
“[…] O caminho do concurseiro é muito solitário; muitos querem que você passe, mas poucos vão, de fato, te incentivar ou te ajudar – ignore a todos e faça tudo apenas por você. Tenha fé em Deus e jamais desista.”
Confira nossa entrevista com Fernando Pereira da Silva, aprovado em 1º lugar no concurso CISAMVE para o cargo de Advogado:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Há quanto tempo se formou em Direito? Qual sua idade e cidade natal?
Fernando da Silva: Me formei em Direito em 2016. Hoje tenho 43 anos. Sou natural de Florianópolis, mas moro em Blumenau desde 1990. Comecei a estudar para concursos públicos em outubro de 2023.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Escolheu seu curso superior já pensando em fazer concurso ou chegou a advogar?
Fernando: Quando estava na faculdade de Direito, pensava em advogar, mas cheguei a fazer alguns concursos naquele período, em 2017 e 2018, me preparando de forma relapsa e completamente equivocada – aquela coisa de só estudar depois que sai o edital, sem levar a sério.
Depois, fui trabalhar na Prefeitura de Blumenau e, quando saí, em 2023, decidi me tornar concurseiro em tempo integral, levando realmente a sério, pois analisei as opções que o diploma me oferecia e cheguei à conclusão de que era o melhor caminho dentro de um período de tempo que eu determinei (três anos).
Estratégia: Sempre fez concursos para carreira jurídica?
Fernando: Fiz um ou dois concursos para Agente Administrativo no início da minha trajetória de concurseiro, em 2023, para pegar “casca” e me habituar a fazer prova. Mas o foco sempre foram os concursos para carreira jurídica.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Fernando: Quando resolvi focar em concursos públicos, tinha algum dinheiro guardado, então optei por me dedicar em tempo integral para conseguir a aprovação mais rapidamente. Logo no primeiro concurso que eu fiz, em setembro de 2023, consegui a aprovação e fui chamado – para Agente Administrativo da Prefeitura de Blumenau – mas preferi não assumir o cargo e ficar apenas estudando. Já sou “véio”, tinha 41 anos na época, não queria ficar até os 50 estudando e, se tivesse que trabalhar 8h por dia, com certeza não seria aprovado tão cedo em algum concurso de carreira jurídica, que era meu objetivo.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Fernando: Até agora, a única aprovação que eu de fato considero foi no concurso do TJ/SC de 2024, para o cargo de Técnico Administrativo, que eu fiquei lááááá em 150º e alguma coisa – mas mesmo assim é aprovação. A maioria das provas que eu faço é para Procuradoria Municipal/Advogado, que no máximo tem apenas uma vaga ou CR, então não considero aprovação ficar 10º em um concurso desses, embora eles te coloquem lá como “Aprovado”. Não conta.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Fernando: Para esse concurso dediquei apenas uma semana – a semana anterior à prova. Eu já estava estudando para o MPU, que tinha muitas matérias semelhantes, então acreditei que bastava uma semana para pegar os pontos mais específicos do edital. Não posso dizer que foi a melhor estratégia, mas aparentemente funcionou.
Para manter a disciplina, conto com três pilares: espelho, carteira e megalomania.
Espelho – olho meu reflexo e percebo que já estou véio e ficando cada vez mais véio, então não tenho tempo a perder. Preciso estudar para conseguir ser alguma coisa na vida.
Carteira – nada motiva mais o concurseiro que observar, mês após mês, o dinheiro saindo de todas as formas e não entrando nada, de jeito nenhum. Não vai resolver isso procrastinando, então é obrigado a sentar e estudar.
