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Recurso Português TJ AL Técnico Judiciário

Recurso Português TJ AL Técnico Judiciário

Olá, pessoal!

Conforme conversamos na aula de gabarito extraoficial, a banca FGV costuma colocar algumas pegadinhas que só com o tempo a gente percebe.

O problema normalmente ocorre em questões que dependam, de certa forma, de uma subjetividade, como ocorreu em várias questões. Assim, para facilitar, vou inserir abaixo o número da questão da prova tipo 1:

Questão 9:

O segmento do texto que mostra um problema de coerência é:

(A) “Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na internet, no que diz respeito aos cronistas, articulistas e escritores em geral”;

(B) “…os mais comuns são os textos atribuídos ou deformados que circulam por aí e que não podem ser desmentidos ou esclarecidos caso por caso”;

(C) “Um jornal ou revista é processado se publicar sem autorização do autor um texto qualquer, ainda que em citação longa e sem aspas”;

(D) “Em caso de injúria, calúnia ou difamação, também”;

(E) “E em caso de falsear a verdade propositadamente, é obrigado pela justiça a desmentir e dar espaço ao contraditório”.

Recurso:

Senhor avaliador,

É certo que a conjunção “ou”, pelo contexto, deveria transmitir um valor alternativo de inclusão, fazendo com que o verbo se flexionasse no plural (Um jornal ou revista são processados se publicarem…).

Porém, devemos notar que a expressão adverbial concessiva na alternativa (A) “apesar dos abusos e crimes cometidos na internet” faz entender que a informação deve transmitir um contraste, ou seja: apesar dos abusos, vai se falar sobre coisas positivas na internet. Porém, o que notamos na informação do texto é que se falou das informações que circulam por aí (na rede, na internet), as quais não podem ser desmentidos ou esclarecidas caso por caso.

Assim, pelo contexto, a expressão concessiva não é coerente com o contexto, devendo, portanto, empregar-se um valor de confirmação,  como:

Atualmente, confirmando-se os abusos e crimes cometidos na internet, no que diz respeito aos cronistas, articulistas e escritores em geral, os mais comuns são os textos atribuídos ou deformados que circulam por aí e que não podem ser desmentidos ou esclarecidos caso por caso.

Dessa forma, entendendo ser a alternativa (A) uma possível resposta, pois transmite incoerência, peço a anulação da questão 9 da prova tipo 1.

Nota do professor: Meus amigos, essa é uma tentativa. Após analisar com mais calma depois da prova, realmente a conjunção “ou” deveria, sim, ter valor alternativo de inclusão, portanto com o predicado no plural para concordar com os dois núcleos. Mas vamos esperar o pronunciamento da banca.

 

Outra questão que entra na subjetividade da banca é a que se refere à “lei do cão”. Podemos entender que a lei do cão seja a lei do mais forte, como a banca sugeriu como resposta, mas isso num dado extratexto ou em outro contexto. O texto não fala sobre o mais forte, ele fala sobre as pessoas na internet que julgam, falam mal dos outros e se escondem. Numa questão de prova, não posso considerar isso como o mais forte. Qual o princípio de medida para dizer que alguém é mais forte que outra neste caso? O texto não evidencia isso, nem literalmente, nem implicitamente.

Vejamos o trecho do texto a que se refere tal informação e a questão:

Questão 13.

Fragmento do texto: Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na internet, no que diz respeito aos cronistas, articulistas e escritores em geral, os mais comuns são os textos atribuídos ou deformados que circulam por aí e que não podem ser desmentidos ou esclarecidos caso por caso. Um jornal ou revista é processado se publicar sem autorização do autor um texto qualquer, ainda que em citação longa e sem aspas. Em caso de injúria, calúnia ou difamação, também. E em caso de falsear a verdade propositadamente, é obrigado pela justiça a desmentir e dar espaço ao contraditório.
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece a lei do cão em nome da liberdade de expressão, que é mais expressão de ressentidos e covardes do que de liberdade, da verdadeira liberdade.

Ao afirmar que, na internet, prevalece a lei do cão, o cronista quer dizer que na internet:

(A) predomina a violência gratuita;

(B) domina a impunidade;

(C) fatos não precisam ser comprovados;

(D) erros são punidos de imediato;

(E) impera a lei do mais forte.

