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Atualidades – Tentativa de golpe militar: O que acontece na Turquia?

Olá guerreiros do Estratégia Concursos,

Segue artigo sobre a situação atual da Turquia. Provável questão de Atualidades nos próximos concursos.

Abraços,

Leandro Signori

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A Turquia está localizada entre a Europa e o Oriente Médio, posição que sempre lhe conferiu um papel estratégico e histórico relevante. O país foi o centro irradiador de poder dos impérios Bizantino (330-1453) e Otomano (1281-1918). O Islamismo é a religião de 99% da população.

Alçada à condição de grande potência emergente na última década, a Turquia enfrenta grandes desafios em 2016. O país tem sido alvo de atentados terroristas do Estado Islâmico e dos separatistas curdos; vive a tensão interna entre o secularismo e a islamização; a vizinha Síria está em guerra civil, onde na fronteira atua o Estado Islâmico e abriga milhões de refugiados sírios, que fugiram da guerra civil.

As bases da Turquia moderna começaram a ser estabelecidas com a dissolução do Império Otomano, após a derrota na I Guerra Mundial, em 1918. A crise política e econômica do pós-guerra deu origem a um movimento nacionalista liderado pelo general Mustafa Kemal, que adotou o codinome de “Ataturk”, ou “pai dos turcos”.

Ataturk aboliu o califado islâmico e separou a religião islâmica do Estado. Essa separação é chamada de secularismo. A medida provocou profundas alterações na estrutura social do país. As forças políticas acompanharam a polarização na sociedade e se dividiram entre aqueles que defendiam os valores seculares de Ataturk e os favoráveis a um papel maior da religião islâmica na vida pública.

Como guardiões do secularismo, os militares derrubaram sucessivos governantes que tinham um perfil mais religioso, nos anos de 1960, 1971, 1980 e 1997. Esta divisão da sociedade e da política e o histórico papel do exército na defesa do secularismo ajudam a entender a fracassada tentativa de golpe militar de julho de 2016.

O atual presidente, Recep Tayyip Erdogan, foi primeiro-ministro entre 2003 e 2014. Com ambições políticas, ele quer mudar a lei, adotando o presidencialismo em substituição ao atual sistema parlamentarista. Por trás dessa iniciativa, está a tentativa de acumular os poderes da chefia de governo, que hoje cabem ao primeiro-ministro.

Como presidente, Erdogan vem adotando uma agenda autoritária, retirando poderes do Judiciário, minando a influência dos militares no país e prendendo jornalistas críticos ao seu governo.

Paralelamente adotou medidas como a liberação do uso do lenço islâmico em escolas e repartições públicas e a proibição da venda de bebidas alcoólicas à noite. Seus críticos denunciaram a imposição de uma agenda islâmica, enquanto os seus simpatizantes consideraram as medidas como como uma restauração da liberdade de expressão religiosa.

Foi nesse contexto que parcela dos militares tentou dar um golpe e depor o presidente em 15 de julho. Segundo os golpistas, a iniciativa era em prol da democracia, da liberdade de expressão e da defesa dos direitos humanos. A tentativa de prender Erdogan fracassou. Atendendo ao seu apelo, a população foi às ruas em defesa do atual governo. Uma parte dos militares não aderiu ao movimento e o golpe de Estado fracassou.

Nos dias seguintes, Erdogan tem promovido a prisão e/ou destituição dos cargos de milhares de militares, policiais, juízes, funcionários públicos e reitores de universidades. Após o golpe fracassado, analistas esperam uma dura reação de Erdogan, com um aumento da concentração de poderes.

Nos últimos meses, vários bárbaros atentados terroristas foram executados em Istambul e Ancara, atribuídos a dois inimigos do país: o grupo terrorista Estado Islâmico e militantes curdos.

Desde o ano passado, a Turquia é parte da coalizão liderada pelos Estados Unidos que combate o Estado Islâmico na Síria e no Iraque. Além de fazer bombardeios aéreos em áreas dominadas pelo grupo extremista, o governo turco permite que os aviões americanos usem suas bases aéreas para atacar alvos na Síria. Os atentados terroristas do Estado Islâmico seriam uma reação ao envolvimento turco nos combate ao grupo.

Os curdos, maior etnia do mundo sem pátria, habitam o oeste do país e lutam pela independência do seu território. O principal grupo separatista é o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que iniciou a luta armada em 1984. Com o tempo, passaram a exigir apenas mais autonomia nas regiões onde vivem, e as negociações levaram a um cessar-fogo em 2013. Esse foi rompido em 2015; o governo turco tem atacado alvos dos curdos na Síria, Iraque e Turquia.

A Turquia também é uma das principais portas de entrada de imigrantes e refugiados (especialmente sírios) na Europa. Em março de 2016, a União Europeia (UE) aprovou um acordo com o governo turco para conter o fluxo de imigrantes ilegais. Pelo acordo, são enviados de volta à Turquia os ilegais que chegam da costa turca à Grécia. Em contrapartida, por cada sírio que seja devolvido à Turquia, outro que esteja em campos turcos será admitido na UE.

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Veja os comentários
  • Olá Renata, Não. O Islamismo não é monolítico. Erdogan está combatendo o Islamismo radical. A agenda islâmica que é acusado de impor, é uma agenda moderada. Islâmica, mas moderada, por enquanto!
    Leandro Signori em 30/07/16 às 13:48
  • Corrigindo: Professor, fiquei com uma dúvida: Erdogan está sendo acusado de impor uma agenda islâmica, mas ao mesmo tempo se coloca contra os radicais do Estado Islâmico… Não é um contrassenso?
    Renata em 21/07/16 às 16:15
  • Professor, fiquei com uma dúvida: Erdogan está sendo acusado de impor uma agenda islâmica, mas ao mesmo tempo se coloca como os radicais do Estado Islâmico... Não é um contrassenso?
    Renata em 21/07/16 às 16:14
  • Muito bom o estratégia postar sobre atualidades! Economiza bastante tempo, não ter que ficar procurando outros sites de noticia pra ter uma noção do que anda acontecendo...
    Luan Tavares em 21/07/16 às 11:43
  • Muito bom! Obrigada pela informação!
    Brenda Graciele em 21/07/16 às 11:11