Aprovada no Concurso TJ-PA
“Esteja ciente de que muito provavelmente o caminho será árduo. Algumas ou muitas reprovações poderão vir. Isso faz parte do caminho da maioria dos aprovados e hoje empossados em bons cargos públicos. Aguenta firme. Siga em frente. Isso servirá para tornar você mais forte e também um ser humano mais humilde e resiliente”
Confira nossa entrevista com Kelly Ferreira, Aprovada em 4º lugar no concurso do Tribunal de Justiça do Pará no cargo de Analista Judiciário – Especialidade Direito (Região de Paragominas):
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formada em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Kelly Ferreira: Sou graduada em Direito pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Tenho 30 anos e moro na cidade de Ananindeua, no Pará.
Estudei do maternal até a 8ª série em escola pública e, no 1º ano do ensino médio, consegui bolsa integral para estudar em uma escola particular, na qual pude obter melhor preparo para, aos 16 anos, ingressar no curso de Direito, na UFPA. No mesmo ano também fui aprovada na Universidade Estadual do Pará, em 1º lugar para o curso de licenciatura em Matemática (era minha disciplina preferida, à época!), mas acabei abrindo mão da matrícula, para que pudessem chamar outra pessoa disposta a seguir no curso. Escolhi o Direito.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Kelly: A decisão de estudar para concursos veio bem cedo. Sou de família humilde e sempre tivemos muitos desafios financeiros. Quando eu tinha uns 13 anos de idade, houve um dia em que passávamos por uma dificuldade em casa e meu irmão me disse assim: “Maninha, a única forma de mudarmos nossa situação de vida é por meio dos estudos. Isso vai passar”. Essa frase ficou marcada em mim. Meu irmão é 9 anos mais velho que eu e teve uma jornada muito bonita como concurseiro. Ele foi soldado e sargento da Força Aérea Brasileira. Depois, professor de física. E hoje é PRF.
O fato de ter visto esse percurso dele, com a consequente melhoria da situação financeira da nossa família, só reforçou em minha cabeça que o serviço público seria o meu caminho.
Quando completei 18 anos, meu sonho era ter um cargo público, pois desejava ter estabilidade financeira e condições para ajudar meus pais, bem como a segurança de não correr o risco de, repentinamente, ser dispensada sem justa causa, como pode ocorrer na iniciativa privada.
Fazer um trabalho que, de alguma forma, torna a sociedade um lugar melhor e em que lhe é possível ajudar seu próximo, dá ainda mais sentido para a vida. Essa parte do serviço público somente consegui enxergar na prática e é muito gratificante.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Kelly: Sempre tive que conciliar os estudos para concursos com outras atividades. No início, conciliei os estágios e as provas da faculdade com o estudo para concursos e, no último ano da faculdade, tive que conciliar a jornada de 40 horas semanais de um cargo público federal (MTE) com a reta final de TCC e últimas disciplinas do curso de Direito.
Confesso que essa dupla jornada nunca foi fácil para mim. Tive que contar com todo o apoio da minha família, especialmente da minha mãe, que cuidava de todas as coisas em casa e deixava que meu tempo fosse destinado apenas para os estudos e trabalho.
Durante a faculdade, o tempo de deslocamento entre minha casa e a universidade, chegava, às vezes, a três horas. Então, normalmente, tentava aproveitar para ler livros ou apostilas no ônibus.
Nessa minha última aprovação, já estava em exercício no cargo de auxiliar judiciário (nível médio) do TJE PA, com jornada de trabalho de 6 horas diárias.
Cerca de 6 meses antes da prova, matriculei-me em um cursinho presencial de Belém no turno da noite, pois meu pai estava passando por sérios problemas de saúde, estava internado e eu não conseguia ter cabeça para estudar por conta própria.
Depois que ele teve alta hospitalar, no horário livre entre o trabalho e o curso presencial, ia à academia pelo menos duas vezes na semana e me dedicava mais à lei seca e à resolução de questões referentes ao conteúdo que vinha estudando, quando dava tempo.
