Aprovado no concurso TCE MG
“Cada um tem sua história e é preciso se adaptar para fazer o melhor com aquilo que você tem. Ao longo do caminho haverá uma série de dificuldades e você provavelmente terá vontade de desistir, mas com persistência e muita dedicação o resultado vem. Tive muitas dúvidas ao longo do meu caminho e cheguei várias vezes a pensar que não tinha feito a escolha certa, mas hoje, depois de tudo que passei, tenho certeza de que as decisões que tomei foram as melhores e hoje estou satisfeito com os resultados.”
Confira nossa entrevista com Luciano Moratório, aprovado em 3º lugar no concurso do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais para o cargo de Analista de Controle Externo:
Estratégia Concursos: De onde você é? Qual é sua idade? E sua formação?
Luciano Moratório: Nasci em Petrópolis, cidade onde vivi quase toda minha vida. Durante os anos que eu estava estudando para concursos, morava no Rio de Janeiro e hoje moro em Belo Horizonte. Tenho 32 anos e sou formado em economia e contabilidade. Também fiz um MBA em finanças e hoje estou terminando uma terceira graduação em Administração Pública.
Estratégia: Você chegou a trabalhar na sua profissão? O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Luciano: Durante a faculdade economia tinha vontade de trabalhar no setor público. Cheguei a fazer a prova do BNDES, mas não fui muito bem. Na época eu já fazia estágio em uma multinacional situada na cidade onde eu morava, mas não trabalhava exatamente como economista. Fui progredindo na empresa até ser contratado para um cargo de analista financeiro, iniciei o curso de ciências contábeis pois o meu trabalho envolvia bastante contabilidade, e assim, adiei meus planos de ingressar no setor público.
Após cinco anos trabalhando na empresa, ocupava uma posição de especialista para projetos de tecnologia da informação na área financeira. Senti que a minha carreira estava seguindo para um caminho que já não era necessariamente o que eu queria profissionalmente. Decidi então largar o meu emprego e voltar para o propósito que tinha na época da faculdade de economia, que era o de trabalhar no setor público. Na época eu fiquei muito inseguro sobre se eu estava realmente fazendo a coisa certa, mas foi a decisão que tomei e segui em frente.
Estratégia: Como foi a escolha pela área de gestão e controle? O que pesou mais para você quando teve que definir esse foco de estudo?
Luciano: Meu objetivo era ingressar no setor público para fazer um trabalho mais ligado à minha formação em economia. Depois de ter conhecido um pouco melhor sobre a atuação dos Tribunais de Contas, decidi orientar meus estudos para essa área, pois muitos desses órgãos selecionavam candidatos com formação em ciências econômicas. Não me limitei apenas a estudar para os Tribunais de Contas, mas estudei bastante economia e muitas das matérias específicas exigidas em provas para área de gestão e controle.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Luciano: Eu só estudava. Poucos meses depois que eu me desliguei do trabalho, iniciei uma rotina intensa de estudos para concursos.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Luciano: O primeiro concurso que fiz ainda bem no início dos meus estudos foi o TCE/SP. Fui aprovado, mas não me classifiquei dentro das vagas. Estou até hoje no cadastro de reserva, mas provavelmente não serei chamado durante o período de validade do concurso.
Minha última aprovação foi no TCE/MG para o cargo de Analista de Controle Externo em 3º lugar para a área de ciências econômicas.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Luciano: Durante todo o período que eu estava estudando, sempre havia um edital de referência publicado. Além do TCE/SP, estudei também para o TCE/PE, TCE/PB, TCE/RS, mas acabei não fazendo essas provas, principalmente por restrições financeiras. Para alguns desses concursos não tive condições de comprar as passagens e pagar hotel para fazer as provas.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Luciano: Alguns meses depois de ter largando meu emprego, o TCM/RJ abriu concurso. Foi nessa época que eu descobri as transmissões ao vivo do Estratégia pelo Youtube. Lembro até hoje que era uma aula de AFO do professor Sérgio Mendes. Fiz minha inscrição, estudei pelas aulas transmitidas pelo Youtube, mas não cheguei a fazer aquela prova pois achava não tinha estudado o suficiente.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? O que funcionava melhor pra você? Videoaulas, PDFs, livros?
Luciano: Eu usava principalmente as videoaulas transmitidas ao vivo pelo canal do Estratégia no Youtube e resolvia muitas questões comentadas. Quando tinha dúvidas sobre algum assunto específico que via nas questões, buscava alguma leitura especifica sobre o tema.
