Artigo

VENCEMOS PELA RESISTÊNCIA!

Hoje vou contar uma história.

Em 1874, nasce, na Irlanda, Sir. Ernest Henry Shackleton. Esta figura era um explorador antártico, e foi personagem de uma aventura extraordinária.

Em 1914, organizou uma expedição para a Antártica, denominada “Expedição Transantártica Imperial”, cujo objetivo era atravessar, a pé, o continente antártico. O objetivo era atracar o navio de um lado da Antártica, seguir a pé e chegar do outro lado. Simples assim.

Algumas pessoas se candidataram, incluindo “três raparigas desportistas”. Dos cinco mil candidatos, somente vinte e oito foram selecionados (uma espécie de seleção do Cespe, à época).

Antes de seguir viagem, precisavam escolher um nome para o navio. Surgiram vários e, finalmente, chegaram a um denominador comum: “Endurance”, que, em português, significa resistência.

Partiu em 08/08/1914. Navegou por cerca de 1.500 km e, por um ajudazinha da natureza, ficou aprisionado em um banco de gelo, a 200 km de seu porto de destino.

Para complicar mais a situação, o Endurance sofreu uma avaria em seu casco, causado por um bloco de gelo. Desta forma, a tripulação ficou isolada na Antártica. Imagine você, em 1914, na Antártica, sem equipamento de comunicação, vendo seu navio afundar. É uma cena nada romântica.

Para prosseguir, tiveram que carregar três botes salva-vidas (que, na época, eram feitos em madeira) e um monte de parafernália necessária à sobrevivência. Para isso, tiveram que usar a própria força bruta, ou seja, “carregar no braço”.

Na travessia, a carne ficou escassa e os cães tiveram que ser sacrificados. Comer carne de cachorro não é muito bom, mas, diante da situação, qualquer tipo de carne era aceita, independente do animal.

Andaram por seis meses carregando os botes. Finalmente, alcançaram o mar. Estavam há um ano só comendo proteína, carne de foca e carne de cachorro. Andaram mais 1.300 km, enfrentaram um furacão e ondas gigantescas. Concluíram a viagem em 1916.

Já na Inglaterra, Shackleton foi voluntário para lutar na Primeira Guerra Mundial. Teve seu pedido negado, por causa da sua idade. Participou de outras expedições em faleceu em 1922.

O que levou estas pessoas a sobreviverem nesta expedição? Uma conduta racional de comportamento e pensamento. Na época, foram organizadas algumas atividades fora do cotidiano, tudo com o objetivo de manter a tripulação com a mente ocupada. Assim, a estrutura de comando foi obedecida, o revezamento de tarefas foi realizado e o estabelecimento de rotinas foi cumprido.

Estas pessoas estavam destinadas a uma morte lenta e dolorosa (ou seja, “em suaves prestações”), mas se agarraram no “fazer o que tinha que ser feito”.

Na nossa sociedade, nós não nascemos para comer, dormir e reclamar que a internet está lenta. Nós somos maiores que isso. A história contada mostra que, se tivermos disciplina, conquistaremos coisas fantásticas. A escola não ensina você a ficar no meio do gelo, passando fome, comendo carne de cachorro. Para ser aprovado em um concurso público, você deve sair da sua zona de conforto. Você deve superar a sí mesmo, todos os dias.

Por fim, somente para conhecimento: o brasão da família de Shackleton tem uma inscrição que traduz como devemos encarar as nossas batalhas (e concursos): “Fortitude Vincimus”, ou seja, “VENCEMOS PELA RESISTÊNCIA“.

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Veja os comentários
  • Bela história e bela reflexão. Eu já a conhecia, mas a reflexão fez a diferença no texto, mesmo com uns "percalcinhos" redacionais. Vou utiilizá-lo em minhas aulas.
    Raimundo Nonato de Sousa Sobrinho em 31/05/20 às 13:05