Sou casada há dois anos, então em casa montamos uma rotina que favorecesse nosso estudo (ele está finalizando o doutorado em Agronomia e também iniciou a vida de concurseiro) e otimizasse nosso tempo. Temos uma diarista para deixar a comida da semana inteira pronta, bem como para deixar a casa em ordem.
Então, atualmente, é com essa organização que consigo manter os estudos. No entanto, devo destacar que para esta última prova para analista do TJ PA, juntei períodos de férias, licença-prêmio e recesso, e consegui ficar quase três meses sem trabalhar, com foco total na minha prova.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovada? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Kelly: Fui aprovada em cinco concursos para cargos de nível médio e três concursos para cargos privativos de bacharel em Direito. O último em que fui aprovada foi para o cargo de analista judiciário, área judiciária, do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, no qual fiquei em 1º lugar na lista das cotas raciais e em 4º lugar na ampla concorrência para a Região de Paragominas/PA (ambos dentro das vagas imediatas).
Abaixo listo alguns concursos e seleções em que fui aprovada:
2008: MTE: 5º lugar – agente administrativo. Nomeação: 2010.
2009: IPHAN: 3º lugar – agente administrativo
2009: TJE/PA: 116º – auxiliar judiciário (N. médio). Nomeação: 2011.
2010: FUNAI: 21º lugar – agente em indigenismo. Nomeação: 2010.
2010: IASEP/PA: 1º lugar – assist. administrativo. Nomeação: 2010.
2011: Aprovação na OAB
2012: MP/PA: 897º – Analista Jurídico – Região Belém
2014: TJE/PA: 151º – Oficial de Justiça – Região Belém
2019: TJE/PA: 1º lugar na lista de cotas raciais e 4º lugar na ampla concorrência (antes dos recursos) para o cargo de AJAJ (analista judiciário – área judiciária) – Região Paragominas.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Kelly: O dia 14/02/2020 tornou-se inesquecível para mim. Ver meu nome na lista de aprovados e classificados dentro das vagas me fez sentir uma emoção e gratidão a Deus indescritíveis. Quando vi o resultado, abracei meu marido e começamos a pular. Foi incrível. Logo depois peguei meu celular e liguei para meus pais e meu irmão. Eu só conseguia chorar e repetir: “Deu certo! Deu certo! Deu certo!”. Foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida, pois diante de algumas reprovações que tinha tido, às vezes duvidava de mim.
Por isso, amigo leitor, você que está aí do outro lado da tela, não desanime! Até chegar aqui foram muitas reprovações. E se eu consegui, você também irá!
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Kelly: Depois que saiu o edital do TJ/PA (em outubro/2019), conversei com a família, que precisaria da ajuda deles para que eu conseguisse focar mais em minha prova. Eles foram maravilhosos e me deram todo o apoio. Nossa família costuma se reunir uma vez na semana para almoçar e confraternizar e continuei indo, mas em outras atividades familiares estive ausente, inclusive aniversários e reuniões com parentes queridos, mas que tive que abrir mão para ter mais tempo. Dias 24, 25 e 31 de dezembro, inclusive, foram dias ativos de estudo, mas à noite estivemos com a família também.
Nos últimos 15 dias antes da prova, no entanto, fui bem radical e fiquei apenas em casa estudando.
Mantive a frequência à igreja, pois sempre julguei essencial buscar força espiritual e a renovação da fé e da esperança em Deus: “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua Justiça e todas as coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6:33).
Às minhas amigas, expliquei que essa prova era muito importante para mim e que por um tempo eu precisaria sumir. Só não sumi da vida de uma amiga, a qual também é concurseira, pois estudávamos juntas para a prova.
Cheguei, no entanto, a estar presente em dois momentos importantes de duas amigas, pois há ocasiões na vida que são únicas, então tentei achar um equilíbrio nessa jornada.
Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira? Se sim, de que forma?
