Aprovado no concurso TRF 4
” Aproveito para fazer um apelo, para que se preocupem com a saúde mental. Preparações como essa (…) causam um nível de desconforto psicológico absurdo, aliado a um aumento considerável de ansiedade. Portanto, evitem sobrecarga, não se cobrem além do necessário”
Confira nossa entrevista com Luís Felipe Miranda, aprovado no concurso TRF 4 em 2º lugar no cargo de Técnico Judiciário Área Administrativa e 4º no cargo de Analista Judiciário Área Judiciária (microrregião da Serra):
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Luís Felipe Miranda: Tenho 24 anos e sou bacharel em Direito. Nasci no interior de Minas Gerais, Caraí, mais especificamente, no Vale do Jequitinhonha, mas resido há algum tempo em Teófilo Otoni – MG, em virtude, principalmente, dos estudos, já que foi onde minha formação acadêmica se deu.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Luís Felipe: Por muito tempo da minha vida eu negligenciei os concursos públicos, tendo por diversas vezes, durante o período em que cursava a faculdade, realizado alguns poucos, sem, contudo, dar a devida importância, época em que, inclusive, questionava a própria escolha do curso de Direito (cheguei a cursar algumas semanas de Sistemas de Informação, nítida a minha indecisão quanto a que rumo tomar). Talvez o ponto de mudança na minha vida tenha sido a convivência no serviço público, vez que estagiei por dois anos na Vara de Família da Comarca de Teófilo Otoni e por um ano na AGU, mais especificamente, no Escritório de Representação da PGF em Teófilo Otoni, tendo convivido com pessoas ocupantes dos mais diversos cargos: técnicos, analistas, juízes, defensores, procuradores, etc. Foi nesse momento que decidi o que queria para mim, profissionalmente falando.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Luís Felipe: Felizmente eu tive a oportunidade de me dedicar inteiramente aos estudos. Sei como é difícil conciliá-los com o trabalho, tenho amigos que passaram por essa situação. Cheguei a pertencer aos quadros da OAB/MG, todavia, praticamente não exerci a profissão. Isso se deu após uma conversa com meus pais, ficando decidido entre a gente que seria melhor eu tirar pelo menos um ano para estudar para concursos, “pra ver no que dá”.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Luís Felipe: Fiz diversos concursos na minha vida, nas mais variadas áreas, desde Caixa Econômica Federal até INSS e Tribunais. A primeira aprovação veio no concurso do TJ/MG, para o cargo de escrivão, mas com uma colocação bastante distante do ideal e sem qualquer chance de nomeação (404º). Percebi que o conhecimento adquirido no curso de Direito não seria suficiente para a aprovação em concursos, foi então que decidi estudar com material específico disponível na internet (youtube,principalmente). Vieram mais duas aprovações, MPU (159º) e TC/MG (99º), novamente distante do ideal, apesar da melhora. Foi então que percebi que deveria focar numa área específica e adquirir material próprio. Realizei, então, a assinatura anual ilimitada do Estratégia. Vieram assim os resultados, 2º lugar para o cargo de técnico e 4º para o cargo de analista no TRF4, microrregião da Serra, Rio Grande do Sul. Por fim, sem estudar com o mesmo afinco, consegui a 78º colocação na Lista Geral para o cargo de técnico do TRF3, e 104º na Lista Geral para o cargo de analista, também do TRF3.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Luís Felipe: Alívio e realização. Sempre me cobrei muito.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Luís Felipe: Impossível dizer que minha rotina continuou a mesma. Mudanças ocorreram, já que eu necessitava de um tempo considerável do dia para os estudos. Todavia, pelo fato de não trabalhar durante o período da preparação, pude conciliar os estudos com algumas atividades do meu dia a dia sem que isso interferisse no meu desenvolvimento, como práticas esportivas (futebolzinho de sempre), por exemplo.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Luís Felipe: Namoro há quase três anos. Desde que me mudei para Teófilo Otoni alternei entre morar só e morar com meu irmão (com ele na maior parte do tempo).
Talvez um dos fatores de maior relevância para minha preparação, tenha sido a compreensão da família e namorada. Aliás, meus pais foram quem mais me incentivaram. Como eu disse anteriormente, a decisão de estudar com mais afinco partiu de uma conversa com eles, que, apesar de sempre darem total liberdade para tomar minhas decisões, nunca esconderam o desejo de me ver em algum cargo público (talvez o histórico de servidores na família diga muito sobre isso).
