Aprovado no concurso ICMS BA
“Nunca deixem de acreditar, pois pode demorar e ser muito doloroso, mas o melhor está por vir”
Confira nossa entrevista com Roberto Carneiro Leão Maia – Aprovado no concurso ICMS BA no cargo de Auditor Fiscal – Área Administração Tributária:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Roberto Maia: Tenho 28 anos e sou natural de Recife, Pernambuco. Sou formado em Engenharia Civil pela UFPE, concluí o curso no início de 2017.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Roberto: Foi uma reviravolta, na verdade. Eu sempre fui voltado para iniciativa privada, trabalhei em grandes empresas e no final do meu ano de formação tentei me mudar para São Paulo, para ingressar como Trainee em alguma empresa. Fiz diversos processos seletivos e diversas entrevistas lá, mas não deu certo.
À medida que minha formatura se aproximava, minha insatisfação com a perspectiva de trabalho só piorava. Ganhava pouco, trabalhava muito e não estava satisfeito com as atribuições do meu emprego. Trabalhava em uma empresa de consultoria em projetos de engenharia civil.
Assim, após receber uma péssima proposta no trabalho, na qual teria que me mudar para uma cidade de baixa qualidade de vida no interior do Norte do país ou meu emprego estaria ameaçado, comecei a analisar o mundo dos concursos.
Nesse meio tempo um parente meu me informou sobre o concurso do TCE-PE que estava para sair. Fiz uma visita a sede do tribunal e vi a importância do serviço, a qualidade e a grande estrutura do órgão.
Decidi, então, enfrentar essa árdua batalha e pedi demissão no mês seguinte do meu emprego. Para tanto, foi essencial o apoio da minha família.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Roberto: Minha dedicação para o estudo era integral. Como meu trabalho exigia mais do que 9h por dia e meu salário era muito baixo, não tinha vantagem continuar trabalhando. No entanto, tive essa opção pois minha família me ajudou com as contas.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Roberto: Fui aprovado no cargo de Técnico Tributário da Receita Estadual do Rio grande do Sul, em 2019, na 9º posição
Fui aprovado no cargo de Auditor Fiscal – Área Administração Tributária da SEFAZ Bahia, em 2019, na 11º posição.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Roberto: Lembro como se fosse hoje. Virei a noite aguardando o diário sair. Ao ver meu nome, comecei a tremer e chorar ao mesmo tempo. O sentimento de que tudo valeu a pena, de que todo sacrifício foi pago, de dever cumprido. O mais emocionante é ver as pessoas que sempre te apoiaram orgulhosas de você.

Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Roberto: Primeiramente eu tentei adotar uma postura radical o que, após algumas provas, se mostrou insustentável. Notei que estava prejudicando meu rendimento e saúde mental. A postura radical me fez ir para a posição 449 no concurso de Auditor Fiscal da SEFAZ RS.

Após adotar o equilíbrio na rotina, consequi a aprovação em 11º na SEFAZ BA para Auditor Fiscal. O equilíbrio era buscar mais convívio social, manter sempre a prática de esportes (jogava basquete TODA semana). Em suma, era não deixar de viver e estabelecer metas coerentes.
Acreditar que abdicar de quase todo convívio social para elevar algumas horas de estudo no final de semana foi extremamente prejudicial. Deixei de ir a casamentos de amigos próximos, festas, aniversários, encontros comuns e etc. Saber que estava abdicando de tanta coisa elevou ainda mais a ansiedade, pois significava que se eu não passasse todo esforço e eventos perdidos seriam em vão.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Roberto: Estou noivo no momento. Minha noiva também estuda para área fiscal e estamos sempre juntos fazendo prova e, quando possível, fazendo questões e debatendo matérias. Para mim foi fundamental ter alguém para desabafar e conversar sobre o mundo dos concursos pois, por mais que seus familiares apoiem você, é diferente você ter alguém que sabe exatamente o que você está passando e porque isso estressa tanto.
