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Concurso APPGG SP – Comentários às questões de Economia da Vunesp

Olá pessoal,

Neste artigo, vou comentar algumas questões de Economia do concurso de APPGG SP, Analista de Políticas Públicas e Gestão Governamental, banca Vunesp.

Como o prazo de impetração dos recursos está acabando, vou comentar um pouco mais superficialmente as questões (mas vou comentar todas). Não vi possibilidade (real) de recursos com sucesso. A prova se concentrou nas questões de Economia Brasileira, que representaram 80% das questões.

Entendo que algumas questões possam ter levantado dúvidas a respeito da possibilidade (ou não) de recursos. Nesses casos, fiz comentários mais longos a fim de dirimir mais detalhadamente as (possíveis) dúvidas.

Vamos aos comentários dessas questões:

 

31. (Vunesp – Analista de Políticas Públicas e Gestão Governamental – APPGG SP – 2015) – São exemplos de política alocativa, estabilizadora e distribuidora do Estado, respectivamente,

(A) o Plano de Metas, o II Plano Nacional de Desenvolvimento e o Plano Real.

(B) a criação do Banco Central, o Programa de Aceleração do Crescimento e o Programa Bolsa Família.

(C) o Plano Collor, o Plano Real e o Programa Bolsa Escola.

(D) o Plano de Metas, o Plano Real e o Programa Bolsa Família.

(E) o Plano de Metas, o Plano Cruzado e o Plano Verão.

Comentários:

Essa questão exige conhecimentos de Economia Brasileira e também das funções do Estado (alocativa, distributiva e estabilizadora).

Em primeiro lugar, resta claro que os “Bolsas” (Escola ou Família) são política distributiva, enquanto o Plano Real é política estabilizadora (controle da inflação). Assim, ficamos de cara entre as alternativas C e D.

A melhor alternativa é a letra D, pois o Plano de Metas visava fornecer bens públicos (notadamente a infraestrutura) à sociedade. Isso é o exemplo clássico de função alocativa.

Aqui, gostaria de ressaltar que você vai encontrar elementos de funções alocativa, distributiva e estabilizadora em praticamente todos os planos. É só procurar que vai. Por exemplo, o Plano Real teve também um pouco de função distributiva (pois a inflação prejudica a distribuição de renda).

No entanto, em questões como essa, você deve marcar aquela alternativa mais correta. Nesse sentido, acredito que recursos nesta questão seriam infrutíferos.

Gabarito: D

 

32. (Vunesp – Analista de Políticas Públicas e Gestão Governamental – APPGG SP – 2015) – Em uma escola municipal, não há mensalidades. Entretanto há um número limite de vagas que deve ser respeitado, caso contrário o efeito será a queda na qualidade do ensino. Nesse caso, o ensino fornecido aos alunos é um bem

(A) superior.

(B) semipúblico.

(C) público.

(D) rival, mas não excludente.

(E) privado.

Comentários:

Sem segredo aqui. Vimos no curso que Educação e Saúde são os maiores exemplos de bens meritórios ou semipúblicos (bens onde os atributos da não exclusividade ou não rivalidade vai somente até certo ponto).

Gabarito: B

 

33. (Vunesp – Analista de Políticas Públicas e Gestão Governamental – APPGG SP – 2015) – É um exemplo de externalidade negativa o custo

(A) da poluição gerada pelos carros.

(B) gerado pela construção do metrô.

(C) das passagens de ônibus.

(D) da fiscalização do trânsito.

(E) de renovação da frota pública de veículos.

Comentários:

Questão bem simples. A externalidade negativa é aquela onde o custo social supera o custo privado, ou o benefício privado supera o benefício social. Em outras palavras, a externalidade negativa acontece quando a sociedade incorre com os custo dos efeitos externos das transações.

Gabarito: A

 

34. (Vunesp – Analista de Políticas Públicas e Gestão Governamental – APPGG SP – 2015) – Com relação à Economia Brasileira na primeira década do século XXI, é correto afirmar que

(A) a carga tributária é superior à de países como França e Dinamarca.

(B) a taxa de inflação foi superior a 10% ao ano.

(C) o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) teve como objetivo central investimentos em infraestrutura.

(D) o saldo em transações correntes foi positivo.

