Aprovado no concurso SEFAZ SC
Confira nossa entrevista com Vinícius Peron Fineto, aprovado no concurso SEFAZ SC no cargo de Auditor Fiscal:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Vinícius Peron Fineto: Tenho 29 anos, sou natural do Rio de Janeiro e graduado em Ciências Navais pela Escola Naval.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Vinícius: Vislumbrei a possibilidade de alcançar uma carreira que traria mais qualidade de vida para mim e para a minha família.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Vinícius: Sempre conciliei trabalho e estudo, e essa foi uma das grandes dificuldades (talvez a maior) durante toda minha trajetória. Meu trabalho ocupava cerca de 12 horas úteis do dia, contando expediente e deslocamento aqui no Rio de Janeiro. Dentre as diversas formas de lidar com isso, optei por aquela que me deixaria com a consciência mais tranquila: dedicar-me ao máximo aos dois, dentro das horas que cada um ocupava no meu dia, ainda que soubesse do risco de estar postergando ou impossibilitando minha aprovação.
Por conta disso, tive que aprender a otimizar minha rotina, aproveitando cada tempo livre para estudar: trajetos dentro do ônibus, intervalos de almoço no trabalho e diversas outras formas.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Vinícius: Fui aprovado nos seguintes concursos (do mais recente ao mais antigo):
- Auditor-Fiscal da Receita Estadual de Santa Catarina (ICMS-SC 2018) – 50º colocado;
- Auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE-RS 2018) – 7º colocado;
- Auditor do Estado do Rio Grande do Sul (CAGE-RS 2018) – 17º colocado;
- Auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE 2017) – 24º colocado;
- Colégio Naval (CN 2006) – 28º colocado; e
- Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAr 2006) – 1º colocado.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Vinícius: Uma das melhores sensações do mundo, sem dúvidas. Aquele momento é a materialização de uma longa jornada de abnegação e esforço. Passa um longo filme em nossa cabeça.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Vinícius: Como conciliava o estudo com o trabalho, tive que sacrificar alguns prazeres da vida, principalmente nos momentos de pós-edital. Por isso, durante esse período, não pude ser o melhor filho, o melhor namorado, o melhor neto e nem mesmo o melhor amigo, o que causava em mim um grande incômodo e a sensação de estar escolhendo o caminho errado.
Não fazia academia, não assistia a séries e, embora tivesse meus momentos de distração, eles se reduziram ao mínimo. Passei a levar uma vida muito longe de ser empolgante e repleta de aventuras, mas eu sabia que, se conseguisse superar os primeiros meses daquele ciclo de atividades, em algum momento aquilo viraria rotina e até mesmo uma grande diversão. Tendo essa convicção, mantive meus estudos de forma ininterrupta daquela época até a aprovação, com variações de intensidade muito grandes, mas sem nunca me permitir parar.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Vinícius: Minha família e namorada sempre estiveram do meu lado e me apoiaram durante essa caminhada. Eles entendiam que, durante alguns anos, eu teria que exercer menos meus papéis de filho e namorado para focar nos estudos. Mesmo assim, depositavam confiança em mim e grande parte da minha motivação vinha da vontade de retribuí-los de alguma forma.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Vinícius: Divido essa escolha em dois momentos: alunos iniciantes e alunos avançados. Para os concurseiros iniciantes, sempre aconselho que controlem a vontade de fazer vários concursos e se preocupem primeiro em criar uma base teórica competitiva. Concursos públicos de alto nível não são como loterias. É necessário estar em nível competitivo para conseguir a aprovação.
Já ao aluno avançado, com uma base teórica consolidada, costumo incentivar que faça uso de concursos de áreas similares para se testar, já que não existe simulado melhor do que o momento de uma prova real.
No meu caso, o foco sempre foi a área fiscal. No entanto, vivi uma época de “seca” de concursos nessa área. Por isso, quando percebi que já estava em nível competitivo, adaptei meus estudos para a área de controle, que era a área que despontava na época. Os concursos dessa área foram importantes em dois aspectos: serviram como termômetro do meu nível de evolução e como motivação por perceber que estava no caminho certo.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Vinícius: De forma direcionada, exclusivamente para o concurso da SEFAZ-SC, estudei apenas no pós-edital (3 meses). No entanto, já vinha de dois anos e meio de estudos para a área fiscal.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Vinícius: Dos quase 3 anos de preparação, em pelo menos metade deles eu não realizei nenhum concurso, por carência de editais na praça. Chegou um momento em que eu já não sabia o que responder às pessoas que tanto me perguntavam para qual concurso estava estudando. Na verdade, eu apenas estudava, sem ter no horizonte nenhum concurso atrativo dentro dos requisitos que eu estabeleci.
A falta de editais atingiu diretamente a motivação e o ritmo de estudos. Ainda assim, eu sempre me neguei a desistir das minhas escolhas, mesmo sabendo que, por vezes, desistir também é um ato de grandeza. Nesse período, aprendi que não precisamos estar sempre motivados. A disciplina existe justamente para te carregar quando a motivação não se faz mais presente.
A grande recomendação para períodos sem edital é transformar a rotina de estudos em um hábito. Como o tempo, a atividade passa a acontecer de forma automática.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Vinícius: Utilizei apenas materiais em PDF para todas as disciplinas, principalmente porque meu tempo era escasso por conta do trabalho. A única exceção foi durante fase inicial de Contabilidade Geral, em que recorri também às vídeoaulas.