Recurso:

Senhor avaliador,

Como a questão se baseou na expressão “lei do cão” no contexto, não se percebem no texto elementos que confirmariam que as pessoas que se “mascaram” na internet sejam mais fortes que as demais. O texto aponta para a expressão daqueles que são considerados pelo autor como “ressentidos” e “covardes”, e isso não implica diretamente a relação de força. De que maneira se poderia mensurar a relação de força entre quem usa negativamente a internet e quem usa positivamente?

No texto não há elementos que asseguram a ideia de que os ressentidos e covardes seriam mais fortes que os demais usuários da internet, inclusive o próprio autor emprega adjetivos de cunho negativo.

Por outro lado, o texto deixa claro nos dois últimos parágrafos do texto (os quais contextualizam a expressão “lei do cão”) que na internet a justiça não consegue  obrigar alguém a desmentir uma informação falsa inserida de maneira proposital e não dá o direito ao contraditório, justamente no trecho “Nada disso, por ora, acontece na internet.” E justamente na sequência vem a sua explicação de que “prevalece a lei do cão em nome da liberdade de expressão, que é mais expressão de ressentidos e covardes do que de liberdade, da verdadeira liberdade.”

Assim, pelo contexto, cabe o entendimento da impunidade que por ora vigora na internet, e não uma relação de força.

Dessa forma, solicito a essa renomada banca examinadora a mudança do gabarito da questão 13, prova tipo 1, da alternativa (E) para alternativa (B).

 

Questão 16:

“Como digo repetidas vezes, me valendo do óbvio, a comunicação virtual está em sua pré-história”.
A utilização do termo “pré-história” mostra um tipo de linguagem figurada denominado:

(A) metáfora;

(B) metonímia;

(C) pleonasmo;

(D) paradoxo;

(E) hipérbole.

Comentário: Meus amigos, como falei na nossa correção com gabarito extraoficial, haveria a possibilidade da alternativa (A) metáfora, num sentido mais generalizado, e, se a banca quisesse apertar mais, como pegadinha, poderia colocar como gabarito a alternativa (E) hipérbole, pois podemos perceber um exagero na relação pré-história e início da comunicação virtual. A banca preferiu ser mais cautelosa (somente nesta questão rsrsrs) e inseriu como gabarito a alternativa (A), o que julgo mais prudente.

Bom, para quem julgar interessante, segue um possível recurso:

Senhor avaliador,

Na questão 16, prova tipo 1, não se pode negar que o texto apresentou a palavra “pré-história” numa comparação ideológica com o início da comunicação virtual.

Mas o contexto também nos permite outra interpretação: um exagero.

Conforme  afirma Domingos Paschoal Cegalla, em sua Novíssima Gramática de Língua Portuguesa, página 627, a hipérbole é “uma afirmação exagerada, é uma deformação da verdade que visa a um efeito expressivo”.

Com base nisso, pode-se entender tanto a comparação ideológica (metáfora, alternativa A), como a hipérbole (alternativa E).

Se houvesse tal comparação com a expressão “a comunicação está na sua infância“, por exemplo, teríamos tão somente e efetivamente a metáfora. Porém, pode-se entender do contexto que o autor EXAGEROU expressivamente com a palavra “pré-história” justamente para causar impacto no leitor e mostrar quão longe ainda está a comunicação virtual da  perfeição .

Assim, salvo melhor juízo dessa renomada banca, solicito rever a questão e sua possível anulação, por haver duas alternativas corretas, ou a mudança do gabarito de (A) para (E), tendo em vista que a hipérbole é a mais específica no caso.

Questão 20:

O segmento abaixo em que a conjunção OU tem valor claramente alternativo é:

(A) “No fundo, é um problema técnico que os avanços da informática mais cedo ou mais tarde colocarão à disposição dos usuários e das autoridades”;

(B) “Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na internet, no que diz respeito aos cronistas, articulistas e escritores em geral, os mais comuns são os textos atribuídos ou deformados”;

(C) “…que circulam por aí e que não podem ser desmentidos ou esclarecidos caso por caso”;

(D) “Um jornal ou revista é processado se publicar sem autorização do autor um texto qualquer, ainda que em citação longa e sem aspas”;

(E) “Em caso de injúria, calúnia ou difamação, também”.