Moro com meus pais e eles me apoiaram desde o início nessa jornada. Meus irmãos também me ajudaram bastante. Um sempre pagava minha taxa inscrição e o outro me dava uma ‘mesada’ para poder sair de casa.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Roberto: Acho que você deve escolher uma área e focar nela. Ficar migrando de área em área é uma perda de tempo enorme. Inicialmente, eu tentei fazer o concurso do TCE/PE, pois era o concurso que estava quase saindo e era no meu estado. Por faltar pouco tempo para a prova, decidi fazer para o cargo de Auditor de Obras Públicas, cargo específico para Engenheiro Civil. Fiquei uns 4 meses estudando até a prova e não passei.
Fui em busca de um resultado rápido, por achar que era formado em Engenharia teria facilidade. Foi uma péssima escolha. Perdi meses estudando matérias que não seriam aproveitadas e perdi meses sem estudar matérias básicas como Direito Constitucional e Direito Administrativo.
Após perder todo esse tempo, resolvi focar na área fiscal e, com o devido tempo, os resultados apareceram. Portanto, migrar de área em área é, no meu ponto de vista, perder tempo. Se tivesse focado na área fiscal desde o início, tenho certeza de que encurtaria meu tempo para aprovação.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado? Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Roberto: Após o fiasco de estudar para um cargo de engenharia que durou 4 meses, comecei meu estudo em outubro de 2017 para área fiscal. Fui aprovado no cargo de Técnico Tributário – SEFAZ RS com 1 ano de 2 meses de estudos e para o cargo de Auditor Fiscal – SEFAZ BA com 1 ano de 8 meses de estudo para área fiscal.
Não conheço ninguém que tenha passado estudando apenas com a publicação do edital. A preparação para a prova começa muito antes. Você sempre estará estudando para a sua área de escolha e, com a saída do edital, apenas é feito um direcionamento.
Disciplina é algo que deve ser exercitado dia após dia, criar uma rotina ajuda muito. Estar motivado também ajuda na disciplina. O fato de pesquisar muito sobre o faz um Auditor Fiscal e suas atribuições me fez ficar apaixonado pelo cargo e isso me motivava bastante.
Motivação é algo muito pessoal, por isso que sempre digo que o autoconhecimento é essencial para um concurseiro. Já vi colegas que odiavam tanto o chefe que usavam isso como motivação, colocando uma foto do chefe na mesa de estudos.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Roberto: Usei uma variedade de tipos de materiais. Para os direitos básicos comprei livros, para matérias que tive muita dificuldade usei videoaulas, para as demais PDF’s.
Videoaulas são importantes quando você tem dificuldade na matéria. Te ajudam a ver o conteúdo de forma mais cadenciada. As videoaulas de Adriana Figueiredo e Silvio Sande são as melhores que existem.
PDF’s ajudam na velocidade e objetividade, mas leva um tempo para se acostumar a ler em tela de computador e tablet, por isso que no início usei alguns livros.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Roberto: Logo no início da minha preparação para área fiscal, eu comprei o curso da Receita Federal e foi quando tive meu primeiro contato com o Estratégia. Encontrei o Estratégia com uma simples pesquisa no Google, pois era o cursinho com mais aprovações no último certame da RF.
Após isso, como não saiu o concurso da Receita, comecei a migrar para os fiscos estaduais e para minha preparação para SEFAZ BA, comprei a assinatura ilimitada por um ano.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Roberto: De início montei um ciclo de estudos para poder vencer as matérias básicas de concursos da área fiscal. Para o ciclo, programava revisões periódicas do conteúdo visto. Não é a maneira mais eficiente, mas é a melhor maneira para quem está iniciando. Para os direitos fiz marcações nos livros e PDF’s, e para matérias com dificuldade fiz resumo em caderno. Algumas outras matérias fiz mapas mentais.
Quando decidi fazer SEFAZ GO, já possuía uma bagagem da vida de concursos e um autoconhecimento. Assim, decidi montar um horário e dividir matérias entre avanço e revisão.
