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ABIN – Gabarito Extraoficial – Português – Oficial e Agente

Olá, pessoal. Tudo certo?

Professor Felipe aqui na área, trazendo o comentário da prova da ABIN, Oficial de Inteligência, Área 1. Depois, temos a prova de Agente de Inteligência.

A banca cobrou vários assuntos que já prevíamos, como uso das vírgulas, concordância, verbo haver impessoal, sentido dos tempos verbais, funções do QUE e do SE.

Vou inserir o início da questão para que vocês reconheçam o item |(caso a prova seja diferente), depois um comentário breve.

Estamos na correria aqui, perdoem eventuais erros de digitação; depois analisarei com calma a possibilidade de recursos e sua fundamentação, caso haja algum gabarito discutível. Com o CESPE é difícil prever se temos um item fácil ou uma pegadinha duvidosa.

Vamos aos comentários:

1 – Para o autor do texto, há muito tempo…

Comentários:

Os efeitos não são bem divulgados, pois é uma guerra secreta. O autor diz expressamente “convivemos com a guerra há, muito tempo, embora de maneira não perceptível. Errado.

2 – Depreende-se do texto que a guerra secreta é o mais complexo…

Comentários:

A questão reproduz o conteúdo das linhas 14-19: Trata-se do mais complexo dos conflitos, pois ocorre nas sombras, nos bastidores do poder, identificando propagandas enganosas, desinformação, e celebrando acordos cujas partes sabem antecipadamente que nunca serão cumpridos.

Essa parte “sem validade” causa muita dúvida, pois podemos entender que os acordos não valem nada porque não serão cumpridos e já nascem vazios. Porém, muita gente vê “sem validade” no sentido mais jurídico, como se fosse algo ilegal, nulo, o que tornaria o item incorreto. Acredito que a banca entenda pelo sentido de “acordo que não vale nada, porque se sabe antecipadamente que não será cumprido” e considerar o item correto. Temos que aguardar…

3- A próclise observada em “se multiplicam”….

Comentários:

Nos dois casos, não há palavra atrativa então a ênclise é também cabível. Certo.

4- Os vocábulos “é” e “que” poderiam ser suprimidos…

Comentários:

Sim. Temos a clássica expressão expletiva (SER+QUE):

é esse processo que pretende detectar…

… esse processo pretende detectar….

Certo.

5- No trecho “poder e influência globais”…

Comentários:

Questão polêmica. Seguindo Celso Cunha, mesmo quando há concordância atrativa, só com o termo mais próximo, podemos entender que o adjetivo se refere aos dois substantivos. Logo, a troca não causaria erro. Então o item deve ser considerado errado.

6- A correção gramatical e os sentidos do texto seriam preservados caso seu primeiro parágrafo…

Comentários:

Há problemas na reescritura. A vírgula está separando os núcleos do sujeito, já coordenados pelo E aditivo; o verbo “tratar-se de” marca estrutura de sujeito indeterminado, então não poderia ocorrer com sujeito simples. Também é inadequada a vírgula após “mais ou menos” e o sentido não foi mantido…Errado.

7- O termo “um aparelho capaz de desvendar os segredos…”

Comentários:

Temos dois casos de aposto explicativo, de Bomba e de Enigma. Certo.

8 – Do emprego da forma “estavam dizimando”…

Comentários:

A combinação de pretérito imperfeito + gerúndio indicam ação contínua no passado. Certo.

9- No trecho “para testar possíveis soluções”…

Comentários:

Para introduz oração subordinada adverbial final, na forma reduzida. Certo.

10- A vírgula logo após o termo “máquina”…

Comentários:

A vírgula após máquina separaria o sujeito do verbo. Errada.

11- A correção gramatical e o sentido do texto seriam preservados, caso o período…

Comentários:

Erro clássico cobrado pelo CESPE. O verbo haver impessoal não deve ser flexionado (HAVIAM palavras previsíveis). Errado.

 

Prova Agente de Inteligência.

6- No texto, predomina a tipologia textual expositiva…

Comentários:

Certo. O texto é predominantemente expositivo e tem como informação principal a definição de “Atividade de inteligência” e suas divisões em “inteligência” e “contrainteligência”.

7- As orações “de auxiliar o usuário”…

Comentários:

“de auxiliar” de fato complementa “objetivo”. Contudo, “a tomar decisões” está relacionado a “ajudar”. Errada.

8–Os travessões que delimitam…

Comentários:

Sim. O travessão isola um aposto explicativo e, em relação às vírgulas, é mais enfático e dá destaque ao termo interferente, intercalado no fluxo sintático. Contudo, o erro é que não há oração. Errado.

9- O sentido do texto seria prejudicado…

Comentários:

Sim. Defesa “de” ameaças poderia dar ideia de que “as ameaças são defendidas”, diferente do texto original. Esse sentido não é única possibilidade, o que torna esse item perigoso, mas a preposição “contra” não gera ambiguidade alguma, ao passo que a preposição “de” poderia dar esse sentido de “defender as ameaças”. O item, portanto, deve ser considerado correto.

10- O escopo do trabalho da inteligência se confunde com o da contrainteligência…

Comentários:

Não se confundem, são diferentes. Segundo o texto, um foca na obtenção e análise de informação. Outro foca na proteção de dados sensíveis. Errado.

11- Na construção das cadeias referenciais do texto…

Comentários:

Sim. A conduta é justamente a espionagem. Esse termo é retomado também pelo pronome “a”: o militar que a praticar (praticar a espionagem). Logo, ambos os elementos coesivos têm o mesmo referente. Certo.