Quanto à minha namorada, foi extremamente compreensível com a situação, acompanhando-me, literalmente, até a véspera da prova. Noutras palavras, tive apoio incondicional. Eu diria, que se fosse possível, até o cachorro apoiaria.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Luís Felipe: Vai do perfil de cada um e da sua situação pessoal. Entretanto, acredito que a melhor maneira de conseguir a aprovação é focar numa área específica, já que a incompatibilidade de matérias e, por consequência, o grande número destas pode gerar sobrecarga em demasia. No meu caso, tenho como objetivo futuro ser membro da AGU (me identifiquei bastante durante o período do estágio).
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Luís Felipe: Pouco mais de 7 meses, mais ou menos.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Luís Felipe: Sim. Acredito que qualquer pessoa que estude para concurso tem que ter isso em mente, até porque o prazo entre a publicação do edital e a realização das provas costuma ser muito curto (salvo algumas exceções), preparar-se antes é dar vários passos adiante. Por mais improvável que seja, tive bastante autodisciplina, muito talvez pelo gosto em particular por algumas matérias (atualizo-me até hoje e me acho às vezes realizando algumas revisões) e pelo compromisso que fiz comigo mesmo de levar adiante o desejo da aprovação, facilitado pelo excelente material disponibilizado pelo Estratégia com base em editais anteriores. Acredito que o desapego com redes sociais tenha sido fundamental também, pessoas costumam perder horas dos dias que potencialmente poderiam ser utilizadas de forma mais útil.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Luís Felipe: Utilizei quase que exclusivamente o material do Estratégia, no caso, videoaulas e cursos em PDF. Não diria que há vantagens e desvantagens, mas complementariedade. Ora me eram mais úteis as videoaulas, ora os cursos em PDF, estes, principalmente, para conteúdos mais complexos e/ou de maior incidência, aquelas para conteúdos que eu já tinha alguma familiaridade e maior facilidade.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Luís Felipe: Buscando por videoaulas de conteúdo jurídico no youtube.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Luís Felipe: Não cheguei a estudar todo o conteúdo, mas certamente a maioria. Costumava estudar cerca de três matérias por dia, alternando, a fim de tornar mais dinâmico e menos tedioso o processo de aprendizagem.
Não cheguei a fazer resumos, mas, às vezes, pequenas anotações de tópicos que achava importantes e que eu não tinha domínio sobre, portanto, passíveis de esquecimento. Sempre alternei entre leitura e exercícios (sempre buscava realizar exercícios dias após o estudo do respectivo conteúdo), deixando releituras para os meses finais.
Não cheguei a montar plano de estudos, buscava estudar de acordo com o meu domínio das matérias e com a incidência de certos tópicos em provas anteriores. Em média, estudava de 5 a 6 horas por dia, com carga horário menor nos finais de semana.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Luís Felipe: Minha maior dificuldade, sem dúvidas, foi, ao menos a princípio, Raciocínio Lógico Matemático, muito por nunca ter tido contato com parte do conteúdo, mas, principalmente, pelo pouco contato com matérias que envolvessem exatas nos últimos anos. Por conta disso, reservei um tempo razoável para o estudo da matéria, deixando alguns tópicos para as semanas imediatamente antecedentes à prova, já que o conteúdo estaria “mais fresco” na memória. Os resultados foram além de bons ou razoáveis. Gabaritei a disciplina em ambas as provas (técnico e analista).
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Luís Felipe: Por ter iniciado a preparação antes da publicação do edital e por já carregar uma base um tanto quanto sólida, seja por conta da formação em Direito, seja pelos outros concursos já feitos, as últimas semanas foram reservadas para revisões e resolução de questões (com exceção de Raciocínio Lógico Matemático, conforme citado acima).
