Aprovado em 2º Lugar nacional no concurso PRF
“Se queremos alcançar algo que poucos conseguem, devemos estar dispostos a abrir mão de muitas coisas em nossas vidas; e depois, quando você chegar lá, todo esse período doloroso vai ter sido só mais uma fase da vida que ficou para trás, e dali pra frente vai ser só aproveitar.”
Confira nossa entrevista escrita com André Viana dos Santos, aprovado em 2º lugar nacional no concurso PRF 2018, além da PF para o cargo de Papiloscopista e na PC-PR para Escrivão:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
André Viana dos Santos: Sou formado em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Viçosa – UFV, sou de Belo Horizonte – MG e tenho 27 anos. Decidi fazer engenharia porque era bom nas exatas, e como já tinha concluído o curso técnico no CEFET-MG em eletrônica, decidi fazer engenharia elétrica pra seguir na área e não sentir que meus 3 anos de eletrônica tinham sido em vão, rsrs.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que a área Policial?
André: Estava quase terminando a faculdade e comecei a me candidatar para vagas de estágio. Ficava enviando currículos para centenas de lugares diferentes, fazendo provas de lógica, português e inglês, além de testes de personalidade, e se eu mandasse bem depois ainda teria que passar por mais diversas etapas – isso tudo pra receber um salário de mil reais, sem ter a certeza que posteriormente eu seria efetivado na empresa. Possuía um ótimo currículo (na minha opinião) – havia participado de vários projetos dentro da universidade, tinha feito intercâmbio, vários trabalhos sociais voluntários, falava inglês e espanhol e ainda tinha aprendido o básico de francês por conta própria… – e mesmo assim tinha que ficar “mendigando” uma oportunidade de ganhar mil reais.
Não tinha em mente qual carreira queria seguir na vida, e não surgiam oportunidades, então refleti sobre o que eu era bom em fazer e vi que a resposta era estudar. Comecei a pesquisar os próximos ótimos concursos que iriam abrir, e vi que já era aguardado os concursos da PF e PRF, logo, a área policial seria uma boa.
Então, comprei 2 apostilas para a PF numa banca de jornal (na verdade quem comprou foi minha mãe, pois eu era apenas um estudante rsrs) e comecei meu estudos.
Estratégia: Durante sua caminhada como concursando, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
André: No começo dos estudos eu estava na faculdade, quase formando e por isso fazia pouquíssimas disciplinas, e então conciliava estudar para concurso com fazer o TCC e tirar carteira da autoescola (pra ser PF/PRF tinha que ter carteira). Após formar fiquei 100% por conta dos estudos para concurso.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
André:
* Polícia Federal 2018 – Papiloscopista Policial Federal (fiquei nos excedentes);
* PC-PR 2018 – Escrivão de Polícia (4º colocado para Curitiba e 13º colocado geral);
* Polícia Rodoviária Federal 2018 – Policial Rodoviário Federal (1º lugar em GO e 2º Nacional).
