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Diplomata 2019 – Prova de Português Comentada.

Fala, pessoal, tudo bem?

Segue abaixo o comentário da prova do Instituto Rio Branco, aplicada ontem pelo IADES.

Depois deixem nos comentários o que acharam da prova!

Vamos às questões.

Texto 1 para responder às questões 1 e 2.

QUESTÃO 1

Com base nas ideias apresentadas no texto, julgue (C ou E) os itens a seguir.

1- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Nilo Peçanha deferiu o pedido de inscrição de Maria José de Castro Rebello Mendes no certame para a contratação de terceiro oficial da Secretaria de Estado, em razão da carência de pessoal por que vinha passando essa secretaria há mais de uma década.

Comentários:

Não foi pela carência de pessoal, mas sim por um pensamento isonômico: à mulher deveria ser também permitido o acesso ao concurso.

Questão incorreta.

2- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Em seu despacho, o chanceler demonstra apoio irrestrito à inscrição de Maria José de Castro Rebello Mendes, dados os dispositivos legais vigentes à época a esse respeito.

Comentários:

Não foi irrestrito, o texto menciona uma pequena ressalva:

Não sei se as mulheres desempenhariam com proveito a diplomacia, onde tantos atributos de discrição e competencia são exigidos – mas que não são privilegio do homem – e se a requerente está apparelhada para disputar um lugar nesta Secretaria de Estado, e só as provas do concurso hão de dizer – mas o que não posso é restringir ou negar o seu direito

Questão incorreta.

3- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

As instruções aprovadas por meio do Decreto no 12.998, de 24 de abril de 1918, para os concursos para terceiros oficiais da Secretaria de Estado vêm sendo aperfeiçoadas desde então, mas muitas das instruções então aprovadas permanecem válidas até os dias de hoje.

Comentários:

O texto nada menciona sobre a validade das instruções nos dias atuais, nem sobre seu aperfeiçoamento. O item extrapola o que consta no texto.

Questão incorreta.

4- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

O requerimento de inscrição de Maria José de Castro Rebello Mendes, a despeito da polêmica causada, foi rapidamente deferido.

Comentários:

Sim, foi deferido por despacho no mesmo dia. Questão correta.

QUESTÃO 2

Com relação aos aspectos linguísticos do texto, julgue (C ou E) os itens a seguir.

1- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Na linha 4, a omissão do pronome “se” junto da forma verbal “haver” promoveria incorreção e incoerência ao texto.

Comentários:

Esse verbo é pronominal: “haver-se” = lidar, envolver-se. Logo, o “se” faz parte do verbo e não pode ser suprimido. Questão correta.

2- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

A substituição do ponto e vírgula empregado após “Estado” (linha 08) por vírgula manteria a correção do texto.

Comentários:

Não manteria, pois violaria a disposição original, fazendo parecer que haveria um adjunto adverbial intercalado, quando, na verdade, está iniciando nova frase independente. Compare:

Um dos problemas que o chanceler teve de enfrentar foi a carência de pessoal na Secretaria de Estado; após 15 anos sem a realização de concurso público, era preciso dar início a certame para a contratação de terceiro oficial da Secretaria de Estado.

x

Um dos problemas que o chanceler teve de enfrentar foi a carência de pessoal na Secretaria de Estado, após 15 anos sem a realização de concurso público, era preciso dar início a certame para a contratação de terceiro oficial da Secretaria de Estado.

Assim, perde-se a divisão feita pelo ponto e vírgula, que funciona, aqui, como se fosse um ponto final que encerra período. Com a vírgula, parece haver um termo temporal intercalado, relacionado à frase anterior, não à seguinte.

Questão incorreta.

3- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Na linha 28, é facultativo o emprego da preposição “a” em “no cargo a que aspira”.

Comentários:

Aspirar, no sentido de desejar, é verbo transitivo indireto e a preposição “A” é obrigatória. Questão incorreta.

4- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

A forma nominal “adicionada” (linha 45) concorda em gênero e número com o nome “sentença” (linha 48) a que se refere.

