Aprovada em 2° lugar no concurso UNB para o cargo de Contador
Concursos Públicos
“Queria dizer que, nos dias mais difíceis, eu via as entrevistas de concursados aprovados testemunhando os seus processos, o que melhorava muito o ânimo; hoje, aceitei dar essa entrevista, pensando em ser essa pessoa também […]”
Confira a nossa entrevista com Rose Samyra Guedes Zahn, aprovada em 2° lugar no concurso UNB para o cargo de Contador:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-la. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Rose Samyra Guedes Zahn: Salve pessoal, sou Rose, formada em Ciências Contábeis, tenho 38 anos e nasci em Brasília.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Rose: Eu vim de um contexto social de miséria mesmo, em que faltava o mínimo para se viver com dignidade. Trabalhei, primeiramente, na iniciativa privada e, na sequência, como terceirizada no serviço público. Apesar de isso ter ajudado a melhorar a situação grave de pobreza em que eu vivia com a minha família, nesses empregos, havia instabilidade e, muitas vezes, um contexto de desrespeito ao trabalhador. Com o tempo, isso foi ficando insustentável e, por isso, eu decidi aplicar para concurso público.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Rose: Sempre trabalhei e estudei. Passei por diversas fases de estudo, mas, em geral, eu estudava à noite e aos finais de semana.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovada? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Rose: O primeiro concurso que passei foi em 2012, em 1º lugar, para o cargo de Auxiliar em Administração do Instituto Federal de Brasília. Estudei por conta própria. Eu costumo dizer que o desespero me ajudou a passar, porque eu era terceirizada, estava há anos sem férias, mudando de salário (para menor), porque os contratos eram emergenciais e só duravam 6 meses. Apesar de fazer outros concursos desde então, somente tomei a decisão de levar os estudos a sério para concurso em 2021, durante a pandemia.
As aprovações foram:
IFB, Auxiliar em Administração, 1º lugar;
IFB, Contadora, 5º lugar;
Prefeitura de Ouro Preto, Contadora, 2º lugar;
Prefeitura de Belo Horizonte, Agente Fazendário, 69º lugar; Instituto Federal do Mato Grosso do Sul, Técnica em Contabilidade, 1º lugar;
Prefeitura de Mariana, Contadora, 5º lugar;
UnB, Contadora; 2º lugar.
Estou começando agora na UnB. Ela é a a minha querida, me formei ali, o ambiente da educação me interessa e me instiga. Por algum tempo, estarei dividida entre trabalho e família, mas é por uma boa razão no futuro. A UnB é onde eu quero estar neste momento; de todo modo, a docência e a carreira de auditoria também são um desejo. Eu sigo a ver os caminhos que se apresentarão para mim.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Rose: Eu passei por várias fases de estudos, mas, de modo geral, eu posso dizer que eu trabalhava, estudava à noite durante a semana; aos finais de semana eu variava entre estudar e fazer outras coisas, inclusive, me divertir; o meu esposo também estava estudando, então, nos entendíamos e nos ajudávamos e isso foi fundamental, pois sei que, quando você está em um ambiente em que outras pessoas não estudam para concursos, fica mais difícil de ter compreensão.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseira? De que forma?
Rose: O meu núcleo familiar maior mora em outro estado. Todos eles sabiam que eu estava estudando e me apoiaram. Em casa, eu também tive total apoio e compreensão do meu esposo, que também está nessa jornada de estudos para concurso, em um deles passamos juntos, inclusive (meta de casal!). Ele é um grande parceiro, de vida e de concurso.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Rose: Eu não pude estudar com afinco para nenhum dos concursos que fiz em 2025 e nos quais passei, mas fiz algumas questões direcionadas. Aproveitei a bagagem de estudos de anos anteriores e também tenho o costume, no dia a dia, de fazer leituras, ver vídeos sobre conteúdos correlatos à profissão de Contadora (cargo para o qual aplico nos concursos), o que me ajuda a conhecer alguns assuntos sem a rotina de estudo para as provas. Acredito que ter parado para descansar a mente, para assentar o que já havia estudado foi importante. Porém, isso funcionou para os concursos que fiz, talvez pela complexidade ser média; para fazer concursos como os da Receita Federal, por exemplo, mais complexos, sei que precisarei ser mais disciplinada.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Rose: Na retomada dos estudos para concursos, eu usei, sobretudo, PDFs para me inteirar dos conteúdos numa sequência mais lógica, eficiente. Eu fiz muita questão dos PDFs também e, com o passar dos anos, eu foquei mais em fazer questões das bancas; quando não tinha tempo de sentar para estudar, limpava a casa ou fazia outras atividades vendo/ouvindo vídeos. O PDF é a minha forma preferida, mas demanda tempo; questões são importantes do início ao fim da preparação, principalmente da banca da prova que você irá fazer.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Rose: Já nem me lembro mais, mas provavelmente, por indicação de amigos ou pela internet.