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
André: Adotei uma postura radical, abdiquei do convívio social e estudava 7 dias por semana. Depois que concluí a faculdade e fiquei 100% por conta de estudar pra concursos estudava 12-15 horas por dia, tendo conseguido estudar 16 horas em um mesmo dia.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
André: Namoro, não tenho filhos. Quando estudava na universidade morava com outros colegas, e após formar voltei a morar com minha família. Minha família entendeu minha decisão e apoiou minha caminhada. Minha mãe é servidora pública, então sabe os benefícios de se passar em um concurso público.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
André: Não acho que seja válido sair atirando pra todo lado. Na minha opinião, acho que se deve escolher uma área de concursos a se estudar (Policial, Fiscal, Tribunal…) e se preparar para os concursos dessa área. O estudo para concursos no país vem se profissionalizando a cada dia, e se o candidato não tiver foco em uma área ficará difícil competir com outro que está estudando 100% focado no concurso específico. Também não dá pra ficar uma vida se preparando pra um concurso que não vem, perdendo outras ótimas oportunidades que aparecem no meio do caminho, então a ideia é expandir as possibilidades sem perder o foco, fazendo outros concursos com disciplinas similares.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
André: Comecei a estudar em março de 2018. No concurso da PF o edital saiu em 15 de junho e as provas aconteceram dia 16 de setembro de 2018. No concurso da PRF o edital saiu em 28 de novembro e a prova ocorreu em 03 fevereiro. Logo, tive apenas 6 meses para estudar para a PF e 11 meses para a PRF. O concurso PC-PR ocorreu dia 18 de novembro, então eu já tinha bastante bagagem acumulada e me preparei apenas 1 semana antes, estudando as matérias específicas desse concurso.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
André: Acho que para uma boa preparação é essencial se preparar antes do edital sair, pois o número de disciplinas e conteúdo a ser aprendido é muito grande. Tive apenas 3 meses de preparação pré edital da PF, e dei a sorte de as provas serem adiadas em 1 mês; no caso da PRF tive bastante tempo para estudar sem o edital aberto e quando ele saiu pude focar naquilo em que houve de alteração em relação ao edital anterior. Mantinha um ritmo intenso pré edital e acelerei ainda mais quando os editais saíram.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
André: Comecei meus estudos comprando 2 apostilas para concursos em uma banca de jornal e ao longo dos estudos fui percebendo que elas eram horríveis. À medida que ia adquirindo experiência nos estudos, ia aperfeiçoando meus métodos. Nas matérias de Direito em que eram cobradas literalidades das leis, eu imprimia a legislação e ia fazendo anotações nela mesmo, e grifava os artigos mais cobrados nas questões. Fazia um excelente resumo no caderno de todas as disciplinas, e os revisava constantemente. Assistia muita videoaula (na velocidade 2.0x), e é claro, fazia muitas questões.
Ao meu ver, o material escrito tem como vantagem a rapidez com que se consegue avançar nos estudos, ou seja, o estudo rende mais, porém sinto que é mais exaustivo. Já nas videoaulas, o professor vai esmiuçando o conteúdo e disciplinas mais complexas ficam mais fáceis de ser entendidas, porém o estudo fica mais demorado de ser estudado (por isso via na velocidade 2.0x). Independente da preferência do aluno pelo material escrito ou videoaula, sinto que o resumo no caderno e resoluções de questões e simulados são essenciais na preparação.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
André: Conheci na internet, e descobri que o Estratégia disponibilizava muita informação sobre concursos em seu site e videoaulas no Youtube. Dessa forma, eu baixava os materiais disponíveis no site (como resumo e leis comentadas) e sempre verificava os horários de transmissão das aulas para acompanhar no YouTube.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
André: Ao iniciar minha preparação comecei estudando poucas disciplinas, e aos poucos fui adicionando novas matérias, deixando pro final as matérias mais específicas de um concurso. Assim, estudava as disciplinas que caíam tanto no concurso da PF quanto da PRF. Quando tinha menos tempo disponível para estudar no dia, estudava 2 disciplinas, e quando tinha o dia todo disponível, estudava 3. No começo dos estudos assistia muitas videoaulas e lia muito o material escrito, mas à medida que meu resumo ficava cada vez mais completo, fui deixando um pouco a teoria e focando mais na resolução de questões. Gostava de começar meus estudos lendo o resumo do caderno da disciplinas. Quando estava perto da prova a rotina era ler o resumo no caderno e resolver questões, aos domingos eu fazia um simulado. Outro detalhe era que procurava estudar matérias de diferentes áreas do conhecimento no mesmo dia, como por exemplo, Direito Administrativo e Informática, Direito Constitucional e RLM…
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
André: Redação nunca foi meu ponto forte. Sempre fui das exatas e nunca foi minha praia escrever redações, mas assistindo aulas sobre como se fazer uma boa redação e treinando toda semana nos simulados, não tinha como não aprender… Saí de uma nota medíocre na redação da PF para um 19,67/20 na PRF (tive apenas alguns erros gramaticais).
