Ex-espião da ABIN: concurso público mudou minha vida
Nesse artigo você irá saber como o concurso público mudou minha vida e me tornou um Ex-Oficial de Inteligência da ABIN. Hoje sou Auditor Fiscal do Trabalho, mas também já fui Agente Administrativo e Técnico Judiciário.
Essa história é antes de tudo sobre superação, a história de um dos piores alunos da escola que se tornou Auditor. A disciplina em concursos mudou a minha história e talvez possa mudar a sua também!
A minha vida na escola

Antes de me tornar um ex-espião da ABIN, eu também fui um adolescente que não gostava muito de estudar. Achava que a escola não estava com nada e que nada tinha a me acrescentar. Naquela época o meu sonho era ser Fotógrafo. Levava a câmera para todo lugar. Estudar que é bom, nada. Praticamente desperdicei o meu Ensino Médio por não ter estudado quase nada. Confesso que hoje teria feito diferente. Certamente uma boa base na escola teria me ajudado nos concursos. Eu não sabia, era jovem, nem teria como saber. Tudo bem…
Concurseiro: a primeira vez que concurso mudou minha vida
Foi então que com dezoito anos, sem emprego e sem muita perspectiva, o concurso público mudou minha vida. A vida como artista não era tão fácil como eu pensava, resultado: não conseguia nem comprar uma câmera para trabalhar. Eis que um dia um primo mais velho me perguntou: por que você não estuda para concursos? “Concurso? Eu sou burro, sem chance de eu ser aprovado.” Essa foi a minha primeira reação, mas, no fim, decidi dar uma chance. O ano era 2005, não havia muito material disponível. Fui até uma banca na esquina e comprei uma apostila. Comecei a ler diariamente, passava cerca de 3h por dia lendo. O cargo era de Assistente Administrativo.
Não era o meu sonho de Fotografia, mas já me daria uma grana. Veio a prova, ainda em 2005. Fiz a prova meio desacreditado, mas pasmem: eu passei, dentro das vagas. Tomei posse, comecei a trabalhar e com o primeiro salário não pensei duas vezes: comprei uma câmera. Quando começou o quarto mês de trabalho, considerei em pedir exoneração, afinal já tinha a minha câmera. Mas, no mesmo dia, desisti. Percebi que eu já havia sido picado pelo “mosquitinho do serviço público”. Entendi como era bom ter um salário fixo e certo no final do mês. Não tinha mais volta, eu já era servidor público e só precisava melhorar o meu cargo! Não podia mais negar: a minha vida mudou depois do concurso público
A saga dos concursos e o sonho de ser Técnico Judiciário
Ser Assistente Administrativo para sempre não estava nos meus planos. Assim, voltei aos estudos com um sonho bem claro: me tornar Técnico Judiciário de algum Tribunal Eleitoral, não importava qual. Então em 2008 retomei os estudos, focando no cargo de Técnico. Contudo, ao longo do caminho, decidi fazer outros concursos de nível médio (eu ainda não era formado). Dessa maneira não demorou muito e, em 2009, fui aprovado para Agente Administrativo na AGU e no Ministério dos Transportes.
Permaneci quase dois anos como Agente Administrativo. Foi um longo período sendo reprovado em todos os concursos de Técnico Judiciário, nos quatro cantos do país. Conheci o Brasil inteiro fazendo provas. Quando eu já achava que nada daria certo, no começo de 2011 fui nomeado no TRE do Acre. A minha lotação: Xapuri, a terra de Chico Mendes. Fiquei em dúvida e decidi não ir. Naquele tempo já estava também aprovado em 3º lugar como Técnico Judiciário no STM, fora das vagas. Passei então mais dois anos como Agente Administrativo e, em abril de 2013, veio a nomeação. Realizava aquele que eu acreditava ser o meu último cargo: Técnico Judiciário – Área Administrativa, no STM, Auditoria de Salvador.
O sonho de ser espião: ABIN, será?
E em 2013 mais uma vez minha vida mudou depois do concurso público. Agora eu era Técnico Judiciário, trabalhava de 30 a 35h por semana, em Salvador, zerei a vida. Será? Depois de três anos como Técnico eu comecei a sentir que poderia mais, que eu poderia chegar mais longe. Então em 2016 comecei a pensar: por que não estudar para um órgão em que eu ocupe o principal cargo? Foi então que ouvi falar na ABIN, ainda cheia de mistérios. Não conhecia ninguém que trabalhava lá, mas ouvia dizer que era um lugar especial, que aproveitava todo tipo de perfil e conhecimento. Comecei a sonhar com o cargo de Oficial de Inteligência.
Eu estudei para a ABIN por quase dois anos. Estudava, como sempre, todos os dias, não havia dias de descanso. Então, em 2018 fiz a prova mais difícil da minha vida. Foram 150 questões (do tipo C ou E), uma discursiva e três questões abertas. Uma prova diferente de outras as outras, do nível que a ABIN merece. Fiquei com medo, confesso que as vezes achei que não conseguiria. Mas consegui, fui aprovado e em 2019, me tornei Oficial de Inteligência. E, mais uma vez, minha vida mudou depois do concurso público.
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Mais uma vez: concurso público mudou minha vida

Entrei na ABIN, Oficial de Inteligência, o cargo mais alto do órgão. Naquele ano, 2019, refleti: acabou, aposentei as canetas. A partir daí vivi momentos incríveis na ABIN, momentos que por motivos óbvios, de sigilo, não posso trazer aqui. Conheci quase que todo o país, de norte a sul. Ser um Oficial de Inteligência é uma responsabilidade tremenda, sem tamanho. Carregar o peso do sigilo e não poder dizer aos seus amigos com o que você trabalha é algo que fica até difícil descrever…
Mas então em 2023 aquele mosquitinho visitou de novo a minha casa. Dessa vez ele me lembrou de um velho sonho: o de ser Auditor Fiscal do Trabalho (AFT). Perdi no concurso de AFT em 2013, foi por pouco. Nem lembrava mais disso, mas a chama do Concurso Nacional Unificado (CNU) trouxe de volta esse sonho. Decidi voltar a estudar. Estudei um ano e meio praticamente. Uma prova totalmente diferente das demais, assuntos antes nunca vistos. Porém a prova do CNU tinha a minha cara, ganhei confiança pensando nisso. Fiz a prova; passei.
Agora, em dezembro de 2025, acabo de ser nomeado AFT. Deixei a ABIN e me tornei um ex-espião. Saí com o coração dividido, confesso. A ABIN é um órgão que ninguém entra e sai a mesma pessoa. Ela muda você, ela ensina coisas que nenhum trabalho consegue ensinar. Talvez por isso aqueles que saem da ABIN costumam ser reconhecidos por onde passam. Você sai realmente vivido e qualificado. Sempre serei grato a ABIN por ter me tornado quem me tornei.
Agora é tempo de novas aventuras. Aventuras em uma nova carreira, de Auditor Fiscal do Trabalho. Acho que comecei bem e até já contei um pouco da minha história para o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho. Você pode assistir essa mini entrevista. E assim, tornei-me agora o Auditor Rasta!
E vocês perceberam que, nessa trajetória, de vinte anos, por muitas vezes o mesmo aconteceu: concurso público mudou minha vida!