Megalomania – meus planos de dominação do mundo não vão se tornar realidade sem que antes eu consiga um bom cargo que me permita colocá-los em prática.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Fernando: A ferramenta que eu mais utilizo são os áudios das videoaulas. Ouço diariamente na academia, é uma ótima maneira de acessar conteúdo. Eu sempre tento enfiar videoaulas e estudo nos períodos mais incomuns. É bem interessante como a gente consegue ganhar questões quase sem querer. Uma vez, por exemplo, eu acertei uma questão em uma prova porque, por acaso, minha (hoje ex-)namorada mencionou, casualmente, uma lei que estava no edital de uma prova que eu faria no dia seguinte, enquanto estávamos em um restaurante. Quando ela foi ao banheiro, em questão de cinco minutos, abri a lei e dei uma lida por cima, o que acabou me garantindo a questão. Era uma prova para Procurador do Município de Bombinhas, concurso deveras apetitoso, meu primeiro grande “quase” – e minha primeira grande decepção.
Quando tenho tempo até a prova gosto de assistir videoaulas sobre assuntos que não domino e de utilizá-las para fazer meus resumos escritos à mão, embora hoje já não faça isso tantas vezes.
Também costumo colocar videoaulas quando estou fazendo tarefas como cozinhar, pois sei que vai demorar, então é útil aproveitar o tempo para tentar adquirir algum conhecimento. Basicamente, nos meus períodos mais neuróticos, estou sempre ouvindo aulas de alguma maneira.
Também utilizo bastante os PDFs. Não adianta apenas ler a Lei Seca, especialmente em matérias como Direito Penal e Direito Processual Civil – é necessário entender a disciplina. Para isso, o PDF é essencial.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Fernando: Muitos anos atrás um amigo me passou um material que ele copiou de outro amigo, um material para cargos da Área Fiscal. Era do Estratégia e achei o conteúdo muito bom. Desde então, sempre que eu pensava em cursos, pensava no Estratégia.
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos? Se sim, o que mais incomodava quando você estudava por esse concorrente?
Fernando: Usei de forma superficial, mas posso dizer que algo que me incomodava é que o material que usei de outros cursos era pouco “fragmentado”, digamos assim, era uma maçaroca de conteúdo em um único arquivo, o que tornava bastante estressante localizar a informação que a gente estava buscando. Mas nunca cheguei a assinar nem nada parecido.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Fernando: A grande virada de chave na minha vida de concurseiro foi quando me tornei aluno do Estratégia, em 2024. Antes disso, eu era como um concurseiro amador, catando conteúdo aqui e ali, mendigando PDF pelos cantos obscuros da internet, trocando favores imorais por aulas de jurisprudência. Só depois de me tornar aluno do Estratégia foi que vi como é importante ter um material de qualidade para conseguir montar um bom cronograma de estudos. Fica tudo ali, disponível, basta você buscar no edital o que quer estudar e acessar o material.
Um grande diferencial do que o Estratégia oferece, para mim, são as aulas em áudio. Treino quase todos os dias e, embora o exercício físico seja fundamental para o concurseiro – inclusive para manter a saúde mental – comecei a me sentir culpado por perder tantas horas na academia. Por isso, todo final de noite, antes de dormir, separo uma matéria e baixo as aulas para ouvir no dia seguinte, durante o treino. Eu tenho bastante dificuldade em me concentrar mas, mesmo assim, eu diria que faz bastante diferença na preparação. Já consegui inúmeras questões de prova por conta dessas aulas que eu ouço na academia. É muito legal quando chega na hora da prova e a gente lembra o assunto e o exercício que estava fazendo na hora em que ouviu. “Modalidade de licitação para a contratação de parceria público-privada? Ah sim, me lembro disso, estava fazendo bike…”
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Fernando: Eu estudo uma matéria por dia. Não gosto de dividir em três ou quatro por dia ou uma a cada duas horas nem nada desse tipo. Caso o edital seja muito extenso, utilizo o período da manhã para matérias mais “específicas”, digamos assim – como “Noções de Sustentabilidade”, por exemplo – e após o almoço foco apenas na tal uma disciplina. E tem também as aulas que eu ouço na academia. Sempre treino de manhã, então fica Aulas em áudio + Específicas do Edital durante o período da manhã e outra matéria, como por exemplo, Direito Constitucional para tarde e noite.