Na véspera, ansiedade e cansaço já eram imensuráveis, seja por conta de todo o contexto envolvendo a preparação, seja por conta da longa viagem, visto que, como já dito, resido no interior de Minas Gerais, tendo optado por realizar a prova em Curitiba, por ser a opção mais viável, tanto pela distância, quanto pelos valores com passagens e acomodação. Todavia, optei por realizar durante parte do dia e no final da noite a leitura de pequenas anotações (inclusive, tive maior facilidade na resolução de algumas questões por conta da leitura dessas anotações), reservando, entretanto, tempo razoável para que pudesse descansar.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Luís Felipe: Confesso que separei menos tempo que o ideal para as provas discursivas, o que não quer dizer que negligenciei os conteúdos, tendo, por exemplo, focado bastante na aquisição de conhecimento sobre temas de interesse geral e abstratos, bastante cobrados pela FCC, além da memorização de dados estatísticos correlatos. Apesar disso, os resultados foram satisfatórios: 8.9 na redação e 14.70 no estudo de caso (infelizmente cometi um erro crasso numa das questões, conforme será explicado abaixo).
Meu conselho seria justamente o oposto do que fiz, ou seja, que seja dada a devida importância para as questões discursivas, principalmente para bancas como a FCC, na qual o peso é muito grande. Apesar do ótimo resultado na redação e do resultado razoável no estudo de caso, uma atenção maior poderia ter me posto numa colocação ainda melhor.
Para redações: estude a banca, adquira conhecimento sobre os temas mais cobrados, sobre os quesitos de maior valoração e punição, e, por fim, faça um número considerável de redações durante a sua preparação.
Para estudos de caso: o conhecimento é em maior parte adquirido já com o estudo para as provas objetivas, vez que o conteúdo é o mesmo. Resta, então, que seja realizado o maior número de questões discursivas possíveis.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS.
Luís Felipe: Quanto aos erros, sem dúvidas, a preparação para a prova discursiva de estudo de caso. Explico. Tive resultados excepcionais nas provas objetivas do TRF4: 44/50 acertos para o cargo de técnico e 45/50 para o cargo de analista. Ocorre que, no estudo de caso, composto por duas questões (uma de Direito Previdenciário e uma de Direito Administrativo), tive um bom resultado numa, 7.9, (Direito Previdenciário) e um resultado terrível noutra, 3.5 (Direito Administrativo). Isso se deu por total desatenção, visto que deixei de estudar o conteúdo cobrado na questão (Sistema de Registro de Preços), o que custou a primeira colocação para o cargo em questão, até então ocupado por mim. Fato parecido ocorreu no TRF3, no qual, para o cargo de técnico, acertei 58 de 60 questões da prova objetiva, ocupando, até então, a 5º colocação em toda a Seção Judiciária do Estado de São Paulo, perdendo um número considerável de posições após a nota da redação (7.5).
Em relação aos acertos, acredito que o estudo focado na banca e nos cargos, aliado à leitura de lei seca e realização massiva de questões.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Luís Felipe: Acredito que a ansiedade e o cansaço mental são as partes mais difíceis de lidar durante a preparação. A despeito de poder ter dedicado tempo integral aos estudos, sem ter que me preocupar com trabalho e afins, a rotina de estudos, em certos momentos, extenuou-me, fazendo-me questionar em diversos momentos sobre minha saúde mental. Felizmente eu dispunha de tempo suficiente para organizar meus estudos e separar algum tempo para descanso e manutenção das minhas relações sociais, ainda que em menor grau, o que me possibilitou continuar.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Luís Felipe: Realização pessoal. Chegou um momento de amadurecimento na minha vida em que decidi que gostaria de seguir carreira pública, sendo esta uma das condições para realização do meu projeto de vida, aos menos profissionalmente falando.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Luís Felipe: Primeiramente, paciência! A aprovação em concursos públicos, na sua grande maioria, se dá a longo prazo. Algumas pessoas levam anos, algo absolutamente normal.
Aproveito, ademais, para fazer um apelo para que se preocupem com a saúde mental. Preparações como essa, por levarem meses ou anos, serem extremamente desgastantes e, sobretudo, por levarem muitas vezes a frustrações (não aprovação), causam um nível de desconforto psicológico absurdo, aliado a um aumento considerável de ansiedade. Portanto, evitem sobrecarga, não se cobrem além do necessário.
Por fim, disciplina, muita disciplina. Organizar sua rotina de estudos e compreender que será necessário abdicar de algumas coisas da sua vida, tanto pessoal quanto social.
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Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação?! Mande um e-mail para: [email protected]
Um abraço,
Thaís Mendes