Kelly: Sou casada sim. Tenho todo o apoio de meu esposo e sempre tive o apoio e a fé da minha família também, que entenderam quando tive que me fazer mais ausente.
Além disso, pelo fato de meu pai estar doente, no último mês anterior à prova, meu irmão assumiu todas as responsabilidades de apoio que meus pais precisavam, para que eu pudesse me dedicar com mais tranquilidade e foco.
Em casa, meu esposo é um amigo e companheiro maravilhoso em todas as coisas que vivo e, nesse período de estudos, ele fez tudo que era possível para que meu tempo fosse otimizado, além de ter sido incrível em meus momentos de fraqueza, quando eu achava que não iria conseguir a aprovação ou quando a saúde do meu pai piorava.
Quando eu era solteira, minha mãe fazia tudo para que eu dedicasse meu tempo livre apenas aos estudos. Foi meu braço direito para que eu conseguisse minhas primeiras aprovações. Além de sempre ter feito muitas orações por mim e também me aquecido o coração com palavras de incentivo e conforto.
Pude contar também com o apoio de minha sogra, que além das orações, pelo fato de minha mãe estar cuidando integralmente do meu pai, no último mês ajudou muito nas tarefas domésticas, preparando refeições e lanches deliciosos para nossa casa, entre outras coisas.
Ter toda essa rede de apoio, força e compreensão foi essencial, pois tive paz para focar na prova que se aproximava, apesar das preocupações com meu pai.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Kelly: Não acho que seja interessante desviar muito o foco. Hoje em dia a nota necessária para estar dentro das vagas é altíssima. Você precisa iniciar os estudos antes do edital, então “atirar” para lados diferentes pode deixar descoberto justamente aquele concurso que para você é o desejado.
Ser aprovada dentro das vagas para o cargo de analista judiciário era uma meta muito desejada por mim, mas sempre foi uma meta intermediária. Agora me dedicarei a concursos para as carreiras da Magistratura e Ministério Público.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovada?
Kelly: De forma direcionada, estudei cerca de seis meses. No entanto, tive todo um acúmulo de estudos desde o início da vida concurseira, da faculdade e do dia-a-dia em meu trabalho também, pois já desempenhei minhas atribuições funcionais tanto em vara cível, como em vara criminal, o que me permitiu ter um aprendizado prático muito útil para as provas de concurso, principalmente em se tratando de direito processual.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Kelly: Sim. Estudei antes de o edital do TJ/PA ser publicado. A disciplina eu mantive diante da necessidade que estava vivendo. Minha remuneração já não era mais suficiente, principalmente a partir de junho de 2019, quando meu pai adoeceu e passou a precisar de muito mais apoio financeiro meu e do meu irmão.
Além disso, no concurso de 2014 eu tinha figurado na lista de aprovados para o cargo de oficial de justiça e não fui nomeada. Eu não queria passar por isso novamente. Queria muito que desse certo, então fiz tudo que estava ao meu alcance para desta vez chegar mais perto da nomeação.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Kelly: Utilizei aulas presenciais, livros em assuntos pontuais, alguns materiais em PDF, o Vade Mecum, os mapas mentais da Lulu (a querida Laura Amorim), sites de resolução de questões e todos os simulados que o Estratégia elaborou para o cargo de analista judiciário.
As aulas presenciais foram importantes para eu adquirir a disciplina de estudar diariamente, e também para que eu conseguisse focar nos estudos, uma vez que em boa parte dos meses que antecederam a prova, meu pai esteve hospitalizado. No curso presencial pude fazer amizade com pessoas que estavam na mesma luta e isso foi bem legal.
Estudar a parte teórica e doutrinária em algumas disciplinas é essencial. Mas há casos em que a cobrança é mais direcionada à letra fria da lei. E quando falamos de Banca Cespe/Cebraspe, é necessário também conhecer a jurisprudência. Nesse sentido, as apostilas do Estratégia são um diferencial, pois já apontam o que deve ser priorizado em cada caso, otimizando sobremaneira o tempo.
