Aprovada no Concurso da UEPA
“Muitas das vezes esquecemos como é importante manter a mente saudável. Se cobrar demais, julgar os outros, achar que nunca vai conseguir ou então diminuir suas próprias conquistas são fatores que contribuem, diretamente, no nosso desempenho na realização das provas”
Confira nossa entrevista com Samantha Araújo – Aprovada em 1° lugar no concurso da Universidade do Estado do Pará (UEPA) para o cargo de biblioteconomia:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formada em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Samantha Araújo: Sou natural de São Paulo Capital, mas há 29 anos moro no Estado do Pará. Tenho 32 anos. Sou bibliotecária, fiz o curso de biblioteconomia pela Universidade federal do Pará (UFPA), onde concluí no ano de 2012.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Samantha: Um dos principais motivos está relacionado a estabilidade de um vínculo empregatício e financeiro. Pensava que após essa conquista teria mais tempo para alcançar novos objetivos profissionais, como a realização de um mestrado, novos cursos, especializações e etc.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Samantha: No ano de 2012, quando me formei, tive a oportunidade de conseguir o primeiro emprego e, desde aquele tempo, conciliava os estudos com o trabalho. Então ao longo de todos os concursos, sempre tive que conciliar os estudos com o trabalho, em virtude da necessidade de dinheiro para a compra de passagens, hostel, alimentação, dentre outros custos que se tem quando se realiza provas fora do seu Estado.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovada? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Samantha: Obtive aprovação em 6° lugar no concurso para bibliotecário, pela Universidade Federal do Piauí – Campus Bom Jesus em dezembro de 2018. Fui aprovada em 27° no concurso da prefeitura de Campinas/ SP no cargo de bibliotecário em setembro de 2019 (considerando que esse concurso foram 350 inscritos eu fiquei até feliz com essa classificação rs). E, atualmente, obtive o 1° lugar geral para o cargo de biblioteconomia pela Universidade do Estado do Pará (UEPA)
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Samantha: Algo surreal! Mesmo você vendo seu nome na lista, você ainda não acredita que de fato isso ocorreu. Eu digo que ao ver meu nome na lista do vestibular pela UFPA, em 2007, foi um momento inacreditável, porém ao olhar o nome na lista de aprovados/classificados em primeiro lugar, é uma concretização de um sonho que, inclusive, por muitas vezes eu pensei que jamais fosse conseguir.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Samantha: Acerca da preparação de estudos, eu tentava conciliar da melhor forma possível a leitura e a realização dos exercícios dos materiais com o convívio social, até porque existe certos momentos que você não consegue absorver a leitura de forma eficiente, pois a mente encontra-se totalmente cansada. Nesse momento percebia que era o momento no qual deveria fazer coisas para distrair, então o convívio social era extremamente importante.
Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira? Se sim, de que forma?
Samantha: A família sempre apoiou a realização de provas de concursos, haja vista por existir um membro da família (PAI) que era concursado. Desde muito cedo sempre tive os conselhos dos meus pais sobre a importância da realização de concursos. Contudo, quando decidi, em novembro de 2018, realizar concursos por vários Estados, achei melhor não os comunicar. Era uma forma, inclusive, de não me sentir pressionada, mesmo tendo autonomia financeira (por morar longe deles), existia uma preocupação por parte deles sob gastos realizados e de tentativas frustradas.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Samantha: Acredito que depende muito do objetivo do candidato. Atualmente percebe-se que existe uma diminuição de vagas para determinados cargos de concurso de um modo geral. Em virtude dessa escassez, acredito que o candidato, dependendo do salário, pode tentar optar para a realização de uma vaga não só como experiência, mas também como uma segurança financeira. Isso pode lhe proporcionar realizar concursos em outros Estados.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovada?
Samantha: Em novembro de 2018 decidi, de fato, começar a estudar para concursos públicos na minha área. Após várias tentativas frustradas, tentei recomeçar do zero, ou seja, estudando todo o edital, estudando todas as disciplinas (Português, Informática, Legislação, Atualidade etc). Comecei do básico do básico, com disciplinas que via que tinha grandes dificuldades e que não poderia mais perder pontos.
Percebi que grande parte do conteúdo das provas se repetia, principalmente no que se refere a português, informática, raciocínio lógico, além dos conhecimentos específicos. Dessa forma, eu posso dizer que o tempo de estudo para essa prova, começou em novembro de 2018, quando comecei do zero a estudar as disciplinas. Com o passar do tempo, dependendo da exigência do edital, eu acrescentava mais assunto. Era um processo constante de revisão.