De manhã eu avançava em matérias novas e de tarde fazia revisões. Avançava 2 ou 3 matérias de manhã e revisava 4 à tarde/noite. Avançava de manhã, pois estava com a cabeça fresca e de tarde focava em exercícios e resumos.
Em média, por dia, fazia 8 horas líquidas e nos finais de semana 4 horas por dia.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Roberto: Português e Contabilidade eu tive muita dificuldade. Por isso, passei a concentrar mais horas nessas matérias. Estudava quase todo dia português.
Outro passo foi selecionar um professor que soubesse transmitir o conhecimento em vídeo e um curso que saísse do zero. Foi aí que me deparei com Silvio Sande e Adriana Figueiredo.
Após alguns meses batalhando todos os dias com essas disciplinas comecei a ver meu resultado nas provas. Na SEFAZ BA acertei 100% em contabilidade e 80% em português.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Roberto: Próximo da prova foquei mais em questões e descansar um pouco. Um final de semana antes de viajar para a Bahia, eu fui para praia. Esse é o momento de revisar e fazer questões, não aprender coisas novas, nada de perder horas de sono.
Só evitei jogar basquete para não lesionar minha mão, pois tinha prova discursiva.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Roberto: Provas discursivas requerem muito treino, da mesma forma que provas objetivas. O problema é que demora muito para fazer uma questão discursiva, o que leva as pessoas a fazerem poucas questões durante a preparação.
Da mesma forma que você pega o ritmo fazendo questões objetiva e consegue controlar o tempo, o mesmo pode ser feito para questões discursivas.
Faça o máximo de temas possíveis, além das questões anteriores, pegue temas inéditos. Eu tenho um grupo com 3 amigos concurseiros e nós trocávamos temas inéditos de discursivas.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS.
Roberto: Vou apresentar 3 conselhos básicos que aprendi por meio de erros cometidos.
1 – Saiba, de fato, qual área você quer prestar concurso;
2 – Faça simulados (para SEFAZ GO eu não fiz nenhum e isso prejudicou como eu administrei meu tempo na prova);
3 – Equilibre sua vida, isso ajudou demais na minha saúde mental e desempenho em provas. Uma rotina insustentável leva a resultados insustentáveis.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Roberto: Acho que várias vezes. O medo de nunca ser aprovado surgiu em cada queda. Nessas horas é essencial tirar férias e focar nos motivos que te levaram a decidir e estudar para concursos. Após suas férias, é necessário fazer uma auto avaliação e tentar entender quais os motivos que te levaram aquele resultado.
Compreendendo os motivos, o próximo passo é buscar soluções para eles. Parece simples escrever esse passo a passo, mas é algo extremamente difícil de fazer.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Roberto: Colei um papel na minha porta pouco tempo depois que comecei a estudar. Nele estava escrito “NÃO PERTURBE. FUTURO AUDITOR ESTUDANDO…”
Durante meses fechava essa porta todos os dias e começava uma batalha diária, com diversas matérias que não fazia ideia do que se tratavam. Eu não sabia diferenciar Direito Tributário de Direito Financeiro há 2 anos atrás.
O tempo foi passando e fui pegando gosto pelas matérias, encontrando dificuldades e superando-as aos poucos – com muito estresse, óbvio.
Com 1 ano de estudos fiz Sefaz GO, decidi fazer com 1 mês de edital aberto, pois ainda tinha esperanças para RFB. Foi um tapa na cara, não consegui terminar a prova e fiquei na posição 223.
No dia que ficou sacramentada a vitória da prova da Sefaz BA – fiquei dentro das vagas na posição 11 – minha mãe chorosa escreveu nesse papel “Aprovado”.
Um papel que sempre expressou algo incerto, hoje traz meu futuro. E tenho certeza de que será o futuro de vocês que estão batalhando todos os dias. Nunca deixem de acreditar, pois pode demorar e ser muito doloroso, mas o melhor está por vir.