Mãe de concurseira
“Esse período de estudos, infelizmente, é mais solitário. Nós, de fora, não temos muito a fazer, a não ser apoiá-la sempre! (…) Não posso fazer muito. Mas, a minha simples presença pode transmitir-lhe confiança e a tranquilidade. E é disso que ela precisa para estudar e ter o aproveitamento adequado das longas jornadas diárias de estudo”.
Nesse dia das mães, resolvemos preparar uma entrevista especial. Será com alguém que é apenas coadjuvante, em nossa caminhada, rumo à realização de nossos sonhos. E que, sem ela, certamente esse percurso seria mais difícil e solitário. A entrevista de hoje é com a Senhora Terezinha Zilio Renofio. Aqui, ela está representando todas as mães daqueles que se dedicam, fidedignamente, aos estudos em busca de uma aprovação no concurso público.
É obvio que é sempre bom ter a mãe ao lado. Mas, são nos momentos em que a vida exige que sejamos mais fortes, quando, realmente, percebemos que não há idade para querer um colo, um abraço, um conselho de mãe. Mas, muitas vezes, por fatores do destino como a distância, a perda, ou qualquer outro motivo, não dá pra tê-la por perto. Por isso, dedico também essa singela homenagem aos familiares, amigos, companheiro (a); enfim, aos que buscam suprir a falta que ela faz!
Acompanhe nossa entrevista com a Dona Terezinha, mãe da Tatiana Zilio Renofio. Ela nos revela a visão de estar de fora. Mas que sofre, alegra-se, apoia a filha e participa de cada momento vivido na vida da concurseira.
Estratégia Concursos: Antes de começarmos de fato nossa entrevista, gostaria que a senhora falasse um pouco sobre você, para que nosso leitor possa conhece-la melhor.
Srª Terezinha Zilio Renofio: Olá! Tenho 61 anos e sou professora de matemática aposentada, do ensino fundamental e médio do estado de São Paulo. Sou mãe de três filhos: Ricardo, casado com a Juliana e pai do João Pedro, trabalha em Imobiliária; Fernando, solteiro e professor concursado da Universidade Federal do Mato Grosso e a Tatiana, solteira, recém- aprovada no concurso do Tribunal Regional de Campinas (TRT). Sou casada há mais de 30 anos e moro na cidade de Bauru/SP.
Estratégia: Depois de 11 anos morando fora, sua filha, Tatiana, aos 29 anos, resolveu voltar para sua casa para se dedicar aos estudos para concurso. Qual foi a reação da senhora? A família apoiou a Tatiana?
Srª Terezinha: A Tatiana é a filha caçula. E, desde sua opção de escolha para o curso superior, sabíamos que ela sairia de casa. Ao terminar seu curso de Administração pela Universidade Estadual de Londrina/PR, ela teve oferta para efetivação na empresa que realizava estágio. Mas, o salário proposto não daria para arcar com os custos de manter uma casa sozinha.
De volta para a minha casa, participava de processos seletivos e mais de uma vez, ouviu o “não” do entrevistador. Embora houvesse desânimo, não houve a desistência. Entre um processo seletivo e outro, prestou prova de seleção para Mestrado do curso de Engenharia de Produção da Faculdade de Engenharia (UNESP/Bauru).
Como quase tudo o que acontece na vida da gente, depois de muita batalha, foi aprovada no processo seletivo para trainee. E, logo em seguida, ela foi promovida também para o curso de mestrado. Assim, transcorreram os dois anos seguintes em que além de trabalhar, dedicava -se ainda às aulas do mestrado.
Apresentou a dissertação do curso de mestrado; foi transferida de unidade, dentro do próprio grupo empresarial em que atuava, sempre assumindo maiores responsabilidades. E como o tempo passa rápido, como você disse, transcorreram 11 anos.
A empresa, em que trabalhava, entrou em um período de dificuldades e a Tati foi desmobilizada. Em casa, conversamos muito. Ela teve novos convites para trabalho. Havia a possibilidade de pleitear um doutorado e ingressar na área acadêmica, de pesquisa; enfim, existiam opções. Mas, ela decidiu que iria preparar-se para concurso.
Para concurso?! Esse foi o nosso questionamento! Porque, em certame, você conta com “uma bala na agulha” (ou você passa ou você passa). Enquanto que, nas outras opções, ela poderia ter variáveis mais flexíveis. Mas, ela decidiu por se preparar para concurso. E todos, em casa, sabíamos que ela deveria estudar, estudar, estudar e estudar.
Renúncias, recusas, reclusão e muita dedicação. Além disso, deveria preparar-se psicologicamente (ela e todos nós) porque, neste caso, a “colheita” não acontece no curto prazo.
Essa retrospectiva demonstra que Tati é determinada em suas opções. E nós, seus pais, é que deveríamos preparar-nos para lhe oferecer condições adequadas para seu novo desafio. Tivemos alguns percalços (mas, quem não os têm); porém, buscamos sempre superá-los o mais rapidamente possível e da melhor forma.
Estratégia: Como mãe, nós sempre queremos o melhor para os nossos filhos. Por isso, em algum momento, a senhora achou loucura a Tatiana ter abandonado a carreira, que tinha na iniciativa privada, para se dedicar a algo improvável, que poderia acontecer logo, demorar ou até não acontecer?