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos? Se sim, o que mais incomodava quando você estudava por esse concorrente?
Rose: Sim, em 2021, eu usei material de outro curso. Comprei livros para concursos que usei mais para a vida acadêmica do que para concurso. Seja como for, eu costumo dizer que tudo o que utilizei para os estudos foi muito importante; o Estratégia tem o diferencial de preparar um material mais certeiro, com isso, o tempo de preparação ficou menor. De 2022 para cá, é o que mais usei e uso.
Estratégia: Você chegou a fazer algum concurso enquanto ainda se preparava com esse outro material? Foi aprovada?
Rose: Sim, mas só fui aprovada a partir de 2023.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Rose: O Estratégia tem o diferencial de preparar um material mais certeiro, com isso, o tempo de preparação ficou menor. Já peguei materiais do Estratégia que tinham conteúdos na mesma sequência de editais de provas que fiz, isso é realmente ótimo. Os PDFs e os vídeos são os recursos que eu mais uso. Conheço outros, mas não uso.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Rose: Para cada concurso, uma organização de estudos diferente. Em geral, eu estudava as matérias que julgava mais importantes para as provas (duas por dia); as matérias que eu não entendia, nem vendo PDF ou vídeo ou que eu conhecia melhor, eu estudava fazendo questão. No meu auge, estudei 4 horas por dia, mas, depois de algumas semanas, isso me esgotava; passei a estudar por volta de 2h30 durante a semana e, se desse, estendia um pouco mais no fim de semana. Sinceramente, chegou um momento em que o tempo de estudos não era uma preocupação. Eu estava mais atenta à minha capacidade de compreender os conteúdos que eu estudava. Às vezes, 30 min são suficientes, às vezes nem 4h bastam, isso é muito relativo. Nos dias de muito cansaço, eu fazia questões ou via vídeos.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Rose: Tentei por um tempo revisar fazendo resumo, mas não deu certo. Revisei fazendo questão.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Rose: Para mim, foi absolutamente relevante fazer questões, sobretudo, da banca da prova que eu ia fazer. Não faço ideia de quantas fiz, mas não foram poucas.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Rose: Gramática sempre foi o meu calo. Eu não consigo completar nenhum PDF. Os vídeos da Adriana me ajudaram bastante; faço questão e conto com a experiência que tive, pois já trabalhei em lugares revisando textos. Ali, tínhamos treinamentos de gramática e escrita. Também gosto muito de ler desde criança, isso me ajudou ao longo de toda a minha vida de estudos, não só em concurso, mas na educação formal, desde o ensino fundamental até o ensino superior.
