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Prova de Português TRF 2ª Região Analista Sem especialidade

Olá, pessoal! Vou fazer um breve comentário da Prova de Português TRF 2ª Região Analista Sem especialidade.

Tomei por base a seguinte prova: 

ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – SEM ESPECIALIDADE – TIPO 02 – VERDE PROVA APLICADA DIA 12/03/2017 / TURNO – TARDE

Bom, realmente foi uma prova trabalhosa com muitas questões grandes e que tomaram tempo, o que já era esperado numa prova deste nível, não é mesmo?!

Não vou aqui comentar todas tendo em vista a brevidade do tempo e de certa forma tirar dúvidas de alguns alunos que entraram em contato comigo.

Listei abaixo as questões que geraram dúvida.

Não vi motivo para recurso e abaixo eu comento. Vamos lá?

Questão 2

O verbo “inserir”, utilizado no trecho “– e da própria realidade em que estão inseridos –” (3º§), aparece na lista de verbos classificados como “abundantes”, ou seja, que apresentam duas ou três formas de igual valor e função. As orações a seguir apresentam duas possibilidades admitidas pela norma padrão da língua para o particípio do verbo, com EXCEÇÃO de:

A) O trabalho foi desenvolvido/desenvolto pelo melhor profissional da região nesta área.

B) Disse que já havia limpado/limpo todo o pátio exterior, conforme havia sido orientado.

C) Tendo ganhado/ganho a competição, estabeleceu-se como o novo nome do atletismo regional.

D) O processo foi trazido/trago a tempo para a devida apreciação sem que houvesse qualquer prejuízo.

Comentário: O particípio irregular normalmente é empregado com verbos da voz passiva “ser” e “estar”; o particípio regular, aquele terminado em "-do", normalmente é empregado com verbos da voz ativa “haver” ou “ter” (O ladrão foi solto pela polícia. A justiça tem soltado ladrões.). É por isso que, por vezes, confundimos particípios com adjetivos. Porém, alguns particípios admitem a regularidade e irregularidade com quaiquer verbos auxiliares acima.

Para facilitar, eu negritei abaixo os verbos empregados nas alternativas (A), (B) e (C), os quais, mesmo soando estranho, estão corretos. A lista abaixo é um trecho da gramática do renomado  Evanildo Bechara, em sua gramática MODERNA GRAMÁTICA PORTUGUESA, 37.ª Edição, editora Moderna, na página 275:

”i) particípio de numerosos verbos.

Existe grande número de verbos que admitem dois (e uns poucos até três) particípios: um regular, terminado em –ado (1.ª conjugação) ou –ido (2.ª e 3.ª conjugações), e outro irregular, proveniente do latim ou de nome que passou a ter aplicação como verbo, terminado em –to, –so ou criado por analogia com modelo preexistente. Eis uma relação dessas formas duplas de particípio, indicando-se entre parênteses se ocorrem com a voz ativa (a.) ou passiva (p.), ou com ambas (a., p.):

Infinitivo            Particípio regular         Particípio irregular

aceitar               aceitado (a., p.)         aceito (p.), aceite (p.)

acender             acendido (a., p.)        aceso (p.)

arrepender         arrependido (a., p.)    repeso por arrepeso (a., p.)

assentar            assentado (a., p.)       assento (p.), assente (p.)

desabrir             desabrido                  desaberto

desenvolver      desenvolvido (a., p.) desenvolto (a., p.)

eleger               elegido (a.)                eleito (a., p.)

envolver            envolvido (a., p.)        envolto (a., p.)

entregar            entregado (a., p.)       entregue (p.)

enxugar             enxugado (a., p.)       enxuto (p.)

erigir                 erigido (a., p.)            erecto (p.)

expressar           expressado (a., p.)     expresso (p.)

expulsar            expulsado (a., p.)       expulso (p.)

exprimir            exprimido ( a., p.)      expresso (a., p.)

extinguir            extinguido (a., p.)      extinto (p.)

frigir                 frigido (a.)                  frito (a., p.)

imprimir            imprimido (a., p.)       impresso (a., p.)

inserir               inserido (a., p.)          inserto (a., p.)

fartar                fartado (a., p.)           farto (p.)

findar                findado (a., p.)           findo (p.)

