Aprovado no concurso ISS São José do Rio Preto
“Na verdade ninguém segue à risca suas metas e, se você não seguir, não significa que não será aprovado! Não existe rotina perfeita a ser seguida, o que importa é a constância atrás do seu objetivo. Se o concurseiro conseguir seguir à risca suas metas, muito bom, mas se não, não precisa se punir de uma forma que atrapalhe seus estudos (e seu psicológico). Cada um tem seu limite!”
Confira nossa entrevista com Matheus Pires de Medeiros, aprovado em 5º lugar no concurso ISS São José do Rio Preto:
Estratégia Concursos: Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Matheus Pires de Medeiros: Sou formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Tenho 27 anos e sou de Uberlândia – MG.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Matheus: Quando estava terminando a faculdade, vi que o mercado de engenharia civil estava bem baixo. Como eu não tinha realizado uma faculdade de forma dedicada, consequentemente ia ser complicado conseguir um bom emprego e bom salário na minha área. Então resolvi procurar outras maneiras de me realizar profissionalmente e logo surgiu a possibilidade de realizar concursos públicos. Comecei estudando aproximadamente 3 meses para a PRF, mas depois já migrei para os estudos da área fiscal.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Matheus: Sempre me dediquei integralmente aos estudos, com o auxílio financeiro dos meus pais.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Matheus: Fiquei bem classificado no ISS Manaus (24º lugar), que ofertava 10 vagas imediatas. Aprovado foi somente no ISS São José do Rio preto (5º lugar), que ofertava 10 vagas imediatas também.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Matheus: Foi ótima e incomparável. Vem o filme na cabeça de todos os sacrifícios realizados, você vê efetivamente que sua jornada teve um final positivo, mesmo com vários problemas no caminho. É um peso enorme que sai dos ombros. Desejo isso para todas as pessoas que estão lendo essa entrevista!!
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Matheus: Minha vida social foi sendo restringida em escalas. Na época em que eu não me doava 100% aos estudos, ainda curtia o final de semana com os amigos, namorada e família. Isso durou aproximadamente 1 ano e 3 meses. Porém, quando saiu o edital da SEFAZ-GO, em 2018, mudei radicalmente minha postura e deixei de fazer todas as atividades de lazer para focar nos estudos, durante 3 meses e meio.
No final, não fui aprovado, mas considero esse pós-edital um marco para a mudança de mentalidade que obtive, estudando com mais responsabilidade e compromisso até meu objetivo final (que durou mais 1 ano e 1 mês). Na minha opinião, para sermos aprovados, temos que sair da nossa zona de conforto, a rotina tem que doer de verdade, aí então estaremos seguindo o caminho mais rápido para a aprovação.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Matheus: Eu namoro e moro com meus pais. Ambos entenderam perfeitamente minha rotina e me apoiaram 100%. Nesse quesito, tive muita sorte! Poucas vezes tive que sair da minha rotina a pedido dos meus pais ou da minha namorada, então sempre levava meu dia de acordo com minha agenda de estudos, sem interferência.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo)
Matheus: Na minha opinião isso é um grande erro depois que você já desenvolveu conhecimentos específicos para determinada área. Você tem que focar em uma área e não sair dela, esperar grandes oportunidades aparecerem. Dentro da própria área que você escolher, ainda tem que ordenar os concursos que prefere realizar, caso saiam vários editais concomitantemente.
Vou dar meu exemplo: quando saiu o edital da SEFAZ-GO, em 2018, pouco tempo depois saiu o da SEFAZ-SC e da SEFAZ-RS. Eu não estava com uma base sólida para realizar esses três certames, mas mesmo assim me inscrevi em todos. Foi um erro enorme, pois devia ter pulado a SEFAZ-SC e focado 4 meses no pós-edital da SEFAZ-RS. Em vez disso, usei 1 mês e meio para a SEFAZ-SC e 2 meses e meio para a SEFAZ-RS, com bancas diferentes para piorar!
Ficar pulando de edital em edital não consolida o conhecimento nas matérias do jeito ideal e isso atrasa consideravelmente a aprovação do concurseiro. Claro que em circunstâncias especiais, como a ausência prolongada de concursos da sua área, ou atípica como o Coronavírus, você deve aproveitar oportunidades em áreas diferentes. Mas a regra é: foque em uma área até sua aprovação.
