
“[…] E acredite que você vai passar, se não desistir. É mais uma questão de “quando” a aprovação virá do que de “se”. […]”
Confira nossa entrevista com 1° lugar (CR) no concurso TRT 15 para o cargo de Analista Judiciário – Área Administrativa – Polo: Campinas:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Emanuel Ribeiro: Muito obrigado por mais esse convite! Eu me chamo Emanuel Ribeiro (Manu), sou formado em Administração de Empresas, tenho 33 anos e sou natural do Rio de Janeiro.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Emanuel: Foram dois momentos: em 2012, eu buscava a estabilidade financeira para pensar em sair do aluguel e poder ter uma vida melhor, éramos eu e minha mãe. Veio o concurso da Caixa Econômica para técnico bancário e, sem saber muito bem por onde começar, resolvi me inscrever em um curso preparatório presencial, que me direcionou muito bem para as disciplinas cobradas na prova. Graças a Deus, a convocação veio rápida: cinco meses depois, já estava trabalhando. Ali eu descobri que, com determinação e com uma preparação adequada, é possível passar em um concurso, mesmo sem uma base muito boa nos estudos.
O segundo momento foi em 2023. Apesar de muito grato pelo que o trabalho na Caixa me trouxe, percebi que não me sentia realizado profissionalmente (alguém tá se lembrando da pirâmide de Maslow?). Com o incentivo de dois amigos no trabalho, eu comecei a estudar para o TSE unificado. Eu me preparei principalmente para o cargo de técnico judiciário, buscando apenas uma transição de carreira num primeiro momento. Só que as coisas acabaram dando tão certo que além de ter passado para Analista Judiciário no TSE e no TRT-15 em primeiro lugar, também tive a felicidade de passar para Auditor-Fiscal do Trabalho. Além da realização profissional, ainda teve um baita upgrade no orçamento!
A minha decisão de estudar para tribunais teve muito a ver com o meu gosto pelo direito, que só aumentou depois de assistir às aulas de Direito Constitucional ministradas pela professora Nelma Fontana, a quem considero a maior “culpada” pelo meu sucesso.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Emanuel: Trabalhava e estudava. Usava o tempo de deslocamento para assistir a videoaulas sobre assuntos que já tinha estudado, e algumas vezes abria mão do horário de almoço também. Usava esse mesmo tipo de estudo mais “passivo” quando dividia a atenção com outros afazeres: ao levar o cachorro na rua, ir ao mercado, à academia… Já em casa, dedicava o maior tempo possível avançando nas matérias.
Alguns concurseiros que conciliam o trabalho com os estudos ficam muito preocupados com os que se preparam em tempo integral, mas acho que não é isso que determina quem passa e quem não passa. É verdade que quem não trabalha tem mais tempo para estudar, mas é muito difícil estudar, digamos, oito horas líquidas diariamente, que dirá mais do que isso. Quem dispõe de menos tempo, também tende a valorizá-lo muito mais. Além disso, o custo emocional de quem só estuda costuma ser maior, especialmente pela cobrança autoimposta. Assim como vemos na matriz SWOT, são forças e fraquezas com as quais teremos que lidar. É claro que vai ser particularmente mais difícil conciliar trabalho com o estudo e outras responsabilidades, como cuidar da casa ou dos filhos, mas é possível. Nesses casos, quanto mais “teimosa” a pessoa for de persistir nos estudos apesar das dificuldades, melhor. São as que passam mais rapidamente.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Emanuel: Tive a felicidade de ser aprovado em alguns concursos, e é muito bom ver quanta coisa você consegue aproveitar de um concurso para outro, mesmo daqueles em que não fomos bem. Vale lembrar que também fui reprovado em muitos outros concursos, mas no fim das contas, a gente só precisa de uma aprovação! Sobre continuar estudando, pretendo sim, mas agora para poder ajudar outros concurseiros a serem nomeados também. Seguem algumas das minhas aprovações:
2012: Caixa Econômica Federal – Técnico Bancário – 57º lugar;
2023: TRT-12 – Técnico Judiciário – 78º lugar;
2024: TRF-6 – Analista Judiciário – 4º lugar; Técnico Judiciário – 6º lugar;
2024: Auditor-Fiscal do Trabalho – 167º lugar;
2024-2025: TSE Unificado – Analista Judiciário – 1º lugar; Técnico Judiciário – 8º lugar;
2025: TRT-15 – Analista Judiciário – 1º lugar; Técnico Judiciário – 35º lugar.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Emanuel: Não saía muito, especialmente no início dos estudos. É difícil conciliar os estudos com uma vida social muito ativa. Por isso, acho importante falar com os amigos mais próximos e com a família a respeito da decisão de estudar para concursos públicos como uma prioridade e como um projeto temporário.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Emanuel: No meu caso, todos entenderam, porque viram a seriedade com que eu levava os estudos. Também perceberam que eu estava infeliz onde estava e que eu estava determinado a mudar essa realidade, então me apoiaram da melhor forma possível: me deixando estudar.
