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Sefaz PE: Confira o gabarito extraoficial de economia e recursos

Saudações, pessoal!

Hoje tivemos a aplicação da prova da Sefaz-PE, para o cargo de Auditor Fiscal. Para ajudar a aplacar a ansiedade, mais cedo tivemos a transmissão de nosso gabarito extraoficial no canal do Estratégia.

Neste artigo, farei comentários mais detalhados, antevendo as possibilidade de recurso, com base naquilo que acredito que a banca dará como gabarito.

Vamos lá!

ATUALIZAÇÃO 13/12/2022: Divergi da banca nos gabaritos das questões


Comentários:

A questão aborda os conceitos de déficit/dívida pública e necessidades de financiamento.

Mais especificamente, precisamos compreender a diferença entre os conceitos nominal e primário. O conceito nominal considera todas as receitas e despesas, enquanto o conceito primário não leva em consideração as receitas e despesas com juros nominais. Sendo assim, vamos analisar cada alternativa.

a) Errado. A necessidade de financiamento nominal do Governo Central é de R$124.794, bastando subtrair a receita total da despesa total para chegar a tal número. Portanto, ela aumentou nesse valor.

b) Errado. No caso dos governo municipais, no conceito primário, a necessidade de financiamento foi de -19.877, ou seja, superávit primário de 19.877, indicando redução nas necessidades de financiamento. Para chegar a tal valor, subtraímos as receitas com juros da receita total, obtendo a receita não financeira, e subtraímos as despesas com juros da despesa total, obtendo a despesa não financeira. O resultado primário será a diferença entre receita não financeira e despesa não financeira.

c) Errado. O resultado nominal do Governo Central foi de -124.797, ou seja, negativo.

d) Certo! Seguindo a mesma lógica explicada na letra “b”, mas desta vez em relação ao Governo Geral, chegaremos ao resultado primário (positivo) de 45.301.

e) Errado. O resultado primário dos Governos Estaduais foi de 19.848, ou seja, reduziu sua necessidade de fiananciamento.

Gabarito: “d”


OBS: as questões de 72 a 75 são de AFO.


a) errado. Não há uma abordagem que fale especificamente de desenvolvimento (IDH, pib per capita, etc), de forma que devemos entender que a banca quer dizer “crescimento de longo prazo”, o que nos leva ao modelo de Solow. Esse modelo trata o progresso tecnológico como uma variável exógena, ou seja, nada prescreve em relação à melhor forma de promovê-lo. A afirmação assemelha-se mais à teoria de Schumpeter (que não é um autor neoclássico).

b) errado. Vale o mesmo comentário à alternativa anterior. A análise da infraestrutura institucional é bem mais recente que a abordagem neoclássica.

c) pelo contrário. Maiores níveis de capital per capital levam a maiores níveis de crescimento.

d) certo. Embora nenhuma teoria de destaque suporte a agricultura como um bom motor de crescimento, é difícil afirmar que em uma economia que depende da agrigultura a extensão e qualidade da terra não sejam importantes determinantes do crescimento. Sinceramente, não sei se a banca irá dar esta como gabarito, pois também não me recordo de tal afirmação em bibliografias importantes. Mas, diante dos erros nas demais, essa, pelo menos, não é errada.

e) errado. Investimentos em infraestrutura afetam todos os demais setores da economia, e por isso afetam o crescimento econômico.

Gabarito: “d”


Comentários:

A alternativa “b” resume a visão econômica predominante: o mercado é muito bom para alocar os recursos da economia, respondendo às perguntas fundamentais (o que produzir, como produzir, quando produzir etc.), mas possui falhas. A extensão dessas falhas e a forma de lidar com elas é motivo de discussão, mas a alternativas é, de fato, o gabarito.

Merece comentários a altertiva “e”, quando você deve se lembrar que, na visão neoclássica, o governo deve se limitar às funções básicas de defesa nacional e provisão da justiça, enquanto o bem-estar dos cidadãos seria atingido pelo mercado.

Gabarito: “b”


Comentários:

a) pelo contrário. Quanto mais concorrentes um bem possui, maior será sua elasticidade-preço da demanda, ou seja, são diretamente proporcionais.

b) é o oposto: se uma mudança no preço de um bem causa grande impacto na quantidade vendida, MAIS elástica é a demanda.

c) errado. A oferta tende a ser menos elástica no curto prazo.

d) certo. Em todos os mercados, a elasticidade-preço tende a ser maior no longo prazo. Perceba que eu uso o termo “maior”, estabelecendo comparação com o que ocorre no curto prazo. A banca preferiu “elevada”, e entendo que está correto, pois ela é relativamente mais elevada, ou seja, em relação ao curto prazo.

e) errado. Se a oferta tiver elevada elasticidade, as mudanças ocorridas da curva de demanda serão potencializadas, ou seja, o efeito será maior do que seria se a oferta fosse inelástica.

