco com livros de pior qualidade. Mais para frente tentei outro cursinho com videoaulas, no qual percebi o baixo custo benefício de aprendizado. Depois comecei a pesquisar o material do Estratégia e “me toquei” que era muito melhor para o que eu estava procurando. No “fim das contas” a realidade é uma só: a prova é escrita. Logo, é necessário priorizar o material escrito e de boa qualidade.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Lucas: Conheci o Estratégia pela internet e por amigos, por meio de coleta de informações de bons cursos para concurso, a empresa se destacou.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Lucas: Essa foi minha dificuldade por muito tempo. Um video do Thomas Jorgensen e do Ricardo Vale que me ensinou a me organizar da melhor forma para minha realidade. Sendo assim, segui o método que o Estratégia preconiza, marcar os PDF’s (preferi estudar pelo notebook) e fazer o ciclo de estudos e revisões. Já que eu trabalhava, estudava em média 3 matérias por dia, mais as revisões. Como falei anteriormente resolvia muitas questões, tanto no “tempo livre”, como algumas vezes no meu trabalho anterior (que meu ex-chefe não leia isso). O ideal é: material, lei seca, questões, simulados e muita revisão.
É difícil falar exatamente quantas horas eu estudava por dia, mas não passava de 5 horas líquidas, nos finais de semana talvez chegasse a mais que isso. Mas eu não contava como tempo de estudos o que eu levava resolvendo questões, revisando e vendo videoaulas no almoço. Em suma, eu não acho que focar em horas de estudo seja um bom termômetro. No início, isso deve ser apenas uma das métricas, mas no longo prazo eu recomendaria ver como está seu rendimento em questões para todas as matérias.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Lucas: Sempre fui muito fraco em língua portuguesa, especialmente no padrão da Cebraspe, então eu ataquei muito essa matéria no auge da minha preparação. Acredito que para a PRF foi um dos grandes fatores que me levou à aprovação.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Lucas: Foi engraçado até, mas na semana anterior à prova e na véspera eu tinha plena certeza de que não iria passar. Até falei isso para minha noiva quando fomos comprar lanche para o dia da prova. Na semana anterior eu concentrei na resolução de questões e tentei pegar mais alguns assuntos “decorebas”, que eu não gostava, como as Resoluções do Contran (hoje eu adoro a fiscalização de trânsito). Na véspera da prova eu descansei, aproveitei para passear, descansar e chegar com a cabeça tranquila para a prova.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Lucas: A prova discursiva foi de suma importância para esse concurso, que teve notas de corte altíssimas. Eu redigi algumas redações ao longo da minha preparação específica e já tinha treinado outras vezes como no concurso da PF 2018, mas depois que tomei um susto nas notas registradas pelos candidatos, vi que deveria ter praticado mais. Aconselho fazer no mínimo uma redação por semana.
Estratégia: Como foi sua preparação para o TAF e para as demais etapas?
Lucas: Desde que decidi seguir carreira policial, mantive um treino constante da parte física. Apesar de alguns descuidos ao longo dos anos, isso sempre acompanhou meus estudos. Se alguém quer seguir a área policial, treinar deve ser algo incorporado à sua natureza, então recomendo se exercitar desde o primeiro dia de estudos.
Quando saiu o resultado da prova objetiva, eu contratei um personal trainer que me ajudou especificamente para melhorar meus índices.
Na etapa dos exames médicos é possível ter uma tranquilidade, caso você tenha uma vida saudável, se organize e siga com afinco o edital. Mas recomendo se preparar psicologicamente, é uma fase cara e cansativa.
Para o exame psicológico eu estudei manuais dos testes na internet (não arrisquem deixar seus sonhos com a sorte da sua interpretação no dia do “psico”).
Para o curso de formação policial (CFP) eu mantive foco total. Me organizei de forma que pudesse me dedicar somente à UniPRF e tomei todos os cuidados possíveis para não me machucar e não arriscar qualquer “vacilo” (fiquei sem beber nada alcoólico durante todo o CFP).
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Lucas: Meu maior erro foi fazer poucas redações ao longo da preparação, isso quase custou minha vaga. Meus maiores acertos foram: atacar as disciplinas básicas (Português, Raciocínio Lógico, D. Constitucional e Administrativo, Informática e Trânsito), sem desprezar as outras matérias e tratar cada etapa do concurso como uma estaca zero. Como diriam os coordenadores do Curso de Formação Policial: “Só acaba quando termina”.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, o que te motivou a seguir em frente?
Lucas: A época que eu iniciei os estudos para concursos foi exatamente o período que se instalava uma crise na área. Amigos que prestaram 1 ou 2 anos antes enfrentaram uma realidade completamente diferente. Isso, aliado a minha necessidade de possuir independência financeira foram reais obstáculos na jornada, porque me permiti desfocar da área que eu realmente queria em alguns momentos. Posteriormente, eu estava morando numa cidade distante da minha esposa, juntando tudo isso, a sua cabeça fica uma bagunça. No final, o decisivo foi ter muito claro o porquê de tudo o que eu fazia. Eu sabia qual era minha vocação e, depois que eu conheci um pouco mais sobre a PRF, eu vi que era exatamente o que eu queria. Isso me deu força para ter disciplina, buscar curtir a jornada de estudos, até de matérias que eu tinha dificuldade e enfrentar os problemas que apareciam no caminho.
Estratégia: fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Lucas: Se você quer a carreira policial, saiba que ela está no mundo dos concursos, mas não tem nada a ver com outras carreiras. O concurso é longo e desgastante, a concorrência está alta e bem qualificada, dado o tempo de crise, e você deverá “ralar” muito para chegar onde almeja. Precisará se dedicar aos estudos, assim como, na parte física, manter a saúde em dia e ter uma conduta condizente com a profissão almejada. Caso você realmente queira, nada disso que eu acabei de comentar vai importar.
Ao longo dos meus cinco anos de preparação, o momento que eu menos esperava estar em condições para ser aprovado na instituição que eu sonhava, foi exatamente quando meus conhecimentos tinham se sedimentado e pude fazer uma boa prova. Mas não parou por aí, tive que vencer todas as outras etapas, não deixando a emoção tomar conta para eu não “quebrar a cara”. Por fim, depois de vencidas todas as fases, chegou a vitória!

Sabe o momento que eu citei anteriormente como um dos mais emocionantes da minha vida? Este momento foi registrado nessa foto, sou o segundo marmanjo, em posição de descansar, tentando segurar o choro. Esse foi o dia de nossa formatura na UniPRF, onde o Diretor Geral da Polícia Rodoviária Federal acabava de assinar nossa nomeação.
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Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação?! Mande um e-mail para: [email protected]
Até a próxima! ;)
Jéssica Vasconcelos