Para quem se assustar achando que não há vida social, um alento: encontrei a minha namorada estudando pra concurso! Então sim, dá pra ter alguma vida social rsrs, especialmente quando os objetivos são comuns. E ela também passou!
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Emanuel: O último concurso para o qual me preparei integralmente foi para Auditor-Fiscal do Trabalho. Não foi só mais difícil pela variedade e atipicidade das disciplinas, mas também pela concorrência e pelo adiamento das provas em razão das chuvas que afetaram o estado do Rio Grande do Sul. Ao todo, foram mais de seis meses de estudo pós-edital, e eu estaria mentindo se dissesse que mantive o mesmo ritmo após o adiamento. Mas sabe aquela teimosia? Pois é… Esse é o lado bom de ser o cara que continua esperando o ônibus no ponto, porque sabe que no momento em que decidir ir andando para o trabalho, o bendito ônibus vai aparecer. Então apesar de ter “queimado” as férias do trabalho antes da hora e de estar exausto mentalmente, eu continuei estudando, ainda que em um ritmo bem menor e sem estar motivado. E faria tudo de novo. O ônibus veio, afinal!
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Emanuel: Se por um lado as videoaulas e os PDFs foram o carro-chefe da preparação, por outro, eu me beneficiei muito da Trilha Estratégica nos primeiros seis meses de estudo. Também fazia muitos simulados nos finais de semana, serviam como uma verdadeira revisão geral da matéria. Quando estava mais avançado na preparação, contratei uma assessoria de estudos para direcionar ainda mais os meus estudos.
A principal vantagem das videoaulas é ter um professor bom para desenvolver o seu raciocínio e ir além da simples “decoreba”. Às vezes, você acha que leu e entendeu a matéria, mas as bancas boas sabem diferenciar os candidatos que decoram daqueles que entendem de fato o assunto. Por outro lado, a desvantagem das videoaulas é o fator tempo: há muito a ser estudado, e as videoaulas costumam levar um pouco mais de tempo do que a leitura do assunto em PDF. É interessante equilibrar os dois, a depender do tempo de estudo disponível, complexidade do assunto, entre outros fatores. Também assinei um site de questões. A principal vantagem foi poder filtrar os assuntos mais explorados pela banca de cada concurso.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Emanuel: Em 2023, fiz uma pesquisa na internet sobre quais seriam os melhores cursos preparatórios para a área de tribunais.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Emanuel: Eu sou um defensor do coestudo. O aluno tem que descobrir o que melhor funciona com ele e entender que, por melhor que seja o curso, o maior interessado em passar sempre será o próprio aluno. Mas existem bases que não podem ser ignoradas, e o Estratégia dá essa base de uma forma muito sólida. Sem esse direcionamento das ferramentas do Estratégia (aqui cabe uma menção honrosa às Trilhas Estratégicas), o concurseiro provavelmente vai demorar muito mais para ter bons resultados.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Emanuel: No começo, eu segui religiosamente a Trilha Estratégica. Para quem não conhece, são tarefas semanais dadas por alguém que entende daquele concurso e que você tem que cumprir, já incluindo as revisões e a resolução de questões. Depois, eu contratei uma assessoria de estudos, que me indicava o que eu deveria priorizar nas leituras e que me passava muitas questões para resolver. Também comprava alguns módulos isolados de algumas disciplinas específicas, mas confesso que muitos foram exageros da minha parte. Eu não cronometrava as horas, mas usava quase todo o meu tempo disponível para estudar, então é seguro dizer que na semana estudava umas cinco horas e, nos finais de semana, umas oito. Sempre estudava todas as matérias que costumavam cair no edital do concurso para o qual estava me preparando.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Emanuel: Eu sempre fiz anotações do material teórico (PDF/videoaula), mas percebi que diminuí bastante a quantidade de informações que registrava à medida que ia ganhando experiência nos estudos. No começo, você quer anotar tudo, mas com o tempo, vai percebendo que nem tudo vale a pena ser registrado. Menos é mais.
Para mim, a forma mais eficiente de revisar é estudando as questões, principalmente as que eu errava ou acertava com medo. Anotar num caderno (pode ser no computador) os seus erros é uma forma poderosa de focar no que precisa ser melhorado até a prova. Os simulados também são uma excelente forma de revisar todas as disciplinas do seu concurso de uma vez. Eu só recomendaria não ficar se comparando muito com os outros no ranking. Dica de alguém que ficou em primeiro em dois concursos: eu nunca fiquei em primeiro nos rankings desses simulados, então fique tranquilo(a) se não estiver muito bem! Tente ver como uma oportunidade de crescimento até o dia da prova.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Emanuel: Acho que acabei respondendo um pouco na pergunta anterior rsrs.
