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Resolução da prova de História ALAP – Assistente Legislativo

Olá pessoal, foi uma prova fabulosa: bem feita, interessante, com temas bem selecionados e de alto nível. Não facilitou para o concurseiro,  e a abordagem de temas bem específicos, bem selecionados e inéditos nos concursos do estado, surpreendeu o candidato e os professores.  Venha comigo resolver estas questões,  que gostei muito da prova. Deixe nos comentários suas dúvidas e pode falar comigo através do instagram @professorsergiohenrique. Bora para a resolução:

18. (FCC – ALAP – Assistente Legislativo /2020)
A população negra é parte da sociedade amapaense e a existência de diversos quilombos atesta o caráter histórico dessa presença. A respeito dos quilombos no Amapá, considere as afirmações abaixo.
I. Atualmente, a maior parte se concentra nas áreas rurais de Macapá e Santana, e tem o cultivo da terra como base de sua economia.
II. Houve uma rota de fuga de escravos para a região norte do Amapá, área contestada pela França, quando o governo francês decretou a abolição da escravidão em 1848.
III. Os quilombos se formaram com presença exclusiva de negros fugidos, uma vez que havia rígido critério étnico aplicado a quem poderia integrá-lo.
IV. Nas últimas décadas, dezenas de comunidades quilombolas tiveram Certidão de Autorreconhecimento emitida pela Fundação Cultural Palmares, mas um número bem menor possui título de regularização fundiária.

Está correto o que se afirma APENAS em
A) I e III.
B) II e IV.
C) I, II e IV.
D) III e IV.
E) I, II e III.
As comunidades quilombolas são remanescentes dos quilombos, que eram a principal estratégia de resistência dos africanos à escravidão. O trabalho compulsório dos braços africanos começou com a transferência de Mazagão da África para o litoral amapaense, por ordem do Marques de Pombal, executada por seu sobrinho Francisco Xavier de Melo Furtado. A escravidão indígena foi extensamente usada e inclusive a fortaleza de São José do Macapá foi erguida com indígenas escravizados. A maior concentração de quilombos nas imediações de Mazagão, Macapá e Santana está na proximidade destas localidades, que são os povoamentos mais antigos do estado e onde portanto concentravam-se as famílias dos senhores portugueses e sua escravaria.
Os quilombos são hoje bastante estudados e entre suas particularidades há o fato de não serem exclusivamente ocupados por negros, mas por todos àqueles que viviam marginalizados na época, como mestiços e também indígenas. Pesquisas recentes apontam inclusive a presença de padres jesuítas e missionários, que aproveitavam os aglomerados para expandir a fé católica ali. Em geral as comunidades quilombolas são pequenos vilarejos que vivem da produção de artesanato e agricultura de subsistência. Para que a comunidade seja reconhecida, é necessário uma série de documentações, como estudos antropológicos e a certificação da fundação palmares.
A questão abordou um tema belíssimo sobre a história do Amapá, que são as rotas de fuga para a Guiana Francesa, tão logo a escravidão foi abolida pela França. É um tema recentemente estudado e com pouca produção, mas sem dúvida um assunto incrível para os brasileiros conhecerem sobre a história da Amazônia. Após a revolução Francesa a escravidão nas colônias foi abolida, e tentaram revogar a abolição, gerando a independência do Haiti, a primeira independência das colônias na América Latina. Foi abolida novamente em 1848 e também nas colônias. Muitos africanos escravizados fugiram para as guianas neste contexto e se formou uma rota de fuga pela Amazônia até lá.

Comunidades Quilombolas na Amazônia: https://journals.openedition.org/confins/10021?lang=pt#tocto1n3

A fundação Palmares emitiu certificado de autorreconhecimento, ou seja, reconheceu como quilombolas 28, das quais quatro conseguiram o titulo de propriedade de seu território, emitido pelo INCRA: Curiau, Mel da Pedreira, Conceição do Macacoari e São Raimundo do Pirativa.