Como boa parte do conteúdo eu já havia estudado em preparações anteriores, muitas coisas eu precisava apenas revisar para relembrar. Para isso, resolvi questões, utilizei os mapas mentais da Lulu, assisti praticamente todos os vídeos de reta final que o Estratégia disponibilizou no Youtube, bem como as maratonas da Hora da Verdade na última semana e a revisão de véspera.
Os simulados disponibilizados pelo Estratégia foram essenciais para mapear meus pontos fracos e correr atrás do prejuízo antes da prova. É muito importante resolvê-los, uma vez que os professores criam questões inéditas e muito mais difíceis do que aquelas que a gente vai encontrar na prova. Para vocês terem ideia, o máximo que consegui nos simulados foi um acerto de 75% e na prova meu acerto foi 85,71%. É aquela velha máxima: “Treino duro, jogo fácil”.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Kelly: Conheci o Estratégia no ano de 2014, por meio de uma amiga e colega do Tribunal, que estudava para concursos fiscais. Desde aí, são alguns bons anos utilizando materiais do Curso Estratégia, que impressiona pelo compromisso com o aluno e qualidade de todos os materiais, inclusive daqueles disponibilizados gratuitamente.
Por isso, foi uma grande alegria poder conhecer parte da equipe do Estratégia pessoalmente, justamente no concurso mais importante em que concorri, que foi este último do TJ PA. No dia do certame, naturalmente, eu estava muito nervosa e, quando cheguei próximo da entrada do local de prova, a equipe estava lá… Fui falar com a professora Adriana Figueiredo a respeito da revisão dela, que eu havia amado, e ela me deu um abraço desejando boa prova e ainda me deu um kit com água e barrinha de cereal. Aquele carinho afagou tanto meu coração, que eu fiquei mais tranquila para fazer a prova. Sem palavras para a gratidão que sinto por vocês nos fazerem sentir tão especiais.
Durante a revisão Hora da Verdade de Direito Constitucional no Youtube, o professor Ricardo Vale disse que os professores do Estratégia nos acompanhavam não somente durante a preparação, mas que também iriam nos deixar na porta da prova. Achei lindo ouvir aquilo, mas nunca imaginei que viveria na prática. Foi muito especial e importante para mim eles terem ido justamente para a UNAMA, que era meu local de prova. É muito bonito ver essa dedicação conosco aqui no Pará também.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Kelly: Foquei mais na leitura e releitura da lei seca, na resolução de simulados (resolvi cerca de dez simulados) e questões de provas anteriores específicas da Banca Cespe, bem como na revisão por mapas mentais. Estudava de duas a três disciplinas por dia durante o estudo pós-edital.
Após os simulados, ia atrás de descobrir o porquê de cada erro. Anotava aquele artigo, conceito doutrinário ou entendimento jurisprudencial que não tinha conhecimento ou não tinha lembrado. Revisei esses apontamentos algumas vezes e também na véspera da prova.
Eu não contabilizava as horas de estudo, mas procurava fazer um estudo de qualidade. Normalmente, só parava mesmo para alimentação, ir à academia e descansar a coluna deitando por alguns minutos.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Kelly: Minha maior dificuldade sempre foi Direito Civil e Processo Civil. Para driblar e obter um bom resultado na prova, resolvi muitas questões e li, o máximo que pude, a lei seca. Fiquei feliz demais quando vi que errei apenas uma questão de Processo Civil. Na parte de Direito Civil, das seis questões, errei duas. Sei que ainda tenho muito a melhorar, mas fiquei feliz de ter obtido progresso.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Kelly: Na semana anterior à prova tive um ritmo frenético. Acordava cedo, dormia tarde. Assisti todas as retas finais e revisões possíveis no Youtube.
Eu também li muito a lei seca. Tentei passar por todos os códigos e leis que estavam no edital. Quanto ao que não consegui ler na íntegra, priorizei os artigos que tinham mais probabilidade de cair, como aqueles que indicam conceitos, prazos, ou que enumeram hipótese de cabimento de um recurso, etc.