ganhar             ganhado (a., p.)        ganho (a., p.)

gastar               gastado (a.)               gasto (a., p.)

isentar               isentado (a.)              isento (p.)

juntar                juntado (a., p.)           junto (a., p.)

limpar              limpado (a., p.)         limpo (a., p.)

matar                matado (a.)               morto (a., p.)

pagar                pagado (a.)               pago (a., p.)

pasmar              pasmado (a., p.)                pasmo (a.)

pegar                pegado (a., p.)           pego (é ou ê)

salvar                salvado (a., p)           salvo (a., p.)

prender             prendido (a., p.)                 preso (p.)

revolver            revolvido (a., p.)        revolto (a.)

suspender         suspendido (a., p.)      suspenso (p.)

tingir                 tingido (a., p.)            tinto (p.)”

 

Portanto, é a alternativa (D) que devemos marcar, pois “trago” não é particípio. Tal verbo apresenta apenas o particípio regular “trazido”. Assim, “trago” é apenas o presente do indicativo do verbo “tragar”: eu trago, tu trazes, ele traz…

Gabarito: D

 

Questão 12

Acerca de alguns tipos de expedientes existentes de acordo com os critérios de correspondência oficial, está correto o que se afirma em:

A) Há três tipos de expedientes que se diferenciam de acordo com a forma, a finalidade de seu emprego em igual proporção: o ofício, o aviso e o memorando.

B) O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades administrativas de um mesmo órgão ou, ainda, de órgãos diferentes, que podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível diferente.

C) Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial cuja diferença é que o primeiro é expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades.

D) Para evitar entendimentos duvidosos acerca das comunicações através do memorando, os despachos devem ser feitos repetidas vezes, em expedientes separados, não havendo restrição quanto ao aumento do número de comunicações.

Comentário: Como falamos em nossa aula de correspondência oficial, a banca cobrou a literalidade do Manual de Redação da Presidência da República.

        A alternativa (A) está errada, pois o item 3 de nossa aula, que é um extrato do Manual, afirma que “Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela finalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando.”

               A alternativa (B) está errada, pois o item 3.4.1 de nossa aula, que é um extrato do Manual, afirma que “O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em níveis diferentes. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação eminentemente interna.”

               A alternativa (C) é a correta, pois o item 3.3.1 de nossa aula afirma que Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades.”

               A alternativa (D) está errada, pois o item 3.4.1 de nossa aula afirma que “Para evitar desnecessário aumento do número de comunicações, os despachos ao memorando devem ser dados no próprio documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação. Esse procedimento permite formar uma espécie de processo simplificado, assegurando maior transparência à tomada de decisões, e permitindo que se historie o andamento da matéria tratada no memorando.”

Gabarito: C

 

comentário prova TRF 2

A produção da obra acima, Os Retirantes (1944), foi realizada seis anos depois da publicação do romance Vidas Secas. Nessa obra, ao abordar a miséria e a seca claramente vistas através da representação de uma família de retirantes, Cândido Portinari

A) apresenta uma temática, assim como a descrição dos personagens e do ambiente, de forma sutil e dinâmica.

B) permite visualizar a degradação da figura humana e o retrato da figura da morte afugentada pelos personagens.

C) apresenta elementos físicos presentes no cotidiano dos retirantes vítimas da seca e aspectos relacionados à desigualdade social.

D) utiliza a linguagem não verbal com o objetivo de construir uma imagem cuja ênfase mística se opõe aos fatos da realidade observável.

Comentário: Você consegue perceber que a alternativa (A) está errada, pois a imagem não é sutil. Ela é impactante.

        A alternativa (B) está errada, pois a morte não está afugentada, isto é, não se afastou a possibilidade da morte, ela está próxima, pelo próprio caos que se observa na imagem.

        A alternativa (C) é a correta, pois os elementos físicos presentes no cotidiano são um cenário desértico, restos mortais de animais ao chão simbolizando a seca castigante, os sacos com utensílios sendo conduzidos nas costas, além dos aspectos dos personagens. Tudo isso representa a desigualdade social.

        A alternativa (D) está errada, pois simplesmente a imagem não é oposta à realidade.

Gabarito: C

 

 

Caríssimos alunos, por enquanto fico por aqui!

