Modelo de redação
Hoje vamos apresentar um modelo de redação para auxiliar o candidato em provas de concurso público.

Temas de redação
As provas de redação em provas de concurso público costumam apresentar como proposta de tema situações complexas, relevantes e atuais, objeto de amplo debate no Brasil e no mundo, como por exemplo:
- Sustentabilidade ambiental e mudanças climáticas
- Violência doméstica e feminicídio
- Desigualdade social e pobreza
- Saúde mental e desafios dos jovens
- Educação básica, analfabetismo e inclusão
- Privacidade digital, segurança e desinformação
- Mobilidade urbana e transporte sustentável
- Direitos humanos e cidadania
- Inovação tecnológica e seus impactos sociais
- Crise habitacional e direito à moradia digna
Esses temas refletem os principais desafios sociais, políticos, econômicos, culturais e ambientais do mundo contemporâneo.
Trata-se de assuntos que exigem análise crítica e propostas de intervenção sólidas, fundamentadas em referências confiáveis, como pensadores, cientistas, filósofos, doutrinas, legislação, reportagens, dados e meios de comunicação.
Dessa forma, uma boa maneira de se munir de bons argumentos para uma redação é se manter em dia com as atualidades e em contato com conhecimentos históricos e filosóficos, ampliando assim o repertório crítico necessário para uma redação de qualidade.
Estrutura de uma redação dissertativo-argumentativa
Para fazer uma redação, o primeiro ponto a se atentar é a estrutura formal desse gênero textual.
O texto deve ter um parágrafo introdutório, alguns parágrafos de desenvolvimento do tema apresentado na introdução e um parágrafo conclusivo, amarrando as ideias desenvolvidas no texto a uma “solução” para o problema.
A redação mais cobrada em provas de concurso é a dissertativa-argumentativa, que pressupõe um texto escrito de forma impessoal (uso da terceira pessoa) e respeitando a norma-padrão da língua.
Estrutura básica:
- Introdução: apresentação do tema e da tese.
- Desenvolvimento: exposição dos argumentos e fundamentação.
- Conclusão: síntese das ideias e proposta de solução
Tempestade de ideias
Vamos apresentar um modelo de redação sobre o tema inovações tecnológicas e seus impactos sociais.
Antes de iniciar a escrita de uma redação, é fundamental realizar um “brainstorming” (ou tempestade de ideias), técnica que consiste em extrair da memória todas as informações, problemas, conceitos, pensadores e reflexões que surgem quando nos deparamos com determinado tema.
Quando falamos de inovação tecnológica e seus impactos sociais, podemos pensar em:
- Velocidade do avanço da tecnologia nos últimos 20 anos (Revolução Tecnológica)
- Dados pessoais e privacidade
- Regulamentação das redes (EC 115/2022. LGPD, LAI, Marco Civil da Internet, jurisprudência do supremo, General Data Protection Regulation – GDPR – União Europeia)
- Vulnerabilidade do usuário frente às “big techs”
- Acesso à informação
- Liberdade de comunicação
- Alteração das formas de se relacionar
- Democratização do conhecimento
- Globalização e diminuição das barreiras geográficas
- Discurso de ódio, “fakenews” e desinformação
- As crianças e as redes – adultização de crianças (denúncia do influenciador felca)
- Crimes digitais
- Responsabilidade civil dos provedores de internet
- Impactos da inteligência artificial no trabalho, na educação e no dia a dia das pessoas
- Redes sociais e doenças mentais
- Algoritmos – bolhas sociais e polarização política;
- Pierre Lévy – inteligência coletiva
- Shoshana Zuboff – “A Era do Capitalismo de Vigilância”
Este processo preparatório permite:
– Reunir o conhecimento prévio sobre o assunto
– Identificar diferentes perspectivas e abordagens possíveis
– Estruturar os argumentos que serão desenvolvidos no texto
– Organizar o texto.
O “brainstorming” funciona como um mapeamento inicial, oferecendo ao candidato os elementos necessários para construir uma argumentação consistente e bem fundamentada.
Após organizar as ideias que serão utilizadas no texto em um rascunho, é hora de escrever:
Modelo de redação sobre inovação tecnológica e seus impactos sociais
(Introdução)
A velocidade exponencial do desenvolvimento tecnológico nas últimas duas décadas transformou radicalmente a sociedade contemporânea. A Revolução Tecnológica, embora tenha democratizado o acesso à informação e aproximado pessoas, ideias e países, também trouxe novos desafios relacionados à privacidade e segurança, além do embate em torno da ampla liberdade de expressão nas redes e o combate ao discurso de ódio e à desinformação
(Desenvolvimento)
As tecnologias digitais promoveram avanços na democratização do conhecimento e na inclusão social, por meio de fermentas de pesquisa gratuitas, plataformas educacionais online e, mais recentemente, pelo acesso público a aplicativos de inteligência artificial.
Além disso, as redes sociais permitem a conexão entre pessoas em diferentes partes do globo, fortalecem movimentos sociais e ampliando a participação política, funcionando, ainda, como meio de fiscalização e manutenção de contato direto entre pessoas, empresas e o governo. Todos esses exemplos são manifestações do que o pensador Pierre Lévy chama de “inteligência coletiva”, que demonstra a capacidade de se produzir e compartilhar conhecimento colaborativamente nos meios digitais.
Por outro lado, os avanços tecnológicos são objeto de preocupações legítimas sobre segurança e privacidade. Shoshana Zuboff, em “A Era do Capitalismo de Vigilância”, alerta para a exploração de dados pessoais pelas “big techs” (grandes corporações tecnológicas), que transformam informações íntimas em dinheiro.
Ademais, cresce o número de crimes digitais. As “fake news” se proliferam rapidamente, comprometendo processos democráticos e gerando polarização política. Simultaneamente, pessoas enfrentam riscos graves de exposição inadequada na internet, principalmente crianças e adolescentes, como foi denunciado pelo influenciador “Felca”, evidenciando a adultização precoce e exploração comercial de menores nas plataformas digitais.
(Conclusão)
Diante do panorama apresentado, observa-se que persistem e crescem os desafios de conciliar a liberdade de expressão e a regulação das redes. O Brasil elevou a proteção de dados a direito fundamental (EC115/2022), seguindo tendência global consolidada pelo GDPR europeu, além de estar criando arcabouço jurídico (LGPD, LAI e Marco Civil da Internet) e jurisprudencial (decisões do STF) para a responsabilização das “big techs”. Entretanto, é necessário fortalecer a regulamentação digital sem comprometer direitos fundamentais.
Através da articulação entre legislação eficaz, responsabilidade corporativa e educação digital será possível construir um ambiente virtual seguro e democrático para todos os cidadãos.
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