Estratégia: Quantas horas por dia costumava estudar?
Luciano: Eu não tinha um controle muito certo da quantidade de horas, mas eu estudava praticamente o dia inteiro. Eu acordava e saia para dar uma corrida. Assim que eu voltava, iniciava os estudos. Seguia estudando até a hora do almoço. Depois de almoçar, fazia uma breve pausa para colocar a “cabeça em ordem” e depois estudava até a hora do jantar. Após o jantar ainda costumava estudar um pouco mais até a hora de ir me deitar. Repetia essa rotina de domingo a domingo.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos?
Luciano: Eu me organizava de acordo com a oferta de aulas ao vivo. Era o cronograma de aulas do Estratégia que determinava o meu cronograma. Eu fazia algumas anotações ao longo das aulas, mas não muitas. Alguns professores disponibilizavam alguns slides e resumos para download. Com base nesses materiais e nas minhas anotações, eu alimentava um software que cria flashcards para ajudar na memorização. Esse recurso também foi determinante na minha preparação.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Luciano: Eu tive bastante dificuldade com análise de informações. Embora eu já tivesse trabalhado com implementação de softwares para área contábil em empresas, os conceitos de alguns temas dessa matéria me pareciam muito abstratos e pouco usuais para quem não tem uma base muito sólida sobre esses assuntos de TI.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Luciano: Eu sou casado, mas não tenho filhos. Minha esposa e toda a família dela me apoiaram bastante durante o período que eu estava estudando, desde o suporte financeiro necessário até compreendendo as limitações que uma rotina de estudos para concursos impõe ao limitar o tempo disponível para interagir com a família.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Luciano: Eu adotei uma postura bem radical. Quase não saia com amigos e visitava poucas vezes os familiares. Dá para contar nos dedos as vezes que me encontrei com amigos durante essa fase. Eu tinha uma rotina de estudos intensa, sete dias por semana e o máximo de horas líquidas diárias possível.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Luciano: Eu acho que vale a pena fazer outros sim. A prática leva à perfeição, portanto, quanto mais provas você faz, mais preparado você estará para aquele concurso dos seus sonhos. Falo isso porque fazer a prova envolve uma série de outras variáveis que não apenas saber o conteúdo das matérias. É saber como se organizar para estar físico e emocionalmente preparado para fazer a prova; saber por qual matéria começar; desenvolver sua melhor estratégia de resolução da prova etc. Além do mais, quando você está estudando para um edital já publicado, a sua motivação é outra. Ainda que você não passe naquele concurso, você evolui bastante na sua preparação.
Penso em algum momento estudar para o concurso de Auditor Conselheiro Substituto de Tribunais de Contas. Como ainda não tenho a idade mínima para o ingresso na carreira, estou atualmente me dedicando em terminar o meu curso de Administração Pública e já iniciei minha preparação para o mestrado. Esse ano farei a prova da ANPAD para no próximo ano ingressar no mestrado. Gostaria também de ser professor em uma universidade pública. É um tipo de concurso bem peculiar, mas ainda assim não deixa de ser um concurso.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Luciano: Um pouco mais de dois anos. Comecei a estudar no segundo semestre de 2016 com a publicação do edital do TCM/RJ e fui aprovado na prova do TCE/MG que ocorreu em novembro de 2018.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados?
Luciano: Tanto de alívio quanto de missão cumprida. Durante o tempo que estava estudando eu ficava muito ansioso e era difícil relaxar. Quando você vê seu nome publicado no diário oficial parece que você tira uma tonelada de cima de suas costas.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Luciano: A semana que antecedeu a prova eu revisei algumas das minhas anotações e resolvi mais algumas centenas de questões. Na véspera da prova eu gostaria de ter estudado mais, mas acabou não sendo possível porque eu estava me deslocando para outro estado.
Quando cheguei em Belo Horizonte, minha reserva no hotel tinha sido cancelada e eles não me avisaram. Ainda tive que procurar um outro lugar para ficar. A cidade estava lotada porque na segunda feira seria feriado e já não tinha mais quartos de hotel disponíveis. Quase voltei para casa e não fiz a prova. Por fim, com a ajuda da minha esposa que tinha ido comigo, acabei conseguindo um lugar para ficar em Contagem, uma cidade do lado de BH. Fui me deitar já era mais de uma hora da manhã!!! A prova no dia seguinte começava às 8 horas. Sinceramente não achei que fosse dar certo. Quando saiu o resultado, foi uma grande surpresa pra mim.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Luciano: Minha nota na discursiva fez bastante diferença no meu total de pontos e, consequentemente, na minha classificação. Então o meu primeiro conselho seria: não negligencie essa etapa pois o seu desempenho nela geralmente faz muita diferença! Eu buscava “apostar” em alguns temas e me dedicar ao máximo a eles.