Quando tenho bastante tempo até a prova (mais de três ou quatro semanas) faço muitas questões e provas antigas da banca. Depois, foco em revisões. Uma dica muito boa que eu vi no Instagram e incorporei à minha rotina, é de começar as revisões pelo menos 20 dias antes da prova. É ideal para memorizar bem o conteúdo, especialmente em provas estilo FCC, em que se cobra mais Lei Seca.
Não sei dizer exatamente quantas horas líquidas eu estudo por dia porque simplesmente desisti de contar. Até baixei um app para fazer o cálculo, mas sempre esquecia de pausar quando ia cozinhar ou lavar roupa ou ir ao banheiro – as insuportáveis pausas que a gente precisa fazer quando está estudando – e aí contaminava os resultados. Mas, como estudo em tempo integral, fazendo uma conta de padeiro, eu diria que, em um bom dia, faço cerca de 9 horas líquidas (sem contar as aulas que eu ouço na academia).
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Fernando: Quando comecei a estudar, fiz vários resumos escritos à mão, de matérias que eu tinha dificuldades e que caíam bastante – Controle de Constitucionalidade, Lei nº 14.133/2021, Improbidade Administrativa, Atos Administrativos, Recursos, etc. Hoje, é raro fazer esses resumos escritos, mas na hora da revisão é realmente muito bom ter esse material e sempre fazem parte do meu pré-prova.
Também monto arquivos de resolução de questões, no Word. Separo por tema (exemplo, “Direito Processual Civil – Litisconsórcio”) e, conforme vou resolvendo as questões na plataforma, vou adicionando ao arquivo, junto com os comentários que fundamentam a resposta certa. É excelente para ler nas semanas antes da prova e memorizar de forma mais aprofundada.
E claro, revisão sempre lendo muita Lei Seca. Muitas vezes decorando, igual a gente decorava o Hino Nacional na escola. É meio trabalhoso, mas ajuda muito.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Fernando: Exercícios são fundamentais para estudar, para entender o que a banca cobra, para saber como as matérias aparecem e para o cérebro fazer a ligação entre conteúdo estudado e memória de médio/longo prazo – principalmente quando temos bastante tempo antes da prova. Estou estudando para concursos há cerca de 1 ano e sete meses. Nesse período, resolvi aproximadamente 11.500 questões.
Não gosto de acompanhar meu desempenho, de ficar medindo porcentagem de acertos quando faço questões, para não gerar uma falsa sensação de confiança e depois zicar na hora da prova – recomendo que não se dê atenção a isso, pois é irrelevante. Não adianta nada ter 98% de acerto nos simulados e depois errar tudo quando for pra valer.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Fernando: Como estudei apenas a semana anterior para essa prova, foquei principalmente nas disciplinas específicas, como a Lei dos Consórcios Públicos e, principalmente, Estatuto da CISAMVE, que eu praticamente decorei e não caiu nenhuma questão (minha sorte desgraçada de sempre).
Também aproveitei bem o material que eu tinha do Curso do MPU para estudar Direitos Humanos e Direito Penal, que eu sabia que seriam os temas mais cobrados e que, aí sim, acabou sendo o fator determinante para a minha aprovação
No dia pré-prova, geralmente eu faço uma longa e acelerada revisão do que eu acho que vai cair e das minhas maiores dificuldades, para tentar aquela última memorização especial de curto prazo. De fato, eu considero o dia anterior à prova um dos mais importantes da preparação, pois é nesse momento que a gente consegue segurar na cabeça pequenas informações, como prazos e quóruns, por exemplo, que muitas vezes são cobrados.