Gabarito: C

19. (FCC – ALAP – Assistente Legislativo /2020)
Com as mudanças na proporção da representação eleitoral para a Câmara dos Deputados impostas pelos chamados “Pacotes de Abril” de 1977, durante o governo de Ernesto Geisel, o então Território Federal do Amapá teve seu número de representantes
A) ampliado de 1 para 2.
B) reduzido de 2 para 1.
C) ampliado de 0 para 1
D) duplicado de 2 para 4.
E) mantido em 1.

Na década de setenta ocorreu um avanço no MDB e para conter o avanço da oposição, lançaram o pacote de abril, que fortalecia o voto dos cidadãos da região norte e nordeste, onde a Arena era o partido mais forte. O número de deputados foi limitado em setenta, o que diminuía o peso do voto dos cidadãos dos estados mais povoados e beneficiou os menos povoados, com piso de dois deputados, que beneficiou, portanto, o Amapá que aumentou de um, para dois, o número de seus representantes.
Gabarito: A

20. (FCC – ALAP – Assistente Legislativo /2020)
A exploração da borracha fez parte da história econômica da Região Norte em dois importantes momentos ou “ciclos”, favorecidos, respectivamente, pela
A) pela criação da indústria automobilística no Brasil, a exemplo da Fordlândia, nos anos 1930, e pela posição vantajosa do Brasil na comercialização com o bloco socialista, durante a Guerra Fria.
B) conclusão da ferrovia Madeira-Mamoré no final do século XIX e pelos planos econômicos de desenvolvimento do Norte e do Nordeste, executados pelo governo João Goulart.
C) aquisição do Acre, antes pertencente à Bolívia, no início do século XX, e pela alta na demanda internacional por borracha durante a II Guerra Mundial.
D) escassez do produto no mercado, durante a I Guerra Mundial, e pela criação de uma grande estatal para a exploração do látex, ao fim do governo militar brasileiro.
E) liberação das manufaturas no Brasil, no começo do século XIX e a consequente necessidade de abastecer o mercado interno, e pelo fracasso da política do café com leite nos anos 1920, que favoreceu a expansão dos seringais.
Ocorreram dois ciclos da borracha e os dois são muito cobrados nos concursos da região norte como um todo. O primeiro teve um curto período de duração e começou no final do século XIX e início do XX. Durante a primeira Guerra mundial, em 1914, o ciclo já entrara em declínio quase total. Durante o auge das extrações os seringueiros brasileiros penetraram em território boliviano e depois combates e tensões entre os seringueiros e os soldados bolivianos. Luís Galvez e Plácido de Castro são nomes centrais no processo de ocupação do território do Acre. Em 1903 a contenda foi resolvida por Barão do Rio Branco, patrono da diplomacia brasileira, que fundamentava se em princípios de preservação da paz. Através do tratado de Petrópolis negociamos com a Bolívia algumas comutações de terras na fronteira, o pagamento de uma indenização e a construção da Ferrovia Madeira Mamoré, que foi concluída em 1912.
O segundo Ciclo da Borracha ocorreu motivado pela Segunda Guerra mundial. Getúlio Vargas aproximara-se dos Aliados e enviou tropas da FEB e da FAB para combater na Europa sob o comando da 5° frota norte americana. Cadastrou no serviço de imigração os flagelados da seca, os alistou no exército e enviou em missão para Amazônia, para fornecermos o látex para o bloco. Neste contexto também é quanto foi fundadas bases militares dos Estados Unidos no Nordeste e na Amazônia, como a Base Militar construída em Macapá, que então era a capital do Território, e servia de apoio aos Aliados e para a defesa militar da Amazônia, por isso uma base foi construída em no município de Amapá e outra em Belém do Pará.
Fordilândia fica no Pará, distrito do município de Aveiro, surgiu como o povoado de trabalhadores de um projeto empreendido pelo mega empresário Henry Ford, através da concessão de terras pelo governo do estado. Era um projeto agroindustrial para a produção e beneficiamento da borracha, no entanto os rigores da ocupação da Amazônia, como as epidemias de doenças tropicais como a Malária, levaram ao abandono do negócio.
Gabarito: C

É isso aí pessoal, bons estudos e foco no sucesso !!!

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