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Português – MP/BA: Prova Comentada

Olá, pessoal!

No último final de semana, foram aplicadas as provas para o Ministério Público da Bahia. A aplicação das questões foi organizada pelo Instituto AOCP (banca um pouco conhecida aqui no Rio de Janeiro).

Trata-se de uma banca examinadora que privilegia as questões gramaticais, fato corroborado nas provas da Analista e de Assistente Técnico-Administrativo.

Em ambas as provas, não visualizei possibilidade de interpor recurso contra o gabarito preliminar. Apenas a título de ilustração, apresento os comentários à prova de Analista (Especialidade: Ciências Contábeis – Gabarito 1):

 

 

 

 

 

1. De acordo com o texto,

 

(A) o Brasil, embora não tenha os mesmos resultados educacionais dos países desenvolvidos, consegue manter um padrão de qualidade em sua rede de ensino.

(B) o segredo para que alcancemos um padrão de qualidade em nossas escolas é saber tratar as necessidades específicas de cada instituição escolar, aplicando os recursos de maneira desigual conforme a necessidade de cada uma.

(C) há uma divergência entre o Brasil e os demais países do mundo, pois em nosso país os pais não costumam matricular seus filhos em escolas próximas a seus lares.

(D) o Brasil sofre com a educação por não saber fazer escolas de qualidade.

(E) para que seja mantida uma rede de escolas de padrão, é   necessário manter uma uniformidade na distribuição de recursos voltados às escolas.

 

Comentário: A ideia central do texto é a obtenção do padrão de qualidade nas escolas brasileiras. De acordo com as ideias do “corpus” textual, “manter uma rede de escolas de padrão não significa que todas as unidades são idênticas, que recebem os mesmos

recursos, que são 100% padronizadas. Ao contrário, para ter resultados semelhantes, as escolas precisam de recursos distintos – pois algumas têm mais problemas e desafios do que outras. Para promover a igualdade, é necessário tratar desigualmente os desiguais”. Assim, valida-se a opção (B) como resposta da questão.

 

Gabarito: B.

 

 

2. Em “…E sabem que se seus filhos se esforçarem também obterão bons resultados.”, os dois termos destacados:

 

(A) exercem a  mesma função  no texto, pois ambos servem para indeterminar o sujeito.

(B) exercem a  mesma função no texto, pois ambos são utilizados como partículas apassivadoras.

(C) exercem funções diferentes no texto, visto que o primeiro age como conjunção subordinativa condicional e o segundo como partícula integrante do verbo “esforçar”, que nesse contexto é pronominal.

(D) exercem funções diferentes no texto, visto que o primeiro age como indeterminador do sujeito e o segundo como conjunção subordinativa causal.

(E) exercem funções diferentes no texto, visto que o primeiro serve para indeterminar o sujeito e o segundo como conjunção integrante.

 

 

Comentário: Na primeira ocorrência, o termo ‘se’ pertence à classe das conjunções subordinativas, exprimindo matiz semântico de condição (equivale a ‘caso’). Já na segunda ocorrência, o elemento ‘se’ integra o verbo ‘esforçar’, sendo classificado como parte integrante do verbo. Assim, temos a letra (C) como gabarito da questão.

 

Gabarito: C.

 

 

3. Considerando a norma padrão da língua portuguesa, assinale a alternativa correta quanto ao que se afirma.

 

(A) Em “Elas    têm, portanto, a cara do bairro.”, o termo destacado pode ser substituído por “tem” sem que ocorra prejuízo gramatical.

(B) Em “…os    fatores  que asseguram que todas as unidades da rede possam funcionar…”, o termo destacado deve ser substituído por “possa” para que haja concordância com o termo rede.

(C) Em “No Brasil as escolas se parecem mais com    os bairros…”, é necessário emprego de vírgula após “No Brasil”.

(D) Em “Elas têm, portanto, a cara do bairro.”, as vírgulas utilizadas podem ser retiradas sem que haja prejuízo gramatical.

(E) Em “Essa   diferença é enorme no Brasil.”, é obrigatório o emprego de vírgula antes da expressão “no Brasil”.

 

Comentário: A resposta da questão encontra-se na assertiva (C). Na sentença, o sintagma “No Brasil” exerce a função de adjunto adverbial, termo que, por estar antecipado, deve ser isolado por uma vírgula.