(E) a pobreza aumentou consideravelmente.

Comentários:

Essa era uma questão que tinha mais relação com Atualidades do que com Economia. Bem tranquila de ser respondida, se você lê jornais e acompanha o noticiário do país nos últimos anos.

Talvez, o que tenha causado mais dúvida foi a letra D (que está correta). O saldo em transações correntes foi negativo nos anos 2.000 (o saldo que foi positivo nesse período, na verdade, é o da Balança Comercial).

Gabarito: C

 

35. (Vunesp – Analista de Políticas Públicas e Gestão Governamental – APPGG SP – 2015) – Em um determinado ano, a dívida total do governo era R$ 1 bilhão, sobre a qual se pagavam juros de 10%, e a inflação foi de 2%. Se, no ano seguinte, o resultado primário permaneceu o mesmo, mas a inflação aumentou para 3% e a taxa de juros para 12%, o deficit operacional, aproximadamente,

(A) aumentou R$ 20 milhões.

(B) diminuiu R$ 10 milhões.

(C) aumentou R$ 10 milhões.

(D) permaneceu o mesmo.

(E) diminuiu R$ 20 milhões.

Comentários:

Essa era a questão mais difícil da prova. Isso ocorreu pois não sabíamos se a questão se referia aos juros nominais ou aos juros reais. No entanto, a Vunesp se referiu aos juros nominais (conceito mais completo).

Aliás, em nosso curso, comentamos uma questão da Vunesp (questão 02, da aula 09) com um tipo de cobrança bem parecido (onde a banca também não falou de que juros estava falando, e tínhamos que usar o conceito de juros nominais)

Vamos à resolução (para facilitar os cálculos, vamos adotar que déficit primário é zero):

Ano 1:

Dívida = 1 bilhão

Juros nominais = 100 milhões (10% de 1 bilhão)

Inflação (correção monetária) = 20 milhões

Juros reais = 80 milhões

Déficit operacional = déficit primário + juros reais

Déficit operacional = 80 milhões

Ano 2:

Dívida = 1 bilhão (observe que o enunciado  disse que, no ano 1, o governo pagou os juros de 10%, portanto, se os juros foram pagos, a dívida não aumentou de um ano para o outro, permanecendo em 1 bilhão)

Juros nominais = 120 milhões (12% sobre 1 bilhão)

Inflação (correção monetária) = 30 milhões

Juros reais = 90 milhões

Déficit operacional = déficit primário + juros reais

Déficit operacional = 90 milhões

Portanto, o déficit operacional aumentou 10 milhões (foi de 80 para 90 milhões).

Gabarito: C

 

36. (Vunesp – Analista de Políticas Públicas e Gestão Governamental – APPGG SP – 2015) – Entre os objetivos do Plano de Metas, estava

(A) a estabilização cambial.

(B) a melhoria da infraestrutura.

(C) a modernização da agricultura.

(D) a redistribuição de renda.

(E) o combate à inflação.

Comentários:

Questão fácil. O principal objetivo do Plano de Metas (governo JK) era a melhoria da infraestrutura.

Gabarito: B

 

37. (Vunesp – Analista de Políticas Públicas e Gestão Governamental – APPGG SP – 2015) – A partir da década de 1980, vários planos de estabiliza­ ção foram tentados, e uma das ferramentas usadas foi o congelamento de preços, que só deixou de ser usado no Plano

(A) Collor.

(B) Cruzado.

(C) Bresser.

(D) Verão.

(E) Real.

Comentários:

Outra questão tranquila. O Plano Real foi o único, dentre os apresentados, a não utilizar o congelamento de preços.

Gabarito: E

 

38. (Vunesp – Analista de Políticas Públicas e Gestão Governamental – APPGG SP – 2015) – A política de defesa do setor cafeeiro nos anos da Grande Depressão

(A) foi inspirada na Teoria Geral de Keynes.

(B) foi uma reação ao protecionismo americano.

(C) foi contrária às políticas implementadas pelo Instituto do Café nos anos 20, que mantiveram o equilíbrio entre oferta e demanda.

(D) fazia parte de uma política de substituição de importações.

(E) representou um fomento da renda nacional.