Para aqueles que não podem perder tempo, o PDF cumpre a missão de forma brilhante. Recomendo que as videoaulas sejam utilizadas apenas no caso de dúvidas pontuais em determinados assuntos ou para disciplinas com muita dificuldade.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Vinícius: Conheci o Estratégia logo no início dos meus estudos, por recomendação de amigos que já estudavam e outros que haviam sido aprovados. Todos comentavam sobre a qualidade do material e, de fato, fui testemunha disso também.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Vinícius: Sem edital na praça, estudava uma média de 4h líquidas por dia, por conta do trabalho. Aos finais de semana, tentava correr atrás do tempo perdido, estudando uma média de 6h líquidas por dia.
Meu método de estudo sempre se baseou em ciclos, estudando várias disciplinas em esquema de rodízio. Dentro de cada disciplina, estipulava períodos de leitura da teoria, leitura de “lei seca”, revisão e baterias de exercício, essas últimas as mais importantes para a preparação.
Por conta da falta de tempo, optei por não fazer resumos escritos. Para a maioria das disciplinas, utilizava minhas marcações no material como revisão. Quando considerava que isso não era suficiente, montava no próprio computador um arquivo separado, com os trechos do PDF mais importantes, conforme avançava na leitura do material original. Nesse resumo digital, também incluía os comentários das questões que errava.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Vinícius: Dentro das disciplinas da área fiscal, Tecnologia da Informação (TI) tem sido cobrada de forma mais aprofundada, o que me gerou bastante dificuldade. Nesses casos, a saída é aumentar ainda mais a quantidade de exercícios resolvidos e recorrer a materiais de alta qualidade.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Vinícius: O pós-edital é o período em que levamos nosso corpo ao limite, não há saída. No entanto, a semana que antecede a prova deve ser um período apenas para revisões, principalmente das disciplinas que focam em “lei seca” e que cobram o assunto de forma menos intuitiva (“decoreba”). É o momento de revisar montando mapas mentais, mnemônicos etc. A véspera de prova, em minha opinião, deve ser um dia de descanso.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS.
Vinícius: Erro – na fase inicial dos estudos, não dava a devida importância para as revisões, focava apenas em avançar na teoria. Com o tempo, fui percebendo a importância de abrir mão de evoluir em um conteúdo para revisar o que já passou.
Acerto – não interromper os estudos em nenhum momento. Por mais que a intensidade mude bastante ao longo dos anos, é essencial não parar. A pausa prolongada nos estudos causa um dano desproporcional na absorção do conteúdo.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Vinícius: Na minha opinião, dois fatores foram extremamente difíceis: conciliar o estudo de alto nível com o exercício da atividade profissional também em alto nível; e estudar para concursos em um momento de grave crises fiscal e política. Essa última, fez com que poucos editais fossem abertos na época e, quando abriam, o número de vagas imediatas era bem reduzido.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Vinícius: Alcançar o cargo dos meus sonhos, proporcionando mais qualidade de vida para mim e minha família.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Vinícius: Finalmente, deixo uma lista de conselhos que aprendi durante essa árdua caminhada de estudos para concursos:
– Seja você mesmo a sua maior fonte de inspiração. Mesmo que seja importante ter exemplos a seguir, jamais se diminua perante eles. O que acontece naquelas poucas horas de uma prova que decidem sua vida, talvez esteja mais ligado à sua automotivação do que ao número de horas líquidas de estudo;
– Não coloque as condições da sua vida como desculpa para te impedir. Você pode e deve criar as suas próprias condições;
– Entenda que se você pretende ser diferente da maioria da sociedade, você terá que fazer as coisas diferentes e em momentos diferentes do que eles. Não se importe tanto com os julgamentos e regras sociais. Escolha poucos e bons conselheiros e fale sobre seus planos apenas para eles. Não existe receita de bolo para felicidade e todas as escolhas devem ser respeitadas;
– Sinta prazer na caminhada e não apenas no resultado, mesmo que durante a caminhada você fique longe de aproveitar a vida como se cada dia fosse o último;
– Tenha sede de vitória, tenha pressa, mas não estabeleça prazos para as coisas acontecerem. Principalmente no momento político e econômico que atravessa o país, o intervalo de tempo entre o início de sua preparação e a aprovação não ditam seu sucesso ou fracasso. Seja otimista, mas não deixe que o otimismo domine o realismo;
– Entenda que a regra do jogo é perder e a exceção é a vitória. Jamais encare a derrota como fim de linha. Depois de muito pensar que as coisas estavam dando errado, fui a prova de que quando tudo parece dar errado, acontecem coisas boas que não teriam acontecido se tudo tivesse dado certo;
– Entenda que a aprovação é uma combinação de competência e luz no momento de prova. Não desista se você é competente e o seu dia ainda não chegou. Ele só chega para os que não desistem;
– Seja grato pelas suas derrotas e por todas as pessoas que te apoiam incondicionalmente. Ninguém alcança a vitória sem esses dois fatores;
– Se você se lançou ao mar para atravessar o oceano, não se dê por satisfeito com as pequenas ilhas que aparecerão no caminho. No desespero do meio do mar, você jamais enxergará o continente e as pequenas ilhas irão parecer atrativas. Não se iluda. Mesmo que com braços fadigados, continue nadando na sua velocidade, mas nunca deixe de seguir em frente. Se não fizer isso por motivação, faça por disciplina e fé.
Sejam felizes e, em hipótese alguma, desistam daquilo em que acreditam.