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Cabe recurso questão Português ISS Cuiabá

Olá, guerreiro(a)s!

Cabe recurso questão Português ISS Cuiabá, mesmo sabendo que a banca FGV é “dura na queda” quanto a recurso.

O que venho falando direto com nossos alunos é que, quando uma questão sugerir dúvidas, isso ocorreu porque fatalmente a banca utilizou uma nomenclatura diferente da normal. Ela citou abaixo, na questão 10, a expressão “valor semântico”. Isso levou os candidatos a procurarem o sentido da preposição “com”. É certo que a alternativa (A) apresenta valor semântico diferente, mas as demais alternativas não apresentam o mesmo sentido entre si. Por isso, devemos burilar mais, apurar mais o pedido da questão. Na hora da prova, isso ajuda muito. Veja a explicação abaixo!

Questão 10 prova 1 ISS Cuiabá

Assinale a opção que indica o segmento de texto em que a preposição com mostra valor semântico diferente dos demais.

(A) “É disso que trata a educação: formar indivíduos engajados uns com os outros, socialmente e que saibam conviver”.

(B)  “Está aí também a grande diferença da educação familiar, quando convivemos apenas com nossos pares”.

(C) “A escola nos permite entrar em contato de forma sistemática com outros mundos, outros olhares, outros saberes, opiniões diferentes das nossas, culturas até então desconhecidas”.

(D) “É o convívio com professores e colegas que nos dá suporte para refletir sobre nossas posições”.

(E) “Hoje trabalhando com educação”

Comentário: A FGV utilizou, no pedido da questão, a expressão “valor semântico”, mas, na realidade, para que a questão ficasse realmente de acordo com os princípios gramaticais, deveria usar “valor morfossintático”.

A banca elegeu a alternativa (A) como a correta, haja vista que a preposição “com” se encontra numa expressão pronominal de reciprocidade. Tal preposição reforça este sentido: “uns com os outros”. Assim, formar indivíduos engajados uns com os outros: cada um ajudando o outro reciprocamente. Note que a preposição “com” não foi exigida pelo adjetivo “engajada”. Assim, não partiu de uma regência, como as demais alternativas. Ela se encontra numa expressão pronominal de reciprocidade.

As demais alternativas apresentam a preposição “com” diante de uma regência verbal ou nominal. É claro que há diferença de sentido, por isso até cabe recurso, mas a intenção da banca foi a de que o candidato percebesse que a alternativa (A) fazia parte de uma locução pronominal (“uns com os outros”); já as demais alternativas apresentam a regência.

Na alternativa (B), a preposição “com” é exigida pelo verbo “convivemos”: “convivemos com nossos pares” (regência verbal).

Na alternativa (C), a preposição “com” é exigida pelo substantivo “contato”: “entrar em contato…com outros mundos” (regência nominal).

Na alternativa (D), a preposição “com” é exigida pelo substantivo “convívio”: “convívio com professores” (regência nominal).

Na alternativa (E), a preposição “com” é exigida pelo verbo “trabalhando”: “trabalhando com educação” (regência verbal).

Mas você pode tentar contornar esta situação, mostrando, no recurso, que valor semântico é o sentido das palavras e a questão utilizou palavra que motivou interpretação diversa da intenção da banca, que era a diferença entre uma expressão pronominal em relação a complementos verbais ou nominal.

Mostre que as alternativas (B) e (D) apresentam a preposição “com” com o valor semântico de companhia.

A alternativa (C) apresenta a preposição “com”, que inicia o complemento nominal “com outros mundos”. Embora a preposição que inicia o complemento nominal normalmente não tenha valor semântico, entende-se na preposição “com” o sentido de “interação”, “encontro”, “defrontamento”.

A alternativa (E) apresenta a preposição “com”, que inicia o objeto indireto “com educação”. Embora a preposição que inicia o complemento verbal não tenha valor semântico, entende-se a preposição “com” com o sentido de “ocupação”, “exercício”.

Assim, mesmo sabendo que a banca FGV costuma ignorar nossas interpretações, vale a pena tentar o recurso. Os fundamentos desta explicação encontram-se no dicionário Aurélio, edição 2015; além da gramática de Evanildo Bechara, edição 2009. Infelizmente, não tenho como passar os detalhes da referência bibliográfica, mas acredito que já há argumentação suficiente, para que a banca anule a questão.

Vamos torcer!!!!

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