Foi um processo construtivo de provas que foram feitas praticamente todo mês, onde sempre acrescentava mais informações, além das correções das provas antigas.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Samantha: Sim, por muitas vezes. Como sempre acompanhei sites de concursos da área de biblioteconomia, sempre tinha informações sobre editais que poderiam sair a qualquer momento, então eu já ficava esperando. Para tentar manter a disciplina, eu incorporei os estudos na minha rotina. Era algo que fazia parte do meu dia, como muitas falavam: “quando você se acostumar a estudar todos os dias, isso já vai fazer parte da sua rotina. Não importa se são 2 horas, 3 horas, 4 horas… Isso vai fazer parte de sua rotina”.
Como trabalho em uma biblioteca, ver candidatos que todos os dias estavam ali estudando, também me motivava para seguir essa rotina de estudo. Pensava: se eles podem, porque eu não?.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Samantha: Videoaula e cursos em PDF, na sua maioria (pela facilidade dos resumos e mapa mentais). Quando tinha alguma dúvida no material fazia uso de videoaula. Ou quando tinha dúvida sobre a fonte da informação em uma apostila, consultava a fonte original disponibilizada nos livros.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Samantha: Através de concurseiros e amigos que sempre utilizavam as apostilas para diversos concursos.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Samantha: No início do estudo, eu realizava o planejamento dos materiais da seguinte forma: iniciava com conhecimentos específicos (delimitava um tempo para isso de 15 a 20 dias), Português (10 a 15 dias), e assim seguindo com as outras disciplinas. Porém, com o passar do tempo, comecei a mudar de tática. Comecei a fazer revezamento, em um dia estudava conhecimento específico, no outro dia português, em outro legislação e assim sucessivamente (de acordo com as matérias exigidas pelo edital) até chegar a primeira disciplina estudada. Percebi que, dessa forma, conseguia aprender e memorizar melhor.
Quando comecei a fazer concursos, em 2012, a minha tática de estudos era somente a realização de exercícios, porque achava que dessa forma eu economizava tempo e poderia conseguir sair na frente dos candidatos que passavam o dia estudando. Porém, ao fazer uma reflexão sobre isso, percebi o quanto estudava de forma errada. Foi ali que tive que repensar e começar a estudar de fato as disciplinas além dos exercícios.
Como o conteúdo é muito grande e é praticamente impossível você estudar o material na íntegra (a não ser quando você tem alguma dúvida específica), comecei a estudar por apostilas, onde apresentavam as principais informações sobre o assunto de forma resumida. Sendo assim, o processo era teoria e resolução de exercícios, como provas recentes da área (e muitos exercícios… rs).
No início dos estudos eu dividia meu tempo no turno da manha, tarde e noite. Logo, no horário de 08:00 as 14:00 (horário do meu trabalho), eu consegui estudar cerca de 2:30. Sempre que sobrava tempo no período da tarde após o almoço, fazia 1 hora de estudo. No tempo de tarde/ noite (entre 18:00 as 23:00), eu fazia 3 a 4 horas. Assim, a média de tempo estudando no dia chegava de 8 a 9 horas.
Porém fui diminuindo um pouco ritmo de estudo, deixando na média de 4 a 5 horas diários, incluindo sábados e domingos que, dependendo da ocasião, diminuía o ritmo de estudos.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Samantha: Português, Raciocínio lógico e matemática. Português comecei a ver videoaulas praticamente todos os dias e me conscientizava que era uma disciplina que, pelo menos, tinham 10 questões que caíam sempre em prova e que não poderia perder. Foi todo um processo lento de aprendizagem e de ressaltar a importância da disciplina.
Já Raciocínio lógico e matemática, apesar de não ser matérias constantes nas provas de biblioteconomia e de nunca ter gostado da área de exatas, mesmo vendo videoaulas, a melhor maneira que encontrei foi contratando um professor particular, para auxiliar pelo menos nos exercícios das provas resolvidas.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Samantha: Na semana que antecedeu a prova eu intensifiquei um pouco a rotina de estudos. Como semanas antes foram as festas de fim de ano, foi bastante difícil me dedicar aos estudos.
Na véspera da prova aproveitei para fazer realização de resoluções de provas da banca do concurso, porém nada muito exagerado.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS.
Samantha: Acho que o maior erro, no início, foi tentar estudar de uma forma desorganizada e, ao mesmo tempo, de um modo apressado. Não me alimentava direito, não praticava atividades físicas, porque achava que não daria tempo de estudar o conteúdo para prova. Tudo influenciou diretamente na minha saúde mental, gerando como consequências despenhos não satisfatórios em alguns momentos.
Os maiores acertos foram compreender que o processo de concurso é lento e gradual, dificilmente uma pessoa irá fazer uma prova e irá passar de primeira (lembro que li sobre isso em um artigo publicado pelo bibliotecário Gustavo Henn. Acreditava que poderia ser uma informação equivocada, mas com passar do tempo, percebi que era mais do que verdadeira e tive que aceitar que essa é a realidade… rs).