Informática é outra dificuldade, faço questões para me preparar e conto com a experiência do que aprendi nos meus trabalhos, em que, muitas vezes, tive o hábito de pesquisar e aprender sobre algum assunto para melhorar atividades.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Rose: Não consegui estudar durante a semana, mas, nos dois dias que antecederam a prova, eu vi alguns vídeos sobre conteúdos que iriam ser cobrados, sempre faço isso e consigo responder algumas questões. No dia da prova, eu procurei fazer tranquila, o fato de já estar em um emprego, de não depender necessariamente do concurso, ajuda a tranquilizar também, isso, porém, não compromete o compromisso com a prova, faço com toda a atenção. Particularmente, eu gosto de fazer provas que me desafiam intelectualmente, como um jogo. Isso, instiga.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Rose: Vi alguns vídeos da professora Adriana com dicas de redação, contei com a experiência de revisar texto e com o hábito da leitura (um amigo sempre diz: se quiser saber escrever, leia). Nos últimos anos, precisei ler e escrever trabalhos acadêmicos, cuja estrutura pede introdução, desenvolvimento e conclusão. Isso ajudou nas redações, não somente para o concurso da UnB, mas para todos os que fiz. Seja como for, reconheço que preciso ser mais disciplinada na preparação para as discursivas, porque, já houve provas em que eu tive bom resultado e em outras não, por pura falta de preparo.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Rose: Em geral, eu prefiro não pensar nesses termos, porque acredito que tudo se aproveita. Não se começa algo já sabendo, é no processo que a gente vai se alinhando melhor. Seja como for, lá atrás, ainda na primeira década deste século, eu recusei muitas vezes a estudar com cursos ou materiais próprios para concursos, primeiro porque não tinha dinheiro, depois porque achava que eu conseguia estudar por conta própria sem recorrer a esse tipo de ajuda. De fato, funcionou para o primeiro concurso. Depois, ao fazer provas mais complexas, vi que eu precisava comer muito arroz e feijão ainda, para estar competitiva. Quando tive condições e me permiti estudar com materiais melhores, os do Estratégia, sobretudo, a diferença foi real, comecei a passar em concursos, ganhei autoestima (outra coisa que derruba a gente quando começa a estudar).
Recomeçar os PDFs depois de passar um tempo sem estudar, é algo que eu reveria. A gente perde muito tempo, não compensa; melhor dar continuidade de onde parou e fazer questões do que já viu. Tentar estudar todo o edital atrapalha também.
Enfim, eu posso dizer que um bom começo é: fazer questão desde sempre; usar bons materiais, como os do Estratégia; ter calma e persistência. Fazer concurso é um projeto de médio e de longo prazo, superemos essa urgência que o mundo atual nos impõe. Aprender, exige tempo, mas vale a pena.
Cuidar da autoestima, passar em concurso não tem a ver com ser inteligente, todos temos potencial, alguns passam mais rápido do que outros, porque a vida não é justa e favorável igualmente; há quem tenha mais condições de ir na frente;
Gostar de conhecer, de entender (e não de decorar). Isso amplia a nossa visão de mundo, não apenas para concurso, mas para a vida. Fazer muitas provas, isso ajuda a ter controle emocional e gestão do tempo.
Ao fazer uma prova, comece pelas questões fáceis, deixe as que tomam mais tempo para o final, parece bobo, mas esse proceder é poderoso! Não pare a vida para os estudos. É preciso se exercitar, comer bem, receber e dar atenção e amor à família, aos amigos, se permitir viver enquanto assume o compromisso de estudar.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Rose: Várias vezes quis desistir de fazer a prova. Estudar exige muita energia mental e abdicação temporária de algumas coisas. Sobretudo no começo dos estudos, a autoestima da gente fica no chão, então, é fácil pensar em desistir. Quando a gente reprova, aí que “o trem garra” mesmo, mas então, a gente ergue a cabeça, mete o pé, vai na fé, chora e segue em frente.
As motivações são muito particulares. No meu caso, até hoje, o que me move, é saber que, mesmo tendo tido algumas conquistas até aqui, considerando a realidade de onde vim, nada está garantido, não me contento em estar bem sozinha, quero que todas as minhas e todos os meus estejam bem também. Então, já jogando para o universo, digo: eu serei professora e Auditora da Receita Federal! Talvez eu pare quando chegar lá.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Rose: Quero dizer que, nos dias mais difíceis, eu via as entrevistas de concursados aprovados testemunhando os seus processos e isso melhorava muito o meu ânimo. Hoje, aceitei dar essa entrevista, pensando em ser essa pessoa também. Gostaria de, sobretudo, falar para aquelas e para aqueles que conhecem a miséria e a pobreza, a falta do básico para se viver dignamente: concurso é pra você também, vai ser mais difícil, o mundo não é justo, vai doer um pouco mais, mas é possível. Estudar e ser concursado, muda a vida, melhora o mundo e é o que desejo especialmente para você. Entenda a sua vocação e vai! No mais, o serviço público é uma nobre atividade. Ali, a gente é parte de um todo tão necessário para fazer esse nosso Brasil seguir em frente.