Aprovada no concurso Polícia Civil do Paraná
“Estude todos os dias para acostumar o corpo e a mente, exercite-se com semelhante frequência para manter o corpo e a mente sãos. Tente montar e seguir um plano de estudos, tire forças para cumpri-lo e se não der, faça o seu máximo. O mínimo é essencial para continuar sempre. Resolva muitas questões e leia legislação, ache o melhor método para você e simplesmente estude.”
Confira nossa entrevista com Julia Indira Rosales, aprovada no concurso Polícia Civil do Paraná no cargo de Escrivão:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Qual sua idade? De onde você é? Qual sua formação?
Julia Indira Rosales: Tenho 35 anos. Sou filha mais velha e única dos meus pais, mas tenho 3 meios-irmãos. Moro em Curitiba e nasci aqui, morei a infância no Rio de Janeiro capital, aonde vou sempre, pois minha mãe e meu meio irmão voltaram a morar lá. Por essa razão, sempre que tem uma boa oportunidade, presto concurso na região.
Sou formada em Direito pela Faculdade de Direito de Curitiba-FDC/ Unicuritiba, 2003.1/2007.1. Tive uma filha no último ano da faculdade, e graças à ajuda dos amigos, não atrasei a formação– colei grau em fev/2008. Passei na OAB no mesmo ano, segunda tentativa (na primeira a primeira fase foi no dia seguinte à festa de formatura) e primeira vez que a prova deixou de ser feita pela própria OAB/PR (foi realizada pelo Cespe/Cebraspe). Fiz pós-graduação em Direito Público, e, posteriormente, em Direito civil e processo civil.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Julia: Desde a escolha do curso (vestibular), vislumbrava a carreira pública, minha mãe era servidora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e atuava na área de Direito da UFPR, e, por sorte ou azar, acabei não cedendo à pressão do meu pai (médico) em fazer medicina. Quando eu falei que eu faria direito, foi quase uma briga para ele pagar a faculdade.
Na faculdade, na maioria dos estágios que fiz ingressei por meio de seleção, e quase todos em órgãos públicos: Procon, Procuradoria Geral do Município de Curitiba/PR, DER/PR, PFN, Escritório de Advocacia vinculado à Associação de servidores do DER, por fim, DPU.
Quando trabalhei no escritório de advocacia vi que, definitivamente, eu não queria advogar. Assim que acabei a faculdade e passei na OAB, auxiliei por poucos meses um ex-professor promotor de justiça para conhecer a área criminal, concomitantemente, comecei a fazer um curso de extensão e resolvi estudar para a Diplomacia, razão pela qual me inscrevi em matérias avulsas na UFPR: micro e macroeconomia, e, também comecei a fazer aulas de francês.
Ao cursar aquelas disciplinas isoladas, encontrei um colega advogado que estava cursando Economia e comecei a trabalhar com ele no escritório de advocacia, pois me incomodava “apenas estudar”. Essas matérias me fizeram desistir da carreira. Ao analisar as diversas opções de carreiras para bacharel em direito, identifiquei-me mais com a de Delegado, por ter uma atuação mais prática, dinâmica.
Estratégia: Por que escolheu a área policial? Tem algum parente policial que te inspirou?
Julia: Como relatei acima, sou dinâmica, gosto de uma atuação mais prática, por isso, acho que a carreira de Delegado me atraiu. Um outro fator que pode ter contribuído, é que meu avô foi investigador da PCPR. Porém desde que nasci ele já estava afastado por problemas de saúde, Parkinson, e faleceu quando eu ainda era adolescente. Então não sei dizer ao certo se isso foi uma influência, ao menos num viés estritamente racional.
Estratégia: O fato de lidar com o crime no dia a dia gerou algum tipo de medo em você ou em sua família?
Julia: O meu pai é contra, mas, ele não é muito favorável a nada que eu faço, então, não é uma opinião que me preocupe. Eu não tenho problemas em relação a isso, mas não nego que a ameaça real a algum familiar meu pudesse alterar isso, o que acho que aconteceria com qualquer pessoa.