Agora, se o concurseiro aceitar fazer o famoso “concurso escada”, é uma ótima opção! Desde que ele se dedique desde o começo para o concurso intermerdiário, e, depois de alcançar êxito, estude para o concurso que é o seu objetivo final.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Matheus: Somente o pós-edital (3 meses), mas já tinha 2 anos e alguns meses de estudos na área fiscal.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Matheus: Sim, durante 2 anos e meio. A disciplina realmente é fundamental em nossa jornada, porém a maioria dos concurseiros (e eu me incluo) pensam que ela deve ser engessada. Por exemplo: se você não estudar 8h por dia, não vai ser aprovado. Isso é uma ilusão, que só enxerguei quando estava mais experiente nos estudos. No geral, tentava seguir uma rotina, mas em vários dias (a maioria!) não cumpri 100% com as metas que me propus. Como para mim o “certo” era estudar 8h por dia, me punia muito mentalmente quando não batia essas horas e esse pensamento “engessado” me atrapalhou durante bom tempo.
Na verdade, ninguém segue a risca suas metas e, se você não seguir, não significa que não será aprovado! Não existe rotina perfeita a ser seguida, o que importa é a constância atrás do seu objetivo. Se o concurseiro conseguir seguir à risca suas metas, muito bom, mas se não, não precisa se punir de uma forma que atrapalhe seus estudos (e seu psicológico). Cada um tem seu limite!
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Matheus: Por meio de pesquisa na Internet.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?
Matheus: Usei cursos em PDF e poucas videoaulas (Português). Para mim, o PDF era ideal, bom para revisão e com vários exercícios para fixar a matéria. Livros são muito grandes e de baixo custo-benefício. Passa quem acerta mais questões e o PDF está de acordo com essa premissa.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Matheus: Eu não tive uma rotina que segui do começo até o final dos meus estudos, pois testava várias maneiras de pós edital quando surgia uma oportunidade. Porém, a que considero mais eficaz depois de vários erros e acertos é escolher apenas um material em PDF por matéria, ler e grifar pontos importantes para revisão. Depois, assinar um site de questões para massificar o conhecimento obtido. A partir dai, você vai revisando as matérias que possui mais dificuldade, de acordo com seus erros nas questões.
Esse é um processo demorado, mas primordial para o avanço nas matérias. A pressa em terminar os estudos em PDF vai ter um preço caro mais para frente, geralmente atrasando a aprovação do concurseiro. Vejo que muitos querem passar rápido pelo PDF e ir direto para as questões. Eu considero isso um erro, pois a parte teórica é importante para formar uma base. Minhas melhores matérias foram as que estudei com calma e, quando um edital era publicado, bastava reler meus grifos e fazer umas questões que acertava 90-100%. Claro que existem exceções, pois tem matérias que são cobradas sempre de forma superficial para área fiscal e assim a leitura completa do material em PDF se torna dispensável.
Em relação a quantidade de matérias, estudava de 4 a 8 matérias por dia. Ao mesmo tempo não tem limite, pois acredito que o concurseiro deve estudar todas as matérias cobradas no edital (no final dos meus estudos já tinha estudado 23 matérias). Hoje não tem mais bobo prestando concurso para área fiscal, então o certo é esgotar a maioria dos assuntos de todas as matérias! Não é uma regra, mas é o ideal.
Não gostava de resumos, mas fiz pontualmente alguns para matérias complicadas (ex: reunir fórmulas de macroeconomia em uma folha). Para mim, o método mais efetivo é grifar o material em PDF, para posteriores revisões.
Quantas horas estudar por dia? Não tem uma regra. Minha média diária final foi de 5 horas e 53 minutos líquidos por dia. Igual falei anteriormente, nós, concurseiros, giramos em torno desse mito de 8 horas diárias, mas nada adianta eu cumprir com elas de segunda a quinta e na sexta eu estudar 2 horas. Portanto, estime quantas horas você consegue estudar com qualidade e sem falhar. Passei quase 2 anos me punindo por não estudar 8 horas líquidas de segunda a sábado e isso foi um fator negativo e desnecessário na minha jornada. Não cometam esse erro também!
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Matheus: Meu problema foi Português, sempre tive dificuldade com essa matéria. No começo ficava empurrando para frente as tarefas necessárias para melhorar meus acertos, porém esse descaso não durou muito tempo. Português é uma das matérias mais importantes para qualquer concurso, então decidi que devia ver quantos cursos fossem necessários para que eu pudesse melhorar meus acertos. O segredo é não ter preguiça e nem preconceito de que não consegue aprender tal assunto. Vai cair na prova e você vai ter que acertar, não adianta fugir!
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Matheus: A semana que antecede a prova é muito importante, sempre faço muitas questões e reviso pontos que sou mais fraco em cada matéria, dando ordem de importância de acordo com o peso da disciplina e o número de questões.
Véspera de prova é guerra. Para o ISS São José do Rio Preto, por exemplo, fiquei lendo a legislação tributária municipal durante todo o sábado e pelo domingo de manhã também (a prova foi domingo à tarde).