A banca se espelhou nas lições de Celso Cunha & Lindley Cintra, na obra Nova Gramática do Português Contemporâneo, editora Lexikon, p. 659:

 

“1. No interior da oração serve:

 

2º)

 

(…)

 

d) para isolar o adjunto adverbial antecipado: Lá fora, a chuvada despenhou-se por fim”.

 

Ainda de acordo com as lições dos gramáticos, a vírgula poderia ser dispensada apenas se houvesse um adjunto adverbial de pequeno corpo (“um advérbio, por exemplo). Entretanto, a vírgula é, porém, de regra quando se pretende realçá-los:

 

Depois levaram Ricardo para a casa da mãe Avelina.

 

Depois, o engraçado são as passagens de nível, os aparelhos de sinalização, os vagões-cisternas… .”

 

Nas demais opções:

 

a) a substituição pela forma verbal ‘tem’ acarretaria desvio de concordância.

b) o verbo ‘poder’ deve concordar com o vocábulo ‘unidades’, núcleo do sintagma ‘unidades da rede’.

d) o conector ‘portanto’ está intercalado no contexto, razão por que deve ser isolado por vírgulas.

e) o sintagma ‘no Brasil’ exerce a função de adjunto adverbial. Originariamente, a posição deste constituinte na sentença é o final da oração, motivo pelo qual o emprego da vírgula é facutativo.

 

Gabarito: C.

 

 

4. Em “Elas têm, portanto, a cara do bairro.”, o termo destacado tem valor:

 

(A) conclusivo.

(B) adversativo.

(C) causal.

(D) aditivo.

(E) alternativo.

 

Comentário: Questão acerca do valor dos nexos textuais. No contexto, o conector ‘portanto’ exprime valor de conclusão, validando a letra (A) como resposta da questão.

 

Gabarito: A.

 

 

5. Em “Mas essas escolas são poucas…”, a expressão destacada refere-se, EXCETO:

 

(A) a escola com ensino de qualidade.

(B) inclusive a escolas públicas.

(C) a escolas de prestígio.

(D) a escolas de alto padrão.

(E) a todas as escolas dos bairros.

 

Comentário: Inicialmente, vamos transcrever o primeiro e o segundo parágrafos do texto:

 

“[…] A exemplo do que ocorre no Brasil, na maioria dos países desenvolvidos os pais matriculam seus filhos na escola púbica mais próxima de sua casa. A grande diferença é que, na maior parte das nações, as escolas de diferentes bairros são semelhantes: elas se parecem muito entre si, no que fazem e nos resultados. No Brasil as escolas se parecem mais com os bairros onde estão localizadas. Elas têm, portanto, a cara do bairro.

Sabemos como fazer uma escola de qualidade, uma escola boa. Há inclusive escolas públicas assim no Brasil, algumas centenas delas, ou talvez poucos milhares. São escolas de prestígio, de alto padrão, onde o ensino é de qualidade, os alunos estudam e aprendem e os resultados são elevados. São escolas militares, colégios de aplicação e unidades estaduais ou municipais aqui e ali que possuem as mesmas características. Mas essas escolas são poucas – uma pequena fração entre as mais de 120.000 unidades urbanas de ensino fundamental.”

 

De acordo com o excerto acima, a expressão “essas escolas” retoma apenas:

 

– a escola com ensino de qualidade: “Sabemos como fazer uma escola de qualidade, uma escola boa.”

 

– inclusive a escolas públicas: “Há inclusive escolas públicas assim no Brasil …”

 

– a escolas de prestígio e de alto padrão: “São escolas de prestígio, de alto padrão …”

 

Portanto, a expressão ‘essas escolas’ só não faz alusão a “todas as escolas dos bairros”, validando a letra (E) como gabarito da questão.

 

Gabarito: E.

 

 

6. Em “As estatísticas produzidas pela OCDE…” o termo destacado, na oração,

 

(A) exerce função de sujeito, porque   pratica  a ação.

(B) exerce função de objeto direto, porque complementa o     verbo “produzidas”.

(C) exerce função de complemento nominal, porque complementa o nome “produzidas”.

(D) exerce função de agente da passiva, porque pratica a ação.

(E) exerce função de objeto indireto, porque complementa o verbo com o uso de preposição exigida pela regência do verbo produzidas.

 

 

Comentário: A letra (D) é a resposta da questão. No trecho “As estatísticas produzidas pela OCDE”, o termo destacado exerce a função de agente da passiva, ou seja, aquele que pratica a ação de produzir ‘as estatísticas’ (sujeito paciente).

 

Gabarito: D.

 

Forte abraço e sucesso!

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