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CACD- Política Internacional 2021, opção foi por questões tradicionais

Prof. Dr. Sidney Ferreira Leite (Estratégia – Política Internacional)

O ano de 2020 é parte da História contemporânea e merecerá um capítulo bem volumoso não livros a serem lançados no futuro próximo. Toda uma geração de seres humanos vai incorporar em suas reminiscências pessoais esses tempos marcados por rupturas e acelerações. O ano da pandemia global do Coronavírus (COVID-19). Fato, sem dúvida, de repercussão global e de consequências indeléveis para a política internacional. Estas afirmações que parecem consensuais foram ignoradas pela banca de elaborou as questões de política internacional da primeira fase do CACD.

As 12 questões foram muito previsíveis e estão pautadas em um modelo conservador de avaliação, baseado no conhecimento factual sobre: a inserção do Brasil em tratados e regimes regionais e internacionais. A opção da banca foi não arriscar e fugir do calor dos acontecimentos políticos que marcaram os dois últimos anos. Assim, a compreensão, aplicação de conceitos e análises foram raras, na prova em análise.

QuestãoTemaGabarito Inicial
11Fim da 2a GM e criação da ONUC C E E
12Crise na Venezuela e organizações regionaisC E C E
13OMCE C E C 
14Fim da 2a GM e criação da ONUC E C C 
15MERCOSULE C C E
16História da PEBC E E C 
17Teorias das RIsE C E E 
18Mar, Espaço e AntárticaC E C E 
19MultilateralismoE E C C 
20Sistema Interamericano e OEAE C C E 
21Missões de Paz da ONUC C C E
22África e a PEBC C C C
Fase I, Prova Tipo B

A ONU que perdeu espaço na ordem internacional, com o avanço de governos que colocaram em primeiro plano os seus “interesses nacionais”, cujo caso mais emblemático foram os Estados Unidos, de Donald TRUMP mereceu três questões que direta ou indiretamente indicaram, na ótica da banca, o seu papel estruturante na ordem internacional. Será mesmo?

As organizações internacionais (incluindo as regionais) foram temas diretos em pelo menos sete questões. Em outras palavras, ocuparam mais de 50% da prova. Fato que acentua uma concepção bem tradicional das Relações Internacionais, fenômeno predominante na prova. Cabe ressaltar, em um contexto em que a ordem internacional mostrou pouco efetiva e a cooperação entre os Estados não foi a tônica, muito pelo contrário, o multilateralismo deu claros sinais de recuo.

A questão sobre a crise na Venezuela foi praticamente a única a abordar um tema polêmico, e relacionado ao ambiente político dos últimos anos. A disputa comercial entre a China e os Estados Unidos, o sempre explosivo Oriente Médio, por exemplo, não mereceram maiores atenções da banca.

De um modo geral, as questões de política internacional perseveraram na estratégia de abordar os tópicos do edital, sempre tendo o Brasil como referência. Deve-se destacar que a banca seguiu com rigor, os itens apresentados no edital. Neste aspecto, a prova foi impecável e correta.

Em resumo, a opção da banca foi evitar surpresas e não arriscar. As questões de Política Internacional, do CACD foram previsíveis na estrutura, nos temas e na avaliação de conhecimentos, com base em informações de ordem factual. Agora, é aguardar as próximas fases e identificar que se o parâmetro tradicional será mantido.

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