Aprovado no concurso da Polícia Rodoviária Federal (Pará)
“Não existe mistério. Estudar e não parar, sempre buscando maneiras de otimizar o aprendizado. É uma receita certa que se você seguir, terá sucesso. O que pode variar é o tempo. O tempo é inversamente proporcional ao teu empenho. Quanto mais você se entregar, mais rápido você conseguirá chegar ao teu objetivo”
Confira nossa entrevista com Roberto E. M., aprovado no concurso da Polícia Rodoviária Federal do Pará:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Roberto E. M.: Me chamo Roberto E. M., sou natural de São Paulo mas vivi nos últimos anos em Recife PE. Sou Arquiteto e Urbanista com um duplo diploma Brasil/França. Tenho 39 anos.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que a área Policial?
Roberto: Percebi que o ramo da construção civil estava sucateado no Brasil. Poucas ofertas de trabalho, a maioria sem carteira assinada, com salários que não chegavam nem a metade do piso do profissional. Percebi que quanto mais formação você tinha menos interessados estavam os recrutadores. Knowhow e conhecimento já não eram mais prioridades para ser contratado mas sim o baixo salário e a disponibilidade infinita para o trabalho. Ao tentar ser autônomo percebi que a qualidade do trabalho que você desempenha não era tão importante para o cliente quanto a popularidade do profissional. Aceitava todo tipo de trabalho por qualquer soma. Me senti prostituído no meu “métier” mas precisava arcar com minhas responsabilidades. Me via cada vez com mais trabalho, menos tempo e menos remuneração. Não achei que seria justo com minha filha, perdurar neste modo operacional e, ao vê-la bebê, prometi que teria um trabalho estável com uma remuneração justa e tempo pra poder educá-la da melhor maneira. Foi aí que pensei em concursos públicos. Escolhi a área policial porque sempre tive perfil e por possuir uma escala de trabalho que me permitiria passar bastante tempo com minha pequena. Também achei que seria através dessa área que poderia lutar diretamente por um futuro melhor para ela e para minha pátria.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Roberto: Trabalhei e estudei sempre. Foi difícil me organizar no começo mas depois entendi que deveria entregar toda minha energia e mais, se quisesse ter algum resultado. Então trabalhava de dia e de tarde, cuidava da minha filha à noite enquanto a mãe dela fazia sua faculdade e quando ela dormia estudava até de madrugada. Dormia 4 ou 5 horas por dia.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Roberto: Fiz poucos concursos. Acordei tarde para o que representava o serviço público. Mesmo porquê, passei 12 dos últimos 17 anos fora do Brasil. Fiz ABIN, PF, TC-PE e PRF. Este último fui aprovado dentro das vagas e, ainda que regionalizado e tendo escolhido o Pará como lotação, minhas notas me permitiriam entrar em praticamento qualquer estado brasileiro. Estudei em média 3 meses para cada concurso. Tempo de estudo total de pouco mais de um ano.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados na primeira fase do certame?
Roberto: Fiquei feliz mas bem contido porque, para mim, só acaba quando você toma posse.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Roberto: Não tinha muita vida social. Só saía para correr e treinar para o possível Teste de Aptidão Física TAF, e no caminho de volta aproveitava pra fazer compras, ir ao banco… Tarefas indispensáveis de uma vida normal.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Roberto: Era separado na época dos estudos mas tinha uma relação de parceria, dividindo tarefas do dia a dia com minha ex esposa; entre elas, cuidar da minha filha de pouco mais de um aninho. Morava só. Não tive o apoio que esperava. Pessoas te apoiam até se sentirem comprometidas com tua reclusão para os estudos. Depois disso, contestam teus planos ou te colocam ainda mais pressão. Não conte com motivação além de você mesmo; se tiver, você é um grande privilegiado.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Roberto: Acho que vale a pena fazer qualquer concurso desde que se tenha consciência de que trabalho é trabalho; algo necessário que te dá meios para alcançar paralelamente grandes objetivos da sua vida pessoal. Agora se você quer encontrar a felicidade no trabalho, acho melhor escolher somente aqueles concursos que você se identifica mais.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Roberto: Estudei três meses sendo que em dois eu tirei férias e me dediquei exclusivamente; mais a bagagem de outros 3 meses de estudo que havia feito para o concurso da Polícia Federal que tem edital bem similar ao da PRF. Portanto, um total de 6 meses de estudo.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Roberto: Cheguei a estudar sem edital publicado, mas foi por pouco tempo devido a proximidade de datas que os concursos que escolhi foram publicados.