Algo que fiz, ainda, foi abrir a legislação no site do Planalto e dar um “ctrl F” para localizar alterações mais recentes e, por isso, com grande possibilidade de cobrança.
Na sexta, antes da prova, ainda resolvi mais dois simulados, e foi quando minha nota já estava bem melhor que a nota obtida nos simulados anteriores que havia resolvido. Aproveitei também para revisar meus erros em simulados e questões anteriores.
Na véspera da prova, também estudei. Assisti toda a revisão de véspera do Estratégia e de outros cursos. Fui dormir bem tarde, mas sinceramente valeu muito a pena.
A professora Adriana Figueiredo fez uma revisão de Português fenomenal. Quando fui resolver essa disciplina na minha prova, fiquei boquiaberta. A professora simplesmente tinha antecipado na revisão de véspera 4 a 5 questões que foram cobradas. Eu consegui gabaritar Português. Fiquei feliz da vida e grata eternamente ao curso e à professora. Isso sem contar as demais disciplinas. Em Direito Administrativo e Constitucional, os professores Ricardo e Herbert foram cirúrgicos, o que me permitiu gabaritar essas disciplinas também. Assistir à revisão de véspera e às revisões de reta final e Hora da Verdade, para mim, foi só alegria!
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Kelly:
Nas últimas provas de nível superior que eu havia prestado, minhas notas nas provas discursivas tinham sido medianas, e isso me deixou em posição desfavorável nas listas de aprovação.
Tendo identificado esta falha, fiz vários cursos de redação discursiva à distância e um curso presencial com correção individual, em Belém, no ano de 2019, tendo realizado também um curso com correção no Estratégia um tempo atrás, o que me permitiu aprender a técnica e corrigir meus principais vícios de 2015 para cá.
Como nas discursivas do TJ/PA, a abordagem seria a respeito de atualidades, procurei estar bem informada sobre os principais eixos temáticos e assuntos em voga: meio ambiente, geração de energia, queimadas, sociedade, migração, preconceito, tecnologia, saúde, direitos humanos, etc. Fiz fichas com as informações colhidas e revisei algumas vezes.
Assisti também uma revisão do Estratégia, específica para o TJ/PA, no Youtube, em que o professor abordou a forma de cobrança da Banca Cespe em provas discursivas.
Com tudo isso, consegui pela primeira vez obter uma nota bem alta em prova discursiva de nível superior: 29,50 de 30,00 (98,33%).
Assim, aconselho aos colegas que procurem entender a forma de cobrança da banca específica da prova que irão realizar, buscando os espelhos e provas anteriores, para comparar e desvendar como essa banca costuma se comportar. Após isso, que procurem também aprender a técnica de escrita para discursivas de concursos, a qual é bem diferente da que aprendemos na época da escola, para o vestibular. E, por fim, que estudem bastante o conteúdo que será objeto da prova, treinem e revisem as informações.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS.
Kelly: Quanto a erros, destaco a falta de disciplina, constância e foco do início da minha jornada, alguns anos atrás. Tem uma frase de Santa Teresa D’Ávila que escutei há algum tempo e que se encaixa perfeitamente neste caso: “É justo que muito custe o que muito vale”. Então, se o que está em jogo é um cargo de boa remuneração e condições de trabalho, o esforço deverá ser proporcional. Devemos fazer o que nunca fizemos antes para atingir resultados antes não possíveis.
Concurso não é loteria. Não podemos achar que somos inteligentes demais e que as coisas darão certo sem os sacrifícios necessários. Confesso que perdi alguns anos sem me organizar e realmente pagar o preço dos meus sonhos com algo que ninguém podia fazer por mim: HBC (horas de bunda na cadeira).
Um outro erro do qual me arrependo muito foi de não ter prestado concursos para analista judiciário desde a faculdade, quando tudo estava bem fresquinho na cabeça. Portanto, aconselho aos que ainda estão na faculdade que se dediquem desde cedo ao concurso em que tem interesse, pois depois, conciliar o trabalho, a vida familiar ou matrimonial e os estudos, não é nenhum pouco fácil, apesar de ser possível sim.
