Aprovado em 33° lugar no concurso CG-DF para o cargo de Auditor de Controle Interno - Área: Finanças e Controle
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“[…] Os sacrifícios são, sim, necessários. Contudo, é uma jornada dura e que pode demorar, não deixe de dar atenção àqueles que te apoiam por falta de organização sua. O seu esforço é uma demonstração de respeito às pessoas que acreditam em você.”
Confira nossa entrevista com Paulo Silvio Mourão Veras Filho, aprovado em 33° lugar no concurso CGDF para o cargo de Auditor de Controle Interno – Área: Finanças e Controle:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Paulo Silvio Mourão Veras Filho: Meu nome é Paulo Mourão, tenho 26 anos e nasci em Teresina, no Piauí. Sou formado em Economia e concluí o mestrado, também em Economia, na Universidade Federal de Pernambuco.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Paulo: Após a graduação, eu me mudei para Recife e iniciei o mestrado, meu plano era seguir a carreira acadêmica, eu gostava de pesquisar e lecionar. Porém, após o mestrado, acabei me frustrando um pouco com a academia em termos de possibilidades de carreira, remuneração etc. Além disso, eu queria trabalhar com algo mais prático em que eu pudesse atuar diretamente na execução de políticas públicas e contribuir de uma forma que eu sentia ser mais palpável para a sociedade. Com isso, vi nas carreiras públicas uma oportunidade e nas áreas de controle e gestão um caminho natural.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Paulo: Eu cursei o mestrado com bolsa de dedicação exclusiva. Depois que concluí o mestrado, cursei alguns meses de doutorado, de modo que, no começo, precisei conciliar os estudos da pós-graduação com os estudos para concurso. Após ter uma noção melhor do que eu realmente queria, optei por trancar o doutorado e me dedicar inteiramente aos concursos públicos por um tempo.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Paulo: Fui aprovado em 33º para Auditor de Controle Interno do Distrito Federal, 2º lugar para Analista Fazendário do ISS-Fortaleza e 2º para Economista da Assembleia Legislativa do Maranhão.
Ainda pretendo estudar para algumas das carreiras federais do ciclo de gestão cujos certames estão autorizados, como Banco Central, IPEA, EPPGG e Tesouro Nacional.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Paulo: Acredito que um estudo em alto nível só se sustenta a longo prazo com um equilíbrio entre estudos, vida social e atividades físicas. Eu sempre busquei conciliar minhas metas de estudo com a prática de esportes e com a atenção dada aos amigos e familiares. Claro que às vezes é difícil, você tem que cumprir suas metas e as pessoas podem não entender certas ausências suas, mas é preciso organização pessoal para evitar extremismos. É uma jornada longa e que não devemos subestimar.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Paulo: Tive total apoio da família e amigos. Houve alguma resistência quando decidi trancar o doutorado, mas assim que perceberam a seriedade com que eu encarava os estudos eles entenderam que seria a melhor escolha. Sei que sou privilegiado por ter esse suporte familiar e por isso sou muito grato a todos eles.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Paulo: Foram cerca de 2 anos de estudo focado para obter a aprovação. O que me ajudou a manter a disciplina foi manter uma rotina bem definida e um acompanhamento eficiente do cumprimento das minhas metas diárias de estudo. Comecei a estudar a sério para o concurso da CGU, que ocorreu no início de 2022. Infelizmente, ainda não tinha bagagem suficiente e não logrei êxito. Fui amadurecendo nos estudos e tive melhoras progressivas em outros concursos, como TJ PI e CGE SC, mas foi somente em 2023 que comecei a alcançar as aprovações.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Paulo: Usei basicamente os materiais em PDF do Estratégia, leitura de lei seca e Sistema de Questões comentadas. As videoaulas são ótimas e eu até usei alguns vídeos para assuntos mais complicados, como alguns tópicos de Contabilidade, mas, no geral, os materiais em texto permitem um avanço bem mais rápido e uma compreensão mais detalhada da matéria. Porém, sempre achei as aulas de revisão da série “reta final” muito úteis, especialmente por serem focadas em questões. Usei alguns livros apenas para complementar disciplinas muito importantes para a minha área, como Economia, Finanças Públicas e Contabilidade Pública.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Paulo: Indicações de conhecidos e pela divulgação na internet.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Paulo: Eu sou um pouco metódico, sigo um ciclo de estudos próprio em que rodo as matérias em sessões de duas horas cada. Minha meta diária é de seis horas líquidas por dia, logo, geralmente vejo três matérias por dia. Nem sempre consigo, mas tento manter um mínimo de trinta horas semanais.