12 – O paralelismo sintático…

Comentários:

Para manter o paralelismo (uso de estruturas semelhantes, simétricas, paralelas), teríamos que ter crase antes dos dois complementos:

Sujeito à cassação de mandato e à suspensão de direitos políticos. Incluir crase somente diante do primeiro termo acaba com a simetria das estruturas, pois teríamos um termo com artigo e outro não. Então, baseado nas regras mais gerais de paralelismo e nos precedentes anteriores do CESPE, a banca deve considerar a troca errada e o item correto.

Contudo, embora não seja a regra mais intuitiva, segundo Napoleão Mendes de Almeida (Gramática Metódica, 2009), é possível encontrar também como forma correta de paralelismo a estrutura com preposição + artigo apenas diante do primeiro termo:

Ex: “Todo brasileiro tem direito à saúde, educação e segurança.”

Veja a fundamentação no corpo da gramática:

Como no texto, temos preposição e artigo só no primeiro item da lista.

De qualquer forma, muito provavelmente vai caber recurso.

13- A correção gramatical e as informações originais do texto…

Comentários:

Esse “a propósito de” não soa muito bem no lugar da preposição “de”, mas como ambos podem indicar assunto, podemos perceber que a reescrita mantém os sentidos originais. Certo.

14- A “estreita relação” entre o “vazamento” e a “espionagem”…

Comentários:

Esse item está bem estranho, com uma pontuação “acrobática”. Contudo, observando as ideias gerais, ele reproduz a seguinte divisão feita no texto: a espionagem é a obtenção indevida (por meios indevidos) das informações sigilosas. O vazamento é a publicação indevida dessas informações sigilosas (o “objeto” mencionado). Certo.

15- O texto aponta que, embora haja consenso entre os países da definição…

Comentários:

O texto, na verdade, aponta que a conduta da “espionagem” é criminalizada pela legislação de cada país, sugerindo que os países como um todo a criminalizam, de forma universal. Também não foi dito no texto que a definição de espionagem é consensual. Errado.

Oficial de Inteligência – área 1

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Veja os comentários
  • Bom dia Professor, Na questão de Oficial de Inteligência que afirma Depreende-se do texto... foi dada como certa nos comentários, mas não estaria errada? Já que depreende é sinônimo de infere e no próprio comentário diz que está explícito no texto. Obrigado
    DIEGO MACHADO DEROSSI em 13/03/18 às 11:12
  • Eu tive um entendimento diferente com relação a questão 1 Os efeitos estão divulgados, que são descritos no final, muitas informações levantadas pelos agentes foram usadas em guerra e para desencadear conflitos, ou seja a atividade de inteligência é um jogo (guerra secreta) onde se sabe bem a dinâmica e efeitos. Em relação ao item 2 eu também entendi que sem validade se refere aos contratos em termos jurídicos. Obg.
    Yerodia não caiu em 13/03/18 às 06:59
  • Olá! Agradeço muito a correção .. Pois é neste item 14 eu deixei em branco,achei muito ,muito duvidosa a afirmação,uma vez que o vazamento é feito quase certamente por um agente de inteligência enquanto que a espionagem pode ou não ser um agente ,ao menos ,foi o que interpretei ,em tratando-se de condutas ilegais de agentes ,uma não implica necessariamente a outra,entendi que o laço entre elas é somente a informação sigilosa que não foi protegida. Muito obrigada !
    gabriela alvarez em 12/03/18 às 19:42
  • O "sem validade" do texto foi usado no sentido não jurídico, pois uma acordo encenando, que ninguém vai cumprir mesmo, é um acordo que não vale nada. Acredito que seja esse o entendimento da banca. Se for pelo lado formal e jurídico, a alternativa pode estar incorreta sim.
    Felipe Luccas em 12/03/18 às 09:39
  • 16-19: "Trata-se do mais complexo dos conflitos, pois ocorre nas sombras, nos bastidores do poder, identificando propagandas enganosas, desinformação, e celebrando acordos cujas partes sabem antecipadamente que nunca serão cumpridos. QUESTÃO: Depreende-se do texto que a guerra secreta é o mais complexo dos conflitos porque é um jogo estratégico de poder, de interesses e influência que se desenvolve em um espaço específico: nos bastidores do poder político internacional, onde governos semeiam inverdades e ENCENAM ACORDOS SEM VALIDADE. O texto se refere a celebração de acordos em um plano real/objetivo, mas que no futuro poderão não ser cumpridos. Aí eu pergunto: no futuro uma das partes não poderá mudar de ideia? Acordos são baseados no princípio da boa fé, não são abstratos, são fonte de direito. Acordo regido pelo direito internacional: os tratados diferenciam-se dos contratos internacionais em virtude justamente da regência. Enquanto os contratos são regidos pelo direito interno de algum Estado, os tratados são regidos pelo direito internacional. Destarte, diante da quebra de uma expectativa surge um DIREITO que poderá ser exigido. Não se pode falar que os acordos celebrados não possuem validade em um plano objetivo, pois segundo o texto houve a celebração entre dois ou mais sujeitos de direito, correspondido pela vontade, da responsabilidade do ato firmado, resguardado pela segurança jurídica em seu equilíbrio social, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas. LOGO, não se pode depreender da questão que os governos "ENCENAM ACORDOS SEM VALIDADE". Pois por mais que seja encenação se foi celebrado é fonte de direito internacional.
    Agente X em 12/03/18 às 03:36
  • Boa noite, Prof. Felipe! Muito obrigada pelo material. Att, Dany. :D
    Daniele em 11/03/18 às 23:22