Fiz este comentário rápido justamente porque acredito que estas também possam ser as questões que estão gerando dúvidas a você.

Como fizemos na prova da semana passada, havendo outras que efetivamente geraram dúvidas, podem mencioná-las aqui nos comentários.

Só não consigo comentar todas agora, mas, arranjando um tempinho aqui, eu passo, olho e comento!

Um grande abraço a todos!!!

Professor Décio Terror

 

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Veja os comentários
  • Flávia, o QUE do enunciado é objeto direto: "a poeira dos pés daqueles que mandou enforcar". Mandou enforcar quem? Aqueles! O mesmo se repente na alternativa C: "A literatura surge como metáfora que o Direito usa para tentar articular uma boa solução". - O Direito usa o que? A metáfora! Eu errei na prova, kkkkkk Professor, se possível, poderia nos ajudar nas questões de interpretação e na do "Onde"? Obrigado!
    Tiago em 15/03/17 às 16:23
  • Professor, gostaria do comentário da questão do "que". Ficaria grata se comentasse.
    Flávia Fagundes em 14/03/17 às 13:28
  • Professor também sou aluna do curso e gostaria dos comentários da de analista da área judicial e oficial avaliador federal. Vai disponibilizar aqui ou criara um PDF no curso para disponibilizar a resolução? Aguardo, e espero que não atenda apenas os email's mas disponibilize a resolução para todos seus alunos. Grata.
    Núbia n nascimento em 14/03/17 às 12:00
  • A lua, os corvos, a montanha a pedra na cabeça, a quantidade de pessoas na figura...elementos fisicos impossiveis de distinguir na prova impressa!
    Guilherme em 14/03/17 às 10:22
  • também vou entrar com recurso na questão da figura. Pessoal acho interessante neste tipo de questão(que não existia erro, mas sim uma falha técnica) um número expressivo de pessoas entrando com recurso. Para a banca perceber que realmente estava ilegível a imagem e que prejudicou a muitos candidatos. Parecia mais um borrão!
    leandro em 14/03/17 às 10:17
  • Prof. Terror, excelente disponibilizar essa lista de particípios. Obgda! Teve uma questão como o adverbio "onde" que gostaria de saber seus comentário sobre. Seria possível ?
    Sandra Piovesan em 14/03/17 às 10:13
  • Guilherme, concordo plenamente com você! IMPOSSÌVEL identificar qualquer coisa que fosse naquela imagem. Tb estou interpondo recurso.
    Sandra Piovesan em 14/03/17 às 10:10
  • Agradecemos sua dedicação, professor, mas poderia depois comentar as demais questões, especialmente as de interpretação? Eu concordo com o Guilherme. Na prova impressa era impossível enxergar o quadro.
    Tiago em 14/03/17 às 10:09
  • Professor, tem como pedir aos professores de direito administrativo e constitucional comentarem a prova? Já mandei a prova, mas não sei se receberam... Obrigada, valeu pelos comentários de português.
    Carolina em 14/03/17 às 10:00
  • Professor, obrigado pela ajuda, mas a questão sobre Portinari cabe recurso sim...na prova online se consegue ver a imagem bem, e colorida, na prova impressa, em preto e branco, alem do tamanho reduzido, ficou impossivel identificar a figura. segue minha fundamentação de recurso para auxiliar os de mais nos seus. SEGUE MEU RECURSO SOBRE A QUESTAO DE PORTINARI – QUESTAO 13 – TIPO 2 – VERDE A questão deve ser anulada pois era impossível a identificação da imagem na prova impressa. Embora na prova disponível online, o quadro esteja colorido, na prova impressa, em preto e branco, não havia como distinguir nada da imagem. As opções de resposta e ate mesmo a resposta do gabarito preliminar cita detalhes que não eram identificáveis na prova impressa. O gabarito preliminar fala em características físicas dos personagens do quadro, coisa impossível de se avaliar na prova impressa. Imagens como quadrinhos e outras, são comuns em concursos públicos, mas um Portinari, com seu estilo quase cubista, em preto e branco, de tamanho reduzido transformou a questão de interpretação em adivinhação. Exposto o problema, faz se necessário a anulação da questão.
    Guilherme em 14/03/17 às 09:53