Contudo, para esta prova, tive alguns problemas pessoais e as coisas não aconteceram exatamente como eu planejei. Perdi muitas horas de estudo, não me alimentei, fui deitar depois das 3h da manhã e apenas rezei por um milagre. Não consegui dormir e, quando me levantei, achei que não teria condições físicas de sequer chegar ao carro para fazer a prova. Obviamente, deixar de fazer o concurso não era uma opção, então tomei algumas dipironas, uma xícara de café e me arrastei até o local da prova o mais cedo possível, para ficar estudando no carro antes de entrar (sempre faço isso, estudar antes da prova é uma boa dica). Depois que a adrenalina do dia de prova bateu as coisas melhoraram um pouco, consegui me concentrar o suficiente para resolver as questões e tal mas, para ser bem sincero, nem sei como eu consegui ser aprovado. Acho que Deus levou bem a sério aquela história de milagre. A situação naquele dia foi caótica. Eu sempre chego ao limite físico e mental nos dias de prova, mas ali foi sacanagem, sofrimento acima da média. Quem diria que o meu pior momento como concurseiro terminaria sendo o melhor?
Estratégia: Concursos para carreira jurídica são compostos por várias fases. Como foi sua preparação para a prova discursiva? E para a prova oral?
Fernando: Essa prova não teve fase discursiva, mas utilizei o material do Estratégia para a minha redação do MPU e para a prova que eu fiz de Advogado da EBSERH e achei sensacional. Na prova da EBSERH, graças ao material do Estratégia, consegui 19,7 de 20 pontos na redação, um desempenho excelente. Fiquei muito satisfeito. Na prova do MPU acredito que minha redação também foi boa, mas infelizmente tive problemas pessoais durante a preparação, fui mal pra cacete e não terei a redação corrigida, o que é uma lástima, mas faz parte… agora quero focar na discursiva e redação do TRF4, tenho certeza que com o material que tenho em mãos vou conseguir um desempenho muito bom.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Fernando: De modo geral, meu grande erro foi ter demorado tanto tempo para procurar um material de qualidade para organizar meus estudos. Se eu tivesse adquirido, desde o início, o material do Estratégia, teria conquistado resultados melhores em outros concursos. Quando a gente começa, não temos muita noção da disciplina necessária para um bom resultado. É muito difícil começar e a gente sempre acredita que vai resolver tudo do nosso jeito, sozinho. Spoiler: não vai.
No caso específico da minha aprovação, o principal erro foi ter dedicado apenas uma semana para me preparar para a prova. Eu tinha outro objetivo, maior, à vista, a prova do MPU que aconteceria uma semana depois, mas ainda assim, se tivesse me preparado com mais uma semana, com certeza teria feito mais três ou quatro questões e conseguido uma aprovação muito mais tranquila. Dica muito importante: sempre que for fazer uma prova, não importa se acha que vai passar ou não, trate como se fosse a prova mais importante da sua vida.
O principal acerto foi identificar na leitura do edital alguns assuntos que seriam cobrados na prova – acho que muitos concurseiros pecam nesse ponto. Muitas vezes o próprio edital dá ênfase a alguma matéria ou tema específico e acabamos não percebendo. Eu consegui identificar alguns e isso me beneficiou na hora de fazer a prova.
Além disso, conforme eu disse antes, adquirir o material do Estratégia foi, sem dúvidas, o divisor de águas para mim. Foi quando eu virei concurseiro de verdade. Não me refiro nem mesmo ao conteúdo, mas ao senso de comunidade e acolhimento que o curso passa para nós através dos professores. Parece bobagem, mas não é. Faz toda a diferença. Eu me sinto muito sozinho nessa jornada e é bem reconfortante a confiança que professores como a Nelma Fontana e o Herbert de Almeida passam pra gente. É muito importante para mim.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Fernando: Não procure por métodos mirabolantes ou “macetes”, prova de concurso é estudo e memorização. Adquira um bom material, organize seus estudos e faça muitas, muitas questões – nunca se esqueça que o objetivo da prova é acertar questões, não perca tempo filosofando ou se aprofundando nas matérias sem necessidade. Ninguém quer saber o quanto você é inteligente.
O caminho do concurseiro é muito solitário; muitos querem que você passe, mas poucos vão, de fato, te incentivar ou te ajudar – ignore a todos e faça tudo apenas por você. Tenha fé em Deus e jamais desista.