Comentários:

Sim, a sentença foi adicionada depois:

No final do despacho do chanceler, dando a impressão de ter sido adicionada posteriormente, já que não seguia a mesma organização espacial do restante e aproveitava o pouco espaço ainda existente entre o texto citado acima e a assinatura de Nilo Peçanha, figurava a sentença seguinte (adicionada posteriormente): “Melhor seria, certamente, para o seu prestígio que continuassem a direcção do lar, taes são os desenganos da vida publica, mas não há como recusar a sua aspiração, desde que disso careçam, e fiquem provadas suas aptidões”.

Questão correta.

Texto 2 para responder às questões 3 e 4.

QUESTÃO 3

Com base nas ideias do texto, julgue (C ou E) os itens a seguir.

1- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

As polêmicas e os debates acerca da língua portuguesa no decorrer do século 19 constituem-se em um debate político em torno da língua.

Comentários:

Sim. Um debate sobre uma língua nacional brasileira, que reconhecesse oficialmente suas influências históricas africanas e também os elementos da oralidade.

Questão correta.

2- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

O texto critica a ausência de destaque, nas políticas linguísticas brasileiras, às influências das línguas africanas sobre a língua portuguesa.

Comentários:

Sim, há pouca literatura sobre o tema:

Ressalta-se que os discursos em torno da questão da língua nacional fazem pouca ou nenhuma menção às influências das línguas africanas. A título de ilustração, João Ribeiro (1889) definiu o “elemento linguístico negro” como modificações feitas na linguagem brasileira em decorrência das influências das línguas africanas faladas pelos escravizados, defendendo que corresponderiam a modificações profundas, pois afetariam o sistema gramatical, especialmente no que tange ao “elemento popular”. Nessa época, João Ribeiro sinalizou para a escassa bibliografia sobre o tema, com exceção dos trabalhos de Macedo Soares. Questão correta.

3- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Ao definir o “elemento linguístico negro”, João Ribeiro, em 1889, foi um precursor do debate acerca do papel das línguas africanas na formação do português do Brasil, revolucionando as ideias até então existentes a respeito do tema

Comentários:

O texto não diz que revolucionou o que existia; inclusive, sugere que não existia literatura sobre esse “elemento linguístico negro”. Questão incorreta.

4- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Para alguns estudiosos, a sonoridade africana está relacionada à ideia de cultura popular no Brasil.

Comentários:

Sim. A língua falada pelos escravos marcou profundamente a língua oral brasileira; portanto, há que se reconhecer a influência africana na formação da língua portuguesa, especialmente quanto à língua falada. Questão correta.

QUESTÃO 4

No que se refere aos aspectos linguísticos do texto, julgue (C ou E) os itens a seguir.

1- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Caso as orações coordenadas que aparecem entre as linhas 7 e 15 do texto (“reforça-se… brasileira”) fossem escritas em ordem sujeito-verbo, da forma sugerida a seguir, a correção e a coerência do texto seriam mantidas: a diferenciação entre fala e escrita é reforçada; os estudos lexicais e gramaticais são intensificados; narrativas sobre a história do português no Brasil são construídas; a documentação da língua em uso é defendida; o estatuto do português do Brasil – variedade, modalidade, dialeto ou língua – é debatido; a designação da língua falada no Brasil é debatida; elementos linguísticos são categorizados sob os rótulos de neologismos, estrangeirismos, brasileirismos, jargões; a possível origem crioula do português do Brasil é discutida; a autenticidade da língua do Brasil é polemizada; a língua literária brasileira é discutida.

Comentários:

Sim, a banca apenas organiza o texto na ordem direta, que de fato é composta de SUJEITO + PREDICADO; de forma mais simples: sujeito seguido se verbo e seus eventuais complementos. Veja o destaque do sujeito, seguido de locução de voz passiva:

a diferenciação entre fala e escrita é reforçada;

 os estudos lexicais e gramaticais são intensificados;

 narrativas sobre a história do português no Brasil são construídas; a documentação da língua em uso é defendida;

 o estatuto do português do Brasil – variedade, modalidade, dialeto ou língua – é debatido; a designação da língua falada no Brasil é debatida;

 elementos linguísticos são categorizados sob os rótulos de neologismos, estrangeirismos, brasileirismos, jargões;

a possível origem crioula do português do Brasil é discutida;

a autenticidade da língua do Brasil é polemizada;

a língua literária brasileira é discutida. Questão correta.

2- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

A substituição de “Trata-se” (linha 16) por Esse fato trata-se manteria a correção e a coerência do texto.