Srª Terezinha: Não necessariamente loucura. Mas, nós a questionamos se era o que, efetivamente, ela iria querer. Principalmente, porque ela tinha um programa de coach na empresa. E sempre lhe diziam que ela era competente, com muito potencial e capacidade gerencial.
Continuar no mercado de trabalho, seria a situação mais cômoda. Mas, como a Tati é sempre persistente em suas resoluções, decidiu que não valeria a pena passar pelas condições que acabara de vivenciar (crises financeiras, ingerências, entre outros aspectos) e que, mais cedo ou mais tarde, isso aconteceria em qualquer outra empresa.
Estratégia: Por algum instante, passou na sua cabeça que ela não conseguiria ser aprovada?
Srª Terezinha: Não! Sabíamos não só que ela seria aprovada, como ela conseguiu essa vitória, muito antes, do que imaginávamos. Graças a dedicação e competência dela. A Tati estudava e estuda profissionalmente (agora um pouco menos). Entretanto, ela continua nessa saga. Estabeleceu rígido horário de início, de término e respectivos intervalos no programa de estudos.
Estratégia: A senhora já fez concurso público? Conhecia a rotina de quem precisa se preparar para fazer um concurso ou foi tudo novidade?
Srª Terezinha: Sim, prestei concurso no final da década de 70 e início dos anos 80, para o Banco do Brasil, Caixa Econômica Estadual e para o Magistério Público, no qual ingressei e me aposentei. Entretanto, na época, o máximo que havia de materiais para se preparar, eram apostilas (não havia cursinhos específicos ou aulas on line). Enfim, era diferente.
Estratégia: O que mudou na vida, na rotina da senhora, depois que a Tatiana resolveu voltar pra casa e se dedicar aos estudos?
Srª Terezinha: Não mudou muita coisa. Pois, esse período de estudos, infelizmente, é mais solitário. Nós, de fora, não temos muito a fazer, a não ser apoiá-la sempre! Eu procuro ficar com ela o maior tempo possível. Não viajo e quando o faço, evito ficar ausente por períodos mais longos. Não posso fazer muito. Mas, a simples presença pode transmitir-lhe confiança e a tranquilidade. E é disso que ela precisa para estudar e ter o aproveitamento adequado das longas jornadas diárias de estudo. Uma vez ou outra, até assisto às aulas on-line de raciocínio lógico ao lado dela (rs).
Estratégia: A senhora acompanha sua filha quando ela precisa viajar para fazer a prova? Qual a importância da família nos dias que antecedem o concurso ou até mesmo no dia da realização da prova?
Srª Terezinha: Sempre que possível eu e o pai dela vamos juntos; quando é um bate e volta, quem a acompanha é somente o pai. É sempre importante estar por perto, pois creio que conseguimos transmitir segurança a ela, que se reverte em tranquilidade na realização da prova. E como é importante ter tranquilidade para resolver as provas!
Estratégia: Sabemos que o concurseiro passa por muitas provações e reprovações. A senhora sofre junto? O que faz para amenizar os momentos difíceis?
Srª Terezinha: Claro que sim! E como sofro! Dá uma angústia e uma sensação de impotência. Mas, devemos “evitar que transpareça” esse sentimento. Às vezes, é inevitável. Nesses momentos, buscamos ajuda de Deus, das orações. Toda a família mobiliza-se nesses momentos e isso dá força e coragem para prosseguir na vida.
Estratégia: Mas, apesar dos momentos difíceis, a Tatiana passou também por bons momentos ao ser aprovada no concurso do TRT. Qual foi a reação da senhora quando recebeu a notícia da aprovação?
Srª Terezinha: Alegria, alegria e alegria! Choro e risos de felicidades. É a missão da mãe, da professora: de ver o sucesso de seus filhos e filhas, de seus alunos e alunas. Mas é muito bom e gratificante. Faço votos que todas as Mães tenham o privilégio de vivenciar este momento de sucesso e superação de seus filhos.
Estratégia: Na sua opinião, qual deve ser o papel dos pais, da família de uma forma geral, quando um filho decide estudar para concursos?
Srª Terezinha: Apoiar sempre! Estudo, realização das provas, incertezas, inseguranças são condições próprias e particulares daquele que fez esta escolha. Podemos (devemos, se possível) estudar com eles. Entretanto, todas as condições são experimentadas única e exclusivamente por eles.
Acredito muito, também, que o papel fundamental dos pais, na vida dos filhos, é a educação. Desde pequenos, temos que ensiná-los a dar valor à educação e ao trabalho. São dois valores que caminharão juntos para o resto da vida.
Estratégia: Que dica a senhora dá para os pais dos concurseiros que estão começando, agora, nesta caminhada, com os filhos?
Srª Terezinha: Conversar muito com seus filhos para que tenham certeza de seus objetivos. Que tenham, com clareza, conhecimento das dificuldades, privações, recusas que terão que fazer. É importante que estejam cientes que não será uma trajetória muito tranquila. Mas, que será recompensadora quando a aprovação chegar!
Saibam todos que estudar muito é condição necessária. Mas, não suficiente para ser aprovado em concurso. Vocês terão que ter persistência. Não desanimem quando as aprovações de seus filhos não acontecerem.
Ao longo de nossas vidas, aprendemos que podemos sim vencer qualquer dificuldade, enquanto formos capazes de compreender que teremos espinhos a cada passo; as recompensas, porém, somente de vez em quando! Sucesso a todos os concurseiros! Feliz dia das Mães!
Assessoria de Comunicação