Quanto a acertos, na preparação para este último concurso fui mais estratégica, tendo em vista que já tenho alguns anos nessa vida concurseira, apesar de algumas pausas.
Destaco que aprendi a trabalhar em cima de minhas fraquezas. Corrigi minha deficiência em discursivas. Fiz muitos simulados. Procurei corrigir e revisar os erros dos simulados. Li quase toda a lei seca. Revisei por meio de questões. Anotava meus erros de forma correta, para que a memória pudesse processar a informação certa.
Confiei nos professores especialistas das disciplinas nas retas finais e revisões de véspera, o que me garantiu pelo menos umas 10 questões das que acertei na prova.
Segui também a dica de um professor muito querido de ler as principais súmulas vinculantes antes da prova e, em processo penal, houve uma questão abordando a Súmula Vinculante nº. 11, a respeito do uso de algemas em pessoa presa, súmula essa que eu tinha lido momentos antes de entrar na sala.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Kelly: Para mim, o mais difícil foi estar ausente em momentos delicados de saúde do meu pai. Minha prova foi dia 19 de janeiro de 2020, mas no réveillon ele estava internado. Por dois domingos em que ele esteve internado, eu participei de maratonas de exercícios o dia inteiro. No dia em que ele saiu do hospital, minha vontade era estar lá ajudando minha mãe a arrumar as coisas para voltar pra casa, mas eu tinha aula e não faltei. Meu irmão esteve lá com eles e deu todo o apoio. Eles entendiam que o concurso do TJ/PA era uma grande oportunidade para mim. Às vezes, o difícil era eu mesma entender que esses sacrifícios eram o caminho certo.
Nunca pensei em desistir, mas cheguei a pensar que eu não era capaz de conseguir realizar meus sonhos. Lembro que vi o depoimento da Rayana, aprovada em 1º lugar para analista do TJ Amazonas e fiquei impressionada pela maturidade dela em focar desde cedo e com bastante antecedência no concurso. Quando vi que ela tem 22 anos e naquele mesmo dia, eu tinha feito um simulado e obtido o percentual de 65% de acertos, comecei a chorar, pois pensei: “Meu Deus, tenho 30 anos, estou enferrujada! Não sirvo mais para isso! No último concurso de analista acertei 75% e agora não saio dos 65%… Já era! Não tem jeito!”. Faltava menos de 10 dias para a prova do TJ/PA. Quando eu saí do banho, meu esposo percebeu que eu estava com o rosto inchado e vermelho e perguntou o que eu tinha. Quando contei, ele me consolou e pediu que eu parasse de pensar assim e que continuasse trabalhando em cima dos meus erros, pois os resultados iriam melhorar. E assim fiz… Voltei a estudar no mesmo dia.
No dia seguinte fomos à igreja, pedi mais forças e sabedoria a Deus. Na semana posterior, estudei como nunca. Na sexta anterior à prova, resolvi mais dois simulados e desta vez a nota foi de 75% de acertos em ambos. Essa evolução me fez ficar mais tranquila e segura para a prova, apesar de saber que precisaria de um percentual maior para ser aprovada dentro das vagas.
O que posso dizer para os amigos leitores é que o caminho, de fato, não é fácil. A gente chora, fica triste e normalmente lida com muitas reprovações e sentimento de frustração antes que realmente dê certo. Isso daí faz parte do percurso da maioria dos concurseiros.