Comentários:

“Tratar-se DE” é expressão invariável que configura hipótese de sujeito indeterminado; logo, não pode aparecer com sujeito expresso (esse fato). Questão incorreta.

3- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Os termos “às”, em “às influências” (linha 23) e “a”, em “a modificações” (linhas 26-27) introduzem complementos indiretos (respectivamente, nominal e verbal) e são intercambiáveis no texto, sendo correto, portanto, o emprego de a influências e às modificações.

Comentários:

A primeira parte é correta; de fato há complemento nominal de “menção” e complemento verbal de “corresponder”:

Ressalta-se que os discursos em torno da questão da língua nacional fazem pouca ou nenhuma menção às influências das línguas africanas.

…modificações feitas na linguagem brasileira em decorrência das influências das línguas africanas faladas pelos escravizados, defendendo que corresponderiam a modificações profundas

CONTUDO, não são intercambiáveis, pois a crase ali indica que houve o emprego de artigo definido, dando ao substantivo especificidade. Sem crase, não há artigo e, consequentemente, o substantivo foi utilizado como genérico. Questão incorreta.

4- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

A palavra “chave” (linha 37) foi empregada em sentido conotativo.

Comentários:

Sim. Não temos uma chave literal (sentido denotativo), não é o objeto concreto; aqui, “chave” tem sentido figurado (conotativo) de conjunto, pluralidade. Questão correta.

Texto 3 para responder às questões 5 e 6.

QUESTÃO 5

Considerando os aspectos linguísticos e estilísticos do texto, julgue (C ou E) os itens a seguir.

1- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Augusto de Campos, ao tratar de tema acerca da música popular brasileira, insere essa categoria artística em ambiência cultural ampla, utilizando-se, para tanto, de elementos textuais que compõem a linguagem literária, tais como a conotação e a subjetividade, em defesa do próprio ponto de vista.

Comentários:

Sim. A linguagem do autor é rica em informação (referências diversas) e também em personalidade. O texto é escrito em primeira pessoa, defende a liberdade de criação na música brasileira e traz diversos elementos de linguagem figurada. Vejamos um exemplo que reúne seu ponto de vista e sua linguagem simbólica em uma só passagem:

Deixemos a nossa música andar. Sem peias e sem preconceitos. Sem lenço e sem documento.

A música “andar” é por si uma metáfora de personificação. Sem lenço e sem documento é também uma metáfora da liberdade e da rebeldia.

Questão correta.

2- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

O autor, por meio dos recursos da citação e da intertextualidade, utiliza-se de referências à cultura brasileira e à estrangeira como estratégia de argumentação ao defender a ideia de que a produção artística brasileira é autônoma e não sofre influências externas consistentes desde a Semana de Arte Moderna, quando adquiriu maturidade estética e, sobretudo, mais tarde, quando adquiriu universalidade com o Concretismo.

Comentários:

Não. A música brasileira sofre sim influência (saudável, segundo Augusto) de fontes estrangeiras também. Ele cita a influência dos Beatles (iê iê iê) na faixa jovem da música brasileira. Questão incorreta.

3- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

O emprego recorrente de parênteses no texto de Augusto de Campos reforça a presença predominante da função fática da linguagem, pois o autor interrompe a discussão acerca da canção de Caetano Veloso para, com informalidade própria dos textos literários, conversar com mais proximidade com o leitor.

Comentários:

A função “fática” é aquela que testa o canal de comunicação entre emissor e receptor. Não há essa função nos parênteses, pois não há interpelação do ouvinte.

Os parênteses são utilizados para adicionar comentários do autor no meio do fluxo sintático, fazer adendos, intercalar opiniões.

Além disso, não se pode dizer que a informalidade é própria do texto literário, pois isso não é uma regra geral. Questão incorreta.

4- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Os termos “oswaldianamente” (linha 22), “deglutir” (linha 22) e “incorporar as conquistas” (linha 23), são alusivos ao Manifesto Antropofágico e ao Movimento Verde-Amarelo, cujas ideias de assimilação de diversas culturas sem construções mimetizadas percorrem todo o texto de Augusto de Campos.