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Matheus: O jeito mais eficaz, na minha opinião, de estudar para discursivas é procurar provas da MESMA BANCA aplicadas em certames anteriores e, assim, tentar entender o método de cobrança. Em 99% das vezes, as questões vêm com o mesmo modelo, então basta ler a matéria cobrada de um jeito inteligente, pensando em como a banca poderia cobrar tal assunto. Um erro que cometi foi fazer mais de 30 estudos de caso como teste, para me adequar ao dia da prova. Essa quantidade é exagerada, pois o concurseiro precisa apenas aprender o “molde” que a banca cobra (principalmente se for a FCC), depois o mais importante é o conteúdo! Então meu conselho é: foque primeiramente no “molde” da questão, depois que aprender, parta para a coleta de informações com maior possibilidade de cobrança.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Matheus: Meu grande erro foi fazer quase todos os editais que eram publicados. Isso não me deixou formar uma base sólida em matérias como Direito Administrativo, Português, entre outras. Então ao longo da minha jornada tinha que ficar “reparando” o conhecimento de matérias que tinha que saber decoradas. Por isso, sugiro que o aluno não tenha pressa para aprender, porque no final a confiança e, consequentemente, a aprovação virão mais rapidamente. Sei que é difícil dispensar um edital aberto, mas é necessário em algumas situações.
Outro grande erro foi, como dito anteriormente, fixar uma determinada quantidade de horas líquidas de estudos como ideal, sem analisar minha capacidade física e mental. Isso me roubou muita energia e paz psicológica durante minha jornada, pois me baseava exclusivamente em uma meta de tempo que não era compatível com o meu perfil e achava que não ia obter êxito se não cumprisse as sagradas 8 horas diárias. Não façam isso com vocês também, sigam um ritmo que deixem vocês cansados, porém não esgotados mental e fisicamente.
Em relação aos acertos, creio que mesmo oscilando entre épocas boas e ruins, eu sempre coloquei minha aprovação como único objetivo. Não tinha plano B, C, D… ou eu seria aprovado ou seria aprovado. Isso me ajudou a manter disciplina nos meus dias ruins, que foram vários.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Matheus: O mais difícil para mim foi mudar meu ritmo de vida, praticamente acabar com minha vida social. É muito difícil se afastar dos amigos e da namorada, das diversões, lazer e etc. Outra grande dificuldade foi me doutrinar a uma rotina, porque historicamente nunca fui acostumado a estudar, muito menos a longo prazo e sem uma garantia concreta de um resultado positivo! Mas foi muito bom para mim, pois me desenvolvi pessoalmente, colocando os estudos e o esforço sempre em primeiro lugar!
Nunca pensei em desistir. Às vezes épocas ruins me deixavam menos motivado, mas logo passava e eu me dedicava novamente aos estudos.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Matheus: Bom, creio que minha principal motivação foi pensar na minha futura qualidade de vida, caso viesse a ser aprovado em um concurso.
Outra grande motivação era dar orgulho aos meus pais, além de retribuir, como uma espécie de gratidão, por todo o apoio que me deram durante minha vida e pelos sacrifícios que fizeram por mim, mesmo eu cometendo mais erros que acertos.
Na minha opinião, a maioria das pessoas deve priorizar a disciplina em vez da motivação. Seguir uma rotina (disciplina) constante, mesmo nos dias em que você não estiver motivado, levará a aprovação. A motivação é essencial para começar os estudos, mas na minha opinião não é ela que vai te fazer levantar todos os dias para estudar a longo prazo, ai já é com a disciplina!
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Matheus: Bom, primeiramente, aconselho a procurar uma área que você se identifique. Olhe o regime de trabalho, salário, lotação e etc. Procure servidores que executam a profissão e vá trocar uma ideia!
Depois, busque um material de qualidade para cada matéria. Aqui no Estratégia, na minha opinião, vocês têm acesso a tudo que precisam. Vejo pessoas falando que o material é muito denso, com informações desnecessárias. Garanto que o esforço extra de estudar assuntos raramente cobrados não se compara a frustração de errar questões na hora da prova, porque seu material não era completo. Já vi pessoas (eu, inclusive) sendo eliminadas das vagas por pequenos detalhes e isso é um sofrimento que não desejo a ninguém. Assim, todo conhecimento faz a diferença, ainda mais na área fiscal!
Com a área escolhida e os materiais em ordem, siga o fluxo normal: estude, grife, revise, faça exercícios, depois faça mais questões e assim vai. É um ciclo de tempo indeterminado (varia de acordo com suas horas disponíveis etc), não tem uma receita pronta. A regra (que comporta exceções) é consolidar seus conhecimentos por meio de questões, depois de ler e entender a teoria.
O concurseiro deve desenvolver uma mentalidade independente para consertar seus erros e seguir em frente. Auxílio de pessoas experientes é necessário, mas sempre é o concurseiro que sabe exatamente em qual assunto precisa melhorar ou qual tem mais dificuldade etc. Confie no seu julgamento!