De início, eu lia os PDFs e depois fazia as questões para o final. Ao retomar a matéria em sua próxima sessão no ciclo, antes de iniciar o assunto novo, eu revisava e fazia as questões ímpares do assunto anterior. Com o passar do tempo, como eu já havia visto as matérias por inteiro uma ou duas vezes, os ciclos foram focando mais nas questões do sistema e menos na teoria dos PDFs. Atualmente, eu tiro cerca de 30 min para revisar a teoria e já vou direto para as questões comentadas.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Paulo: Eu uso muito os resumos que constam no final de cada PDF, porém, sempre complemento com anotações próprias. Além disso, tenho um caderno de erros e observações para cada matéria e vou editando conforme me deparo com questões interessantes, esquemas de alunos no fórum do Sistema de Questões, conceitos novos ou jurisprudência recente.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Paulo: Na minha opinião, o essencial do estudo para concursos são as questões. Esse tipo de estudo exige um nível de pragmatismo e objetividade que eu não estava acostumado por conta do meu background acadêmico. É uma vastidão de conteúdo, mas a banca só quer que você marque o “x” no lugar certo, e não que seja capaz de elaborar uma tese sobre cada assunto. Essa objetividade, assim como as peculiaridades de cada banca, você só pega resolvendo milhares de questões.
Não sei dizer com exatidão quantas eu fiz, pois comecei a contabilizar de forma organizada mais recentemente. Eu fiz todas de todos os PDFs que li e tenho uma meta diária de cem questões no Sistema, então, o que posso dizer é que, desde que comecei a contabilizar, foram cerca de treze mil questões feitas.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Paulo: Definitivamente, contabilidade geral. Acho que até hoje não superei, mas melhorei muito quando resolvi encarar a matéria sem medo e focar nas questões. É uma matéria que parece infinita, são tantos CPCs, tantos detalhes, mas não dá para fugir. Depois de inúmeras questões você vai pegando o padrão de certas cobranças e a lógica das operações.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Paulo: Esse é um ponto interessante. Hoje eu percebo que nas minhas primeiras provas eu ficava muito nervoso, tentando revisar tudo em cima da hora, o que acabava abalando minha confiança. Coincidência ou não, nos últimos certames em que fui aprovado eu segui uma abordagem bem mais tranquila, reservando um tempo para passear na cidade e relaxar antes da prova. No máximo, reviso algumas decorebas de prazos e legislação específica na véspera. Hoje entendo que não são aqueles poucos dias que vão fazer você ser aprovado, mas sim toda a bagagem que você acumulou durante o estudo.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Paulo: Não cheguei a fazer um curso específico para discursivas, o que eu fiz foi usar o material teórico do Estratégia para entender a estrutura da dissertação e estudei um pouco a forma de cobrança da banca. Então, foquei muito no treinamento do conteúdo em si.
Eu tento fazer uma ou duas discursivas por semana sobre os temas mais relevantes e que são frequentemente cobrados. Faço pelo word mesmo para ganhar tempo, uma vez que o foco desse estudo é treinar a estrutura e organizar meus argumentos. Gosto muito de memorizar as definições de conceitos chave que eu possa usar nas redações, como princípios da LRF ou da Constituição Federal, conceitos de AFO ou de Direito Administrativo, dentre outros.