Comentários:

Esta questão exigia um conhecimento geral sobre literatura. O Movimento Verde-Amarelo não propunha assimilar nada de outras culturas: era radical e pregava um nacionalismo puro, sem interferências europeias.

Questão incorreta.

QUESTÃO 6

Considerando os aspectos linguísticos e semânticos do texto, julgue (C ou E) os itens a seguir.

1- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

A palavra “como” (linha 46) exprime uma relação de conformidade em “Mas, como observou Décio Pignatari” (linhas 46 e 47), da mesma forma que em “como um adorno exterior” (linhas 56).

Comentários:

Na primeira ocorrência, “como”, de fato, é uma conjunção conformativa. No entanto, o segundo “como” não tem valor conformativo, mas sim comparativo:

Não se trata meramente de adicionar guitarras elétricas à música popular brasileira, como (se fosse) um adorno exterior.

Questão incorreta.

2- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Na linha 29, “solipsistas” e “isolacionistas” aproximam-se semanticamente ao se referirem a preconceitos que aparentam ser expressão do nacionalismo, mas caracterizam-se, de acordo com o autor, por serem expressões solitárias e isoladas.

Comentários:

Questão extremamente técnica de vocabulário. Solipsista é de fato algo isolado focado no “eu” apenas. Veja:   

solipsismo

substantivo masculino

    1.

    filosofia

    doutrina segundo a qual só existem, efetivamente, o eu e suas sensações, sendo os outros entes (seres humanos e objetos), como partícipes da única mente pensante, meras impressões sem existência própria [Embora freq. considerado uma possibilidade intelectual (caso limite da filosofia idealista), jamais foi endossado integralmente por algum pensador.].

    2.

    por extensão

    vida ou conjunto dos hábitos de um indivíduo solitário.

Questão correta.

3- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Em “No estágio de desenvolvimento de nossa música, a discriminação proposta pelos “nacionalistas” só nos poderá fazer retornar à condição de fornecedores de “matéria-prima musical” (ritmos exóticos) para os países estrangeiros.” (linhas de 64 a 67), o acento indicativo de crase poderia ser suprimido, mantendo-se a correção gramatical e as principais informações do texto se acrescentássemos o pronome possessivo nossa antes do substantivo “condição”.

Comentários:

Sim. É facultativo o uso do acento grave com pronomes possessivos adjetivos:

“No estágio de desenvolvimento de nossa música, a discriminação proposta pelos “nacionalistas” só nos poderá fazer retornar à (à nossa/a nossa) condição de fornecedores de “matéria-prima musical”

Questão correta.

4- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Da leitura do texto infere-se que, no título, o emprego da palavra “explosão” e a alusão a “Alegria, Alegria” são ilustrativos e revelam apenas o sucesso da canção à época, pois a discussão do texto refere-se à música de Caetano e de João Gilberto, e não à cultura brasileira em geral.

Comentários:

A discussão é sobre a música brasileira como um todo, isso está expresso logo no primeiro parágrafo:

Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, parece-me assumir, neste momento, uma importância semelhante a Desafinado, como expressão de uma tomada de posição crítica em face dos rumos da música popular brasileira (em geral, como um todo). Questão incorreta.

QUESTÃO 7

No que se refere aos aspectos linguísticos e textuais, julgue (C ou E) os itens a seguir.

1- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

As “Áreas Controladas” terão maior dificuldade de acesso que as meras “Áreas Restritas”.

Comentários:

Infere-se do texto que mais gente poderá acessar as áreas controladas, pois outros países podem autorizar a entrada de pessoas. Dessa forma, há maior facilidade de acesso, pois há vários agentes com poder de liberar entrada. Questão incorreta.

2- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Na linha 5, a forma verbal “possam” refere-se às “Partes”.

Comentários:

Refere-se às pessoas autorizadas. Questão incorreta.

3- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Do texto, infere-se que o acesso permitido pelo Governo da República Federativa do Brasil a pessoas autorizadas pelo Governo da República Federativa do Brasil, pelo Governo dos Estados Unidos da América ou por governos de outros países envolvidos em Atividades de Lançamento não necessariamente implica autorização para monitorar, inspecionar, acessar, acompanhar e controlar o acesso a Veículos de Lançamento e Espaçonaves dos Estados Unidos da América, Equipamentos Afins e (ou) Dados Técnicos, para fins de realizar Atividades de Lançamento.