Manter a disciplina talvez seja o mais difícil para um candidato. Cuidar do emocional é tão ou mais importante do que a bagagem de conhecimento. Aprendi isso tendo falhado no concurso da PF onde estava muito preparado intelectualmente mas emocionalmente raso, tendo, por nervosismo, transcrito questões de maneira errada da prova para o gabarito perdendo 8 pontos de questões que estavam corretas, sendo estes suficientes para suprir aquele um ponto que precisei para passar no final.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Roberto: Como havia comprado o material do Estratégia para o concurso da Polícia Federal e o edital do concurso PRF fora muito similar além de datas muito próximas, eu acabei usando este material da PF mesmo e acrescentei, o código de transito, resoluções do contran e alguns livros complementares que peguei numa biblioteca.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Roberto: Conheci através da indicação de uma amiga.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Roberto: Tive dois planos de estudos diferentes, um enquanto ainda trabalhava e outro quando estava de férias e tinha dedicação exclusiva para o estudo (além de cuidar da casa e da minha filha, bem entendido). O primeiro tinha 5h líquidas e no segundo umas 12h líquidas. Ciclo com 6 matérias por semana alternando no mesmo dia no máximo 3 e sempre misturando as mais teóricas com as mais práticas.
Lia o PDF e fazia os exercícios. Matérias em que tinha muita dificuldade de compreensão, assistia os vídeos na velocidade 1,5x. Sábado fazia a revisão semanal e domingo passava o dia fazendo e corrigindo simulados. Chegava a fazer uns 3 simulados contemplando também a redação.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Roberto: Pra ser honesto tinha dificuldade com quase todas as diciplinas no começo. Passei muito tempo fora do Brasil e estava bem desatualizado com pouca interação com nossa língua, legislação, atualidades, comportamento… Sempre tive medo de direito, achava algo bem inacessível, muita informação numa linguagem muito rebuscada, sobretudo devido meu perfil e formação (arquitetura). Mas me forcei a estudar e vi que não era nada de outro mundo. As matérias que me exigiram mais foram Português e Raciocínio lógico para a PRF, para a PF foram Contabilidade, Estatística e Tecnologia da informação.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Roberto: A reta final foi bem corrida, somente revisava, aula por aula e assistia vídeos de maratonas quando estava muito cansado. Também fazia muitos simulados específicos de cada matéria. O passo estratégico ajudou. Na véspera da prova estudei como qualquer outro dia.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Roberto: A prova discursiva é muito importante. Tive uma experiência ruim ao ser subavaliado e tive que entrar com recurso. Escrevo este depoimento sobretudo em gratidão ao excelente professor e ser humano incrível, professor Carlos Roberto do Estratégia. Graças ao recurso que fizemos juntos, saí da nota de corte e ganhei importantes pontos na nota final. Digo que, sem esse profissional engajado e competente eu não contaria minha história aqui hoje. Serei eternamente grato. Eu aconselho a fazer muitas redações e contratar um serviço de correção com alguém da área. Contratei um serviço de correção com professores que não eram da área e só a forma podia ser avaliada e não o conteúdo, sendo assim minhas redações praticadas eram consideradas boas mas, na verdade, era por falta de profundidade nas correções.
Estratégia: Como foi sua preparação para o TAF e para as demais etapas?
Roberto: Fui atleta de artes marciais e esportes coletivos mas não me acomodei por isso. Treinava 3 vezes por semana, refazia a prova do TAF no final de cada treino. Tinha que ter margem em cada modalidade pra me sentir seguro. Comprei uma barra de porta e fazia barras nos intervalos de cada “pomodoro”. Corria no momento mais quente do dia. Achava que se conseguisse fazer naquela situação, poderia fazer em qualquer outra. Fui uma das melhores notas do TAF.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Roberto: Meus maiores erros foram subestimar as matérias que já tinha certo conhecimento prévio como Português, por exemplo. Outro erro já citado foi não me preparar emocionalmente. Não adianta saber muito se ficar nervoso e perder a mão na hora da prova.
Meu maior acerto foi não ter tido pena de mim mesmo. Apesar das condições difíceis, de muita entrega e penitência, de falta de compreensão e apoio; sempre haverá uma história de superação muito maior do que a tua. Lembre-se delas e entregue seu corpo e sua alma pra depois colher os resultados.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, o que te motivou a seguir em frente?
Roberto: Não pensei em desistir mas tive baixas na moral. Quando isso acontecia pensava no legado que deixaria pra minha filha. Tomava um gole de café e continuava.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Roberto: Não existe mistério. Estudar e não parar, sempre buscando maneiras de otimizar o aprendizado. É uma receita certa que se você seguir, terá sucesso. O que pode variar é o tempo. O tempo é inversamente proporcional ao teu empenho. Quanto mais você se entregar, mais rápido você conseguirá chegar ao teu objetivo.
Tente lembrar que o que difere você dos teus concorrentes é o que você faz a mais que eles. Me lembro que estudei durante a copa, enquanto o Brasil jogava, eu estudava muito. Só ligava a televisão pra ver o “replay” do gol quando ouvia a gritaria na rua e em seguida voltava aos estudos. Morria de vontade de assistir as partidas mas lembrava que era a oportunidade de fazer algo a mais que meus concorrentes, que na sua grande maioria estavam assistindo ao jogo.
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Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação?! Mande um e-mail para: [email protected]
Até a próxima!
Jéssica Vasconcelos ;)