Na minha prova foi uma questão sobre as competências constitucionais dos Tribunais de Contas (TCs) e outra sobre o impacto fiscal do déficit previdenciário. A primeira, portanto, era basicamente o art. 71 da CF/88. Esse é um conteúdo que julgo fundamental qualquer um que for fazer provas de TCs memorizar. A outra era um assunto relevante na época, já que estava em discussão a reforma da previdência e esse é um dos principais componentes do gasto público. Eu li muitos artigos, assisti entrevistas, ouvia podcasts etc. Não posso deixar de dizer que tive bastante sorte de terem sido esses os temas da prova. Convém, todavia, notar de que nada adiantaria sorte se eu não tivesse estudado a fundo esses temas.
Assim que eu comecei a estudar para concursos também comecei uma faculdade de Administração Pública na modalidade EAD. Nela sempre tive que fazer muitos trabalhos escritos como resenhas, resumos, artigos etc. Isso ajudou bastante também porque toda semana eu estava “praticando”, elaborando um texto.
Recomendo a quem está se preparando para concursos que tenha provas discursivas que busque escrever constantemente. Pegue, por exemplo, textos úteis ao seu estudo e faça resenhas. O ideal é que isso seja feito de forma manuscrita. Sempre usei muito computador, tablet, celular etc. Ter que voltar a escrever à mão não foi tão fácil, principalmente porque no dia da prova é preciso ter agilidade e qualidade na escrita.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Luciano: Se eu tivesse tido condições, eu teria adquirido um curso voltado para a área que eu gostaria de prestar concurso. Acredito que isso teria otimizado bastante meus estudos. Acho que isso também me permitiria organizar um pouco melhor minha rotina.
Além disso, no início, também não fazia praticamente nenhum exercício físico. Depois que comecei a fazê-los, meu rendimento melhorou bastante. Sendo assim, não deixe de se exercitar. Por mais que pareça que você está perdendo tempo de estudo, você vai acabar ganhando em produtividade. Eu ainda aproveitava esse tempo para ouvir os áudios que o Estratégia e alguns professores disponibilizavam.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Luciano: Eu pensava em desistir praticamente todo dia. Eu até voltei a procurar emprego no setor privado, distribui alguns currículos, fiz algumas poucas entrevistas, mas não deu em nada. Hoje agradeço por ter sido assim.
Enquanto você está estudando é difícil perceber o quanto você está evoluindo e isso provoca um certo desconforto. Quando você faz uma prova e tem um desempenho ruim, a situação fica ainda pior. Mas eu tinha a noção de que todos passam por isso.
Como eu assistia as aulas ao vivo, os professores sempre conversavam com os alunos e passavam algumas mensagens motivacionais, o que ajudava bastante a manter o foco.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Luciano: Antes de tudo, era a de alcançar esse sonho. Depois de um tempo de estudo, eu também pensava que não poderia desperdiçar o tempo que eu já havia “gasto” estudando.
Além disso, o concurso público representava a oportunidade de melhorar de vida. Hoje, sem dúvida, minha vida está muito melhor do que antes em vários aspectos. Além disso eu queria muito atuar como economista e não conseguia vislumbrar essa oportunidade no setor privado, então o concurso público representava para mim essa “porta de entrada”.
Foi um período muito complicado e de muita incerteza, principalmente para os concursos públicos, mas eu acreditava que continuaria havendo concursos e que uma hora eu conseguiria a minha vaga.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Luciano: Foco e determinação são fundamentais para alcançar a sua aprovação. É preciso fazer muitos sacrifícios, mas ao final pode ser muito recompensador. Cada um tem sua história e é preciso se adaptar para fazer o melhor com aquilo que você tem. Ao longo do caminho haverá uma série de dificuldades e você provavelmente terá vontade de desistir, mas com persistência e muita dedicação o resultado vem. Tive muitas dúvidas ao longo do meu caminho e cheguei várias vezes a pensar que não tinha feito a escolha certa, mas hoje, depois de tudo que passei, tenho certeza de que as decisões que tomei foram as melhores e hoje estou satisfeito com os resultados.
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Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação?! Mande um e-mail para: [email protected]
Até uma próxima! ;)
Jéssica Vasconcelos