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Após polêmica, edital para cadete da PM retifica exigência de ‘masculinidade’

Entenda o porquê da polêmica e se uso do termo é correto ou não

Uma das exigências previstas no edital do concurso para o cargo de cadete da Polícia Militar do Paraná gerou polêmica no estado. Segundo o que regia o edital, o candidato precisava apresentar traços de “masculinidade” para ser aprovado em uma das etapas do concurso.

O edital foi publicado na última sexta-feira, 10 de agosto, com a oferta de 16 vagas para Cadete. A remuneração inicial do cargo, após o curso de formação, é de R$ 9.544,44. Com inscrições abertas até o dia 11 de setembro e provas marcadas para o dia 21 de outubro e 25 de novembro, o item no mínimo curioso chamou a atenção.

Após a polêmica gerada pela utilização do termo, a Polícia Militar do Paraná, retificou o edital e alterou o termo para “Enfrentamento” além de reescrever a descrição, conforme você vê abaixo.

Depois da retificação:

Antes da retificação:

A Aliança Nacional LGBTI chegou a emitir nota na qual repudia a exigência do edital. No pronunciamento, a entidade pede a intervenção do Ministério Público propondo a substituição do termo e a revogação do edital.

Conforme a Aliança, a utilização do termo seria um “retrocesso discriminatório e permeado por machismo, chauvinismo, patriarcalismo, sexismo, binarismo de gênero, heteronormatividade”.

Nós conversamos com a psicóloga e professora do Estratégia Concursos, Marina Beccalli, e ela informou que “o termo causa estranhamento, mas é um traço psicológico comumente utilizado na literatura da Psicologia e está aprovado pelo SATEPSI (Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos) que é o órgão que regula os instrumentos liberados para avaliação psicológica.

“Esse termo não deve ser interpretado de forma preconceituosa, pois é um termo técnico usado para medir traços psicológicos e está diretamente ligado à atividade policial. Inclusive é um termo utilizado em testes feitos pela ciência da psicologia e aprovado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). O uso deste termo nestes testes não é discriminatório, mas técnico e científico”, contou.

Ainda conforme a profissional, a etapa de Avaliação Psicológica serve para medir, entre outras coisas: “a instabilidade emocional, passividade, liberalismo, busca por novidades, interações sociais, afiliação, empatia, dominância e muitas outras que possam traçar o perfil do candidato, de forma que ele se encaixe ou não nas características necessárias para lidar com situações que exigem frieza, racionalidade e atitude nos momentos que se fizerem necessários”.

A Polícia Militar do Estado do Paraná, em nota, informou que a polêmica surge a partir de uma “interpretação equivocada”. Isso porque, conforme a PM a característica está descrita nos manuais de psicologia.

“O objetivo é avaliar a estabilidade emocional e a capacidade de enfrentamento, aspectos estes extremamente necessários para o dia a dia da atividade policial militar” e não está ligada à questões de sexo e gênero, diz a PM.

A Polícia Militar do Paraná informou ainda que “não compactua e não tolera comportamentos e posicionamentos discriminatórios de qualquer natureza e, envida esforços, juntamente com toda a sociedade civil, para combater qualquer atentado aos direitos civis dos cidadãos. A PM esclarece ainda que respeita os Direitos Humanos e a Constituição Federal, sempre prezando por uma sociedade igualitária”.

Informou também que na etapa leva em conta procedimentos científicos e, necessariamente, são instrumentos aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). E que a característica (masculinidade) faz parte do instrumento, juntamente com outras sete características também presentes no edital supracitado.

A PM esclareceu ainda que a característica, isoladamente, não avalia componentes de gênero (masculino e feminino), nem esse é o objetivo da avaliação. A Corporação lembra ainda que para esta caraterística exige-se, como resultado mínimo, o descrito nos manuais de psicologia como regular, portanto dentro da média da população brasileira, independente de gênero.

Desta forma, para que a polêmica fosse encerrada e não houvesse mais qualquer interpretação errônea ou termo discriminatório, a PM se prontificou a retificar tal característica do edital.

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Ver comentários

  • Já que masculinidade está associado a comportamentos e características que demonstrem atos de frieza, insensibilidade e insensatez. O que deveria se associado a feminilidade? Sensibilidade, comoção, capacidade de amar. Então não deveria ter policial mulher, médica, enfermeira e entre outras, já que todas essas demonstram necessidade de comportamentos frios e sem sentimentos, que não estão associados a feminilidade. Acho que o termo masculinidade poderia ser retirado. Esse característica que pra ser homem precisamos ser frios, insensatos e insensíveis é falha porque tanto o homem como a mulher podem ter capacidade de não se impressionar com cenas violentas e não demonstrar amor. Tem algo que não está soando bem nisso. Acho q a psicologia tinha que rever isso.

  • Masculinidade = ser um robô. É isso. Termo antiquado, evidentemente discriminatório (só não enxerga isso quem não quer) e que deveria ser revisto. Que os intitulados "machões" façam bom proveito do certame.

  • A matemática, ou mais especificamente o ramo da estatística, não mente. Diversas características humanas são distribuídas conforme a curva normal, o que não significa que não existam mulheres com características masculinas ou homens com características femininas, mas existe uma TENDÊNCIA na distribuição. Tentar engessar termos não é uma solução e é de uma ignorância extrema. Atitudes dignas de distopias de controle mental, diga-se de passagem.

  • Para uma pessoa leiga a nomenclatura e a definição da característica soam ridículas e pejorativas mesmo. Quem sabe o ideal seria extirpar a masculinidade das Polícias. Não lembro de notícias de mulheres policiais disfuncionais e violentas. O últimos fatos noticiados na mídia envolvendo policiais femininas que eu me lembre foi do assassinato de uma, e o enfrentamento de duas a uma tentativa de assalto captado por câmeras, no qual renderam com exímia competência o meliante. Já no caso dos homens, tem de estuprador, corrupto, feminicida... são vários exemplos de "masculinidade".

  • Ao meu ver as características estão completamente de acordo com a profissão. A falha foi o nome do critério. Aí deu margem para discórdia.

  • Não vejo nada de errado em "exigir" do candidato a masculinidade. Afinal, se aprovado ele será um policial que viverá situações diversas em qualidade e quantidade. O homem deve ser masculino; enquanto a mulher, feminina: Ocupar cargos inerentes a eles. Vivemos um país neoliberal e confuso. Se não concordamos com "X" nem "Y", somos chamados de preconceituosos. Se questionamos uma terminologia e desvio de conduta, acusam-nos de intolerância. A mídia não concorda com a censura, pois a vê como proibição. São palavras quase sinônimas, mas existe graus de diferenças entre ambas. Não adianta votar em "A" ou "B", sem que a população alcance um nível considerado de consciência política. para isso é preciso que a mídia pare de se meter em questões que diz respeito somente as autarquias.

  • Essas pessoas que emitiram a nota de repúdio nem estudam para concursos que exigem um alto desempenho. Só ficam pensando em qual o próximo passo para eles instalarem o caos, perturbarem. Fizeram isso só para perturbar.
    Prova disso é nem saberem o que tem nos manuais da psicologia.

  • Geração MIMIMI, só porque o termo foi publicado no edital houve uma revolta, mas antes não? Há quanto tempo existe esse termo? E só agora passou a ser discriminatório?

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