Ainda assim, a prova discursiva de Auditor da CGDF pegou muita gente de surpresa, pois cobrou uma demonstração um pouco avançada de um famoso resultado de Economia. Nesse caso, tive um pouco de sorte, pois foi algo na minha área de formação.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Paulo: Meus principais erros foram não ter estabelecido uma estratégia de prova para os primeiros concursos que eu fiz e não ter focado em questões mais cedo. Antes eu tentava responder a prova na ordem, mas às vezes eu cansava cedo com questões extensas ou complicadas, o que prejudicava o desempenho em questões fáceis mais adiante. Hoje prefiro ser um “caçador de pontos”, vou folheando a prova, resolvendo logo as questões fáceis e curtas, só depois indo para as mais complexas. Enfim, é o que funciona para mim, preciso gerir minha confiança ao longo da prova, foi algo que aprendi com a experiência.
Sobre o estudo por questões, já comentei acima, mas o que realmente torna o candidato competitivo é a resolução massiva de questões. Nosso cérebro é seletivo, acredito muito no estudo reverso para chamar sua atenção para o que é realmente importante. Nada como errar uma questão para ligar o alerta de que você ainda não domina aquele conteúdo.
Meus principais acertos foram acreditar no que eu estava fazendo e me manter consistente com meu planejamento, estudando com afinco mesmo o que não me agradava, mas que eu sabia ser necessário. Vejo muita gente só querendo estudar o que gosta ou com preguiça de revisar. Revisar é penoso, não é tão legal quanto avançar em assunto novo, mas é isso que vai diferenciar você da maioria.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Paulo: Várias vezes. Quando tive as primeiras reprovações e constatei que a coisa era mais complicada do que eu tinha estimado, quando recebi algumas propostas de emprego durante a preparação que me fizeram balançar… A desistência é um pensamento completamente normal e acho que passa pela cabeça de todos nós. O que me motivou foi ter uma visão de longo prazo e racional. Saber que o concurso público tem um custo-benefício muito recompensador me ajudou a colocar a cabeça no lugar. Afinal, são alguns anos de dedicação para décadas com uma qualidade de vida melhor, uma boa remuneração, estabilidade e, principalmente, um trabalho com significado e que contribui para sociedade.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Paulo: Gosto muito de duas frases do ilustre “Concurseiro Pifado” que sintetizam muito do que aprendi durante o estudo para concursos públicos. A primeira é: “todos os caminhos levam à aprovação”. De fato, não existe metodologia uniforme, aquilo que funciona para alguns pode não funcionar para outros. Também não existe tempo certo de estudos, muito menos essa ideia de “fila”. Alguns passam rápido, outros demoram mais. Cada pessoa tem sua realidade, uns trabalham e cuidam dos filhos enquanto estudam, outros “só estudam”, mas sentem toda a pressão da incerteza quanto ao futuro. O fato é que a aprovação é uma função da preparação, da estratégia, mas também da sorte. No fim, cada um segue seu caminho e você deve fazer o seu melhor dentro do seu contexto.
Além disso, você não deve tratar nenhuma oportunidade como “a chance da sua vida”. Existem inúmeros caminhos e possibilidades de realização pessoal no setor público com várias carreiras incríveis. Uma aprovação ou uma reprovação não definem quem você é ou sua capacidade.
Por fim, a outra frase do Pifado é: “nunca tirem do cronograma quem os ama”. É preciso entender que a vida não para enquanto você estuda para concursos. Você nunca estará em condições ideais, imprevistos acontecem o tempo todo. A consistência é muito mais importante do que a perfeição, o sucesso está em saber lidar com as adversidades e permanecer firme no propósito. Encare o estudo para concursos como um projeto de vida, com a seriedade de um ofício, e não como algo que você simplesmente faz paralelamente aos seus outros diversos interesses. Os sacrifícios são, sim, necessários. Contudo, é uma jornada dura e que pode demorar, não deixe de dar atenção àqueles que te apoiam por falta de organização sua. O seu esforço é uma demonstração de respeito às pessoas que acreditam em você.