Meu gabarito: “d”

Gabarito preliminar da banca: “e”

Nesse caso, eu realmente errei no gabarito preliminar, caindo em uma armadilha para a qual vivo alertando meus alunos: o uso de palavras como “todos”. O fato é que a oferta tende a ser mais elástica no longo prazo em geral, mas há uma exceção, um caso extremamente particular, onde a oferta é mais elástica no curto prazo: o cobre produzido com sucata. Quando o preço do cobre sobe, no curto prazo, já aumento da conversão da sucata em cobre para comercialização. No longo prazo, esse estoque tende a ser esgotado, levando a menor aumento da oferta ou até mesmo redução.

Portanto, retrato-me com meus alunos, pois cometi um erro ao não me lembrar desse caso extremamente particular, mas que torna a letra “d” errada.

A letra “e”, que considerei incorreta, contém uma pegadinha semântica. O fato narrado não é incompatível com uma oferta elástica, e portanto é compatível. O que me pegou foi que seria MAIS compatível com uma curva de oferta inelástica.

Resta-me apenas pedir desculpas e tirar o chapéu para a banca.


Comentários:

A alternativa “a” está correta, ao expor a internalização da externalidade negativa por meio da aplicação de um imposto (Pigou).

Gabarito: “a”


Comentários:

a) Errado. A curva LM horizontal caracteriza a armadilha da liquidez.

b) Certo. Nesse caso, aplica-se o efeito do multiplicador da tributação.

c) Errado. O deslocamento para a direita é da curva IS.

d) Errado. Se a economia for aberta, teremos importações, e o multiplicador dos gastos autônomos tende a ser menor. Exceto se considerarmos que o multiplicador contempla as exportações como dependentes da renda externa. Nesse caso, bem menos comum, a resposta à alternativa seria que “depende”. De toda forma, a alternativa fica errada.

e) Errado. O deslocamento para a esquerda é da curva LM.

Meu gabarito: “b”

Gabarito extraoficial: “c”

Nesta, a banca realmente errou. Vamos direto à proposta de recurso:

Proposta de recurso:

Solicito alteração do gabarito de “e” para “b”, uma vez que a alternativa considerada pela banca no gabarito preliminar está errada.

Uma política fiscal expansionista deslocará a curva IS para a direita, e não a curva LM, como consta na alternativa. Nesse sentido, diversos autores consagrados concordam, como Dornbusch:

A curva IS é deslocada por mudanças nos gastos autônomos. Um aumento nesse gasto, incluindo os gastos governamentais, desloca a curva IS para a direita.

Dornbusch, Rudiger; Fischer, Stanley; Startz, Richard. Macroeconomia (p. 223). Edição do Kindle.

Além disso, a alternativa também está incorreta ao afirmar que haverá queda dos juros, quando o correto é que haverá elevação:

Diz-se que a política fiscal é expansionista quando há aumento dos gastos do governo, aumento das transferências ou diminuição dos tributos, fazendo com que a curva IS se desloque para a direita

Luiza Sampaio; Coordenador Pedro Lenza. Macroeconomia – esquematizado (p. 1904). Editora Saraiva. Edição do Kindle.

E apenas para ratificar o entendimento com mais um autor, temos:

Uma política fiscal expansionista — o aumento das compras do governo ou a redução dos impostos — desloca a curva IS para a direita. Esse deslocamento na curva IS eleva a taxa de juros e a renda.

Mankiw, N. Gregory. Macroeconomia . LTC. Edição do Kindle.

Dessa forma, está errada a alternativa “c”, que afirma haver deslocamento da curva LM e queda na taxa de juros diante de política fiscal espansionista, requerendo a alteração do gabarito para a letra “b”.

A letra “b” está correta, pois menciona que o efeito do multiplicador de impostos será de redução na renda, diante do aumento de uma alíquota de impostos.

Nesse sentido, ensina Mankiw:

Essa expressão corresponde ao efeito multiplicador dos impostos, o montante em que a renda se modifica em resposta a uma mudança de US$1,00 nos impostos. (O sinal negativo indica que a renda se movimenta na direção oposta dos impostos.)

Mankiw, N. Gregory. Macroeconomia . LTC. Edição do Kindle.

Portanto, demonstrado o erro na alternativa “c”, solicito à banca: alteração do gabarito para a letra “b” ou, subsidiariamente, anulação da questão.


Quando sair o gabarito preliminar da banca, volto aqui para tratar de possíveis recursos.

EDIT: voltei conforme prometido. No mais…

E em qualquer momento, estou à disposição para ajudar.

@profcelsonatale

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