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
André: Na semana das provas era muita revisão do caderno e exercícios, nada mais. Na véspera de prova eu assistia às superevisões dos cursinhos no YouTube e só, descansava o resto do dia.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
André: Todo domingo eu fazia um simulado, e neles tinha uma redação. Para a redação no padrão Cespe, peguei uns modelos de redação e só precisava me preocupar com o conteúdo, o esqueleto do texto já estava pronto.
Estratégia: Como foi sua preparação para o TAF e para as demais etapas?
André: Eu fazia o básico… dava uma corrida de 12 minutos, fazia barras e treinava salto. A parte da natação não consegui treinar, apenas 1 dia fui ao clube e cronometrei em quanto tempo conseguia nadar os 50 metros, e vi que estava dentro do tempo. Como sempre gostei de me exercitar, não tive dificuldades em alcançar os índices, e a adrenalina no dia do TAF também ajudou muito. Porém, no meu TAF da PF houve 57% de reprovação para o meu cargo, o que mostra que deixar as atividades físicas de lado pode ser bem arriscado. Ser aprovado na prova escrita e ser eliminado no TAF é algo bem decepcionante para qualquer candidato, então a dica pra quem não tem um bom condicionamento físico é evitar deixar pra começar os treinos só depois da prova escrita, pois o TAF ocorre pouco tempo depois, e tentar recuperar o tempo perdido em poucas semanas pode ocasionar lesões.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
André: Cometi muitos erros na minha preparação, principalmente no começo dos estudos, porém ao longo do caminho fui aprendendo o que era mais correto a se fazer, e fui revendo meus métodos e materiais. Um grande erro no começo da minha jornada foi estudar com material de baixa qualidade (que eu só percebi que era de baixa qualidade depois de muito tempo).
Um acerto que tive foi ir fazendo outros concursos para aprender a lidar com o nervosismo do dia da prova… participei de concursos de outra áreas (Iphan, MPU…) só para ir me acostumando com o fato de ir fazer uma prova de concurso. Mas meu maior acerto, sem sombra de dúvidas, foi ter começado a estudar e ter dado meu máximo a cada dia durante a preparação.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, o que te motivou a seguir em frente?
André: A rotina maçante, o isolamento social, o cansaço e o sono. Não cheguei a pensar em desistir pois tinha o meu objetivo bem claro e não tinha outra opção, se não passasse em algum concurso continuaria desempregado e morando com minha família… era passar ou passar.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados na primeira fase do certame?
André: Sensação de dever cumprido. Senti que tinha saído um peso das minhas costas e que toda aquela rotina estressante tinha acabado de vez… e que tinha valido a pena.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
André: Aconselharia ao concurseiro escolher uma área de concursos (Policial, Fiscal, Tribunal…) e focar nela; adquirir um bom material de estudos e criar uma rotina e um ambiente propício aos estudos.
Também recomendo ao futuro servidor público conhecer mais sobre a carreira que pretende estudar, de preferência conversando com alguém que já trabalha na instituição. No caso dos concursos federais, muitas carreiras têm como lotação inicial cidades na fronteira do país, onde o candidato pode passar vários anos até conseguir voltar para casa. Assim, a pessoa ao iniciar os estudos tem que ter isso em mente, e estar disposto a pagar o preço. Salário também não é tudo, estão escolha uma carreira que tem a ver com o seu perfil e que te fará feliz, muitas pessoas entram numa carreira só pela parte financeira e depois descobrem que “compraram o ingresso pro filme errado.”
Por fim, vale relembrar que se queremos alcançar algo que poucos conseguem, devemos estar dispostos a abrir mão de muitas coisas em nossas vidas; e depois, quando você chegar lá, todo esse período doloroso vai ter sido só mais uma fase da vida que ficou para trás, e dali pra frente vai ser só aproveitar.