Na minha opinião, o que faz diferença para chegar à aprovação é a coragem para encarar e mapear nossas falhas e deficiências e também ter uma fonte de renovação de forças e de esperança, que no meu caso foi Deus, a família e os amigos.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Kelly: Posso dizer que minha principal motivação foi a realização pessoal. Eu devia esta aprovação para mim mesma. Tive que aprender a ter compromisso com o meu sonho. Em adição, teve a questão financeira também. Eu precisava ter uma remuneração melhor diante da vida nova que iniciei com o casamento, bem como para proporcionar aos meus pais mais qualidade de vida.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Kelly: Se está iniciando agora, sugiro que eleja o cargo alvo, pegue esse edital, um bom curso como o Estratégia para formar base, e estude com dedicação, disciplina e constância.
O ideal é o estudo pré-edital. Se não puder adquirir um curso, há muitas ferramentas gratuitas e de qualidade. Muitas aulas dos cursos extensivos são gravadas ao vivo, no Youtube. O Estratégia faz muitas revisões direcionadas e certeiras também gratuitas. O site do Planalto tem todas as leis necessárias. Os simulados e suas correções também são gratuitos. Você apenas precisa estar cadastrado para receber as notificações e esses materiais.
Graças a Deus hoje em dia o acesso ao conhecimento está democratizado, e o mais importante é a nossa força de vontade para lutar.
Estabeleça sua meta diária de estudos e tenha compromisso com o seu sonho, com o seu futuro. Se você não o tratar como prioridade, os anos irão passar e poderá acontecer de você se arrepender. Aconteceu comigo! Então aproveite para focar desde cedo. Não existe fórmula mágica.
Se é estudante de Direito e quer ocupar o cargo de analista judiciário depois que formar ou até mesmo antes (por extraordinário aproveitamento), comece desde logo!
É importante também que converse com sua família e amigos para explicar sobre a necessidade que você terá de que eles lhe apoiem e compreendam nas ausências e demais sacrifícios.
Esteja ciente de que muito provavelmente o caminho será árduo. Algumas ou muitas reprovações poderão vir. Isso faz parte do caminho da maioria dos aprovados e hoje empossados em bons cargos públicos. Aguenta firme. Siga em frente. Isso servirá para tornar você mais forte e também um ser humano mais humilde e resiliente.
Você pode chegar lá! Sacuda a poeira das reprovações e corrija seus erros, falhas ou deficiências. Não seja extremamente otimista de achar que sua hora irá chegar sem você colocar as mãos na massa. É necessário um trabalho de autoconhecimento e autocrítica.
Faça simulados semanalmente de provas semelhantes ao cargo que deseja. Anote seus acertos. Identifique os erros. Tente na outra semana melhorar ainda mais a nota e assim vá seguindo até o dia da prova. Funcionou muito bem pra mim. Pode funcionar para você.
Não se compare com ninguém além de si mesmo. Há jovens prodígios aprovados em concursos de alto nível logo depois de formados sim, mas eles são minoria. A maioria teve que pagar o preço do percurso com lágrimas, se reinventando a cada reprovação. Gênios passam, mas medianos esforçados como eu também passam.
O caminho é difícil sim, mas a linha de chegada é extremamente gratificante e fará cada sacrifício valer a pena.
Por fim, tenha uma fonte segura de renovação da sua fé e esperança. Para mim, essa fonte foi Jesus, a família e as amizades. Estar com quem amamos e com quem nos faz bem, ir à igreja e fazer meditações e orações diárias com meu esposo renovava minhas forças e confiança em Deus, o que me possibilitou ficar firme nos estudos.
Eu queria muito que o TJ/PA desse certo, mas eu não sabia se realmente iria dar. Lembrem-se que para cada cargo almejado só precisa dar certo uma vez. Pode ser que a prova que vai dar certo para você seja a próxima!
Deixo agora dois versículos que sempre me aqueceram e acalmaram o coração… Quem sabe não podem fazer o mesmo com você!
“Do Senhor vem a salvação dos justos; Ele é a sua fortaleza na hora da adversidade.” (Salmos 37:39)
“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou o coração humano, o que Deus tem preparado para aqueles que O amam.” (1 Coríntios 2:9)
Um abraço a todos e muita luz em seus caminhos!
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Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação?! Mande um e-mail para: [email protected]
Um abraço,
Thaís Mendes