Estratégia: Nesse concurso, eram três regiões para se inscrever. Como fez essa escolha? O que levou em consideração?
Julia: Inscrevi-me apenas para a Capital, e se o concurso tivesse outro formato e eu tivesse que ir para o interior eu não iria, uma vez que já sou concursada e não valeria a pena para mim em vários aspectos.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Julia: Em relação a este concurso eu trabalhei durante todo o “período de preparação”. Como disse, sou concursada, do INSS com ingresso em jan/2017. Na preparação para a Autarquia Federal eu estava desempregada e tive muita sorte em ter um edital com distância de praticamente 6 meses da prova, bem como ter iniciado o estudo para o Instituto uns 6 meses antes da publicação.
Na mesma época passei no concurso da Guarda Municipal de Curitiba e da CBTU-ASO Controle-para Maceió. Em relação ao concurso do Banco do Brasil, não estudei especificamente nem um mês, mas já estava estudando há muito tempo para concursos e realizando diversas provas, não faço ideia de quantas seleções já participei, algumas dezenas, certamente.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovada? Em quais colocações?
Julia: Banco do Brasil – 290º (exerci 10/2011-04/2014) ; CBTU -Assistente Operacional (ASO – Controle de Movimento de Veículos Metroferroviários) – 1º lugar – cadastro de reserva; Guarda Municipal de Curitiba – 371º; INSS – Técnica do Seguro Social – 2º lugar – Curitiba e RM (01/2017 – exercício atual) ; Tribunal de Justiça do Estado do Paraná – técnico judiciário – cerca de 750 (classificação pendente); PCPR – escrivão – 23º lugar
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados?
Julia: Fiquei feliz, pois há anos estudo. Ver o nome na lista é a recompensa que queremos e que nos dá força para continuar.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Julia: Normal, pois trabalho e tenho filha, não tenho como abdicar de eventos.
Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira? Se sim, de que forma?
Julia: Sou solteira, minha filha mora comigo, mas o pai mora perto e ele e a mãe dele sempre estão disponíveis quando preciso. Não namoro. Moro na casa do meu pai, no mesmo terreno em que ele mora e há também mais uma casa, onde minha irmã mora com o marido e o bebê.
Minha mãe, apesar de morar longe é a que mais me apoia, juntamente com minha filha, que foi a que mais teve orgulho de saber do meu resultado. Minha filha tenta entender, mas sem se dar conta às vezes esquece que eu tenho que estudar… O apoio é principalmente moral, minha mãe às vezes me dá de presente algum livro ou a inscrição de algum concurso.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Julia: Acho que vale a pena se a pessoa precisar muito sair da situação em que se encontra e o mais rápido possível, desde que tenha convicção/determinação de que outro cargo será transitório, que não se acomode. Acho que se eu fosse mais focada já teria alcançado o meu objetivo principal (Delegado), mas tive outras prioridades ao logo das várias fases da vida, como filha, namoro, emprego – que atrapalharam meu objetivo.
Estratégia: Durante a fase pré-edital, como fazia para manter a disciplina nos estudos?
Julia: Estudo diário, nunca parei. Desde que “voltei” a estudar “mesmo”, 2014 para o INSS, me policio para estudar diariamente, independente do tempo que disponho, tento não passar nenhum dia sem alguma forma de estudo.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens de cada um?
Julia: Inicialmente apostila. Videoaulas no youTube. Livro de resolução de questões. Leitura da lei. Eu me adapto melhor a videoaulas, apesar de achar os PDFs do Estratégia muito completos em relação a todos os demais cursos que conheço, eu tenho muita dificuldade em ler o material, assim como livro.
Quando fazia coach li bastante lei seca, pois fazia parte do calendário, assim como simulados presenciais por matéria. Resolução de questões, na minha opinião, parece ser a forma mais eficaz de aprendizado, assim como explicar/ensinar a matéria para outra pessoa.