Assim, por mais difícil que seja, precisamos ser pacientes. Logo, a partir do momento que percebi como as coisas se desenvolviam, passei a lançar outras estratégias de estudos, além de práticas de exercícios, alimentação, uma boa noite de sono (o que é vital para o candidato), bem como convívio social. É tudo uma questão de planejamento, traçar os melhores caminhos até chegar a aprovação. Ver os erros o que podem ser melhorados e analisar os acertos.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Samantha: Acredito que o momento mais difícil foi quando na prova da prefeitura de Campinas, em São Paulo, no mês de setembro de 2019, tive uma crise de ansiedade, juntamente com uma crise de pânico no momento da prova. Isso nunca tinha ocorrido na minha vida, em nenhuma situação.
Ali comecei a perceber que tinha desenvolvido transtorno de ansiedade. Como consequência, comecei a ter medo de fazer provas de concursos, tinha medo de andar de avião, dentre outras coisas que eram normais na minha rotina e que não conseguira mais fazer.
Lembro que, uma semana depois desse episódio, fui fazer uma prova da UFAM em Manaus e quando comecei a realizar a prova, tive outra crise de ansiedade. Consegui controlar, mas, de certa forma, prejudicou a realização da prova.
Foi então que vi que necessitava de ajuda. Procurei ajuda médica, parei de estudar praticamente por 3 meses. Além disso, tirei férias do trabalho e comecei um tratamento com um profissional. Nesse período eu pensava que nunca mais poderia fazer uma prova de novo, já que a ideia de fazer me assustava. Não queria passar de novo por todos os sintomas.
Assim, ao iniciar o tratamento médico, recomecei com a minha rotina de estudos, de uma forma menor, sem grandes pressões no objetivo de um resultado. Também comecei a conciliar a realização da prática de exercícios físicos (se eu pudesse dar um conselho a qualquer concurseiro, seria esse! Não deixe de praticar exercícios físicos! Eles foram e estão sendo fundamentais no processo da minha recuperação e fazem bem para nossa saúde mental).
Fui percebendo que o medo de fazer provas tinha diminuído, sendo que a prova da UEPA foi à primeira prova que fiz após as crises de ansiedades e pânico. Foi uma prova que fiz sem por grandes pressões em mim, estava me sentido “leve”. O sentimento que tive ao sair da prova foi de superação, já que eu estava feliz por ter conseguido realizar uma prova novamente, sem passar por qualquer crise de ansiedade ou pânico.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Samantha: Acredito que a principal motivação, mesmo com alguns resultados negativos, era de pensar que eu já estava trilhando um caminho de estudos e estava na direção certa. Sabia que qualquer momento daria certo.
Eu também observava minha evolução ao longo do tempo. No início não conseguia atingir nem 50% das questões de uma prova e, com decorrer das provas, esse percentual foi aumentando até chegar aproximadamente a 80%.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Samantha: Primeiramente cuidar da saúde mental. Muitas das vezes esquecemos como é importante manter a mente saudável. Se cobrar demais, julgar os outros, achar que nunca vai conseguir ou então diminuir suas próprias conquistas são fatores que contribuem, diretamente, no nosso desempenho na realização das provas.
Outra dica é montar uma estratégia para a prova que você irá fazer. Lembrar que cada banca tem um jeito de fazer suas questões e muitas das vezes elas se reptem, assim a gente vai aprendendo a realizar estratégias visando atingir a maior pontuação possível nas questões, percebendo, por exemplo, quais assunto que mais caem, quais os itens que nunca são cobrados, qual banca as questões tem peso diferente (1 ou 2). Assim, ao perceber esses itens, você tenta se encaixar para ver qual melhor estilo de prova você pode fazer e se sair melhor.
Outra dica, que parece clichê, porém é verdadeira: não desista! Achar que você não tem capacidade, que nunca vai conseguir (JAMAIS), não deixar de fazer provas com número mínimo de vagas especialmente em universidades federais que sempre chamam um número maior do que previsto no edital, além de não de sentir menosprezado pelos seus concorrentes.
Lembre-se que concorrência alta não significa qualidade, já que existem pessoas que não estudaram, outras estão fazendo só por fazer, outras não conseguiram estudar todo o edital ou então outras pessoas que terão o azar de na prova de cair um conteúdo que não dominam muito. Concorrência é algo que já me assustou muito e, por muitas vezes, já deixei de fazer provas por isso. Mas percebi que antes de me preocupar com a concorrência, eu teria que fazer minha parte.
Quantas provas já presenciei com alta demanda de candidatos e ninguém foi aprovado por não atingir a média! O medo faz com que muitos candidatos deixem de fazer provas e esse foi o primeiro obstáculo que venci ao iniciar minha trajetória de concursos.
Confira outras entrevistas em:
Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação?! Mande um e-mail para: [email protected]
Um abraço,
Thaís Mendes