Comentário: Várias provas da banca FGV pedem o claro valor alternativo, o que denota a alternância por exclusão.

A banca elegeu a alternativa (A) como a correta e se entende aí um valor alternativo de inclusão (mais cedo ou mais tarde), assim como ocorre nas alternativas (B), (C) e (E).

Porém, a única claramente com valor de exclusão é a (D), inclusive sintaticamente pois os núcleos do sujeito “jornal” e “revista” não forçam o verbo ao plural, inclusive a própria banca elegeu isso como uma incoerência, pois deveria haver ali um valor de inclusão. Mas devemos perceber que a concordância no singular nos força a ler o trecho com valor alternativo de exclusão. Por isso a questão mencionou o claro valor alternativo (de exclusão), pois os demais transmitem inclusão.

Vamos ao recurso:

Senhor avaliador,

Na questão 20, da prova tipo 1, pediu-se o claro valor alternativo e nas alternativas (A), (B), (C) e (E), percebe-se o valor alternativo de inclusão, isto é, o fato de um elemento ser considerado não exclui a possibilidade de o outro também o ser.

Porém, na alternativa (C), é claro (conforme pede a questão) o valor alternativo de exclusão, tendo em vista o verbo se encontrar no singular (é processado) e haver um sujeito composto com os núcleos “jornal” e “revista” unidos pela conjunção alternativa de exclusão “ou”. 

Tal argumentação se ampara em Evanildo Bechara, em sua Moderna Gramática Portuguesa, página 557:

Sujeito ligado por ou

O verbo concordará com o sujeito mais próximo se a conjunção indicar:
a) exclusão:
“a quem a doença ou a idade impossibilitou de ganharem o sustento…” [AH.2, 16].
Se João Fernandes (ou Platzhoff) os dá como entes sem afeições (…) [CL.1, II, 304]”

Dessa forma, solicito a essa renomada banca uma reavaliação da questão e sua possível mudança de gabarito de (A) para (D). 

Questão 25:

“… que circulam por aí e que não podem ser desmentidos ou esclarecidos caso por caso”.
Nesse segmento do texto, a locução “podem ser” forma uma só oração por tratar-se de uma locução não verbal; a forma abaixo que constitui duas orações por NÃO se tratar de locução verbal é:

(A) querem ser;

(B) devem ser;

(C) gostam de ser;

(D) vão ser;

(E) fazem ser.

Comentário: Como apontei no comentário do gabarito extraoficial, ficou claro que esta questão daria problema. Temos duas alternativas que não apresentam locução verbal. Como falei na aula, o verbo “fazem” é causativo e “ser” se encontra na oração subordinada substantiva objetiva direta e reduzida de infinitivo. Isso é fato e está previsto em várias gramáticas, como as de Evanildo Bechara. Mas não há respaldo para que elenquemos como locução verbal modal “gostam de ser”. Assim, peço encarecidamente a vocês, alunos, que entrem com recurso:

Senhor avaliador,

Na questão 25, da prova tipo 1, pediu-se a alternativa que não apresenta locução verbal. É fato que a alternativa (E) está correta, pois “fazem” é verbo causativo, formando a oração principal, e “ser” é oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo. Porém, o verbo “gostar” é transitivo indireto e também forma uma oração principal. Tal verbo não está elencado nas gramáticas como auxiliar. Assim, não há locução verbal e “de ser” é uma oração subordinada substantiva objetiva indireta reduzida de infinitivo.

Portanto, por haver duas alternativas corretas, pede-se a anulação da questão. 

Bom, meus amigos!

Espero ter ajudado vocês nos recursos!

Demorei um pouquinho a montar aqui o texto de recurso, porque vida de professor é correria o tempo todo rsrsrs…

Peço a vocês que tentem modificar algumas palavras do recurso para evitar todos com o mesmo texto!

Também agradeceria muito se vocês pudessem entrar em contato com a minha equipe pedagógica quando receberem a argumentação de resposta da banca. Isso é muito importante para alimentar os dados em nossas aulas.

Espero sinceramente que consigamos alguns pontinhos!

Um grande abraço e muito sucesso a todos!

Décio Terror

(Instagram: @decioterror)

(You Tube: Décio Terror)

Décio Terror Filho

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