Comentários:

A resposta correta é a letra (E). Creio que muitos alunos possam ter ficado na dúvida em marcar a letra (A), na medida em que a política de defesa do Café (por exemplo, o governo realizar gastos para comprar o estoque e, assim, evitar a queda do preço) funcionou do jeito que a teoria keynesiana apregoa (o gasto público como impulsionador da renda nacional).

O fato é que a política de defesa do café funcionou sim do jeito que apregoa a teoria Keynesiana, mas ela não teve inspiração Keynesiana. O governo, na época, não se inspirou na teoria keynesiana (o livro da Teoria Geral de Keynes nem havia sido publicado ainda).

Por isso, a letra (A) não pode ser assinalada.

Gabarito: E

 

39. (Vunesp – Analista de Políticas Públicas e Gestão Governamental – APPGG SP – 2015) – Sobre o Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG) e as reformas institucionais realizadas no governo Castelo Branco, é correto afirmar que

(A) tiveram condições externas favoráveis, o que levou a uma folga de liquidez em seu início.

(B) extinguiram a correção monetária.

(C) a estabilidade no emprego foi instituída para quem tinha mais de dez anos de trabalho.

(D) o choque de preços de insumos básicos produzidos por empresas estatais tinha como objetivo restringir a capacidade de investimento de tais empresas.

(E) foram precipitados pelo choque do Petróleo.

Comentários:

Essa questão não era tão fácil. Ela seria resolvida mais facilmente eliminando as alternativas erradas do que indo diretamente na alternativa certa.

O gabarito é a letra (A). Vejamos os erros das demais:

(B) No PAEG, foi instituída a correção monetária.

(C) Houve arrocho salarial no período, e não a implementação de políticas de garantia do emprego.

(D) O choque de preços de insumos básicos produzidos por empresas estatais tinha como objetivo aumentar a capacidade de investimento de tais empresas.

(E) O choque do Petróleo foi depois do PAEG.

Gabarito: A

 

40. (Vunesp – Analista de Políticas Públicas e Gestão Governamental – APPGG SP – 2015) – Uma das características principais do Regime de Metas de Inflação é que

(A) a estabilidade dos preços não deve ser o único objetivo da política monetária, que deve procurar um equilíbrio entre estabilidade e emprego.

(B) diminui a responsabilidade do Banco Central com o alcance da meta, uma vez que ela será compartilhada com outras esferas de governo.

(C) aumenta a transparência da política monetária por meio da comunicação com o público e o mercado.

(D) somente os agregados monetários e a taxa de câmbio devem ser levados em conta ao estabelecer os instrumentos para o alcance da meta.

(E) a meta não deve ser divulgada publicamente.

Comentários:

Para terminar a prova, uma questão bem tranquila, sobre o Regime de Metas. O gabarito é letra (C). Creio que ninguém deva ter tido dificuldade nesta questão.

Gabarito: C

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Espero que tenham ido bem na prova. Creio que uns 70% é uma média bastante confortável para ser chamado para a prova discursiva. E tudo pode mudar, pois a prova discursiva vale mais pontos que a prova dissertativa.

Portanto, o concurso ainda não chegou nem na sua metade dos pontos em disputa.

Abraços e bons estudos!

Heber Carvalho

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Veja os comentários
  • Heber, tenho a mesma dúvida do Luis. Para mim na questão 32, existem duas alternativas corretas. Na hora da prova, percebi isso e coloquei rival, mas não excludente, por acreditar ser mais especifica, já que um bem meritório também poderia ser não rival e excludente. Abs
    Sandra em 26/11/15 às 16:21
  • Professor, Serviço público de educação, embora seja semipúblico, ele não é também rival e não excludente? Rival porque não pode atender a todos e há custo marginal na oferta. Não excludente porque qualquer cidadão pode concorrer a vaga. Abraço
    Luis em 20/11/15 às 10:38
  • Na questão 38, não é verdadeira a frase "A partir da década de 1980, vários planos de estabiliza­ção foram tentados, e uma das ferramentas usadas foi o congelamento de preços, que só deixou de ser usado no Plano Real", posto que, a partir dos anos 1980, a ferramenta do congelamento de preços deixou de ser usada ANTES do plano Real, mais exatamente no Plano Marcílio. Uma vez que a frase foi formulada de maneira categórica ("só"), não há alternativa correta.
    Enrico em 20/11/15 às 00:48