Solucionar reiteradamente questões e verificar onde errou, consultar os comentários e ver como a banca cobra os assuntos, é muito vantajoso para o aprendizado. Ensinar os outros contribui mais ainda para a absorção do tema, além de possibilitar ajudar outrem.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Julia: Salvo engano, internet, youtube.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concurseiro é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Julia: Como comentei estudo há muito tempo mesmo e praticamente não parei de estudar nos últimos 10 anos. Creio que o conhecimento foi acumulando, e a repetição do estudo promoveu a memorização.
Geralmente estudo duas a três matérias por dia. Não fiz plano de estudo, tentei seguir alguns, mas acho que não sou muito disciplinada quanto a isso. Gosto de assistir videoaula e fazer anotação, consultando a legislação e o material (PDF/apostila), grifando-os.
Resumo acho muito importante, principalmente para treinar redação, mas , infelizmente, não consigo fazer tanto quanto deveria. Geralmente 4 horas/dia.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana anterior à prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Julia: Assistindo a vídeos de revisão.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Julia: Assisti a bastantes aulas de atualidades e de redação e segui o padrão de desenvolvimento de redação sugerido. Pratiquei algumas vezes alguns temas das aulas no modelo padrão de texto indicado e o reproduzi exatamente na prova.
Aconselho a escrever muito, fazer vários textos, aproveitando para criar resumos de outras matérias, bem como pegar temas atuais mais indicados pelos professores de redação ou atualidades.
Estratégia: Como foi sua preparação para o TAF? E como foi essa prova?
Julia: Assim que saíram as notas da redação eu pedi para um professor da academia que frequento montar um treino para mim, voltado para os exercícios que eu teria que realizar no TAF. Fazia o treino 2 ou 3 na semana desde jan/2019, salvo engano. Por meados de março/abril fui abandonando porque não saía nenhuma movimentação do certame, a não ser mandados de segurança…
A prova foi no dia 4 de agosto muito tempo depois da última movimentação e no mesmo dia em que aconteceria o concurso do TRF4, um concurso que eu tinha como muito interessante. Eu estava bem irritada e tomada pela indecisão. Aquele dia parecia ser o mais frio de 2019, foi horrível, sentia sangue na minha boca na hora da corrida, pois o frio parecia ter rasgado minha garganta. Odeio frio! Mas concluí todos os exercícios com um pouco de folga até.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Julia: Erro: Não fazer e deixar de seguir um plano de estudos. Acerto: resolver questões da banca
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Julia: Sim, sobretudo, porque já sou concursada em cargo com remuneração semelhante, às vezes da vontade de se acomodar, de fazer outra atividade como empresária, por exemplo. Mas segui buscando meu objetivo maior: passar no concurso para Delegado.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Julia: Minha vontade de crescer, de ser melhor, de achar uma atividade que realmente eu me identifique, de tornar minha vida melhor, de tornar a vida da minha filha melhor, de dar orgulho para minha família, mostrar para o meu pai que direito também permite uma boa carreira.
Estratégia: O que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Julia: Primeiramente, o clichê: não desista do seu sonho. Conheça a atividade que almeja, faça a escolha da área que realmente quer atuar e foque no objetivo, não permita ser atrapalhado por coisas passageiras da vida, não deixe de aproveitar sua família e amigos, mas o faça com moderação.
Estude todos os dias para acostumar o corpo e a mente, exercite-se com semelhante frequência para manter o corpo e a mente sãos. Tente montar e seguir um plano de estudos, tire forças para cumpri-lo e se não der, faça o seu máximo. O mínimo é essencial para continuar sempre. Resolva muitas questões e leia legislação, ache o melhor método para você e simplesmente estude. Como dizia uma professora e ex-procuradora do Bacen em Curitiba: não tem mágica, é “pagar a pena da cadeirinha”: bunda na cadeira e estudar.
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Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação?! Mande um e-mail para: [email protected]