Comentários:

O texto, no último ponto, limita o acesso apenas às pessoas autorizadas pelos governo dos Estados Unidos:

e onde o Governo da República Federativa do Brasil assegurará que pessoas autorizadas pelo Governo dos Estados Unidos da América possam, de maneira ininterrupta, monitorar, inspecionar, acessar, acompanhar e controlar o acesso a Veículos de Lançamento dos Estados Unidos da América, Espaçonaves dos Estados Unidos da América, Equipamentos Afins e (ou) Dados Técnicos, para fins de realizar Atividades de Lançamento.

Então, nem todos necessariamente poderão monitorar as atividades de lançamento dos Estados Unidos.

Questão correta.

4- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

De conformidade com o disposto no texto, um governo estrangeiro envolvido em Atividades de Lançamento, não norte-americano, pode autorizar técnico de qualquer nacionalidade a ingressar na “Área Controlada”, dentro da jurisdição territorial do Brasil.

Comentários:

Sim. Nas “áreas controladas”, há menção a “governos de outros países envolvidos em Atividades de Lançamento”. Questão correta.

Texto 4 para responder às questões 8 e 9.

QUESTÃO 8

No que se refere aos aspectos linguísticos e semânticos do texto, julgue (C ou E) os itens a seguir.

1- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Na linha 10 em “‘Multicultural’, entretanto, é, por definição, plural”, a conjunção “entretanto” apresenta a ideia de plural para o multicultural, opondo-se à de singular para o multiculturalismo. Assim, pode ser substituída por conquanto, mantendo-se o sentido e a correção gramatical do texto.

Comentários:

“Entretanto” é conjunção adversativa; “conquanto” é concessiva, não é possível trocar diretamente uma pela outra. Questão incorreta.

2- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Dados os sentidos do texto, é correto afirmar que os sujeitos elípticos das formas verbais “Descreve” (linha 2) e “Refere-se” (linha 6) têm referentes distintos.

Comentários:

O referente de “descreve” é “Multicultural”; o de “Refere-se” é “Multiculturalismo”. Veja:

Pode ser útil fazer aqui uma distinção entre o “multicultural” e o “multiculturalismo”. Multicultural é um termo qualificativo. Descreve as características sociais e os problemas de governabilidade apresentados por qualquer sociedade na qual diferentes comunidades culturais convivem e tentam construir uma vida em comum, ao mesmo tempo em que retêm algo de sua identidade “original”. Em contrapartida, o termo “multiculturalismo” é substantivo. Refere-se às estratégias e políticas adotadas para governar ou administrar problemas de diversidade e multiplicidade gerados pelas sociedades multiculturais. Questão correta.

3- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Em “O multiculturalismo corporativo (público ou privado) busca ‘administrar’ as diferenças culturais da minoria, visando aos interesses do centro.” (linhas de 42 a 44), a preposição que compõe a combinação “ao” poderia ser suprimida, mantendo-se a correção gramatical e as principais informações do texto, tendo em vista a variação, no português do Brasil, da transitividade do verbo visar com a acepção ter em vista, ter como fim ou objetivo.

Comentários:

Esta questão é uma prova de que os examinadores do IADES são os mesmos do CESPE. Este item já foi cobrado igualzinho em uma prova anterior e está correto porque aceita-se também o uso sem preposição de “visar” com sentido de “almejar”.

Questão correta.

4- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Em “É usualmente utilizado no singular, significando a filosofia específica ou a doutrina que sustenta as estratégias multiculturais.” (linhas de 8 a 10), a palavra “que” exerce a mesma função sintática que os termos “distintas sociedades multiculturais” e “‘multiculturalismos’ bastante diversos” em “Assim como há distintas sociedades multiculturais, assim também há ‘multiculturalismos’ bastante diversos.” (linhas de 29 a 30)

Comentários:

O primeiro “que” é pronome relativo, com função de “sujeito”. Os termos “distintas sociedades multiculturais” e “‘multiculturalismos’ bastante diversos” são apenas objetos diretos de “há”, verbo que constitui uma oração sem sujeito.

Questão incorreta.

QUESTÃO 9

Considerando os aspectos linguísticos e estilísticos do texto, julgue (C ou E) os itens a seguir.

1- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Stuart Hall, utilizando-se da metalinguagem, conceitua os termos “multicultural” e “multiculturalismo”, além de explicar possível sentido no emprego do sufixo ismo, por meio do recurso da citação.

Comentários:

Ocorre metalinguagem porque a língua portuguesa é usada para falar de si mesma, há discussão sobre os termos, suas classes morfológicas, seu sentidos, inclusive sobre o sufixo “-ismo” formador de substantivo relativo a doutrinas. Questão correta.

2- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Os adjetivos “original” (linha 5), “moderno” (linha 16) e “revolucionário” (linha 44) são empregados, no texto, em sentido conotativo e, por isso, a opção do autor por colocá-los entre aspas.

Comentários:

As aspas de fato foram usadas para sinalizar que os adjetivos não estavam empregados em seu sentido mais óbvio, literal. Questão correta.

3- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

De acordo com o autor, as sociedades multiculturais têm uma homogeneidade cultural subentendida, o que, embora subentendido, construiu-se com base em valores universais. Isso se refere ao “Estado-nação ‘moderno’, constitucional liberal, do Ocidente” (linhas 15 e 16).

Comentários:

Não. O autor não faz esse comentário reducionista; ao contrário, afirma que há muitas formas de multiculturalismo, inclusive em sociedades multiculturais que não são ocidentais. Houve redução do escopo comentado pelo autor.

Questão incorreta.

4- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

Como estratégia argumentativa, Stuart Hall questiona, ao final, a relevância da própria discussão apresentada no texto, desenvolvida a partir do conceito do adjetivo “multicultural” (linha 1), costumeiramente empregado no plural, e do substantivo “multiculturalismo” (linha 2), singular por natureza, ao apresentar-lhes como diferentes e, ao mesmo tempo, interdependentes.

Comentários:

Sim. O autor questiona se algo que pode significar tantas ideias complexas diferentes realmente tem um sentido próprio. É como se dissesse, em suma: pode algo que tem tantos sentidos ser algum sentido? Faz sentido usar no singular um termo que possui tantas vertentes?

Há vários “multiculturalismos”, por isso o autor questiona o termo ser usado no singular. Questão correta.

Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto, julgue (C ou E) os itens a seguir.

1- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

No primeiro excerto, o narrador revela-se “forro” (linha 1) e desconfiado de tudo e de todos, perplexo diante de novas ideias e pensamentos.

Comentários:

“Desconfiar de tudo e de todos” é um exagero. O narrador apenas diz: desconfio de muita coisa.

O senhor saiba: eu toda a minha vida pensei por mim, forro, sou nascido diferente. Eu sou é eu mesmo. Diverjo de todo o mundo… Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa. O senhor concedendo, eu digo: para pensar longe, sou cão mestre o senhor solte em minha frente uma ideia ligeira, e eu rastreio essa por fundo de todos os matos, amém![…]. Questão incorreta.

2- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

No segundo excerto, o narrador mostra-se confuso e contraditório, oscilando entre certeza e incerteza, conhecimento e assombro, realidade e imaginação.

Comentários:

Pelo contrário, o narrador está certo do que diz, mas o que diz é justamente que não podemos ter certeza sobre a vida. Não partimos do real, nem chegamos ao real. O real está no caminho, na reflexão. Veja:

Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.[…]

Questão incorreta.

3- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

O sentido do adjetivo “furiável” (linha 13) remete a uma natureza ordenada, determinada; por conseguinte, o presente também se submete à lógica da obediência.

Comentários:

Fúria é descontrole das emoções, é ira, é revolta. Não há ideia de obediência.

Questão incorreta.

4- (IADES / DIPLOMATA / 2019)

O adjetivo “quinhoã” (linha 15) refere-se ao quinhão de tristeza que cabe ao narrador.

Comentários:

Questão específica de vocabulário: quinhão é a parte de uma divisão, é uma porção. Daí o autor criou seu adjetivo. A propósito, esse adjetivo é típico da literatura de Guimarães Rosa.  

Adj. || (Bras.) relativo a quinhão, à ação de aquinhoar: Trouxe do meu lado tanta mudança, no jogo da balança quinhoã, o tido consoante o querido. (Guimarães Rosa, Tutameia, 3ª ed., p. 127.) F. Quinhão.

Questão correta.

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