Fazer questões é tão fundamental quanto estudar a teoria. Tem muita gente que não tem paciência para estudar a teoria e já parte para as questões; eu já fazia o contrário no começo. Adianto que as duas formas não são ideais. Você não pode ter medo de se colocar à prova em determinado assunto, da mesma forma que não é muito eficaz tentar resolver uma questão sem saber do que ela trata. Apesar de não ter contado quantas questões eu fiz, posso dizer que chegou ao ponto de eu conseguir entender a forma de cobrança da banca.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Emanuel: Tive bastante dificuldade em AFO e em Direito Processual do Trabalho. Eram matérias estranhas à minha realidade (e à de muitos), então é normal que elas tenham uma curva de aprendizagem mais difícil. Com o tempo, você vai conectando cada vez mais os tópicos e entendendo a disciplina de uma forma global. É não desistir da matéria, e saber que essa dificuldade é natural. Lembrar que o que é difícil pra você provavelmente também é para os concorrentes pode ajudar justamente ficar bom nela e a se diferenciar. E aquilo que for uma dificuldade específica, o jeito é dar uma atenção maior e dedicar mais tempo.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Emanuel: Na semana da prova, eu estudava mais ou menos com a mesma intensidade das outras semanas, com uma carga horária que já não me era estranha. Eu tomava o cuidado de não exagerar e acabar queimando a largada, mas também não colocava muito o pé no freio, acho que a consciência não deixava rsrs. A diferença é que eu aproveitava para explorar aquilo que ainda era uma dificuldade para mim, para que eu reduzisse o número de surpresas da prova o máximo que eu pudesse. Nessas horas, estudar com o edital impresso do lado ajuda bastante.
Na véspera da prova, eu costumo olhar mais uma vez o que ainda pode melhorar, e assisto à Revisão de Véspera das matérias que mais tenho dificuldade.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Emanuel: As redações fizeram toda a diferença nas minhas provas. Em especial para bancas em que se atribui um peso maior da nota às redações, mas também naquelas em que, embora o peso não seja tão grande, a concorrência está estudando em alto nível e o conhecimento está bem nivelado.
Eu costumava fazer uma redação por semana, com correção. Mesmo que você não tenha um corretor ainda, é importante treinar a escrita e a gestão do tempo constantemente. É comum não dar tempo de fazer toda a prova objetiva em algumas provas com discursivas, então não deixe de cronometrar o tempo de suas redações!
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Emanuel: Meu principal erro foi ter fugido das questões no começo da minha preparação. Por outro lado, encarar a teoria de cada matéria com boa vontade foi um dos meus diferenciais.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Emanuel: Já tive alguns momentos de desânimo, mas não cheguei a pensar em desistir. Nas horas em que a insegurança vinha, eu gostava de pensar que, independentemente do resultado, estava fazendo a minha parte. Se não desse certo, não seria por falta de esforço. Acho que é até melhor focar nas pequenas tarefas, no agora, do que se distanciar demais do que precisa ser feito hoje.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Emanuel: Desconfie dos vendedores de sonhos, que vendem atalhos e resumos milagrosos. O melhor resumo é o seu. Existem bons materiais e boas práticas que podem te poupar algum tempo, mas não há fórmula mágica para ser aprovado. Em alguns casos será tentador e conveniente procurar por culpados: uma questão mal feita, um professor que não explicou muito bem o que caiu na prova… A verdade é que é mais fácil e confortável terceirizar a culpa. Mas mesmo que a culpa não seja sua, gaste suas energias naquilo que você pode melhorar. Acredite, existem questões ruins e examinadores vaidosos que não vão reconhecer que elaboraram mal uma questão. Mas se for olhar com cuidado, não foram só essas questões que te tiraram da vaga, foram?. E quanto àquele professor que acabou explicando mal uma questão: em quantas outras ele te ajudou a acertar? Você vai crescer muito mais se passar a amar os erros e a crescer com eles. Você não precisa acertar tudo: aprendi com o professor Flávio Nunes que nós passamos com as nossas forças e fraquezas. Se possível, tente ensinar para alguém o que aprendeu, mesmo que erre e passe vergonha. Isso vai te mostrar em quais pontos você precisa melhorar. E acredite que você vai passar, se não desistir. É mais uma questão de “quando” a aprovação virá do que de “se”. Por último (tá acabando, prometo), procure entender as matérias, em vez de decorá-las. Faça o máximo de associações possíveis, pense em exemplos práticos, e crie uma lógica para não depender só da memória.